Perturbação depressiva persistente(português europeu) ouTranstorno depressivo persistente(português brasileiro) oudistimia[1] é umtranstorno do humor que acomete de 3 a 5% da população[1] e se caracteriza por problemas cognitivos e físicos presentes nadepressão, com sintomas menos severos porém mais duradouros.[2][3] O conceito foi criado porRobert Spitzer como um substituto para o termo "personalidade depressiva" no final da década de 1970.[4]
NoDSM-5, o termo "Distimia" foi substituído por "Transtorno depressivo persistente (TDP)".[6] Esta nova condição inclui tanto o transtorno depressivo maior crônico quanto o transtorno distímico anterior. A razão para essa mudança é que não havia evidência de diferenças significativas entre essas duas condições.[7]
A distimia apresenta uma série de características típicas: baixa energia e motivação, baixaautoestima e incapacidade de encontrar satisfação nos afazeres do dia a dia. Ela, na forma leve, pode resultar em pessoas que evitam oestresse para, assim, evitar oportunidades de falha. Em casos mais severos, a pessoa pode se afastar de toda atividade diária.[8] Essas pessoas geralmente encontram prazer em atividades e passatempos pouco usuais. O diagnóstico de distimia pode ser difícil devido à natureza sutil dos sintomas e os pacientes muitas vezes podem escondê-los em situações sociais, tornando desafiador para os outros detectarem seus sintomas. Adicionalmente, a distimia ocorre frequentemente junto a outros distúrbios psicológicos, o que acrescenta um nível de complexidade na determinação da presença de distimia, particularmente porque há, geralmente, uma sobreposição dos sintomas dos transtornos.[9] Há uma alta incidência decomorbidade naqueles com distimia. O comportamento suicida também é um problema particular em pessoas com distimia. É vital procurar sinais de depressão maior, transtorno depânico,Transtorno de ansiedade generalizada, TPH (Transtorno de Personalidade Histriônica),sensualidade inadequada etranstorno de personalidade[10] que resulta em baixa autoestima, com destaque para a autocomparação com celebridades com quem tenta igualar-se, já que não reconhece a sua própria personalidade.
Os critérios do DSM-5 para a distimia estipulam a presença de um humor deprimido a maior parte do tempo por pelo menos dois anos em adultos e de um ano para crianças e adolescentes. Para satisfazer os critérios, o paciente também não deve ter sintomas que possam ser melhor explicados por um transtorno depressivo maior, e jamais deve ter tido um episódio maníaco ou hipomaníaco.[11]
OManual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais IV (DSM-IV), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana, caracteriza o distúrbio distímico.[12] O sintoma essencial envolve o sentimento individual deprimido na maioria dos dias e partes do dia, durante pelo menos dois anos e fibromialgia. Baixa energia, distúrbios no sono ou de apetite e baixa autoestima normalmente também contribuem para o quadro clínico. Os sofredores têm, frequentemente, experimentado distimia por muitos anos antes de serem diagnosticados. Pessoas ao seu redor, muitas vezes, descrevem o sofredor em palavras semelhantes a "apenas uma pessoa mal-humorada". Observam-se os seguintes critérios diagnósticos:[13][14]
Humor deprimido na maior parte do dia (dois anos em adultos, um ano em crianças e adolescentes)
Os sintomas muitas vezes não são causados diretamente por uma doença médica (exemplo:hipotireoidismo) ou por substâncias, incluindo abuso de drogas ou outros medicamentos.
Os sintomas causam problemas significativos ou angústia social, familiar, no trabalho, nos estudos ou outras áreas importantes de funcionamento da vida.[12]
Não há causas biológicas conhecidas que se apliquem consistentemente a todos os casos de distimia, o que sugere a origem diversa da doença.[9] No entanto, há algumas indicações de que há uma predisposição genética para distimia: "A taxa de depressão nas famílias de pessoas com distimia é tão alta quanto cinquenta por cento para a forma de início precoce da doença".[5] Outros fatores ligados à distimia incluem estresse, isolamento social, histrionismo e falta de apoio social.[9][11]
Normalmente, a distimia é tratada com Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) como afluoxetina (nomes comerciais: Prozac, Daforin) em conjunto compsicoterapia ou só com a psicoterapia.
Durante a psicoterapia, uma possível abordagem baseada napsicologia cognitiva envolveria mediar formas mais saudáveis deenfrentamento, mediar novas formas de mobilizar recursos (ambientais, sociais, informativos...), ensinar técnicas de relaxamento, levar o paciente a refletir sobre as vantagens de encarar seus problemas com pensamentos mais otimistas e promover maior qualidade de vida mediando comportamentos como se exercitar, manter uma rotina e fontes de alívio de estresse mais saudáveis.
É importante ressaltar que a psicoterapia mais adequada varia muito de acordo com o paciente e a experiência do profissional.
Após o final do período de distimia, o paciente começa a relatar a (re)tomada de gosto por atividades que antes considerava chatas ou entediantes. Nessa nova fase, é comum lamentar o tempo perdido e todos os transtornos que a doença causou em sua vida social e/ou profissional. Uma sensação de vazio interior é descrita por muitos pacientes, o que leva o tratamento a abordar agora essa nova condição do indivíduo.
Porém, deve-se ressaltar, também, que a Distimia, por sercrônica, não possui uma cura definida. Em quase todos os casos, o paciente distímico volta a ter recaídas depressivas e seus sintomas distímicos também reaparecem.[16]
↑Gilbert, Daniel T.; Schacter, Daniel L.; Wegner, Daniel M., eds. (2011).Psychology 2nd ed. New York: Worth Publishers. 564 páginas.ISBN978-1-4292-3719-2
↑ab«Dysthymia»(February 2005 issue of the Harvard Mental Health Letter). Harvard University.Harvard Health Publications. Fevereiro de 2005. Consultado em 12 de dezembro de 2009.Cópia arquivada em 6 de janeiro de 2010
↑American Psychiatric Association (2013).Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder, Fifth Edition. Washington, DC: American Psychiatric Publishing.ISBN978-0-89042-554-1
↑Baldwin, Rudge S.; Thomas S. (1995). «Dysthymia: Options in Pharmacotherapy».Practical Therpeutics.4 (6): 422 to 430.doi:10.2165/00023210-199504060-00005
↑abBenjamin J. Sadock; Virginia A. Sadock; Pedro Ruiz (2016).Compêndio de Psiquiatria, 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora. pp. 381–382.ISBN 978-85-8271-379-2.
↑Turner, Samuel M.; Hersen, Michel; Beidel, Deborah C., eds. (2007).Adult Psychopathology and Diagnosis 5th ed. Hoboken, New Jersey: John Wiley.ISBN978-0-471-74584-6.OCLC427516745
↑Spanemberg L. e Juruena M. F.; Distimia: características históricas e nosológicas e sua relação com transtorno depressivo maior. Disponível emhttp://www.scielo.br/pdf/rprs/v26n3/v26n3a07.pdf (em 23 de janeiro de 2009)
↑2005 World Medical Report (Stevens, Higgins,et. al.)