Francisco Buarque de HollandaOMC • ComIH, mais conhecido comoChico Buarque (Rio de Janeiro,DF,19 de junho de1944), é umcantor,compositor,violonista,dramaturgo,escritor eatorbrasileiro. É considerado por muitos críticos o maior artista vivo damúsica brasileira.[1] Sua discografia conta com aproximadamente oitenta obras, entre elas discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.[2]
Ganhou destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum,Chico Buarque de Hollanda, e venceu oFestival de Música Popular Brasileira com a músicaA Banda.[3][4] Autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão doregime militar do Brasil nos chamados "anos de chumbo", tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. Em 1971, foi lançadoConstrução, tido pela crítica como um de seus melhores trabalhos, e em 1976,Meus Caros Amigos - ambos os discos figuram, por exemplo, nalista dos 100 maiores discos da música brasileira organizada pela revistaRolling Stone Brasil.
Além da notabilidade como músico, desenvolveu ao longo dos anos uma carreira literária (escreveu seu primeiro conto aos 18 anos), sendo autor de peças teatrais e romances. Foi vencedor de trêsPrêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 comEstorvo e o deLivro do Ano, tanto pelo livroBudapeste, lançado em 2004, como porLeite Derramado, em 2010. Em 2019, foi distinguido com oPrémio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa, pelo conjunto da obra.[5]
Neto deCristóvão Buarque de Hollanda e filho deSérgio Buarque de Hollanda eMaria Amélia Cesário Alvim, Chico é irmão das cantorasMiúcha,Ana de Hollanda eCristina Buarque, além da fotógrafa Maria do Carmo Buarque de Hollanda (Piii), do professor e economista Sergio Buarque de Hollanda Filho e do advogado Alvaro Augusto Buarque de Hollanda.[6][7]
Francisco Buarque de Hollanda nasceu em 19 de junho de 1944 na cidade doRio de Janeiro, filho deSérgio Buarque de Holanda (1902–1982), um importante historiador e jornalista brasileiro, e deMaria Amélia Cesário Alvim (1910–2010), pintora e pianista.[3] Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atrizMarieta Severo, com quem teve três filhas, a atrizSílvia Buarque, Helena Buarque e Luísa Buarque.[8]. O cantor tem, também, cinco netos.[9]
Nos primeiros versos da sua canção "Paratodos", Chico Buarque celebra seus ascendentes familiares:O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano. O "avô pernambucano" ao qual o cantor se refere era paterno:Cristóvão Buarque de Hollanda. Já o "bisavô mineiro",Cesário Alvim, e o "tataravô baiano", Eulálio da Costa Carvalho, eram pelo lado materno. Chico Buarque é também primo distante do ator e diretorPaulo Leão.[10] Em 1946, mudou-se paraSão Paulo, onde o pai assumiu a direção doMuseu do Ipiranga. Chico sempre revelou interesses pela música, tal interesse foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais comoVinicius de Moraes ePaulo Vanzolini.[11]
Em 1953, Sérgio Buarque de Holanda, pai do cantor, foi convidado para lecionar naUniversidade de Roma. A família Buarque de Hollanda, então, muda-se para aItália. Chico aprende dois idiomas estrangeiros, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, compõe as suas primeiras marchinhas de Carnaval.[11]
Chico regressa ao Brasil em 1960. No ano seguinte, produz suas primeiras crônicas no jornalVerbâmidas, doColégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele.[12] Sua primeira aparição na imprensa, porém, não foi em relação ao seu trabalho, mas sim policial. Publicada, no jornalÚltima Hora, de São Paulo, em edição datada de 1961, a notícia de que Chico e um amigo furtaram um carro nas proximidades doEstádio do Pacaembu para passear pela madrugada paulista foi anunciada com a manchete "Pivetes furtaram um carro: presos".[13][14]

