Doséculo XVI ao início doséculo XX, o Egito era governado por potências imperiais estrangeiras: oImpério Otomano e oImpério Britânico. O Egito moderno remonta a1922, quando conquistou a independência nominal do domínio britânico através de uma monarquia. No entanto, a ocupaçãomilitar britânica do Egito continuou e muitos egípcios acreditavam que a monarquia era um instrumento docolonialismo britânico. Após arevolução de 1952, o Egito expulsou soldados e burocratas britânicos e acabou com a ocupação, nacionalizou oCanal de Suez, de propriedade britânica, exilou orei Faruque e sua família e declarou-se uma república. Em 1958, fundiu-se com aSíria para formar aRepública Árabe Unida, que se dissolveu em 1961. Ao longo da segunda metade doséculo XX, o Egito suportou conflitos sociais e religiosos, além de instabilidade política, combatendo vários conflitos armados comIsrael em1948,1956,1967 e1973, eocupou a Faixa de Gaza intermitentemente até 1967. Em 1978, o Egito assinou osAcordos de Camp David, oficialmente se retirando da Faixa de Gaza e reconhecendo a existência de Israel. O país continua a enfrentar desafios, desde agitação política, incluindo a recenterevolução de 2011 esuas consequências, até oterrorismo e o subdesenvolvimento econômico. O atual governo do Egito é umarepúblicapresidencial liderada pelo presidenteAbdel Fattah el-Sisi, que tem sido descrito comoautoritário.
Os egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum era Quemete (Kṃt), "Terra Negra" ou "Terra Fértil", que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todo ano,[14] e era diferente deDexerete (dšṛt), "Terra Vermelha", que se referia aos desertos que circundavam o Nilo, onde os egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem pedras e metais preciosos.[15][16] Também chamavam-o Taui ("as Duas Terras", ou seja,Alto eBaixo Egito),[17] Tameri ("Terra Amada")[18] ou Ta Netjeru ("Terra dos Deuses");[19] naBíblia, é designado Misraim (emhebraico:מִצְרַיִם;romaniz.:Mizraim, literalmente "os dois estreitos (Alto e Baixo Egito)").[20][21]
Quemete passou às formaskīmi ekīmə na fase copta da língua egípcia e aparece nogrego primitivo comoΧημία (Khēmía). Outro nome erat3-mry ("terra da ribeira"). Os nomes do Alto e do Baixo Egito eramTa-Sheme'aw (t3-šmˁw), "terra dajunça", eTa-Mehew (t3 mḥw) "terra do norte", respectivamente.[22] Os habitantes atuais do Egito dão o nomeMisr ao país, uma palavra que em árabe pode também significar "país", "fortaleza" ou "acastelado". Segundo a tradição,Misr é o nome usado noAlcorão para designar o Egito, e o termo pode evocar as defesas naturais de que o país sempre dispôs. Outra teoria é queMisr deriva da antiga palavraMizraim, que por sua vez deriva demd-r oumdr, usada pelos locais para designar o seu país.[23] A atual palavra emportuguês "Egito" deriva do gregoAigyptos, que se acredita derivar por sua vez do egípcioHet-Ka-Ptah, "a mansão da alma dePtá".[24]
Os vestígios de ocupação humana novale do Nilo desde opaleolítico assumem a forma de artefatos epetróglifos em formações rochosas ao longo do rio e nosoásis. Nodécimo milénio a.C., uma cultura decaçadores-coletores e de pescadores substituiu outra, de moagem de grãos. Em torno de8 000 a.C.,mudanças climáticas ou o abuso de pastagens começou a ressequir as terras pastoris do Egito, de modo a formar o Saara. Povos tribais migraram para o Vale do Nilo, onde desenvolveram umaeconomiaagrícola sedentária e umasociedade mais centralizada.[9]
Por volta de6 000 a.C., a agricultura organizada e a construção de grandes edifícios haviam surgido no Vale do Nilo. Durante oneolítico, diversas culturas pré-dinásticas desenvolveram-se de maneira independente no Alto e no Baixo Egito. Acultura de Badari e sua sucessoraNacada são consideradas as precursoras dacivilização egípcia dinástica. O sítio mais antigo conhecido no Baixo Egito,Merinde, antecede os badarianos em cerca de setecentos anos. As comunidades do Baixo e do Alto Egito coexistiram por mais de 2 000 anos, mantendo-se como culturas separadas, mas com contatos comerciais frequentes. Os primeiros exemplos de inscriçõeshieroglíficas egípcias apareceram noperíodo pré-dinástico, em artefatos decerâmica deNacada III datados de cerca de3 200 a.C.[25]
Cerca de3 100 a.C., o reiMenés (ouNarmer) fundou um reino unificado e estabeleceu a primeira de uma sequência de dinastias que governaria o Egito pelos três milênios seguintes. A cultura egípcia floresceu durante este longo período e manteve traços distintos na religião, arte, língua e costumes. Às duas primeiras dinastias do Egito unificado seguiram-se o período doAntigo Império(2686–2160 a.C.), famoso pelas pirâmides, em especial aPirâmide de Djoser (III dinastia) e aspirâmides de Gizé (IV dinastia).[26]
OPrimeiro Período Intermediário foi uma época de distúrbios que durou cerca de 150 anos. Mas as cheias mais vigorosas do Nilo e a estabilização do governo trouxeram prosperidade ao país noMédio Império(2055–1650 a.C.), que atingiu o zênite durante o reinado dofaraóAmenemés III. Um segundo período de desunião prenunciou a chegada da primeira dinastia estrangeira a governar o Egito, a doshicsos. Estes invasores tomaram grande parte do Baixo Egito por volta de1 650 a.C. e fundaram uma nova capital, emAváris. Foram expulsos por uma força do Alto Egito chefiada porAmósis I, quem fundou aXVIII dinastia e transferiu a capital deMênfis paraTebas.[26]
OReino Novo(1550–1069 a.C.) teve início com a XVIII dinastia e marcou a ascensão do Egito como potência internacional que, no seu auge, se expandiu para o sul atéJebel Barcal, naNúbia, e incluía partes doLevante, no leste. Alguns dos faraós mais conhecidos pertencem a este período, comoRamessés I,Ramessés II,Aquenáton e sua mulherNefertiti,Tutancâmon eRamessés III. A primeira expressão dohenoteísmo é desta época, com oatonismo. O país foi posteriormente invadido por líbios, núbios eassírios, mas terminou por expulsá-los a todos. AXXX dinastia foi a última de origem nativa a governar o país durante a era dos faraós. O último faraó nativo,Nectanebo II, foi derrotado pelospersas aquemênidas em343 a.C..[26]
OReino Ptolomaico foi um poderoso estadohelenístico, que se estendia do sul daSíria, a leste, aCirene, a oeste, e ao sul da fronteira com aNúbia. A cidade deAlexandria tornou-se a capital e o centro cultural e comercial do reinogrego. Para obter o reconhecimento da população egípcia nativa, os governantes ptolomaicos chamavam a si mesmos de sucessores dosfaraós. Os ptolomaicos assumiram as tradições egípcias, retratavam-se em monumentos públicos e vestiam-se ao estilo egípcio, além de participarem da vida religiosa local.[27][9]
O último governante dadinastia ptolomaica foiCleópatra, que cometeu suicídio após o enterro de seu amante romanoMarco Antônio, que tinha morrido em seus braços (de uma facada auto-infligida), depois deOtaviano ter capturado Alexandria e suas forças demercenários fugirem.[28]
Os ptolomaicos enfrentaram rebeliões dos egípcios nativos, muitas vezes causadas por um regime indesejado, e se envolveram em guerras externas e civis que levaram à queda do reino e sua anexação peloImpério Romano. No entanto, acultura helenística continuou a prosperar no Egito logo após aconquista muçulmana.[28]
Os bizantinos recuperaram o controlo do país após uma breve invasão persa no início doséculo VII, mantendo-o até 639, quando o Egito foi tomado pelosárabesmuçulmanossunitas. Os egípcios começaram então a misturar a sua nova fé com crenças e práticas locais que sobreviveram através do cristianismo copta, o que deu origem a diversas ordenssufistas que existem até hoje.[30]
