Embora a fé drusa tenha se desenvolvido a partir doismaelismo (um braço doXiismo), os drusos não se identificam comomuçulmanos. Eles mantêm alíngua e aculturaárabes como partes integrantes de sua identidade, sendo o árabe sua língua principal. A maioria das práticas religiosas drusas é mantida em segredo, e a conversão à sua religião não é permitida para pessoas de fora. Casamentos inter-religiosos são raros e fortemente desencorajados. Eles diferenciam os indivíduos espirituais, conhecidos como "uqqāl", que detêm os segredos da fé, e os seculares, chamados de "juhhāl", que se concentram em assuntos mundanos. Os drusos acreditam que, após completar o ciclo de renascimento através de sucessivas reencarnações, a alma se reúne com aMente Cósmica (al-ʻaql al-kullī).[21][22][23]
Os drusos intitulam-se emárabe comoAhl al-Tawhid, "o povo domonoteísmo". A origem do nomedruso é debatida, mas costuma ser ligada comAdarazi, pregador ismailita do século XI, embora os próprios drusos o considerem como umherético. De um ponto de vista moderno, são vistos como um grupoetnorreligioso.[17] Estimativas atuais colocam o tamanho da população drusa entre 800 000[24][25][26] e 2 milhões de pessoas.[27]
Areligião desenvolveu-se a partir doIslãoismaelita, um movimento filosófico baseado noCalifado Fatímida, noséculo X, numa época de particular riqueza cultural. A religião não tentou reformar o Islão, mas criar um novo corpo religioso, influenciado pelafilosofia grega, agnose e ocristianismo, entre outros.
Estrela drusa
Os principais actores foramAláqueme Biamir Alá, ocalifa que clamou serDeus, eHâmeza ibne Ali ibne Amade, o principal líder do movimento. Foi Hâmeza que proclamou publicamente, pela primeira vez, que Aláqueme era Deus. Aláqueme enfrentou a oposição dos muçulmanos ortodoxos por aquilo que eles consideraram comoapostasia e foi desdenhado pela sua violência extrema, ao perseguir minorias religiosas (tais como os cristãos). Em 1010, Aláqueme destruiu aIgreja do Santo Sepulcro, emJerusalém.
Porque os drusos consideram Aláqueme como a encarnação de Deus, foram perseguidos pelos muçulmanos radicais, em especial depois da morte de Aláqueme, em 1021. Os drusos usaram então ataqiyya ("dissimulação"), mantendo a sua verdadeira crença em segredo e aceitando formalmente a religião dominante. Os drusos acreditam que Aláqueme desapareceu e irá regressar no final dos tempos.
Os drusos tiveram um papel importante na história doLevante. Eles estavam espalhados pelomonte Líbano, que era conhecido como a montanha dos Drusos e, mais tarde, no igualmente chamado monte dos Drusos (Jabal Alduruz; emárabe:جبل الدروز ou ainda, Jabal Alárabe), naSíria.
A maioria deles, inclusive os drusos deIsrael, considera-seetnicamente árabe. Em 2017, uma pesquisa doPew Research Center revelou que a maior parte da população drusa israelita identificava-se como árabe.[28] Israel tem a terceira maior população drusa do mundo, depois daSíria e doLíbano.[29][30] Os dados da pesquisa mostraram que, quanto à religião, a maioria se declara drusa; cultural e etnicamente, considera-se árabe; e, quanto àcidadania, declara-se israelense, ainda que uma pequena minoria se identifique comopalestina, à diferença do que ocorre com oscidadãos árabes de Israel, que se identificam predominantemente como palestinos.[31]
A concepção drusa de deidade é descrita como uma estrita e inflexível unidade. A principal doutrina drusa afirma que Deus étranscendente eimanente, no qual ele está acima de todos os atributos, mas, ao mesmo tempo, está presente.[32]
Com seu âmbito de manter a unidade de Deus, tiraram dele todos seus atributos (tanzih). Em Deus, não haveriam nenhum atributo distintos de sua essência. Ele é sábio, poderoso e justo não por sua sabedoria, poder e justiça, mas por sua própria essência. Deus é "tudo da existência" ao invés de "acima da existência" ou "seu trono", que fazem Dele "limitado". Não há "como", "quando" ou "como sobre ele"; ele é incognoscível.[33]
Diferentemente doMutzalismo e outros ramos similares daTawasuf, os druzos acreditam no conceito deTajalli (teofania).[33]Tajalli é comumente mal interpretado por acadêmicos e escritores e confundido com o conceito de encarnação.
