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Cláudio Manuel da Costa

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Cláudio Manuel da Costa
Nascimento
Morte
4 de julho de1789 (60 anos)

NacionalidadePortugal português
Ocupaçãopoetaadvogadominerador
Escola/tradiçãoarcadismo,neoclassicismo

Cláudio Manuel da Costa (Vila Real de Nossa Senhora,5 de junho de1729Vila Rica,4 de julho de1789) foi umadvogado,minerador epoeta noEstado do Brasil.

Destacou-se pela sua obra poética e pelo seu envolvimento naInconfidência Mineira. Foi também advogado de prestígio, fazendeiro abastado, cidadão ilustre, pensador de mente aberta e amigo doAleijadinho, a quem teria possibilitado o acesso às bibliotecas clandestinas que seriam mais tarde apreendidas aosInconfidentes.[1][2][3]

Como poeta, transitou entre oBarroco - marca dos seus escritos de juventude, enquanto era estudante deCânones naUniversidade de Coimbra (1749) - e oarcadismo - a partir do seu contato com oiluminismo, que concebia práticas maisracionais nas belas-letras.[4]

Especula-se que tenha traduzidoA Riqueza das Nações e aTeoria dos Sentimentos Morais, deAdam Smith, para o português.[5][6] Há quem afirme ter tido ligações com osIlluminati, sociedade secreta de cunhoiluminista criada naBaviera e que teria influenciado inúmerasrevoluções.[7]

Biografia

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Filho de João Gonçalves da Costa,português ligado amineração, e Teresa Ribeira de Alvarenga, mineira, nasceu no sítio da Vargem do Itacolomi, naVila Real de Nossa Senhora, emMinas Gerais.

Em 1749, aos vinte anos de idade, embarcou para a sede doreino, matriculando-se naUniversidade de Coimbra, onde obteve oBacharelato emCânones.[8]

Entre 1753 e 1754, retornou aoBrasil, dedicando-se à advocacia emVila Rica.Jurista culto e renomado à época, ali exerceu o cargo deprocurador da Coroa,desembargador, e, por duas vezes, o desecretário de Estado. Por incumbência da Câmara de Ouro Preto elaborou a "Carta Topográfica de Vila Rica e seu termo" (1758).

Por sua idade, boa lição clássica, fama dedoutor e crédito de autor publicado, exerceu uma espécie demagistério entre os seus confrades emmusa, maiores e menores, uma vez que todos lhe liam as suas obras e lhe escutavam os conselhos.Glauceste Saturnino (ouGlauceste Satúrnio), pseudônimo do autor, faz parte da transição doBarroco para oarcadismo. Seus sonetos herdaram a tradição de Camões.

Foi, assim, uma das principais figuras dacapitania. Aos sessenta anos de idade, teve uma participação colateral naconjuração mineira. Detido e, segundo alguns, apavorado com as consequências da acusação de réu de inconfidência, interrogado uma vez só, morreu em circunstâncias obscuras, em Vila Rica, no dia 4 de julho de 1789. Oficialmente, teria cometido suicídio por enforcamento na prisão.[8] Em outra versão, estudiosos levantam a hipótese de ter sido assassinado no cárcere.

Os registros da trajetória da vida de Cláudio revelam uma bem sucedida carreira no campopolítico,literário eprofissional. Foi secretário de governo, poeta admirado até em Portugal e advogado dos principais negociantes da capitania no seu tempo, comoJoão Rodrigues de Macedo, igualmente envolvido na conspiração mineira. Acumulou ampla fortuna e sua casa em Vila Rica, era uma das melhoresvivendas da capital. Sólida e construção que ainda lá está a desafiar o tempo.

A memória de Cláudio Manuel da Costa, porém, não teve a mesma sorte. Até hoje paira sobre ele a suspeita de ter sido um miserável covarde que traiu os amigos e se suicidou na prisão.[9] Outros negam até a própria relevância da sua participação naInconfidência Mineira, pintando-o como um simples espectador privilegiado, amigo deTomás Antônio Gonzaga eAlvarenga Peixoto, freqüentadores assíduos dossaraus que ele promovia.

Cláudio tentou, ele próprio, diminuir a relevância da sua participação naconspiração, mas estava apenas tentando reduzir o peso da sua culpa diante dos juízes da devassa. Os clássicos dahistoriografia da inconfidência mineira são unânimes em valorizar sua participação no movimento. Parece que ele era meio descrente com as chances militares da conspiração. Mas não deixou de influenciar no lado mais intelectualizado do movimento, especialmente no que diz respeito à construção do edifício jurídico projetado para a república que pretendiam implantar emMinas Gerais, no final do século XVIII.

