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OsDogmas e doutrinas marianas da Igreja Católica têm a sua fundação na visão central de que aVirgem Maria é aMãe de Deus, devido a isso, a Igreja Católica sempre considerou Maria uma figura humana de importância incomensurável no cristianismo, reconhecendo seu papel vital na história dasalvação[1], por conseguinte, a Igreja possui muitos ensinamentos e doutrinas em relação a sua vida e papel.
A Igreja Católica possui uma disciplina específica para o estudo da pessoa, o papel e o significado da Virgem Maria, e suaveneração, esta é a disciplina daMariologia.[2][3] A doutrina mariana tem se desenvolvido ao longo de muitos séculos, e foi estudada e codificada pelosConcílios, bem como pelos principais teólogos das ordens religiosas e universidades marianas, Escolas Pontifícias, como aMarianum são especificamente dedicadas a este campo de estudo.[4][5] No entanto, revelações marianas por indivíduos nem sempre são aceitos pela Igreja.[6][7]
Segundo adoutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintesdogmas defé:[8]
As igrejas ortodoxas e anglicanas na sua maioria aceitam alguns desses dogmas. Os Ortodoxos aceitam o dogma da Maternidade Divina ao referir-se a Maria como Teótoco, que significa "Mãe de Deus" (em grego).[10] Alguns Anglicanos aceitam referir a Maria como Teótoco.[11] A Igreja do Oriente, uma das mais antigas denominações cristãs, rejeita chamá-la de Teótoco. As confissões protestantes não os aceitam ou mostram-se reticentes sobre o tema.[12]
A Perpétua Virgindade de Maria ensina que Maria é virgem antes, durante e depois do parto. Estedogma mariano é o mais antigo daIgreja Católica eOriental Ortodoxa, que afirma a "real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz oFilho de Deus feito homem."[13] Assim Maria foi sempre Virgem pelo resto de sua vida, sendo o nascimento de Jesus como seu filho biológico, uma concepção milagrosa.
No ano 107,Inácio de Antioquia já descrevia avirgindade de Maria.[14][15]São Tomás de Aquino também ensinou esta doutrina[16], que Maria deu o nascimento miraculoso sem abertura doútero, e sem prejuízo para ohímen. Esta doutrina já era um dogma desde ocristianismo primitivo, tendo sido declarada por notáveis escritores comoSão Justino Mártir[17] eOrígenes. OPapa Martinho I proclamou essa doutrina como um dogma noConcílio de Latrão (649).[18]

A definição comoMater Dei ou Deiparas (emlatim) ouTeótoco (emgrego) foi afirmado por diversosPadres da Igreja nos três primeiros séculos, comoInácio (107)[19][14],Justino Mártir (155)[17],Efrém, o Sírio[20], Cirilo de Alexandria[21][22] eAtanásio (330)[23] . OTerceiro Concílio Ecumênico, realizado emÉfeso decretou esta doutrinadogmaticamente em 431.[24] A visão contrária, defendida pelopatriarca de ConstantinoplaNestório era que Maria devia ser chamada deCristótoco, que significa "Mãe de Cristo", para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina.[25]
Os adversários de Nestório, liderados porCirilo de Alexandria, consideravam isto inaceitável, pois Nestório estava destruindo aunião perfeita e inseparável da natureza divina e humana em Jesus Cristo, uma vez que em Cristo "OVerbo se fez carne" (João 1:14), ou seja o Verbo (que éDeus -João 1:1) é a carne; e a carne é o Verbo, Maria foi a mãe da carne de Cristo e consequentemente do Verbo. Cirilo escreveu que "Surpreende-me que há alguns que duvidam que a Virgem santa deve ser chamada ou não de Teótoco. Pois, se nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, e a Virgem santa deu-o à luz, ela não se tornou a [Teótoco]?"[26] A doutrina de Nestório foi considerada uma falsificação da Encarnação de Cristo, e por consequência, da salvação da humanidade. O Concílio aceitou a argumentação de Cirilo, afirmou como dogma o título de Teótoco de Maria, eanamatizou Nestório, considerando sua doutrina (Nestorianismo) como umaheresia.[27]

Nabula papal dogmáticaIneffabilis Deus, foi feita a definição oficial dodogma daImaculada Conceição; nela, em 8 de dezembro de 1854 disse Pio IX:(...) que a doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça de privilégio de Deus omnipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis.[28]
Em 8 de setembro de 1953,Pio XII através da Carta encíclicaFulgens corona anunciou a celebração do "Ano Mariano" comemorativo do primeiro centenário da definição do dogma da "Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria".[29] Em 5 de dezembro de 2007,Bento XVI fez tornar público decreto que concedeindulgência plenária aos fiéis que cumprirem as condições nele estabelecidas, por ocasião do "150º. aniversário da manifestação da Beata Virgem Maria na Gruta de Massabielle, próximo a Lourdes".[30]

