Ditador era o título de um antigosoberanomagistrado apontado pelosenado romano, daRepública de Roma, para governar oestado em tempo de emergências.[1] e cujo poder acabava com a resolução da causa que lhe dera o ser, ou quando muito durava seis meses.[2] No sentido moderno, refere-se a um governante absoluto ouautocrático que assume solitariamente o poder sobre o Estado (apesar de o termo não ser aplicado amonarquias absolutistas).
O primeiro que logrou este título foiTito Lárcio Flavo, que por ter aplacado umasedição, conseguiu esta honra, ano da Fundação de Roma duzentos e cinquenta e seis.[3]
Os ditadores romanos eram geralmente apontados por umcônsul[4] e eram investidos de avassaladora autoridade sobre os cidadãos, mas eram originalmente limitados por um mandato de seis meses e não possuíam poderes sobre as finanças públicas.Sula eJúlio César, entretanto, aboliram estas limitações e governaram sem estas restrições. Os romanos abandonaram a instituição daditadura após o assassinato de César.
Ditadores modernos geralmente ascenderam ao poder em tempos de crise. Muitas vezes eles tomaram o poder através de umgolpe de estado, mas em outras, notavelmenteBenito Mussolini naItália eAdolf Hitler naAlemanha, ascenderam ao cargo através de meios legais e, uma vez no poder, gradualmente dissolveram as suas restriçõesconstitucionais. A concentração de poder do Partido Comunista daUnião Soviética emJosef Stalin se desenvolveu numa ditadura pessoal, mas após a sua morte emergiu um sistema de ditadura coletiva. Diversas naçõeslatino-americanas eafricanas passaram por diversas ditaduras, muitas sob o comando de umajunta militar, como por exemplo no Uganda, ondeIdi Amin exercia o seu poder, eAugusto Pinochet, noChile.
No sistema daRepública Romana, oditador romano era a pessoa a quem era concedido temporariamente um significativo poder sobre oEstado durante tempos de guerra. O mandato durava apenas seis meses. O modelo ideal foiLúcio Quíncio Cincinato, que, de acordo com a lenda, estava arando a terra quando chamado para ser ditador, saindo para salvar Roma e depois retornando ao trabalho, renunciando todas a todas honras e poder, após apenas três meses. Outros ditadores famosos foramSula eJúlio César.
O termo também tem sido associado com brutalidade e opressão, já que é comum ditadores perseguirem seus oponentes ou dissidentes. Outro traço recorrente é amegalomania, já que muitos ditadores instituem umculto de personalidade e se autoconcedem títulos grandiloquentes.
A associação entre ditadores emilitares também é comum. Muitos ditadores se apresentam publicamente usando fardamento militar, mesmo não sendo militares de carreira - como a lembrar que seu poder foi instituído pela força das armas.
É comum um ditador assumir políticas ou perpetrar diversas violações dos direitos que constam naDeclaração Universal dos Direitos Humanos, sendo comum que optam por alcançar os seus fins sem olhar aos meios. Sob a ditadura do lídersoviéticoJosef Stalin, dezenas de milhões de pessoas morreram executadas em purgas, privadas de alimentos acabando por morrer à fome como aconteceu noHolodomor, ou acabaram por sucumbir nos campos de trabalho forçado conhecidos porGulags.[6]
Pol Pot, que se tornou líder doCamboja em 1975, é o responsável pela morte de cerca de 1,7 milhão de pessoas (do total de uma população de sete milhões), resultado das suas políticas nos três anos em que foi ditador.[7] Hoje em dia Pol Pot é referido por vezes como o "Hitler do Cambodja" e um "tirano genocida".[8]
Oditador benevolente é uma versão mais moderna do “déspota esclarecido”, sendo um governante absoluto que exerce o seu poder político para o benefício do povo, em vez de seu próprio. Na antiguidade,Lúcio Quíncio Cincinato foi reconhecido durante a Roma antiga como sendo o exemplo de ditador benevolente, sendo que havia sido chamado para exercer o cargo de ditador e, após ter resolvido a crise na república, regressou à sua vida pastoril;Júlio César foi visto também como um ditador benevolente por alguns, tendo sido assassinado por aqueles que o viam como um tirano. Na era moderna, alguns historiadores defendem certos ditadores como tendo sido benevolentes, como é o caso deLee Kuan Yew,[9] que fez com queSingapura deixasse de ser um entreposto colonial subdesenvolvido para se tornar num dosTigres Asiáticos;António de Oliveira Salazar,[10] que governouPortugal pelaGrande Depressão e durante a primeira metade daGuerra do Ultramar, manteve o país na neutralidade durante aSegunda Guerra Mundial, acabando com o conflito entre o Estado e aSanta Sé, modernizando o país e alcançando altos níveis económicos, apesar de ter permitido acensura e umapolícia política;Deng Xiaoping,[11] que afastou aRepública Popular da China domaoismo e iniciou a construção da potência económica que faz hoje da China a maior economia emergente do mundo.
Este termo é altamente subjetivo, sendo que é atribuído a muitos ditadores pelos seus defensores, além de que alguns tenham sido benevolentes socialmente e um desastre economicamente, enquanto outros benevolentes economicamente e ao mesmo tempo que governavam com punho de ferro.
↑Conquest, Robert (2007) ''The Great Terror: A Reassessment, 40th Anniversary Edition'', Oxford University Press, in Preface, p. xvi: "Exact numbers may never be known with complete certainty, but the total of deaths caused by the whole range of Soviet regime's terrors can hardly be lower than some fifteen million."
↑Webley, Kayla (20 de outubro de 2011).«Top 15 Toppled Dictators» (em inglês). Time. Consultado em 18 de outubro de 2015