De qualquer modo José Pedro Machado Coelho Torres, juiz nomeado para a Devassa de 1789 em Minas Gerais, dele diz o seguinte: "O dr. Cláudio Manoel da Costa era o sujeito em casa de quem se tratou de algumas coisas respeitantes à sublevação, uma das quais foi a respeito da bandeira e algumas determinações do modo de se reger a República: o sócio vigário da vila de S. José é quem declara nas perguntas formalmente"... (Anais daBiblioteca Nacional, 1º vol. pg. 384).

Assim como outros conspiradores com altos títulos sociais, Cláudio foi levado após ter sido preso para aCasa dos Contos pertencente a seu clienteJoão Rodrigues de Macedo, mas na época alugada por este ao governo de Minas Gerais. Foi em sua cela debaixo da escadaria que leva ao primeiro andar que ele se enforcou na noite do 3 ao 4 de julho de 1789.

É patrono, sob número 8, daAcademia Brasileira de Letras.

Morte: assassinato ou suicídio?

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Edifício que abrigou a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, hojeMuseu da Inconfidência.

Um dos pontos mais críticos da biografia do poeta inconfidente é a sua morte. Há mais de duzentos anos que o assunto suscita debates e há argumentos de peso tanto a favor como contra a tese do suicídio.

Os partidários da crença de que Cláudio Manuel da Costa tenha se suicidado se baseiam no fato de que ele estava profundamente deprimido na véspera da sua morte. Isso está estampado no seu próprio depoimento, registrado na Devassa. Além disso, seu padre confessor teria confirmando seu estado depressivo a um frade que trouxe o registro à luz. Os partidários da tese de que Cláudio tenha sido assassinado contestam tanto a autenticidade do depoimento apensado aos autos da Devassa, quanto a honestidade do registro do frade.

Quem acredita na tese do assassinato se baseia em um argumento principal: o próprio laudo pericial que concluiu pelo suicídio. Pelo laudo, o indigitado poeta teria se enforcado usando os cadarços do calção, amarrados numa prateleira, contra a qual ele teria apertado o laço, forçando com um braço e um joelho. Muitos acreditam ser impossível alguém conseguir se enforcar em tais circunstâncias.

O historiador Ivo Porto de Menezes relata que ao organizar antigos documentos relativos àIgreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, em 1957 ou 1958, encontrou no livro de assentos dos integrantes daIrmandade de São Miguel e Almas, a anotação da admissão de Cláudio Manuel e à margem a observação de que havia "sufragado com 30 missas" a alma do falecido, e "pago tudo pela fazenda real". De igual forma procedera a Irmandade de Santo Antônio, que lançou em seu livro: "falecido em julho de 1789. E feitos os sufrágios." Relembra que havia à época proibição de missas pelos suicidas.

Também Jarbas Sertório de Carvalho, em ensaio publicado na Revista doInstituto Histórico e Geográfico de São Paulo, defende com boa documentação e argumentos a tese do assassinato.

Há ainda quem acredite que o próprio governador,Visconde de Barbacena, esteve envolvido na conspiração e Cláudio teria sido eliminado por estar disposto a revelar isso. Mas o fato é que somente a tese do suicídio pôde se lastrear em documentos, ainda que duvidosos quanto a sua honestidade e veracidade, como bem salientam os adeptos da tese de assassinato.

Joaquim Norberto de Souza e Silva (1820-1891), pesquisador e colaborador doInstituto Histórico e Geográfico Brasileiro, assim escreve em sua obra "História da Conjuração Mineira" (1860), no capítulo XVII - "Ainda os interrogatórios":

Na manhã de 4 de julho de 1789, o desembargador Pedro José Araújo de Saldanha e o doutor José Caetano César Manitti, acompanha­dos do tabelião Antônio Joaquim de Macedo e do escrivão da ouvidoria José Veríssimo da Fon­seca se dirigiram à casa do Real Contrato das Entradas e aí deferiram juramento aos cirurgiões aprovados Caetano José Cardoso e Manuel Fernandes Santiago, e parando ante um dos segre­dos[nota 1] ordenaram a sua abertura a Joaquim José Ferreira, alferes do esquadrão de cavalaria da guarda do vice-rei, que ali estava aquartelado com a sua companhia, e fazia a guarda dos presos. Aberta a porta, uma cena lúgubre se apresentou aos olhos dos ministros e de sua comitiva. Um cadáver pendia de uma espécie de armário que não pudera ser removido daquele segredo. Era o dr. Cláudio Manuel da Costa! Lavrou a justiça com as formalidades do es­tilo o auto do corpo de delito e exame, e mandou sepultar o cadáver, sem as formalidades religiosas e em chão profano. Motivou a notícia deste acontecimento mil boatos, e ninguém ­acreditou que a morte do ilustre poeta fosse voluntária. Até aqui também a história sem os documentos oficiais, parando ante o cadáver do dr. Cláudio Manuel da Costa, encontrado em seu cárcere pendente de um baraço,[nota 2] hesitava entre a ideia de um suicídio ou de uma premeditação criminosa dos ministros do governo colonial. Sabe-se hoje, segundo as peças do longo processo, que espontânea fora sua morte. Ah! e que longa agonia não sofreu ele, como indicava a posição de seu cadáver tendo uma liga por baraço, pendente de um armário, com um dos joelhos firmado sobre uma das prateleiras e o braço direito forcejando debaixo para cima contra a tábua na qual prendera o baraço, como procurando estreitar o fatal laço que zombara da gravidade de seu corpo, já tão debilitado pelos anos e trabalhos!...[10]