A Virgem Maria no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Estedogma foi proclamadoex cathedra peloPapa Pio XII, no dia1º de novembro de 1950, por meio da ConstituiçãoMunificentissimus Deus[31]:
"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".[31]
OPapa Pio XII deixou liberadamente em aberto se Maria foi elevada aos céus após sua morte ou ainda em vida.
A Igreja Católica detém muitos outros ensinamentos sobre a Virgem Maria, dos quais muitos são tão relevantes como os ensinamentos acima definidos. Outros são antigos ensinamentos, venerações e celebrações, que sob a orientação infalível doEspírito Santo, são uma parte integrante do depósito de fé transmitida pela Igreja.[32][33]
A devoção à Virgem Maria continua sendo ressaltada nos ensinamentos da Igreja Católica, por exemplo, na sua encíclicaRosarium Virginis Mariae, oPapa João Paulo II afirmou que foi inspirado pelos escritos deSão Luís Maria Grignion de Montfort sobre a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria.[34]
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma tradiçãocristã, atestada porHipólito de Tebas, que ela teria morrido (Dormição da Virgem Maria) no ano 41 d.C. e seu corpo depositado noGetsêmani.[35]
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat.dormitáre, em vez de "morte". Alguns teólogos e santos da Igreja Católica, sustentam que Maria não teria morrido, mas teria "dormitado" e assim levada aos Céus; outra corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que o próprio Jesus passou pela morte.

Do ponto de vista oficial do magistério da Igreja Católica, sobre esta matéria, nunca se duvidou da Assunção. Reservou-se ao dogma apenas o tema da Assunção em si. Sobre a dormição de Maria, entretanto,João Paulo II assim se manifestou:

Maria é vista como mãe da Igreja e de todos os seus membros[37], ou seja, todos os cristãos, pois os cristãos naBíblia são parte docorpo de Cristo, a Igreja. Eles, portanto, compartilham com Cristo a paternidade de Deus e também a maternidade de Maria. Mais uma vez, noNovo Testamento, (João 19:26–27) Jesus entrega sua mãe ao apóstolo João, que simboliza toda a humanidade. Assim, naquele momento, Jesus deixa a Virgem Maria como Mãe de todos os cristãos. Também o evangelista define Jesus na cruz como filho de Maria. Assim, ela seria também Mãe da Igreja.Santo Agostinho (354-430) já cita este título.[38] O Catecismo da Igreja Católica afirma:
"A Virgem Maria... É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor.... Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja.»[39]
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. (I Timóteo 2:5). Ele sozinho conciliou o homem com Deus através da sua morte na cruz. Mas isso não exclui um papel secundário de Maria comomedianeira, dependente de Cristo, e medianeirra entre os homens e Jesus Cristo. A Igreja ressalta que Jesus é o único mediador entre os seres humanos e Deus, e que Maria aparece como sendo mediadora entre os seres humanos, e o próprio Jesus Cristo. Ou seja, Jesus leva os homens à Deus, e Maria leva os homens à Jesus.[40][41][42][43] O ensinamento que Maria intercede por todos os crentes e, especialmente, aqueles que pedem sua intercessão através da oração, remete aos primeiros séculos do cristianismo, por exemplo a oraçãoSub tuum praesidium, escrita emgrego aproximadamente em 250.[44] Outra oração deEfrém da Síria (306-373) afirma:Depois do mediador, a medianeira de todo o mundo. (post mediatorem mediatrix totius mundi)[20]

Advogada nossa (português) ou Advocata nostra (latim) faz alusão a capacidade de Maria deinterceder por seus filhos, seja durante a vida, em favor de uma súplica, seja após a morte, recorrendo no tribunal divino pelasalvação de uma alma.[45]
Juntamente com os conceitosmedianeira ecorredentora, "Maria Advogada" é uma recorrente proposta como dogma deste oConcílio Vaticano II, lembrado de forma particular durante opontificado deSão João Paulo II.[46]
Corredentora (português) ou Co-Redemptrix (latim) refere-se a participação indireta de Maria no processo de salvação. Mesmo antes do ano 200,Ireneu de Lyon refere-se a Maria como"causa salutis" (causa de nossa salvação) devido ao seu filho.[47] O ensinamento tornou-se universal desde oséculo XV[48], mas nunca foi declarado um dogma, embora petições para declará-lo (juntamente comMedianeira eAdvogada) dogmaticamente, tenham sido submetidos aopapa por vários cardeais e bispos, tornando-se assim o quinto dogma mariano aprovado pelaSanta Sé.[49]
O conceito de corredentora remete para uma participação indireta, mas importante da Virgem Maria na redenção, pois Maria deu à luz o Redentor (Jesus Cristo), que é o responsável por toda a redenção esalvação, assim ela foi mediadora de redenção. Os católicos creem que Cristo é o único Redentor da humanidade (I Timóteo 2:5), sendo que a própria Maria teve de ser redimida e resgatada por Jesus Cristo.[50]