Abreve invasão francesa do Egito em 1798, chefiada porNapoleão Bonaparte, resultou num grande impacto no país e em sua cultura. Os egípcios foram expostos aos princípios daRevolução Francesa e tiveram a oportunidade de exercitar o autogoverno.[32] Após a retirada francesa seguiu-se uma série deguerras civis entre os turcos otomanos, os mamelucos emercenáriosalbaneses, até queMaomé Ali, de origem albanesa, tomou o controle do país e foi nomeado vice-rei do Egito pelos otomanos em 1805. Ali promoveu uma campanha de obras públicas modernizadoras, como projetos de irrigação e reformas agrícolas, bem como uma maior industrialização do país, tarefa continuada e ampliada por seu neto e sucessor,Ismail Paxá. A Assembleia dos Delegados foi fundada em 1866 com funções consultivas e veio a influenciar de maneira importante as decisões do governo.[33]
Gravura de 1869 mostrando os primeiros barcos que usaram ocanal de Suez entre Kantara and El-FedaneSoldadosegípcios ebritânicos durante os distúrbios de 1919
Embora vivenciasse um período de modernização, a má administração financeira doquedivaIsmail Paxá e os enormes empréstimos contraídos com credoreseuropeus — especialmente para a construção doCanal de Suez — deixaram oEgito à beira da falência e foi o pretexto ideal para as constantes ingerências dos governos doReino Unido e daFrança noquedivato.[34] Em 1879, pressionado interna e externamente, Ismael renunciou e seu filho,Teufique Paxá, assumiu o poder local. Em 1880, foi declarada a moratória nacional e, no ano seguinte, credores europeus assumiram a tutela do fisco e das finanças egípcias.[35] A situação humilhante ampliou o descontentamento e a oposição ao regime de Teufique, e o desejo de se livrar da dominação estrangeira culminou naRevolução Urabista, liderada pelo coronel nacionalistaAhmed Urabi.[36] A revolta foi esmagada em 1882 pelasforças britânicas, que intervieram a pedido do próprio quediva colaboracionista. Embora oImpério Britânico tivesse prometido uma evacuação rápida das suas tropas, elas aindapermaneceriam por 72 anos no Egito. Mesmo que formalmentecontinuasse sob domínio doImpério Otomano, quem mandava no quedivato eram os Altos Comissários Gerais britânicos, que por igual acumulavam a função protocolar de cônsules gerais do Império Britânico no Egito.[37] A ocupação colonial britânica semeou o incipiente sentimentonacionalista egípcio, que viu noIncidente de Dinshaway, em maio de 1906, seu episódio mais emblemático.[38]
Embora surgissem os primeirospartidos políticos locais, a colonização se consolidaria oficialmente em 1914, quando os britânicos derrubaram o quedivaAbas II e declararam o Egito umprotetorado militar.[39][35]Huceine Camil, tio de Abas II, foi então nomeadosultão do Egito.[40] Após aPrimeira Guerra Mundial,Saad Zaghloul e oPartido Wafd lideraram o movimento nacionalista egípcio. Quando o Reino Unido ordenou o exílio de Zaghloul e seus correligionários paraMalta em 1919, houve uma grande revolta popular, e as constantes rebeliões por todo o sultanato levaram Londres aconceder independência nominal ao Egito.[41] Um sistemaparlamentarista monárquico foiestabelecido e reconhecido pelos britânicos, na pessoa deFuade I e promulgada uma novaconstituição, embora o Reino Unido mantivesse a ocupação militar e controlasse as relações exteriores e as comunicações do país. De volta ao Egito, Saad Zaghloul foi eleito para o cargo deprimeiro-ministro pelo voto popular, em 1924, mas renunciou no final desse ano. Novas eleições confirmaram outra vitória ao Wafd, mas o reiFuade I determinou o encerramento do parlamento e, em 1930, outorgou uma nova constituição ao Egito, que reforçava o poder da monarquia.[42] Em 1936, foi assinado otratado anglo-egípcio, pelo qual o Reino Unido se comprometia a defender o Egito e recebia o direito de manter tropas no canal de Suez. A continuidade da ingerência britânica no país e o aumento do envolvimento do rei do Egito na política desencadeou aRevolução de 1952, quando oMovimento dos Oficiais Livres derrubou militarmente o reinado do reiFaruque, que abdicou em favor do seu filhoFuade II.[43]
Após adeposição de Faruque, amonarquia egípcia continuou existindo formalmente, com Fuade II no trono, embora a Junta Militar tenha esvaziado de todos os poderes. O monarca ficou no trono por 18 meses até arepública ser proclamada em 18 de junho de 1953, com o generalMuhammad Naguib — número 1 do Conselho do Comando Revolucionário — tornando-se oprimeiro presidente do Egito moderno. Os oficiais tentaram iniciar os trabalhos em conjunto com os políticos do país, mas surgiram os primeiros conflitos entre os militares no poder. Naguib era contrário ao afastamento dos civis e à ascensão dos militares nos negócios do governo e alertava para o perigo de uma nova ditadura, uma vez que muitos dos responsáveis pela corrupção do governo anterior continuavam em seus postos. Então com 51 anos, o general era mais velho queNasser e gozava de boa reputação entre os oficiais mais novos, principalmente por ter sido um crítico feroz no período pré-revolucionário, conseguiu afastar o rival do centro de decisões.[44]
Em fevereiro de 1954, as tensões entre as correntes de Naguib e Nasser eclodiram um enfrentamento. Apoiado por oficiais revolucionários mais radicais, Gamal Nasser assumiu o controle do Estado. O presidente deposto tentou resistir, mas fracassou e foi condenado à prisão domiciliar perpétua.[44][45] Comandado por Nasser, o Conselho de Comando da Revolução liderou o Egito entre novembro de 1954 e junho de 1956.[46]
Em 23 de junho de 1956,Gamal Abdel Nasser assumiu oficialmente o poder como presidente do Egito, após um referendo sobre uma nova constituição e sobre a sua eleição presidencial. Com sua personalidade carismática que, junto às suas reformas sociais e econômicas bem-sucedidas, lhe proporcionaram grande apoio popular. Seu governo aboliu os partidos políticos, procedeu à reforma das estruturas agrárias, combateu ofundamentalismo islâmico e pôs em prática um processo deindustrialização, do qual a construção a granderepresa de Assuã era um dos projetos mais significativos.[45] Para isso, nacionalizou oCanal de Suez, o que provocou umagrave crise internacional.[44]
Sucedeu-oAnwar Al Sadat, que distanciou seu país daUnião Soviética e o aproximou dosEstados Unidos. Promoveu uma reforma econômica chamada"Infitá" e suprimiu de maneira violenta tanto a oposição política quanto a religiosa. Em 1973, aproveitando de um feriado religioso judaico, forças do Egito e daSíria atacaram de surpresaIsrael, na chamadaGuerra de Outubro (ou doIom Quipur). Embora os israelenses tenham conservado em seu poder os territórios ocupados desde 1967, tanto o Egito quanto Israel consideravam-se vencedores do conflito de 19 dias. Em negociações secretas, Sadat buscava selar a paz com o governo israelense.[47] Pressionado, o então premiê israelenseMenachem Begin convidou o dirigente egípcio para uma visita surpresa aJerusalém em novembro de 1977, um gesto que abriu definitivamente o caminho para osacordos de paz de Camp David, mediado pelo entãopresidente dos Estados UnidosJimmy Carter.[48] O tratado gerou a saída israelita dapenínsula do Sinai, em troca do Egito reconhecer o Estado de Israel. A iniciativa provocou enorme controvérsia nomundo árabe e provocou a expulsão do Egito daLiga Árabe.[47] Sadat sequer chegou a ver completada a retirada das tropas israelenses do Sinai, pois foi assassinado em outubro de 1981 por fundamentalistas muçulmanos que o acusavam de "trair o mundo árabe com o acordo de paz". Israel devolveu o Sinai aos egípcios em 1982 e os dois estados estabeleceram relações diplomáticas.[48]
Com o assassinato de Anwar Sadat, assumiu o comando do Egito o vice-presidenteHosni Mubarak em 14 de novembro de 1981. Mubarak havia se destacado naForça Aérea egípcia pelo seu desempenho naguerra de Iom Quipur. Em 1995, ele sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante uma visita àEtiópia. Por quase 24 anos, sempre se reelegeu por via dereferendo popular como candidato único. Essa situação perdurou até 2005, quando houve a primeira eleição sob seu regime disputada por diversos candidatos. Mesmo assim, o ditador saiu vitorioso.[49]