O pai de Chico,Sérgio Buarque de Holanda, é primo em primeiro grau da mãe deAurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Maria Buarque Cavalcanti Accioly Lins, sendo ambos netos de Manuel Buarque de Gusmão Lima. A avó materna de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira, Luísa Buarque de Hollanda Cavalcanti, é irmã do avô paterno de Francisco Buarque de Hollanda, Cristóvão Buarque de Hollanda. Uma genealogia parcial,[15]
Em seu discurso de recepção doPrêmio Camões em 24 de abril de 2023, Chico Buarque referiu-se publicamente à sua origemjudiasefardita, mencionando a recente descoberta do casal de decavós Shemtov Ben Abraham, cristão-novo batizado como Diogo Pires, e sua esposa Provida Fidalgo. Ele também citou a lei de nacionalidade portuguesa para descendentes de sefarditas e expressou possível interesse nessa reparação histórica.[16]

Chico Buarque chegou a ingressar no curso deArquitetura naFaculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) daUniversidade de São Paulo (USP) em 1963.[17] Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Nesse ano, lançouSonho de um Carnaval, inscrita noI Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pelaTV Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico e morfológico, introduzindo temas sociais e políticos, mais significativamente nadécada de 1970.[18] A primeira composição do Chico foi aos 15 anos de idade,Canção dos Olhos (1959). A primeira gravação foi também uma marchinha, "Marcha para um dia de sol", gravada por Maricene Costa, em 1964.[19] Ainda em 1964, conheceu o autorRoberto Freire, que o levou para aRecordTV e insistiu com a direção pra que ele participasse da trilha sonora de sua novelaPrisioneiro de um Sonho, gravando as faixas "Tereza Tristeza" e "Valsinha" – que só seria incluída no álbumConstrução sete anos depois.[20][21]Eva Wilma, protagonista da novela, relatou em sua autobiografia o encontro: “Era um rapazinho tímido que tinha talento e merecia uma chance. E tocaria nas minhas cenas. E tocou, divinamente".[20]
ConheceuElis Regina, que havia vencido oFestival de Música Popular Brasileira (1965) com a cançãoArrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmoFestival, no ano seguinte (1966), transmitido pelaTV Record, comA Banda, interpretada porNara Leão (empatou em primeiro lugar comDisparada, deGeraldo Vandré, interpretada porJair Rodrigues).[18] No entanto,Zuza Homem de Mello, no livroA Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota deDisparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.[22]
O dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade nacional, alcunha criada porMillôr Fernandes.[23] Canções comoEla e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor, com forte utilização de metáforas. A observação e análise social transparece nas diversas vezes em que o vocábulojanela está presente em suas primeiras canções:Juca,Januária,Carolina,A Banda eMadalena foi pro Mar. As influências deNoel Rosa podem ser notadas emA Rita, 1965, citado na letra, eIsmael Silva, como emmarchas-ranchos.[22]

No festival de 1967, faria sucesso também comRoda Viva, interpretada por ele e pelo grupoMPB-4 — amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968, voltou a vencer outroFestival, o IIIFestival Internacional da Canção daTV Globo, agora como compositor, em parceira comTom Jobim, com a cançãoSabiá. Mas, desta vez, a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar:Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.[18]
Sua participação noFestival de 1966, comA Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano carioca daBossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB seriam estilos amplamente explorados.[22]
Deixou de participar de programas populares de televisão, tendo problemas com a TV Excelsior, durante o ensaio para o programa doChacrinha, em que um dos produtores teria feito uma piada com a letra da cançãoPedro Pedreiro: "Não dá para esse trem chegar mais cedo, não?" - referindo-se à extensão da letra de sessenta versos. Irritado, Chico foi embora e nunca se apresentou no programa.[22] Na TV Globo, o diretor executivoBoni proibiu qualquer referência a Chico durante a programação, depois que ambos também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a década de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de várias telenovelas, comoEspelho Mágico eSétimo Sentido.[24] Ao fim da proibição vários anos depois, Chico aceitou fazer um programa comCaetano Veloso, que contou com a participação de outros artistas.