A doutrina de que a Virgem Maria foi coroadaRainha do Céu remonta ao início da Igreja, para escritores tais comoGregório de Nazianzo, que afirma que Maria é "a Mãe do Rei do universo," e a "Virgem Mãe, de quem surgiu o Rei de todo o mundo",[51]Efrém da Síria já a considerava Rainha do Céu.[52] A Igreja Católica muitas vezes vê Maria como rainha do céu, ostentando uma coroa de doze estrelas como aMulher do Apocalipse(Apocalipse 12:1-5).
Muitos Papas homenageram Maria com este título:Maria é a Rainha do Céu e da Terra, (Pio IX),Rainha do Universo (Leão XIII) eRainha do Mundo (Pio XII).[43] O fundamento teológico e lógico desses títulos repousa no dogma de Maria como a Virgem Mãe de Deus, que reina ao longo de todo o mundo, sendo celestialmente bem-aventurada com a glória de uma Rainha.[53]
Certamente, no pleno e rigoroso sentido do termo, somente Jesus Cristo, o Deus-Homem, é Rei, mas Maria, também, como Mãe do divino Cristo, (...) tem uma participação, embora de forma limitada e de modo análogo, em sua dignidade real. A união radiante (...) que ela atingiu com Cristo transcende o de qualquer outra criatura; de sua união com Cristo ela recebe o real direito de dispor dos tesouros do Divino Redentor do Reino, de sua união com Cristo finalmente é derivada a inesgotável eficácia de sua materna intercessão do Filho e do seu pai.[54]
Este ensinamento segue o precedente bíblico da antigaIsrael, cujamonarquia, segundo o cristianismo, passou para Jesus.Ele será grande e será chamado o Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu paiDavid. (Lucas 1:32) NoAntigo Testamento os reis de Israel e Judá, como David ouSalomão possuíam muitas esposas. O título de Rainha, portanto, não era concedido a qualquer mulher do rei, mas para a mãe do rei. (I Reis 2:17-21;I Reis 15:13;Jeremias 13:18). A Rainha Mãe era conhecida em hebraico comogebirah. Uma vez que Jesus é o rei celestial, da linhagem de Davi e Salomão, Maria se tornou Rainha-Mãe.
Há ensinamentos e tradições específicas comoAtos de Reparação, ou seja, orações à Virgem Maria para os insultos que ela sofre. O missal CatólicoRaccolta (aprovada por um decreto de 1854, e publicado pelaSanta Sé em 1898) inclui estas orações.[55][56][57]
Estas devoções e orações não envolvem um pedido para si ou para um falecido, mas destinam-se a reparar os pecados dos outros contra a Virgem Maria.
À Virgem Maria são atribuídos diversos títulos, que podem fazer referência a suas virtudes, ou aos locais em que apareceu, tais como:Nossa Senhora de Nazaré,Nossa Senhora da Conceição,Nossa Senhora do Rosário,Imaculado Coração de Maria,Nossa Senhora de Guadalupe,Nossa Senhora de Lourdes,Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,Nossa Senhora dos Remédios,Nossa Senhora do Monte Carmelo,Nossa Senhora de Fátima,Nossa Senhora das Lágrimas,Nossa Senhora Aparecida,Nossa Senhora de Akita, entre outros.
São os seguintes, os principais documentos mariológicos da Igreja promulgados nos últimos cento e cinquenta anos:
Fazer peregrinações a santuários marianos e rezar oSanto Rosário e aLadainha de Nossa Senhora é uma das práticas devocionais mais antigas católicas. O Santo Rosário é uma oração em honra da Santíssima Virgem Maria formado tradicionalmente por três terços seguidos depois da reza da ladainha. Esta prática tem sido estimulada por vários papas ao longo dos tempos.[67]
As práticas devocionais à Virgem Maria mais conhecidas incluem: asSete Dores de Maria[68], aCoroa das Lágrimas de Maria[69], oSanto Rosário[70] e oEscapulário de Nossa Senhora do Carmo.[71] A orações dirigidas a Maria mais conhecidas incluem:Ave Maria,Magnificat,Angelus,Memorare eSalve Rainha. Os meses de Maio e Outubro são meses tradicionalmente marianos para os católicos romanos. O rosário diário é incentivado em Outubro, e em Maio práticas devocionais tem o seu ápice em muitas regiões.[72][73][74] Papas emitiram uma série de encíclicas ecartas apostólicas marianas para incentivar a devoção a veneração à Virgem Maria.[1][2][32][34][42][43][58]
A historiografia de Maria colhe uma tradição fundada nos evangelhos que venera as suasSete Dores, são sete momentos da sua vida em que passou por sofrimento humano notável:
As sete alegrias aparecem frequentemente na arte e literatura devocionais daIdade Média e são geralmente[75]:
ALadainha Lauretana (emlatim:Litaniæ lauretanæ), ouLadainha de Nossa Senhora é umalitania originalmente aprovada em 1587 pelo PapaSixto V. É uma prece dirigida àVirgem Maria com origem na cidade deLoreto onde a tradiçãocatólica diz ser conservadamilagrosamente aCasa de Nazaré.[77]Nesta litania são referidos e meditados alguns dos muitosTítulos de Maria.[78]