Ainda no ensaio "Inconfidência Mineira - As Várias faces",Júlio José Chiavenato lança um dado que reforça a tese da farsa montada do "suicídio" de Cláudio Manuel da Costa. Na tarde do mesmo dia em que o advogado foi preso, foram assassinados no sítio da Vargem a sua filha, o genro e outros familiares, bem como alguns escravos e foram roubados todos os seus bens. O Visconde de Barbacena só informou Lisboa da morte de Cláudio Manuel da Costa a 15 de julho, onze dias depois de ter ocorrido e quando dera conhecimento a Lisboa do seu interrogatório a 11 de julho, sem nunca referir ao facto. Se a morte do alferes Tiradentes não causaria embaraços em Lisboa a de Cláudio e da sua família poderia causar, daí a necessidade da farsa ser montada.

Dez dias depois da sua morte, a população deParis tomava a fortaleza daBastilha, marcando o início do fim da dinastia dos gloriosos Luíses deFrança. Começava a tomar corpo então, um projeto político, sonhado pelo próprio Cláudio Manuel da Costa para seu país. Demoraria, no entanto, mais trinta anos para que o Brasil se tornasse liberto de Portugal. Cem anos a mais seriam necessários para a realização da segunda parte do sonho, a implantação do regime republicano no Brasil.

Obras

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Representações na cultura

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Cláudio Manuel da Costa já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por:

Ver também

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Notas

  1. Prisão rigorosa, incomunicável, segundo oDicionário Michaelis
  2. Corda ou laço para enforcamento, segundo oDicionário Aulete

Referências

  1. Aleijadinho: nas origens da arte nacional, por Tatiana I. Krauts.
  2. Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) e a importância do Barroco no BrasilArquivado em 15 de abril de 2012, noWayback Machine.. Por Lázaro Curvêlo Chaves.
  3. DREHER, Martin N.A Igreja Latino-Americana no contexto mundial. São Leopoldo: Sinodal, 1999; p.114.
  4. Cláudio Manuel da Costa - o letrado e o poeta. Por Marcela Verônica da Silva.
  5. Historiadora lança livro sobre o inconfidente Cláudio Manuel da Costa.22 de março de 2013
  6. O antigo e o moderno na obra de Cláudio Manuel da Costa
  7. SPINGOLA, Deanna.The Ruling Elite: A Study in Imperialism, Genocide and Emancipation. Trafford, 2011; p.146.ISBN 978-1-4269-5462-7.
  8. abBOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
  9. «Quem matou Cláudio Manuel da Costa?».Super. Consultado em 9 de agosto de 2023 
  10. Joaquim Norberto de Souza e Silva.«História da Conjuração Mineira». Domínio Público 
  11. A bibliografia completa do autor surge emA Poesia dos Inconfidentes, Obra completa de Cláudio Manuel da Costa, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2002

Bibliografia

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  • VERÍSSIMO, José.História da Literatura Brasileira.
  • Cláudio Manoel da Costa - notícia biográfica. in:Revista do Arquivo Público Mineiro, ano I, fasc. 2º. Ouro Preto: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1896.
  • MENEZES, Ivo Porto.Potencialidades da pesquisa em Minas. in: jornalEstado de Minas. Belo Horizonte, 5 de maio de 2007.
  • CARVALHO, Jarbas Sertório.Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, nº LI.
  • SOUTHEY, Robert.História do Brasil. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1981.
  • MAXWELL, Kenneth.Conflicts and Conspiracies: Brazil and Portugal, 1750-1808
  • SOUZA E SILVA, Joaquim Norberto de .História da conjuração mineira. Rio de Janeiro: Ed. B.L. Garnier, 1860. Disponível em meio eletrônico:História da conjuração mineira

Ligações externas

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