Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas peloInstituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 495.810 habitantes e área territorial de 24 110 km², sendo a segunda província menos populosa de Angola, ficando a frente apenas doBengo.[1]
Caravana missionária deDavid Livingstone (seguindo em direção àLuanda) faz uma parada num vilarejo do então distrito de Ambaca, nas cercanias de 1870.
A história administrativa da província do Cuanza Norte inicia-se no século XVII, com a repartição do antigoReino do Dongo, para criar odistrito de São Paulo (atual província de Luanda) e odistrito do Golungo Alto, este último com sede emGolungo Alto.[2] Por vezes o distrito do Golungo Alto também era chamado de distrito de Ambaca.[3]
Em 1810 o distrito do Golungo Alto foi desmembrado para que se criasse o distrito dos Dembos (atual província do Bengo) e; em 1857 foi extinto, sendo integrado ao distrito de Luanda. Em 1861 recria-se novamente, porém com o nome de distrito de Golungo, existindo somente até 1866.[2]
Em 15 de agosto de 1914, o governador colonialNorton de Matos cria o distrito de Cuanza, com sede em Golungo Alto, como forma de compensar a cidade de Golungo Alto por não ligar-se com oCaminho de Ferro de Luanda; o efeito não foi o desejado e o Golungo cai em profundo ostracismo, ocorrendo a mudança da sede distrital para Nadalatando.[2]
Em 15 de setembro de 1917 o governo colonial decide por dividir o distrito de Cuanza em distrito de Cuanza Norte e distrito de Cuanza Sul (atual província doCuanza Sul).[2]
Com alturas variando de 500 a 1500 metros em relação ao nível do mar, são nas formações doPlanalto do Uíge, do Planalto da Camabatela, nos Altos Zenza e na Serra da Banga que registram-se as maiores elevações da província.[4]
Uma das principais reservas naturais da província é Reserva Florestal do Golungo Alto, que tem uma área de 558 km², sendo o abrigo de várias espécies como a pacaça, hipopótamos, antílopes, corças, lebres, galinhas do mato e perdizes. Também se encontram elefantes, leões, onças, lobos, hienas, chacais e mabecos.
A maior faixa de preservação é a Reserva Florestal do Guelengue e Dongo, que tem uma área de 1.200 km² e está limitada pelos rios Chicusse, Chissanda, Cusso, Cussava e Cunene. O tipo de vegetação predominante é o miombo e a savana.
Já a Reserva Florestal de Caculama tem uma área de 800 km² e está limitada a norte e oeste pelorio Zenza, a leste e a sul pelorio Calucala.
Essencialmente agrícola, o Cuanza Norte, como o resto do país, sofreu os efeitos das guerras, o que a tornou deficitária, no plano alimentar e industrial, reduzindo algumas de suas culturas ao nível de subsistência.
Desde 2002 estão a ser reabilitados os campos agrícolas de ananás, da mandioca e do café, que foram os tradicionais sustentáculos do Cuanza Norte, além da retomada da exploração de mármore rosa, manganésio, ferro, ouro, madeira e água mineral.
A agricultura é a mais importante actividade económica da província, sendo suas principais produções de lavoura temporária são as demilho, de ananás, deginguba, dealgodão, deervilha, defeijão, demandioca e demassambala.[5]
Já nas lavouras permanentes destacam-se palmeira dendém, decafé, banana, citrinos e mamão, além da fruticultura de abacates e goiabas.[5]
Na produção pecuária, aviária e de pescado, caracteriza-se pela criação de bovinos, caprinos e suínos, para carne e leite, bem como galináceos para ovos e carne, além da pesca artesanal, importante actividade nas lagos da faixa sul da província, rentes aos rios Cuanza e Lucala.[6]
A agricultura local é subdividida em 3 zonas: a primeira é denominada planáltica, formada pelos municípios deAmbaca,Samba Cajú eLucala, na qual se faz a produção das culturas de cereais e café, sendo também apta para a pecuária; a segunda zona é montanhosa, nos municípios deBolongongo,Quiculungo,Banga,Cazengo,Golungo Alto eGonguembo, dedicando-se a cultura de café, palmar e fruteiras, são realizadas culturas de subsistência e; a terceira zona, localizada numa área de convergência entre os riosCuanza eLucala, no município deCambambe, que dedica-se à fruticultura, palmar e hortícolas.
O parque industrial da província está localizado nos municípios deCambambe (Dondo) eCazengo (Nadalatando), e é forte sobretudo no sector têxtil, com o beneficiamento dosisal, e de bebidas. Na cidade doDondo, no município deCambambe, situa-se a fábrica daEKA, uma das cervejas mais apreciadas do país. Salienta-se a ainda o calçado, couro, tabaco e produtos alimentares.[7]
Na agroindústria, sua produção está baseada na exploração e beneficiamento da madeira para produção de móveis e construção civil, havendo inúmeras carpintarias, serrarias, movelarias e marcenarias. As outras atividades agroindustriais de relevo são do beneficiamento da carne e do leite bovino.
A província mantém atividades de mineração em escala artesanal e industrial, sendo as mais relevantes a do ouro, de diamantes, de ferro, manganês, mármores, níquel, zinco e cal. Ainda registra-se a extração de quartzo, manganês, cobre, areia e água mineral. A principal área de mineração cuanza-nortenha é o complexo mineiro deCassala-Quitungo, nas redondezas da comuna deDanje-ia-Menha, donde se extrai ferro, manganês e ouro.[8][9]
O setor de comércio está localizado principalmente na capital provincial Nadalatando, que concentra centros atacadistas e de varejo que suprem todos os municípios de Cuanza Norte.
Já no setor de serviços a atividade de maior relevo é o turismo, principalmente o ecológico. Isso se deve ao fato de que a província dispõe de muitos atrativos e patrimônios naturais, como as cascatas de Mazalala e a praia de Quiamafulo, junto ao rio Cuanza, bem como as quedas do rio Muembeje e as nascentes de Santa Isabel e Sobranceiro.
Casa da Juventude de Nadalatando, na província do Cuanza Norte, em 2016. O local serve como república estudantil aos jovens que estudam na capital provincial
A província é servida por várias estradas nacionais sendo que as principais no sentido oeste-leste, que dão acesso à província do Bengo (oeste) e a província de Malanje (leste), são as rodoviasEN-230,EN-321 e EN-322, e; no sentido norte-sul, que dão acesso à província doUíge (norte) e a província doCuanza Sul, são as rodoviasEN-120 e EN-320.
A província tem noCaminho de Ferro de Luanda um dos seus principais troncos logísticos para exportação dos bens produzidos. Noporto de Luanda está seu ponto principal de escoamento.
Algumas das principais manifestações culturais da província está na gastronomia que seu prato mais popular no funge de bombó ou milho, com um acompanhamento mais exótico. Pode ser acompanhado de carne de caça estufada (kifula), de gafanhotos de palmeira cozidos ou tostados e a muteta.
A província é conhecida principalmente pelas reservas florestais doGolungo Alto e doCaculama, na qual existem diversos tipos de vegetações locais e flores. As Quedas dorio Muebemje e as nascentes de Santa Isabel e Sobranceiro (que estão localizados a 2km de Nadalatando) são outros locais de lazer muito apreciados.
Referências
↑abSchmitt, Aurelio. Município de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018. Revista Conexão Emancipacionista. 3 de fevereiro de 2018.