Composições que se notabilizaram pela concepção de um "eu lírico" feminino, retratando temas a partir do ponto de vista das mulheres com notável poesia e beleza: esse estilo é adaptado emCom açúcar, com afeto escrito paraNara Leão; continuou nessa linha com belas canções comoOlhos nos Olhos eTeresinha, gravadas porMaria Bethânia,Atrás da Porta, interpretada porElis Regina, eFolhetim, comGal Costa,Iolanda (versão adaptada de letra original dePablo Milanés), num dueto comSimone,Anos Dourados – um clássico feito em parceria comTom Jobim para a minissérie de mesmo nome e "O Meu Amor" para a peça "Ópera do Malandro" interpretada porMarieta Severo,Cristina Branco eElba Ramalho sendo que, para essa última, fez também "Palavra de Mulher".[22]


Ameaçado pelo regime militar, esteve autoexilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos comToquinho. Nessa época, teve suas cançõesApesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidenteEmílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e "Cálice" proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo deJulinho da Adelaide, com o qual publicou apenas três canções:Milagre Brasileiro, Acorda amor eJorge Maravilha. Na Itália, Chico tornou-se amigo do cantorLucio Dalla, de quem fez aMinha História, versão em português (1970) da cançãoGesù Bambino (título verdadeiro4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino.[22]
Ao voltar ao Brasil, continuou com composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebreConstrução ou a divertidaPartido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado, mas naInglaterra) eMaria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas a umpresidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da época.[22]
Uma das canções de Chico Buarque que criticam o regime é uma carta em forma de música, uma carta musicada que ele fez em homenagem aAugusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a regime militar. A canção se chamaMeu Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado emLisboa. A canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamadoMeus Caros Amigos, do ano de 1976.[22]

Desde muito jovem, Chico conquistou reconhecimento de crítica e público tão logo os primeiros trabalhos foram apresentados. Ao longo da carreira, foi parceiro como compositor e intérprete de vários dos maiores artistas da MPB comoTom Jobim,Vinícius de Moraes,Toquinho,Milton Nascimento,Ruy Guerra e Caetano Veloso. Os parceiros mais constantes sãoFrancis Hime eEdu Lobo.[22]
O cantor nunca se negou a oferecer composições originais a seus amigos cantores. Muitas dessas passaram a ter versões definitivas em outras vozes. Além das citadas canções do "eu" feminino de Chico, temos o exemplo da performance de Elis Regina na cançãoAtrás da Porta eO cio da terra, com gravações deMilton Nascimento e da dupla rural Pena Branca & Xavantinho. Há também interpretações deOswaldo Montenegro, que, em 1993, lançou o discoSeu Francisco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, eNey Matogrosso que, em 1996, lançouUm Brasileiro.[22] Neste mesmo ano, o sambistaJoão Nogueira, em parceria do maestroMarinho Boffa, gravaram o disco "Chico Buarque, Letra & Música", com 14 canções que marcaram a carreira do cantor.[25]
Deve-se mencionar ainda seu êxito em outras composições que fez para cantores populares que não estavam em destaque, como nos casos deÂngela Maria, que gravouGente Humilde, eCauby Peixoto comBastidores. Dentre os artistas que regravaram músicas com estilos próprios, podem ser citados aindaRolando Boldrin, que relançouMinha História, e a bandaEngenheiros do Hawaii que, no ano 2000, gravouQuando o Carnaval Chegar, no álbum10 000 Destinos.[22]

Chico participou como ator e compôs várias canções de sucesso para o filmeQuando o Carnaval Chegar e foi diretor musical deJoanna Francesa comRoberto Menescal, com quem compôs a canção-tema, ambos filmes dirigidos porCacá Diegues.[26]
Compôs a canção-tema do longa-metragemVai Trabalhar, Vagabundo!, deHugo Carvana, que chegou a modificar o roteiro a fim de usá-la melhor. No mesmo filme, figurou "Flor da Idade", música que a censura chegou a liberar para o filme em si, proibido para menores, mas não para a trilha sonora lançada separadamente, pois o órgão temia "perder o controle" sobre sua difusão. Os censores interpretaram a parte final da letra, que parafraseia o poema "Quadrilha" deCarlos Drummond de Andrade, como uma apologia à homossexualidade ("Pedro que amava Beto que amava Juca" / "Lea que amava Lia") e aoincesto ("Pedro que amava a filha").[27]
Voltou a trabalhar em filmes seguintes de Hugo:Se segura malandro eVai trabalhar vagabundo II. Adaptou canções de uma peça infantil para o filmeOs Saltimbancos Trapalhões do grupo humorísticoOs Trapalhões e com interpretações deLucinha Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua autoria foram feitas para o filmeÓpera do Malandro, mais um musical cinematográfico. Vários filmes que tiveram canções-temas de sua autoria e que fizeram muito sucesso além dos citados:Bye Bye Brasil,Dona Flor e seus dois maridos eEu te amo, os dois últimos comSônia Braga. Recentemente, chegou a ter uma participação especial como ator no filmeEd Mort.[18]
Cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira deWe Are the World, ohit estadunidense que juntou vozes e levantou fundos para aUSA for Africa. O projeto de criação coletiva sobre o poema dePatativa do Assaré, Nordeste já (1985) em apoio à causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto com as cançõesChega de mágoa eSeca d'água.[22]