Inspirados nasmanifestações insurrecionais ocorridas naTunísia, milhares de egípcios foram as ruas em diversas cidades no país no dia 25 de janeiro de 2011 e iniciaram uma onda de protestos pedindo a saída do ditador do poder. APraça Tahrir, noCairo, transformou-se em um dos principais palco dos protestos, com milhares de pessoas desafiando o toque de recolher imposto pelo regime. Em 11 de fevereiro, Mubarak renunciou à presidência e passou o poder ao Exército, encerrando três décadas de governo autocrático.[50]
Em 23 de junho de 2012,Mohamed Morsi, candidato daIrmandade Muçulmana, venceu oprimeiro pleito presidencial pós-Mubarak, derrotando o opositor vinculado ao antigo ditador e se tornando o primeiro presidente civil eleito democraticamente no Egito. Mas seu governo foi marcado por muitas polêmicas com a oposição, que o acusou de impor uma novaConstituição sectária e forçar a "islamização" do Egito.[51]
Depois de novas manifestações pró-Morsi e anti-Morsi, no começo de julho, a oposição deu um ultimato de 24 horas a Morsi para que renunciasse, e o movimentoTamarod (rebelião, em árabe) pedia que o Exército tomasse uma posição clara "ao lado da vontade popular". Os militares estipularam 48h para a classe política entrar em acordo e, em 3 de julho, depuseram Mohamed Morsi e suspenderam a Constituição.[51] Violentos protestos contra o golpe se seguiram e tomaram conta das principais cidades do país, incluindo a capital Cairo.[52]
Em 4 de julho de 2013,Adly Mansour, um juiz egípcio de 68 anos de idade foi empossado como presidente interino do país sobre o novo governo após a remoção de Morsi do governo. Em 18 de janeiro de 2014, o governo interino institucionalizou uma nova constituição nacional, após umreferendo em que 98,1% dos eleitores foram favoráveis. A participação foi baixa, com uma participação de apenas 38,6% dos eleitores registrados,[53] embora este índice tenha sido maior do que os 33% que votaram em um referendo durante o mandato de Morsi.[54]
Uma eleição presidencial ocorreu entre 26 e 28 de maio de 2014, com apenas dois candidatos, o ex-Ministro da Defesa egípcioAbdel Fattah el-Sisi eHamdeen Sabahi, da Corrente Popular Egípcia. As eleições aconteceram quase um ano após os protestos de junho de 2013 que levaram el-Sisi a depor o então presidente Mohamed Morsi.[55] Os números oficiais mostraram que cerca de 25,5 milhões de pessoas participaram das eleições, ou 47,5% dos eleitores registrados, sendo que el-Sisi venceu com 23,7 milhões de votos (96,91% do total), dez milhões de votos a mais que o ex-presidente Mohamed Morsi (que recebeu 13 milhões a mais que o seu adversário no segundo turno daseleições presidenciais egípcias de 2012).[56][57]
Com uma área de 1 001 450 km2, o Egito é o29.º maior do mundo.[58] Entretanto, devido à aridez do clima do país, os centros urbanos estão concentrados ao longo do estreito vale dorio Nilo e noDelta do Nilo, razão pela qual 99% dapopulação egípcia usam apenas 5,5% da área total.[59]
As inundações dorio Nilo foram o fundamento da economia do país durante milênios. Tal fenômeno foi alterado pela construção darepresa de Assuã, que apesar de controverso, e ter causado deslocamento massivo, trouxe benefícios para a agricultura, pois permitiu o cultivo de novas culturas como algodão e cana-de-açúcar, além de beneficiar as culturas tradicionais como trigo, arroz e milho, além disso a geração da energia hidrelétrica permitiu algum desenvolvimento industrial.[60]
Devido à ausência de chuvas em quantidade relevante, aagricultura do Egito depende inteiramente dairrigação. A principal fonte de água de irrigação é o Nilo, cujo fluxo é controlado pelaRepresa de Assuã. Ela libera, em média,55bilhões* de km3 de água por ano, dos quais cerca de 46 bilhões de km3 são desviados para os canais de irrigação.[61] No vale e no delta do Nilo, 13,7 milhões defedãs (3 261 904 km2) de terra se beneficiam dessas águas de irrigação.[62]
Aprecipitação é baixa no Egito, excepto nos meses deinverno nas regiões mais a norte.[63] Ao sul do Cairo, a precipitação média é de apenas cerca de 2–5 mm ao ano, em intervalos de muitos anos. Numa faixa estreita do litoral norte, chega a 410 mm.[64]
O potencialaumento do nível do mar devido aoaquecimento global pode ameaçar a faixa costeira densamente povoada do Egito e ter graves consequências para a economia, a agricultura e a indústria do país. Combinado com as crescentes pressões demográficas, um aumento significativo no nível do mar poderia transformar milhões de egípcios emrefugiados ambientais até o final doséculo XXI, de acordo com alguns especialistas em clima.[65]
O Egito assinou aConvenção sobre Diversidade Biológica em 9 de junho de 1992, noRio de Janeiro, e tornou-se parte da convenção em 2 de junho de 1994.[66] Posteriormente produziu uma Estratégia Nacional de Biodiversidade e um Plano de Ação, que foi recebido pela convenção em 31 de julho de 1998. Apesar de muitos Planos Nacionais de Estratégia e Ação da Biodiversidade daCBD negligenciarem os reinos biológicos além dos animais e plantas, o plano do Egito era incomum ao fornecer informações equilibradas sobre todas as formas de vida.[67][68]
O plano afirmava que os seguintes números de espécies de diferentes grupos haviam sido registrados no Egito:algas (1 583 espécies),animais (cerca de 15 000 espécies, das quais mais de 10 000 eraminsetos),fungos (mais de 627 espécies),monera (319 espécies),plantas (2 426 espécies),protozoários (371 espécies). Para alguns grupos principais, por exemplo fungos que formamlíquenes evermesnematóides, os dados são eram conhecidos.[69]
Além de grupos pequenos e bem estudados, comoanfíbios,aves,peixes,mamíferos erépteis, muitos desses números provavelmente aumentarão à medida que outras espécies forem registradas no país. Para os fungos, incluindo espécies formadoras de líquen, por exemplo, trabalhos posteriores mostraram que mais de 2 200 espécies foram registradas no Egito e o número final de todos os fungos que realmente ocorrem no país deve ser muito maior. Para asgramíneas, 284 espécies nativas e naturalizadas foram identificadas e registradas no Egito.[70]
O Egito é o país mais populoso doOriente Médio, o terceiro mais populoso docontinente africano e o14.º mais populoso do mundo,[11] com cerca de 110 milhões de habitantes em 2023.[4] Sua população cresceu rapidamente de 1970 a 2010 devido aos avanços da medicina e aumentos na produtividade agrícola[71] possibilitados pelaRevolução Verde.[72] A população do Egito foi estimada em 3 milhões quandoNapoleão invadiu o país em 1798.[73]
O povo do Egito é altamenteurbanizado, concentrando-se ao longo dorio Nilo (principalmenteCairo eAlexandria), noDelta e perto doCanal de Suez. Os egípcios dividem-se demograficamente entre aqueles que vivem nos principais centros urbanos e osfellahin, ou agricultores, que residem em aldeias rurais. A área total habitada constitui apenas uma pequena porção deterras aráveis no território desértico do país, o que coloca a densidade fisiológica em cerca de 2 600 hab./km2, número 30 vezes maior que o dadensidade demográfica egípcia.[74]
Apesar de a emigração ter sido restringida sobNasser, milhares de profissionais egípcios foram despachados para o exterior no contexto daGuerra Fria Árabe.[75] A emigração egípcia foi liberalizada em 1971, sob o comando do presidenteSadat, atingindo números recordes após acrise do petróleo de 1973.[76] Estima-se que 2,7 milhões de egípcios vivam no exterior. Aproximadamente 70% dos imigrantes egípcios vivem empaíses árabes (923 600 naArábia Saudita, 332 600 naLíbia, 226 850 naJordânia, 190 550 noCuaite e os demais em outras partes da região) e os 30% restantes residem principalmente naEuropa e naAmérica do Norte (318 000 em nosEstados Unidos, 110 000 noCanadá e 90 000 naItália).[77] O processo de emigração para estados não árabes está em andamento desde a década de 1950.[78][79]
