As ocrófitas (ou cromófitas) são um grupo dealgas produtoras de gâmetas com flagelosheterocontos (parte do grupoStramenopiles), caracterizadas por serem fotissintéticas. A denominação «Ochrophyta» deriva deocre, uma alusão à coloração amarelo-castanhada que resulta da presença defucoxantinas.
O grupo foi identificado filogeneticamente em 1986, então com o nome «Ochrista»,[14] e é composto por vários clados de algas unicelulares (comodiatomáceas ecrisofíceas), e um único grupo de algas multicelulares (algas castanhas oufeofíceas), que nas classificações tradicionais apareciam como grupos separados.
De acordo com o genoma nuclear, este grupo está filogeneticamente relacionado com osPseudofungi (pseudofungos) e com osBigyra dentro deHeterokonta, e como eles apresentam geralmente dois flagelosheterocontos diferentes, inseridos lateralmente, um liso e o outro recoberto por pelos tubulares ou pleuronemáticos designados pormastigonemas.
Nas algas unicelulares a forma de reprodução mais frequente é a bipartição. Nas mais complexas há fragmentação ou formação depropágulos. Areprodução sexual faz-se por meio de células flageladas com cicloshaploides,diploides e haplo-diploides.[16]
Os resultados das análises filogenéticas permitem distinguir as seguinteslinhagens de Ochrophyta:
Khakista — Agrupa o importanteclado dasBacillariophyceae (diatomáceas) e dasBolidophyceae, estas últimas carecendo dafrústula silícea característica das primeiras. São algas unicelulares ou coloniais que vivem em águas doces, águas marinhas e no solo, constituindo uma parte importante doplâncton. Este agrupamento taxonómico é caracterizado pela redução do aparelho flagelar e pela presença de clorofila c3;
Hypogyrista — Agrupa osDictyochophyceae (silicoflagelados, protistas que formam esqueletos silíceos) e osPelagophyceae. Ambos os grupos são constituídos por algas unicelulares que formam parte do plâncton marinho. Distinguem-se do agrupamento anterior pela presença uma hélice entre ocinetossoma e o flagelo;
Eustigmista — Agrupa as pequenas clasesPinguiophyceae eEustigmatophyceae, constituídas por algas unicelulares que habitam águas doces ou marinhas e o solo;
Phagochrysia — Este agrupamento caracteriza-se por nunca apresentar paredes celulares, realizar ou não afotossíntese e ter múltiplos membrosfagotróficos. Inclui os organismosameboides fagotróficos do cladoPicophagea, asChrysophyceae (algas douradas) e asSynurophyceae. Estes dois últimos grupos são formas unicelulares ou coloniais que vivem principalmente em água doce e apresentam paredes celulares ou carapaças decelulose,quitina, siliciosas ou calcárias;
Marista — É o agrupamento maior e mais evoluído, incluindo desde formas unicelulares e filamentosas, como asXanthophyceae (algas verde-amarelas), àsPhaeophyceae (algas castanhas) que são verdadeiros organismos pluricelulares com tecidos diferenciados. Inclui os grupos com o aparelho flagelar mais complexo e completo.
Os resultados das análises filogenéticas permitem identificar duas possíveis dicotomias:
Khakista e Phaeista
Diatomista e Chrysista
Khakista
Phaeista
Hypogyrista
Chrysista
Eustigmista
Phagochrysia
Marista
Diatomista
Khakista
Hypogyrista
Chrysista
Eustigmista
Phagochrysia
Marista
Khakista ePhaeista — neste esquema classificativo, o agrupamento Khakista é separado dos restantes grupos, que se agrupam en Phaeista, frequentemente recorrendo a um esquema herárquico. Khakista caracteriza-se pela redução da estrutura flagelar, enquanto que em Phaeista a estrutura flagelar é complexa. Por sua vez, Phaeista pode subdividir-se em Eustigmista,Limnista, que agrupa organismos principalmente de água doce, eMarista, principalmente marinhos.[17][18][19]
Diatomista eChrysista — neste esquema classificativo Khakista + Hypogyrista (agrupados em Diatomista) são separados dos restantes grupos (agrupados em Chrysista). Diatomista é caracterizado por apresentar unicamente o ciclodiatoxantina-diadinoxantina (ciclo D-D), enquanto que Chrysista apresenta também o cicloviolaxantina-anteraxantina (ciclo V-A).[20][21]
Apesar de ter atingido umacircunscrição taxonómica estável, a classificação do grupo ainda não é consensual. Alguns autores (p. ex.,Cavalier-Smith) dividem o grupo em dois subfilos: (1)PhaeistaCavalier-Smith 1995 (compreendendoHypogyristea eChrysista em algumas classificações, ouLimnista eMarista em outras); e (2)KhakistaCavalier-Smith, 2000 (compreendendoBolidomonas eBacillariophyceae).[22] Outros preferem não usar subfilos, listando apenastaxa inferiores (e.g., Reviers, 2002, Guiry & Guiry, 2014).
Uma análise filogenética do grupo permitiu identificar as seguintes linhagens (ouclasses):[2]
↑Ingvild Riisberga; Russell J. S. Orr; Ragnhild Kluge; Kamran Shalchian-Tabrizi; Holly A. Bowers; Vishwanath Patil; Bente Edvardsen; Kjetill S. Jakobsen (2009). «Seven gene phylogeny of heterokonts».Protist.160 (2): 191–204.PMID19213601.doi:10.1016/j.protis.2008.11.004
↑Ingvild Riisberga, Russell J. S. Orr, Ragnhild Kluge, Kamran Shalchian-Tabrizi, Holly A. Bowers, Vishwanath Patil, Bente Edvardsen & Kjetill S. Jakobsen (2009). «Seven gene phylogeny of heterokonts».Protist.160 (2): 191–204.PMID19213601.doi:10.1016/j.protis.2008.11.004 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑Cavalier-Smith, T. (1986). The kingdom Chromista, origin and systematics. In: Round, F.E. and Chapman, D.J. (eds.). Progress in Phycological Research. 4: 309–347
↑Ochrophyta Biodiversidad y Taxonomía de las Plantas Criptógamas. Universidad Complutense Madrid
↑Riisberg, I., Orr, R. J., Kluge, R., Shalchian-Tabrizi, K., Bowers, H. A., Patil, V., ... & Jakobsen, K. S. (2009).Seven gene phylogeny of heterokonts. Protist, 160(2), 191-204.
↑Sym, S. D., & Maneveldt, G. W. (2011).Chromista. eLS.
↑Derelle, R., López-García, P., Timpano, H., & Moreira, D. (2016). A phylogenomic framework to study the diversity and evolution of stramenopiles (= heterokonts). Molecular Biology and Evolution, msw168.