Chico Buarque sempre se destacou como cronista nos tempos de colégio; seu primeiro livro foi publicado em 1966, trazendo os manuscritos das primeiras composições e o contoUlisses, e ainda uma crônica deCarlos Drummond de Andrade sobreA Banda. Em 1974, escreve a novela pecuáriaFazenda modelo e, em 1979,Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças.A bordo do Rui Barbosa foi escrito em 1963 ou 1964 e publicado em 1981. Em 1991, publica o romanceEstorvo (vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 1992[28]) e, quatro anos depois, escreve o livroBenjamim. Em 2004, o romanceBudapeste ganha oPrêmio Jabuti de Livro do Ano.[29] Em 2009, lança o livroLeite Derramado, que também recebe o Prêmio Jabuti de Livro do Ano.[29] Em 2016, é anunciada a estreia da versão teatral deste romance pelo Club Noir, estrelada porHelena Ignez eLuiz Päetow.[30] Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros é de 500 mil exemplares no Brasil.
Ele escreveu um livro que virou filme,Benjamim, que foi ao ar nos cinemas em 2003, tendo como intérpretes dos personagens principaisCleo Pires,Danton Melo ePaulo José.[23] Em maio de 2009, é lançado o filmeBudapeste com roteiro baseado em livro homônimo de Chico Buarque. No filme, há também a participação especial do escritor.
TantoBudapeste quantoLeite Derramado venceram oPrêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo prêmio na categoriaMelhor Romance.Budapeste foi o terceiro colocado na premiação de melhor romance de 2004, enquantoLeite Derramado havia sido o segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas foram feitas à forma de premiação, tendo em vista que, na premiação por categorias, o júri seria composto por especialistas, sendo que na premiação para Livro do Ano, a votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, deLivro do Ano. Uma petiçãoon line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!", recolheu milhares de assinaturas. A editora Record (que publicaraSe Eu Fechar os Olhos Agora, deEdney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e preterido na votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que favoreceria pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o júri especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de inscrever candidatos ao prêmio.[29] Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os vencedores de cada categoria concorreriam à premiação final.[31]