Os egípcios étnicos são, de longe, o maior grupo do país, constituindo 91% da população total. As minorias incluem asabazas, osturcos, osgregos, as tribosbeduínasárabes que vivem nos desertos orientais e naPenínsula do Sinai, ossiuis delíngua berbere (amazigue) doOásis de Siuá e as comunidades núbias agrupadas ao longo do Nilo. Há também comunidades tribais de Beja concentradas no canto mais a sudeste do país, e um número de clãs Dom principalmente no Delta do Nilo e Faium que estão progressivamente se tornando assimilados à medida que a urbanização aumenta".[80]
Cerca de 5 milhões de imigrantes vivem no Egito, a maioria sudanesa, "alguns dos quais vivem no Egito há gerações". Um pequeno número de imigrantes vem do Iraque, Etiópia, Somália, Sudão do Sul e Eritreia. OAlto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estimou que o número total de "pessoas em perigo" (refugiados, requerentes deasilo e pessoasapátridas) era de cerca de 250 000. Em 2015, o número de refugiadossírios registrados no Egito foi de 117 000, um decréscimo em relação ao ano anterior. O governo egípcio alega que meio milhão de refugiados sírios que vivem no Egito são considerados exagerados. Há 28 000 refugiadossudaneses registrados no Egito.[81]
As outrora vibrantes e antigas comunidadesgregas ejudaicas no Egitoquase desapareceram, com apenas um pequeno número permanecendo no país, mas muitos judeus egípcios visitam em ocasiões religiosas ou outras e turismo.[82][83]
As principais línguas estrangeiras ensinadas nas escolas, por ordem de popularidade, são oinglês, ofrancês, oalemão e oitaliano.[84] Historicamente se falavaegípcio, cuja última etapa é oegípcio copta. O copta falado foi na maior parte extinto ao longo doséculo XVII, mas pode ter sobrevivido em bolsos isolados noAlto Egito até oséculo XIX. Ele permanece em uso como a linguagem litúrgica daIgreja Ortodoxa Copta deAlexandria.[85][86]
O Egito reconhece apenas três religiões:islamismo,cristianismo ejudaísmo. Outras religiões e seitas muçulmanas minoritárias praticadas por egípcios, como a comunidadebahá'í eahmadi, não são reconhecidas pelo Estado e enfrentam perseguição por parte do governo, que rotula esses grupos de "ameaça" à segurança nacional.[87][88] O Egito é um país predominantemente muçulmanosunita, com oislamismo comoreligião oficial. A porcentagem de adeptos de várias religiões é um tema controverso no Egito. Estima-se que 85–90% são identificados como muçulmanos, 10–15% comocristãos coptas e 1% como outrasdenominações cristãs, embora sem um censo os números não possam ser conhecidos. Outras estimativas colocam a população cristã entre 15 e 20%.[89] Muçulmanos não confessionais formam cerca de 12% da população.[90][91]
O Egito era um paíscristão antes doséculo VII e, depois que oIslã chegou, o país foi gradativamente sendo islamizado num país de maioria muçulmana.[92] O Egito tornar-se-ia centro de política e cultura nomundo muçulmano. ComGamal Abdel Nasser, o país experimentou um regime nacionalista, mas secular, enquanto sob o sucessor deste,Anwar Sadat, o Islã tornou-se areligião oficial do Estado e aXaria a principal fonte dedireito.[93] Estima-se que 15 milhões de egípcios sigam as ordenssufistas nativas,[94] mas líderes religiosos afirmam que os números são muito maiores, já que muitos sufistas egípcios não estão oficialmente registrados em uma ordem. Pelo menos 305 pessoas foram mortas durante umataque em novembro de 2017 contra uma mesquita sufista noSinai.[95]
Há também uma minoriaxiita. O Centro de Assuntos Públicos de Jerusalém estima a população xiita em 1–2,2 milhões[96] e pode chegar a até 3 milhões de pessoas.[97] A populaçãoahmadiyya é estimada em menos de 50 000,[98] enquanto a populaçãosalafita (ultraconservadora) é estimada em cinco a seis milhões.[99] OCairo é famoso por seus numerososminaretes demesquitas e foi apelidado como "A Cidade dos 1000 Minaretes".[100]
O Egito tem a mais antiga tradição parlamentar contínua no mundo árabe. Sua primeira assembleia popular foi criada em 1866. Foi licenciado pelaocupação britânica de 1882 — a potência ocupante permitiu apenas a existência de órgão consultivo. O nacionalismo egípcio antecedeu o seuhomólogo árabe em muitas décadas, tendo raízes noséculo XIX, tornando-se o modo dominante de expressão de ativistas e intelectuais anticoloniais egípcios até o início doséculo XX.[104] Em 1923, no entanto, após alibertação colonial do país, uma nova constituição previa uma monarquia parlamentar.[105]
O Egito é umarepública desde 18 de junho de 1953. ACâmara dos Deputados, cujos membros são eleitos para mandatos de cinco anos, é a sede dopoder legislativo. Eleições foram realizadas pela última vez entre novembro de 2011 e janeiro de 2012 e posteriormente dissolvidas. A próxima eleição parlamentar foi anunciada para ser realizada dentro de 6 meses após a ratificação da constituição em 18 de janeiro de 2014 e foi realizada em duas fases, de 17 de outubro a 2 de dezembro de 2015.[106]
Após arevolução Egípcia de 2011, durante o período da "Primavera Árabe", o governo de décadas do ditadorHosni Mubarak chegou ao fim eMohamed Morsi tornou-se o primeiro chefe de Estado eleitodemocraticamente no país. No entanto, em 3 de julho de 2013, milhões de manifestantes saíram às ruas contra Morsi e formaram um dos maiores protestos da história do mundo.[107] O generalAbdul Fatah Khalil Al-Sisi, deu um golpe de Estado, suspendeu a Constituição e assumiu, frente aos militares, o comando do país. Uma "comissão", de 50 membros, foi formada para modificar a Constituição egípcia, que foi publicada mais tarde para votação pública e foi adotada oficialmente em 18 de janeiro de 2014.[108] Em 2020, aFreedom House classificou o Egito como um país "não livre".[109]
A jurisprudência islâmica é a principal fonte de legislação. Os tribunais ecádis daXaria são geridos e licenciados pelo Ministério da Justiça.[110] A lei de estatuto pessoal que regulamenta assuntos como casamento, divórcio e custódia de crianças também é governada pela Xaria. Em um tribunal de família, o testemunho de uma mulher vale metade do testemunho de um homem.[111] Em 26 de dezembro de 2012, aIrmandade Muçulmana tentou institucionalizar uma nova constituição controversa. Ela foi aprovada pelo público em um referendo realizado de 15 a 22 de dezembro de 2012 com 64% de apoio, mas com apenas 33% de participação do eleitorado.[112]
O código penal é único, pois contém uma "lei anti-blasfêmia".[113] O sistema judicial atual permite apena de morte, inclusive contra um indivíduo ausente julgado à revelia. Váriosestadunidenses ecanadenses foram condenados à morte em 2012.[114] Em 18 de janeiro de 2014, o governo interino institucionalizou com sucesso uma constituição maissecular. O presidente é eleito para um mandato de quatro anos e pode servir por dois mandatos. O parlamento pode fazer umimpeachment contra o presidente. Sob a constituição, há uma garantia deigualdade de gênero e absolutaliberdade de pensamento, sem tradução na vida real. Os militares mantiveram a capacidade de nomear o ministro da Defesa nacional para os dois próximos mandatos presidenciais desde que a constituição entrou em vigor. Sob a constituição, os partidos políticos podem não ser baseados em "religião, raça, gênero ou geografia".[115]
