Assim como onovacianismo, fundado pelo antipapaNovaciano noséculo III,[3] os donatistas sustentavam que a Igreja não devia perdoar e admitir pecadores, e que ossacramentos, como o batismo, administrados pelostraditores (cristãos que negaram sua fé durante aperseguição de Diocleciano de303 d.C. a305 d.C. e posteriormente foram perdoados e readmitidos na Igreja) eram inválidos.[1]
Este pensamento era bastante similar ao deCipriano de Cartago, martirizado meio século antes em perseguições anteriores.[2]
Em oposição, a crença da Igreja Romana na época era de que ostraditores poderiam voltar ao corpo ritualístico e ministrar os sacramentos, desde que o fizessem seguindo o ritual correto, sem a necessidade derebatismo ou da reordenação.
Em311 d.C., os bispos africanos opuseram-se à eleição do arcediagoCeciliano como novo bispo deCartago. Ceciliano era acusado pelos donatistas de ter sido umtraditor, uma vez que havia entregue exemplares das Sagradas Escrituras às autoridades, durante uma perseguição anterior recente. Insatisfeitos, os bispos africanos escolheram como novo bispo aDonato de Casa Nigra, dando origem a um cisma.[1]
Em313 d.C., uma comissão nomeada pelo papaMelquíades condenou os donatistas. Os donatistas, por sua vez, consideravam-se como aúnica igreja verdadeira. A questão se complicava bastante porque os donatistas foram incapazes de provar que Ceciliano teria mesmo sido umtraditor, ao mesmo tempo em que eram por sua vez acusados de terem, entre os seus, pessoas suspeitas de o terem sido.
O avanço do donatismo no Norte da África se dava principalmente entre a população rural, já ressentida com a administração romana. Os padres e bispos donatistas nestas regiões falavam as línguasvernaculares (líbico oupúnico), assim como olatim, enquanto que o os clérigos católicos romanos usualmente falavam apenas o latim.[4]
Durante o episcopado de 40 anos de Donato, este supervisionou a expansão donatista. Sua luta para obter o reconhecimento da Igreja de Roma para o seu primado da África do Norte embora não tenha tido sucesso, Donato conseguiu expandir sua influência mesmo sem derrubar Ceciliano.
Após oConcílio de Arles, no qual a apelação de Donato falhou, ele foi exilado paraGália em 347 d.c. até sua morte, em355 d.C. Nesta época, o donatismo era a igreja dominante no Norte da África. Porém, já nesta época o donatismo sofria com divisões internas e estava sob constante ataque de Roma, que tinha como objetivo reincorporar os clérigos da região e reunificar a Igreja.[4]
Por vezes liderados por clérigos donatistas, oscirconcélios eram grupos denômades antirromanos, de fala púnica. Dos quais em sua crença, o lugar no céu estaria garantido se fossem assassinados por uma pessoa religiosa ou de grande autoridade e atacavam alguém com a intenção de que a pessoa revidasse e os matasse, cumprindo assim o objetivo de martírio. Embora o culto tenha começado com a ideia de garantir um lugar no céu por meio do martírio, seus membros eram bastante violentos e começaram a aproveitar o nome da ordem para impor suas visões e atacar as pessoas ferozmente. Assim, eles passaram a atacar proprietários de terra e colonos romanos, redistribuindo bens e libertando escravizados. Eram extremamente contra a escravidão, não só defendendo a ideia de que os escravos tinham direitos, mas também os libertando sempre que possível.[5] Deste modo, o donatismo passou a ser identificado com os circoncélios, levando os administradores oficiais a tomarem ações punitivas contra a igreja donatista.[4]
Apesar da condenação imperial, o donatismo permaneceu como religião dominante na África romana até ao começo doséculo V, quando enfraqueceu devido a atos de coerção.
O bispo de Hipona,Agostinho, fez campanhas contra esta crença e foi principalmente graças aos seus esforços que a seita foi extinta. A controvérsia tem início em dois escândalos monásticos. Por volta de422 d.C., Agostinho se envolveu numa espécie de escândalo com um bispo chamado Antonino e posteriormente comJanuário de Benevento. A discussão parece ter sido causada porque Agostinho achava que a chamada "caridade monástica" pudesse semear a discórdia, dividir e fazer com que se aproveitasse da Igreja. Ele chegou a fazer campanhas contra o donatismo. Com a ocupaçãovândala do norte de África, o donatismo voltou a ter, aí, alguma preponderância, o que continuou a acontecer depois da reconquistabizantina destes territórios porJustiniano. Desconhece-se quanto tempo persistiu depois da conquistamuçulmana.