Em 1965, a pedido deRoberto Freire, diretor doTeatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), naPontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chico musicou o poemaMorte e Vida Severina deJoão Cabral de Melo Neto, para a montagem da peça.[22] Desde então, sua presença noteatro brasileiro tem sido constante.[23]
Musicou as peçasMorte e vida severina e o infantilOs Saltimbancos. Escreveu também várias peças de teatro, entre elasRoda Viva (proibida),Gota d'Água,Calabar (proibida),Ópera do malandro e cinco livros:Estorvo,Benjamim,Budapeste,Leite Derramado e O irmão Alemão.[23]
A peçaRoda viva foi escrita por Chico Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção deJosé Celso Martinez Corrêa, comMarieta Severo, Heleno Pests eAntônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra o regime militar durante a temporada da segunda montagem, comMarília Pêra eRodrigo Santiago. Um grupo de cerca de 110 pessoas doComando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o Teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa deRoda viva e contra a censura nos palcos brasileiros. Chico disse no documentárioBastidores, que pode ter havido um erro, e que a peça que o comando deveria invadir acontecia em outro espaço do teatro.
Calabar: o Elogio da Traição, foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineastaRuy Guerra e dirigida porFernando Peixoto. A peça relativiza a posição deDomingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa. Era uma das mais caras produções teatrais da época, custou cerca de 30 mil dólares e empregava mais de 80 pessoas. Como sempre, a censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o generalAntônio Bandeira, daPolícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome "Calabar" e proibiu que a proibição fosse divulgada. O prejuízo para os autores e para o atorFernando Torres, produtores da montagem, foi enorme. Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.[23]
Em 1975, Chico escreveu comPaulo Pontes a peçaGota d'Água, a partir de um projeto deOduvaldo Viana Filho, que já havia feito uma adaptação deMedeia, de Eurípedes, para a televisão. A tragédia urbana, em forma de poema com mais de quatro mil versos, tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, aVila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão, um compositor popular cooptado pelo poderoso empresário Creonte. Jasão termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário. A primeira montagem teveBibi Ferreira no papel de Joana e a direção deGianni Ratto.Luiz Linhares foi um dos atores daquela primeira montagem.[23]
O texto daÓpera do Malandro é baseado naÓpera dos mendigos (1728), deJohn Gay, e naÓpera de três vinténs (1928), deBertolt Brecht eKurt Weill. O trabalho partiu de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e que contou com a colaboração de Maurício Sette,Marieta Severo, Rita Murtinho eCarlos Gregório.[23] A equipe também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito valeram os filmesÓpera de três vinténs, dePabst, eGetúlio Vargas, deAna Carolina, os estudos de Bernard DortO teatro e sua realidade, as memórias deMadame Satã, bem como a amizade e o testemunho deGrande Otelo. Participou ainda o professor Manuel Maurício de Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que se passam as três óperas. O professor Werneck Viana contribuiu posteriormente com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao grupo, já na fase de transposição do texto para o palco. A peça é dedicada à lembrança dePaulo Pontes.[23]
Inspirado no poema do modernistaJorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram juntos a trilha sonora para este espetáculo especialmente criado para o Balé Teatro Guaíra, de Curitiba, que estreou em 17 de março de 1983.[32] Durante os dois anos seguintes, viajaram o país apresentando este que foi um dos maiores e mais completos espetáculos já realizados. Um disco coletivo foi lançado pela Som Livre para registrar a obra, com interpretações de grandes nomes da MPB.
Chico foi casado com a atrizMarieta Severo entre 1966 e 1999.[8] Entre 2011 e 2016, namorou a cantoraThaís Gulin.[33] Em 2021, casou-se com a advogadaCarol Proner.[34]