A sede permanente daLiga Árabe está localizada no Cairo e o secretário-geral da organização tem sido tradicionalmente egípcio. Esta posição é atualmente ocupada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ahmed Aboul Gheit. A Liga Árabe se mudou brevemente do Egito paraTúnis, naTunísia, em 1978, como forma de protesto contra oTratado de Paz entre Egito e Israel, mas retornou ao Cairo em 1989. Asmonarquias do Golfo, incluindo osEmirados Árabes Unidos[116] eArábia Saudita,[117] prometeram bilhões de dólares para ajudar o Egito a superar suas dificuldades econômicas desde ogolpe de julho de 2013.[118]
As relações com aRússia melhoraram significativamente após a remoção deMohamed Morsi[119] e ambos os países trabalharam desde então para fortalecer os laços militares[120] e comerciais,[121] entre outros aspectos da cooperação bilateral. As relações com aChina também melhoraram consideravelmente. Em 2014, o Egito e a China estabeleceram uma "parceria estratégica abrangente" bilateral.[122]
Após aguerra de 1973 e o subsequente tratado de paz, o Egito tornou-se a primeira nação árabe a estabelecerrelações diplomáticas com Israel. Apesar disto,Israel ainda é amplamente considerado como um Estado hostil pela maioria dos egípcios. O Egito desempenhou um papel histórico como mediador na resolução de várias disputas no Oriente Médio, principalmente no tratamento doconflito israelo-palestino.[123] Os esforços decessar-fogo e trégua do Egito emGaza dificilmente foram contestados após aretirada israelense de seus assentamentos daFaixa de Gaza em 2005, apesar da crescente animosidade ao governo doHamas em Gaza após a queda de Mohamed Morsi,[124] apesar de tentativas recentes de países comoTurquia eCatar de assumirem este papel.[125]
Os laços entre o Egito e outras nações do Oriente Médio não árabes, incluindo oIrã e aTurquia, muitas vezes foram tensos. As tensões com o Irã são devidas principalmente ao tratado de paz do Egito com Israel e à rivalidade do Irã com aliados egípcios tradicionais no Golfo.[126] O recente apoio da Turquia àIrmandade Muçulmana, agora banida, no Egito, e seu suposto envolvimento naLíbia, também fez dos dois países rivais regionais amargos.[127][128]
AsForças Armadas do Egito têm tropas combinadas de cerca de 438 500 (incluindo 290 000–320 000conscritos),[130] além de 479 000reservistas.[131] De acordo com o ex-presidente do Comitê de Relações Exteriores e Defesa doKnesset, Yuval Steinitz, aForça Aérea do Egito tem aproximadamente o mesmo número de aviões de guerra modernos que aForça Aérea de Israel e muito maistanques,artilharia, baterias antiaéreas e navios de guerra do que asForças de Defesa de Israel.[132]Israel especula que o Egito é o segundo país da região com umsatélite espião, o EgyptSat 1,[133] além do EgyptSat 2, que foi lançado em 16 de abril de 2014.[134] Os militares exercem muita influência na vida política nacional, assim como na economia e estão acima das leis que se aplicam aos outros setores da sociedade. Eles também gozam de considerável poder, prestígio e independência dentro do Estado e têm sido amplamente considerados parte do "Estado profundo" egípcio.[135]
Os militares egípcios têm dezenas de fábricas de armas, bem como bens de consumo. O inventário das forças armadas do país inclui equipamentos de diferentes países ao redor do mundo. Equipamento da antigaUnião Soviética está sendo progressivamente substituídos por armas e equipamentos modernos de fabricaçãoestadunidense,francesa ebritânica, uma parcela significativa dos quais é construído sob licença no Egito, como o tanqueM1 Abrams. AMarinha do Egito é a maior marinha daÁfrica, doOriente Médio e domundo árabe, além de ser a sexta maior do mundo por número de navios.[136] Os Estados Unidos fornecem ao Egito uma ajuda militar anual, que em 2009 foi de1,3bilhões* de dólares.[137]
Manifestantes do movimento com um cartaz com os dizeres "Nem Morsi nem os militares", em 31 de julho de 2013
AOrganização Egípcia para os Direitos Humanos é um dos órgãos mais antigos para a defesa dosdireitos humanos no Egito.[138] Em 2003, o governo criou o Conselho Nacional de Direitos Humanos.[139] No entanto, o conselho recebeu graves críticas de ativistas locais, que afirmam que ele era apenas uma ferramenta de propaganda do governo para desculpar as suas próprias violações.[140] e para dar legitimidade às leis repressivas, como a Lei deEmergência.[141]
OPew Research Center classifica o Egito como o quinto pior país do mundo emliberdade religiosa.[142][143] A Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional, uma agência independente bipartidária do governo dosEstados Unidos, colocou o Egito em sua lista de observação para países que exigem um acompanhamento rigoroso, devido à natureza e extensão das violações das liberdades religiosas, com participação ou toleradas pelo governo.[144] De acordo com uma pesquisa do Pew Center, em 2010, 84% dos egípcios entrevistados apoiavam apena de morte para aqueles que deixassem de seguir oislamismo; 77% apoiavam penalidades como aplicarchicotadas e cortar as mãos daqueles quefurtarem eroubarem; e 82% apoiavam oapedrejamento de uma pessoa que cometeadultério.[145]
A morte de mais de 500 manifestantes pró-Mursi noCairo em 2013 foi o piorassassinato em massa da história moderna do país.[146]
Oscristãoscoptas enfrentam discriminação em vários níveis do governo, variando da representação desproporcional nos ministérios governamentais até leis que limitam a sua capacidade de construir ou reformar suas igrejas.[147]
Mohammed Beshoy Hegazy, um cidadão egípcio converteu-se do Islão à Igreja copta cristã em 1998 e requereu oficialmente que a sua fé cristã fosse inscrita no bilhete de identidade do Egipto em agosto de 2007. Numerosas pessoas, incluindo representantes de instituições estatais, apelaram publicamente à sua morte. Vários ataques foram levados a cabo contra ele e a sua esposa. Hegazy vive actualmente escondido com a sua mulher porque tem a vida em perigo por causa da apostasia do Islão. Em uma entrevista aoEgypt Today, o ministro egípcio para os Assuntos Religiosos, Mahmoud Zakzouk, confirmou a legalidade da pena de morte para os convertidos islâmicos que anunciam publicamente a sua mudança de fé.[148][149][150]
O Egito é um dos países que praticam ativamente apena de morte. As autoridades egípcias não fornecem dados sobre as condenações à morte e execuções, apesar de repetidos pedidos ao longo dos anos por organizações dedireitos humanos.[153] Os escritórios dasNações Unidas para os direitos humanos[154] e váriasONGs[151][153] expressaram um "alarme profundo" após um tribunal penal egípcio condenar 529 pessoas à morte em uma única audiência de 25 de março de 2014. Os condenados eram apoiadores do ex-presidente Mohamed Morsi. A sentença foi condenada como uma violação dedireito internacional. Em maio de 2014, cerca de 16 000 pessoas (número que pode chegar a 40 000 de acordo com estimativas independentes),[155] em sua maioria membros ou apoiadores daIrmandade Muçulmana, foram presos após o golpe,[54] sendo a organização rotulada comoterrorista pelo governo egípcio interino.[156]
Mona Al-Mazbouh, uma libanesa de 24 anos, queixou-se nas redes sociais de ter sido sexualmente assediada no Egito por taxistas e transeuntes comuns, sendo presa no aeroporto em maio de 2018, quando se preparava para deixar o país e condenada a 8 anos de prisão por um tribunal do Cairo. Foi acusada de propagar "boatos falsos", "perseguir a religião" e "atingir o povo egípcio".[157] Em setembro de 2018, Amal Fathy, actriz e activista, após se ter queixado de assédio sexual por duas vezes no mesmo dia, foi sentenciada a dois anos de prisão e multa por "espalhar notícias falsas" e querer prejudicar o Estado egípcio.[158]