[Encarnação] é a crença espiritual central nos drusos e em algumas outras tradições intelectuais e espirituais […] Em um sentido místico, refere-se à luz de Deus experimentada por certos místicos que alcançaram um alto nível de pureza em sua jornada espiritual. Assim, Deus é percebido como o Lahut [o divino] que manifesta Sua Luz na Estação (Maqaam) do Nasut [reino material] sem que o Nasut se torne Lahut. Isso é como a imagem de alguém no espelho: alguém está no espelho, mas não se torna o espelho. Os manuscritos drusos são enfáticos e alertam contra a crença de que o Nasut é Deus […] Ignorando este aviso, indivíduos buscadores, estudiosos e outros espectadores consideraram al-Hakim e outras figuras divinas […] Na visão escritural drusa, Tajalli assume um papel central. Um autor comenta que Tajalli ocorre quando a humanidade do buscador é aniquilada para que atributos divinos e luz sejam experimentados pela pessoa.
As escrituras sagradas dos drusos incluem oCorão e asEpístolas de Sabedoria. Outros textos drusos antigos incluem oRasa'il al-Hind (Epístolas da Índia) e muitos os antigos manuscritos perdidos (ou escondidos) comoal-Munfarid bi-Dhatihi eal-Sharia al-Ruhaniyya, assim como outros textos instrutivos e tratados acerca de polêmicas.
Reencarnação é um parâmetro principal na fé drusa. Segundo a fé, a reencarnação ocorre instantaneamente após a morte de alguém, pois existe uma eterna dualidade entre o corpo e a alma, sendo impossível haver uma alma sem corpo. Diferentemente doBudismo, doHinduísmo e doNeoplatonismo, na fé drusa, aalma humana só é compatível com umcorpo humano, não havendo a possibilidade de reencarnação em outro tipo de ser. E, além disso, uma "alma macho" só pode reencarnar em um humano macho, e uma "alma fêmea" só pode reencarnar em um humano fêmea. E para mais longe ainda, um druso só pode reencarnar num corpo druso.
↑Carl Skutsch (7 de novembro de 2013). Skutsch, Carl, ed.Encyclopedia of the World's Minorities. [S.l.]:Routledge. p. 410.ISBN978-1-135-19388-1.Total Population: 800,000
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↑Donna Marsh (11 de maio de 2015).Doing Business in the Middle East: A cultural and practical guide for all Business Professionals revised ed. [S.l.]: Hachette UK.ISBN978-1-4721-3567-4.It is believed there are no more than 1 million Druze worldwide; most live in the Levant.
↑Samy Swayd (10 de março de 2015).Historical Dictionary of the Druzes 2 ed. [S.l.]: Rowman & Littlefield. p. 3.ISBN978-1-4422-4617-1.The Druze world population at present is perhaps nearing two million; ...
↑De McLaurin, Ronald (1979).The Political Role of Minority Groups in the Middle East. [S.l.]: Michigan University Press. p. 114.ISBN9780030525964
↑«Druze in Syria». Harvard University.Os drusos são um grupo etnorreligioso concentrado na Síria, Líbano e Israel, com cerca de um milhão de adeptos em todo o mundo. Os drusos seguem uma ramificação milenar doxiismo ismaelita. Seus seguidores enfatizam o monoteísmo abraâmico, mas consideram a religião separada do islamismo.
↑J. Stewart, Dona (2008).The Middle East Today: Political, Geographical and Cultural Perspectives. [S.l.]: Routledge. p. 33.ISBN9781135980795.A maioria dos drusos não se considera muçulmana. Historicamente, enfrentaram muita perseguição e mantiveram suas crenças religiosas em segredo.
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↑Nili, Shmuel (2019).The People's Duty: Collective Agency and the Morality of Public Policy. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 195.ISBN9781108480925.Druze are Arab by language, culture, and custom... Survey data has long suggested that Israeli Druze identify themselves first and foremost identity as Druze (in terms of their religion), secondarily as Arabs (in terms of their of their culture), and thirdly as Israeli (in terms of citizenship).
↑Makarem, Sami Nasib.The Druze Faith. [S.l.: s.n.]
↑abSwayd, Sami.Druze Spirituality and Asceticism. [S.l.: s.n.]
↑Hitti, Philip Khuri (1924).Origins of the Druze People and Religion. [S.l.]: Forgotten Books.ISBN978-1-60506-068-2