Livros
| Peças
| Filmes
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A 25 de março de 1996, foi agraciado com o grau de Comendador daOrdem do Infante D. Henrique, de Portugal.[35]
Em 1998, o artista foi homenageado noDesfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, pelaGRES Estação Primeira de Mangueira, no enredo "Chico Buarque da Mangueira". A escola verde e rosa dividiu o título de campeã daquele carnaval com aBeija-Flor de Nilópolis.[36]
Em 2015, participou da canção "Trono de Estudar", composta porDani Black em apoio aos estudantes que se articularam contra o projeto de reorganização escolar do governo estadual de São Paulo. A faixa teve a participação de outros 17 artistas brasileiros:Arnaldo Antunes (ex-Titãs),Tiê,Dado Villa-Lobos (Legião Urbana),Paulo Miklos (Titãs),Tiago Iorc,Lucas Silveira (Fresno),Filipe Catto,Zélia Duncan, Pedro Luís (Pedro Luís & A Parede),Fernando Anitelli (O Teatro Mágico), André Whoong,Lucas Santtana, Miranda Kassin,Tetê Espíndola, Helio Flanders (Vanguart), Felipe Roseno e Xuxa Levy.[37]
Em 21 de novembro de 2023, foi agraciado com o grau de Grande Oficial daOrdem de Rio Branco.[38]
| Ano | Prêmio | Categoria | Nomeação | Resultado | Referências |
|---|---|---|---|---|---|
| 1967 | Golfinho de Ouro | — | Ele mesmo | Venceu | [39] |
| 1973 | Troféu APCA | Melhor Letrista de Música Popular | Venceu | ||
| 1977 | Troféu Imprensa | Destaque masculino | Venceu | [40] | |
| 1981 | Prêmio Tenco | — | Venceu | ||
| 1988 | Prêmio Shell | Venceu | [41] | ||
| 1990 | Prêmio Sharp | Melhor Álbum de MPB | Chico Buarque | Indicado | [42] |
| 1992 | Prêmio Jabuti | Romance | Estorvo | Venceu | [43] |
| Livro do Ano Ficção | Venceu | ||||
| 1994 | Troféu APCA | Melhor Álbum | Paratodos | Venceu | [44] |
| Melhor Música | "Paratodos" | Venceu | |||
| Prêmio Sharp | Canção do Ano | Venceu | [45][46][47] | ||
| Melhor Canção de MPB | Venceu | ||||
| Melhor Álbum de MPB | Paratodos | Indicado | |||
| Projeto Visual | Venceu | ||||
| Melhor Cantor de MPB | Ele mesmo | Indicado | |||
| 1995 | Melhor Canção de Samba | "Piano na Mangueira" | Venceu | [48] | |
| 1998 | "Chão de Esmeraldas" | Venceu | [49] | ||
| Melhor Álbum de Samba | Chico Buarque da Mangueira | Indicado | [50] | ||
| 1999 | Melhor Álbum de MPB | As Cidades | Venceu | [51] | |
| 2002 | Grammy Latino | Melhor Álbum de Música Popular Brasileira | Cambaio | Venceu | [52] |
| 2004 | Prêmio Jabuti | Livro do Ano Ficção | Budapeste | Venceu | [53] |
| Romance | Venceu | ||||
| 2006 | Grammy Latino | Melhor Álbum de Cantor-Compositor | Carioca | Indicado | [54] |
| Melhor Canção em Língua Portuguesa | "Ela Faz Cinema" | Indicado | |||
| 2007 | Melhor Vídeo Musical em Formato Longo | A Série | Indicado | [55] | |
| 2008 | Melhor Álbum de Música Popular Brasileira | Carioca - Ao Vivo | Indicado | [56] | |
| 2010 | Prêmio Oceanos | — | Leite Derramado | Venceu | [57] |
| Prêmio Jabuti | Livro do Ano Ficção | Venceu | [58] | ||
| Romance | Venceu | ||||
| 2012 | Prêmio da Música Brasileira | Melhor Canção | "Sinhá" | Venceu | [59][60] |
| Melhor Álbum de MPB | Chico | Indicado | |||
| Grammy Latino | Álbum do Ano | Indicado | [61][62] | ||
| Melhor Álbum de Cantor-Compositor | Indicado | ||||
| Melhor Canção em Língua Portuguesa | "Querido Diário" | Venceu | |||
| 2013 | Prémio Casa de las Américas | Prémio de Narrativa José María Arguedas | Leite Derramado | Venceu | [63] |
| 2014 | Prêmio da Música Brasileira | Canção do Ano | "Samba para João" | Venceu | [49] |
| Troféu APCA | Literatura - Romance | O Irmão Alemão | Venceu | [64] | |
| 2017 | Prêmio Jabuti | Livro Brasileiro Publicado no Exterior | 3º Lugar | [65] | |
| Prêmio Multishow de Música Brasileira | Canção do Ano | "As Caravanas" | Venceu | [66] | |
| Melhor Direção | Indicado | ||||
| Melhor Disco | Caravanas | Indicado | |||
| Melhor Capa | Indicado | ||||
| Melhor Gravação | Indicado | ||||
| Melhor Produtor | Indicado | ||||
| Troféu APCA | Música do Ano | "As Caravanas" | Venceu | [67] | |
| 2018 | Grammy Latino | Álbum do Ano | Caravanas | Indicado | [68][69] |
| Melhor Álbum de Música Popular Brasileira | Venceu | ||||
| Melhor Canção em Língua Portuguesa | "As Caravanas" | Venceu | |||
| Prêmio da Música Brasileira | Melhor Canção | Indicado | [70][71] | ||
| "Massarandupió" | Indicado | ||||
| "Tua Cantiga" | Venceu | ||||
| Melhor Álbum de MPB | Caravanas | Venceu | |||
| 2019 | Prémio Camões | — | Ele mesmo | Venceu | [72] |
| Platino Awards | Melhor Trilha Sonora Original | O Grande Circo Místico | Indicado | [73] |


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