Já em 2008 se observava que o assédio sexual das mulheres naquele país estava a aumentar e observar o código de vestimenta islâmico não era dissuasivo, de acordo com uma pesquisa doCentro Egípcio dos Direitos da Mulher (ECWR).[159] Em uma pesquisa da ONU em 2013, 99% das mulheres egípcias relataram que haviam sofrido alguma forma de assédio sexual. Cairo foi descrita como a “megacidade mais perigosa do mundo para as mulheres” em uma pesquisa daThomson Reuters Foundation em 2017.[158] O Egito é um dos países do mundo onde a prática damutilação genital feminina é quase total — 97% — entre as mulheres na faixa dos 15–49 anos de idade, de acordo com dados de 2005 da UNICEF.[160]
Em Setembro de 2020, a organizaçãoCoptic Solidarity (Solidariedade Copta), um grupo de defesa dos coptas cristãos, focou num relatório a prática generalizada de rapto e tráfico de mulheres e meninas cristãs coptas no Egipto, que são convertidas pela força ao Islão e dadas em casamento a muçulmanos. A Coptic Solidarity queixa-se de pouco ter sido feito para combater este flagelo, nem pelo governo egípcio, nem por ONGs ou organismos internacionais.[161][162] Já após declarações públicas doPapa Bento XVI para que a liberdade religiosa fosse mais respeitada e protegida no Egito, a propósito do ataque contra uma Igreja Copta, em Alexandria, no Ano Novo em 2011,Ahmed al-Tayeb, o Imã daMesquita de Al.-Azhar, tinha considerado que esta fora uma interferência inadmissível nos assuntos internos do Egito. Mais tarde, Al Tayeb avisou o Núncio Apostólico para o Egipto, Jean -Paul Gobel, que apresentar o Islã a uma luz negativa é uma"linha vermelha" que não deve ser ultrapassada.[163][164][165][166]
Vista doCairo, a maior cidade daÁfrica e doOriente Médio. Oturismo é uma grande fonte de renda para o EgitoOCanal de Suez, que liga os maresMediterrâneo eVermelho, é uma importante conexão do comércio globalSmart Village, construída para fomentar o crescimento de empresas dealta tecnologia no EgitoPrincipais produtos deexportação do Egito em 2019 (em inglês)
Aeconomia egípcia depende principalmente daagricultura, das telecomunicações, das exportações depetróleo egás natural e da indústria doturismo; há também mais de três milhões de egípcios que trabalham no estrangeiro, principalmente naArábia Saudita, noGolfo Pérsico e naEuropa, e que mandam remessas de dinheiro para o país, além das receitas doCanal de Suez. A conclusão daRepresa de Assuã em 1970, e oLago Nasser que surgiu por conta disto, alteraram o lugar de honra dorio Nilo na agricultura e ecologia do país. A população em rápido crescimento, aterra arável limitada e a dependência do Nilo continuam a sobrecarregar os recursos e a economia.[168]
O governo tem investido em comunicações e na infraestrutura física. O Egito recebe ajuda externa dosEstados Unidos desde 1979 (uma média de 2,2 bilhões de dólares anuais) e é o terceiro maior beneficiário de tais fundos de ajuda norte-americano após aGuerra do Iraque.[177] O país tem um mercado de energia desenvolvido com base emcarvão,petróleo, gás natural eenergia hidrelétrica.[178] O petróleo e o gás são produzidos nas regiões doDeserto Ocidental, noGolfo de Suez e noDelta do Nilo. O Egito tem enormes reservas de gás, estimadas em 2 180km3, que são exportadas para vários países.[179] Sua produção de carvão, entretanto, tem oscilado consideravelmente nos anos recentes, atingindo seu pico positivo em 2009 com 76 milhões de toneladas e seu pico negativo em 2016 com 3,30 milhões de toneladas.[180] Suas minas produzem considerável petróleo mineral, que no biênio 1992/1993 alcançou seu pico de 45 milhões de toneladas, bem comocaulinita,quartzito egipso, cuja produção no biênio 2000/01 foi de, respectivamente, 226, 69 e 4 milhões de toneladas.[181]
As condições econômicas do país começaram a melhorar consideravelmente, depois de um período de estagnação, devido à adoção de políticas econômicas mais liberais por parte do governo, bem como por um aumento das receitas do turismo e um mercado de ações em alta. Em seu relatório anual, oFundo Monetário Internacional (FMI) chegou a classificar o Egito como um dos melhores países do mundo a empreender reformas econômicas.[182] Oinvestimento estrangeiro direto (IED) no Egito aumentou consideravelmente antes da queda do regime deHosni Mubarak, superando 6 bilhões de dólares em 2006, devido à liberalização e privatização. Desde a queda de Hosni Mubarak, durante aRevolução Egípcia de 2011, o país sofreu uma queda drástica no investimento e nas receitas geradas pelos turistas estrangeiros, seguido de uma queda de 60% emreservas cambiais, uma queda de três por cento no crescimento e uma rápida desvalorização dalibra egípcia.[183]
Embora um dos principais obstáculos ainda enfrentados pela economia egípcia pelo limitado bem-estar social médio da população, muitos egípcios criticam seu governo para os preços mais elevados dos produtos básicos, enquanto seupadrão de vida e/oupoder de compra mantém-se relativamente estagnados. Acorrupção política é frequentemente citada pela população como o principal impedimento para promover ocrescimento econômico.[184][185] NoÍndice de Percepção da Corrupção de 2013, o Egito ficou no 114.º lugar entre os 177 países avaliados.[186]
Estima-se que 2,7 milhões de egípcios no exterior contribuem ativamente para o desenvolvimento do seu país através de remessas (7,8 bilhões de dólares em 2009), bem como a circulação de capital humano e social e de investimento.[77] As remessas, dinheiro ganho pelos egípcios que vivem no exterior e enviado para casa, atingiu um recorde de 21 bilhões de dólares em 2012, segundo oBanco Mundial.[187] A sociedade egípcia é moderadamente desigual em termos dedistribuição de renda, sendo que se estimou que entre 35–40% da população do país ganhasse menos do que o equivalente a dois dólares por dia, enquanto apenas cerca de 2–3% poderia ser considerada rica.[188]
O turismo é um dos setores mais importantes da economia do país. Mais de 12,8 milhões de turistas visitaram-no em 2008, proporcionando uma receita de quase11bilhões* de dólares. A indústria turística emprega cerca de doze por cento daforça de trabalho local. ANecrópole de Gizé é o local mais emblemático do país. Ela também é o destino turístico mais popular do Egito desde aantiguidade e era popular noperíodo helenístico, quando aGrande Pirâmide foi listada porAntípatro de Sídon como uma dasSete Maravilhas do Mundo, sendo a única delas que ainda existe.[189]
O Egito tem uma grande variedade de praias situadas noMediterrâneo e noMar Vermelho, que se estendem por mais de 3 000 km. O Mar Vermelho tem águas calmas, recifes decorais coloridos, peixes raros e belas montanhas. As praias doGolfo de Ácaba também oferecem facilidades para a prática deesportes aquáticos.Safaga encabeça a zona do Mar Vermelho com sua bela localização noGolfo de Suez. Por último, mas não menos importante,Sharm el-Sheikh (ou Cidade da Paz),Hurghada,Luxor (conhecido como o maior museu ao ar livre do mundo),Dahab,Ras Sidr,Marsa Alam, Safaga e a costa norte do Mediterrâneo são os principais destinos do turismo de lazer.[190]
O país é considerado um polo do turismo histórico, religioso, médico e de entretenimento. Para entrar no Egito, é necessário ter um passaporte válido e, na maioria dos casos, um visto. Além de cidadãos doReino Unido e daUnião Europeia (UE), os cidadãos dos seguintes países podem obter vistos à chegada em qualquer um dos portos egípcios de entrada:Austrália,Canadá,Geórgia,Japão,Nova Zelândia,Noruega,Macedônia do Norte,Coreia do Sul,Rússia,Sérvia,Ucrânia eEstados Unidos.[191] Os cidadãos do Reino Unido, UE e Estados Unidos podem viajar para osresortes de Sharm El Sheikh, Dahab, Nueiba e Taba, para um máximo de 15 dias, sem precisarem requerer um visto antes de viajar.[192]
O Egito produziu 666 000bbl/dia de petróleo e 113 milhões dem3 degás natural em 2017, tornando o país o maior produtor de petróleo do mundo fora daOPEP e o segundo maior produtor de gás natural seco naÁfrica. Em 2013, o Egito era o maior consumidor de petróleo e gás natural no continente, sendo responsável por 22% do consumo total de petróleo e 37% do consumo total de gás natural seco na África. Além disso, o Egito possui a maior capacidade derefinamento de petróleo na África, 726 000 bbl/d (em 2017).[193] O Egito está planejando construir sua primeirausina nuclear em El Dabaa, na parte norte do país, com cerca de25bilhões* de dólares provenientes de financiamentorusso.[194]
Entre 1990 e 2010, o abastecimento deágua encanada no Egito aumentou de 89% para 100% nas áreas urbanas e de 39% para 93% nas áreas rurais, apesar do rápido crescimento populacional no período. Durante esse período, o Egito conseguiu eliminar a defecação a céu aberto nas áreas rurais e investiu em infraestrutura. O acesso a uma fonte água potável no Egito é agora praticamente universal, com uma taxa de 99%,[196] mas pouco mais de metade da população está conectada aesgotos sanitários.[197] Em parte devido à baixa cobertura de saneamento no país, cerca de 17 000 crianças morrem a cada ano por causa dadiarreia.[198]
O transporte no Egito é centrado em torno doCairo e segue em grande parte o padrão de ocupação populacional ao longo dorio Nilo. A principal linha da rede ferroviária do país, com 5 085 km de extensão, vai deAlexandria aAswan e é operada pelaEgyptian National Railways. A rede rodoviária de veículos expandiu-se rapidamente para mais de 21 000 milhas, consistindo de 28 linhas, 796 estações, 1 800 trens cobrindo oVale e oDelta do Nilo, as costas doMediterrâneo e doMar Vermelho, oSinai e osoásis ocidentais.[80]
OMetrô do Cairo é o primeiro dos dois únicos sistemas completos demetrô na África e nomundo árabe. É considerado um dos projetos recentes mais importantes no Egito, que custou cerca de 12 bilhões delibras egípcias. O sistema consiste em três linhas operacionais com uma quarta linha planejada.[199][200] O sistema transporta cerca de 4 milhões de pessoas por dia (dados de 2013).[201]
AEgyptAir, que hoje é acompanhia aérea nacional e a maior companhia aérea do país, foi fundada em 1932 pelo industrial egípcio Talaat Harb, mas atualmente é de propriedade do governo egípcio. A companhia aérea está localizada noAeroporto Internacional do Cairo, seu principalhub, operando serviços regulares de passageiros e fretes para mais de 75 destinos noOriente Médio,Europa,África,Ásia eAméricas. A frota atual da EgyptAir inclui 80 aviões.[202]
OCanal de Suez é umahidrovia artificial nonível do mar no Egito, considerado o centro mais importante do transporte marítimo no Oriente Médio, ligando oMar Mediterrâneo e oMar Vermelho. Inaugurado em novembro de 1869, após 10 anos de obras, permite o transporte de navios entre aEuropa e aÁsia, sem navegação pela África. O terminal norte éPorto Saíde e o terminal sul é Porto Taufique, na cidade deSuez.Ismaília fica em sua margem oeste, a 3 km do ponto intermediário.[203][204]
O canal mede 193,3 km de comprimento,[205] consiste no canal de acesso norte de 22 km, o próprio canal de 162,25 km e o canal de acesso ao sul, de 9 km. O canal é uma faixa única com passagens na passagem Balá e noGrande Lago Amargo. Não contém bloqueios; a água do mar flui livremente pelo canal. Em geral, o canal ao norte do Lago Amargo flui para o norte no inverno e no sul no verão. O sul atual dos lagos muda com a maré em Suez.[206]
Em 26 de agosto de 2014, foi apresentada uma proposta para a abertura de umNovo Canal do Suez. O trabalho de expansão do canal foi concluído em julho de 2015.[207][208] O canal foi oficialmente inaugurado com uma cerimônia com a participação de líderes estrangeiros e militares em 6 de agosto de 2015, de acordo com os orçamentos estabelecidos para o projeto.[209]
Ataxa de analfabetismo diminuiu desde 1995, com o número de alfabetizados subindo de 51,4% naquele ano para 73,8% em 2015.[210] A taxa de analfabetismo é mais alta entre aqueles com mais de 60 anos de idade, sendo estimada em cerca de 64,9%, enquanto o analfabetismo entre jovens entre 15 e 24 anos de idade foi listado em 8,6%.[211]
Um sistema educacional de estilo europeu foi introduzido pela primeira vez no Egito pelosotomanos no início doséculo XIX para criar uma classe deburocratas leais e oficiais do exército. Sobocupação britânica, o investimento em educação foi restringido drasticamente e as escolas públicas seculares, que antes eram gratuitas, começaram a cobrar taxas. Na década de 1950, o presidenteNasser implementou a educação gratuita para todos os egípcios. O currículo egípcio influenciou outros sistemas de educação árabes, que frequentemente empregavam professores treinados pelo Egito. A demanda logo superou o nível de recursos estatais disponíveis, fazendo com que a qualidade da educação pública se deteriorasse. Atualmente, esta tendência culminou em índices educacionais fracos e uma persistentedesigualdade de gênero.[212]
Aeducação básica, que inclui seis anos deensino primário e três anos de escola preparatória, é um direito para crianças egípcias a partir dos seis anos de idade. Após a 9ª série, os alunos são acompanhados em uma das duas vertentes doensino médio: escolas gerais ou técnicas. O ensino médio geral prepara os alunos para uma educação superior e os formandos desta fase normalmente entram nos institutos deensino superior com base nos resultados doThanaweya Amma, ovestibular egípcio. Oensino secundáriotécnico tem duas vertentes, uma com duração de três anos e uma formação mais avançada com duração de cinco anos. Os graduados dessas escolas podem ter acesso ao ensino superior com base em seus resultados no exame final, mas isto geralmente é incomum.[213]
Aexpectativa de vida ao nascer no Egito era de 73,20 anos em 2011, ou 71,30 anos para homens e 75,20 anos para mulheres. O Egito gasta 5,6% (em 2014) de seu produto interno bruto em saúde.[216] Em 2010, os gastos com saúde representaram 4,66% do PIB do país. Em 2014, havia 0,81 médicos e 1,40 enfermeiros para cada 1 000 habitantes.[217]
Como resultado dos esforços de modernização ao longo dos anos, o sistema de saúde do Egito deu grandes passos adiante. O acesso a assistência médica em áreas urbanas e rurais melhorou bastante e os programas devacinação cobrem agora 98% da população. A expectativa de vida aumentou de 44,8 anos na década de 1960 para 72,12 anos em 2009. Houve um declínio notável dataxa de mortalidade infantil (durante os anos 1970 até 1980 a taxa de mortalidade infantil foi de 101–132/1 000 nascidos vivos, em 2000 a taxa foi 50–60/1 000 e, em 2008, era 28–30/1 000).[218]
Em 2008, aOrganização Mundial de Saúde estimou que 91,1% das mulheres do Egito com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos foram sujeitas amutilação genital,[219] apesar da prática ser ilegal no país. Em 2016, a lei foi alterada para impor penalidades mais duras aos condenados pela execução do procedimento, fixando a pena mais alta em 15 anos. Aqueles que escoltam vítimas ao procedimento também podem enfrentar penas de prisão de até 3 anos.[220] O número total de egípcios complano de saúde atingiu 37 milhões em 2009, dos quais 11 milhões são menores, o que fornece cobertura de saúde a aproximadamente 51,6% da população do Egito.[221]
O Egito é reconhecido por ser um criador de tendências culturais no mundo dalíngua e dacultura árabe contemporânea, influenciados fortemente pela literatura, música, cinema e televisão egípcia. O país ganhou um papel de liderança regional durante os anos de 1950 e 1960, o que deu um novo impulso duradouro para o estatuto da cultura egípcia no mundo árabe.[222]
A identidade egípcia evoluiu no período de um longo período de ocupação para acomodar oislamismo, ocristianismo e ojudaísmo; e uma nova língua, o árabe, e seu falado descendente, o árabe egípcio, que também é baseado em muitas palavras egípcias antigas.[223] O trabalho da estudiosa do início doséculo XIX,Rifa'a al-Tahtawi, renovou o interesse pelaantiguidade egípcia e expôs a sociedade egípcia aos princípios doIluminismo. Tahtawi cofundou com o reformador da educaçãoAli Mubarak, uma escola deegiptologia que buscava inspiração nos estudiosos egípcios medievais, comoSuiuti eAlmacrizi, que estudavam a história, a língua e as antiguidades do Egito.[224]
A indústria detelecomunicações no Egito começou em 1854 com o lançamento da primeira linha detelegramas do país, que conectavaCairo eAlexandria. A primeira linha telefônica entre as duas cidades foi instalada em 1881.[226]
Os meios de comunicação egípcios são altamente influentes em todo omundo árabe, atribuídos a grandes audiências e com uma crescente liberdade em relação ao controle do governo.[227] Aliberdade de imprensa é garantida na constituição; no entanto, muitas leis ainda restringem este direito. AERTU é a empresa deradiodifusão pública controlada pelo governo egípcio.[228]
Em setembro de 2018, o Egito ratificou as autoridades que concedem a lei o direito de monitorar os usuários de mídia social no país como parte do fortalecimento dos controles da Internet.[229][230]
Osegípcios antigos foram uma das primeiras grandes civilizações a codificar elementos dedesign naarte. Apintura de parede feita a serviço dosfaraós seguia um rígido código das regras e significados visuais. A arte egípcia primitiva é caracterizada pela ausência deperspectiva linear, que resulta em um espaço aparentemente plano. Esses artistas costumavam criar imagens com base no que sabiam e não tanto no que viam. Objetos nessas obras geralmente não diminuem de tamanho, pois aumentam a distância e há pouco sombreamento para indicar a profundidade. Às vezes, a distância é indicada através do uso do espaço, onde objetos mais distantes são desenhados mais alto que os objetos próximos, mas na mesma escala e sem sobreposição de formas. Pessoas e objetos quase sempre são desenhados de perfil.[231]
A pintura alcançou sua grande altura naXVII dinastia durante os reinados dosfaraósTutemés IV eAmenófis III.[232] Os primeiros artistas egípcios tinham um sistema para manter as dimensões dentro da arte. Eles usaram um sistema de grade que permitiu que eles criassem uma versão menor do trabalho artístico e, em seguida, ampliavam odesign com base na representação proporcional em uma grade maior.[231]
A literatura egípcia traça seus primórdios aoAntigo Egito e é uma das primeiras literaturas conhecidas. De fato, os egípcios foram a primeira cultura a desenvolver aliteratura como a conhecemos hoje, isto é, olivro.[234] É um elemento cultural importante na vida do Egito. Romancistas e poetas egípcios estiveram entre os primeiros a experimentar estilos modernos deliteratura árabe e as formas que desenvolveram foram amplamente imitadas em todo oOriente Médio.[235]
O cinema egípcio tornou-se uma força regional com a chegada do som. Em 1936, o Studio Misr, financiado pelo industrialTalaat Harb, emergiu como o principal estúdio egípcio, um papel que a empresa manteve por três décadas.[238] Por mais de 100 anos, mais de 4 000 filmes foram produzidos no Egito, três quartos da produção árabe total. O Egito é considerado o país líder no campo do cinema no Oriente Médio. Atores de todo omundo árabe procuram aparecer no cinema egípcio por causa da fama. OFestival Internacional de Cinema do Cairo foi classificado como um dos 11 festivais de primeira classe em todo o mundo pelaFederação Internacional de Associações de Produtores Cinematográficos.[239]
A música egípcia é uma rica mistura de elementos indígenas, mediterrâneos, africanos e ocidentais. Tem sido parte integrante da cultura egípcia desde a antiguidade. Os antigos egípcios creditaram a um de seus deusesHator a invenção da música, que Osíris, por sua vez, usou como parte de seu esforço para civilizar o mundo. Os egípcios usavam instrumentos musicais desde então.[240]
Música egípcia contemporânea traça seu início para o trabalho criativo de pessoas comoAbdul Hamuli,Almaz eMahmoud Osman, que influenciaram o trabalho posterior de Sayed Darwish,Umm Kulthum,Mohammed Abdel Wahab eAbdel Halim Hafez cuja idade é considerada a idade de ouro da música no Egito e em todo o Oriente Médio e Norte da África. Entre os cantores pop egípcios proeminentes contemporâneos estão nomes como o de Amr Diab.[carece de fontes?]
O Egito é frequentemente considerado o lar dadança do ventre.[241] A dança do ventre egípcia tem dois estilos principais —raqsbaladi eraqssharqi. Há também numerosas danças folclóricas e de caráter que podem fazer parte de um repertório de dança do ventre ao estilo egípcio, bem como a moderna dança de ruashaabi, que compartilha alguns elementos comraqs baladi.[242]
O Egito é o berço de uma das civilizações mais antigas do mundo e tem estado em contato com muitas outras civilizações e nações e passou por tantas eras, desde apré-história até aera moderna, passando por tantos domínios de faraós,romanos,gregos,islâmicos e muitos outros povos. Devido a essa grande variação de épocas, o contato contínuo com outras nações e o grande número de conflitos pelo qual o Egito passou, váriosmuseus podem ser encontrados no país, cobrindo principalmente uma ampla área dessas idades e conflitos.[243][244]
OGrande Museu Egípcio (GEM), também conhecido como Museu de Gizé, é um museu em construção que abrigará a maior coleção de artefatosegípcios antigos do mundo, sendo descrito como o maior museu arqueológico do mundo.[245] O museu será inaugurado em 2022, será instalado em um terreno de 50 hectares a aproximadamente 2 km daNecrópole de Gizé e faz parte de um novo plano diretor doplanalto.[246]
A culinária egípcia é particularmente propícia às dietasvegetarianas, pois depende muito deleguminosas evegetais em geral. Embora a comida emAlexandria e no litoral do Egito tenda a usar uma grande quantidade de peixe e outrosfrutos do mar, a maior parte da culinária egípcia é baseada em alimentos que crescem fora do solo. Acarne tem sido um recurso muito caro para a maioria dos egípcios ao longo da história, então um grande número de pratos vegetarianos foi desenvolvido.[247]
Alguns consideramkushari (uma mistura dearroz,lentilhas emacarrão) como o prato nacional. Cebolas fritas também podem ser adicionadas ao kushari. Além disso,ful medames (fava amassada) são um dos pratos mais populares. Ofeijão-fava também é usado na fabricação defaláfel (também conhecido como ta'mia), que pode ter se originado no Egito e se espalhado para outras partes doOriente Médio. Alho frito com coentro é adicionado aomolokhiya, uma popular sopa verde feita de folhas dejuta finamente picadas, às vezes comfrango oucoelho.[247]
O futebol é oesporte nacional mais popular do Egito. ODérbi do Cairo é um dos mais ferozes da África e aBBC o escolheu como um dos sete clássicos mais difíceis do mundo.[248] OAl Ahly é o clube de maior sucesso doséculo XX no continente africano, de acordo com aConfederação Africana de Futebol, seguido de perto por seu rivalZamalek SC. Eles são conhecidos como o "Clube Africano do Século". Com vinte títulos, o Al Ahly é atualmente o clube mais bem sucedido do mundo em termos de troféus internacionais, superando o italianoA.C. Milan e o argentinoBoca Juniors, ambos com dezoito.[249]
Em 19 de setembro de 2014, oGuinness World Records anunciou que o mergulhador egípcioAhmed Gabr é o novo detentor do título demergulho de profundidade em águas salgadas.[253] Ahmed estabeleceu um novo recorde mundial quando chegou a uma profundidade de 332,35 m. O feito de 14 horas foi realizado na cidade egípcia de Dahab, noMar Vermelho, onde ele trabalha como instrutor de mergulho.[254]
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