A ordem Celastrales é uma agrupamento taxonómico commorfologia muito diversa e sem qualquercaracterística distintiva clara, o que consequentemente o torna difícil de distinguir e controverso na sua circunscrição.[7] Asflores são geralmente pequenas, com umdisco nectarífero conspícuo. Asestípulas são pequenas, estando mesmo ausentes em alguns raros casos. Omicrópilo tem duas aberturas, sendo por isso frequentemente referido como um «micrópilo bistomal». As flores com órgãos masculinos e femininos bem desenvolvidos são frequentementefuncionalmente unissexuais. Asemente tem frequentemente umarilo. Nosbotões florais, assépalas apresentam um arranjoquincuncial, ou seja, as sépalas estão agrupadas emquicôncio, com duas na camada interior (ou capa interior) e duas na camada exterior, com a sépala remanescente com metade em cada uma das camadas.
Os membros da ordem Celastrales são plantas lenhosas ouherbáceas, comfolhas simples defilotaxia oposta, raras vezes alternada, com bordos frequentemente serrilhados. Em alguns géneros estão presentes pequenasestípulas.
Otraço fenotípico mais conspícuo e incomum das Celastrales é o disco nectarífero, uma característica que a ordem partilha com asSapindales, outra das ordens doclado dasrosídeas. Como estas duas ordens não são filogeneticamente próximas, o disco nectarífero terá sido um desenvolvimento evolucionário com ocorrência independente em cada uma destaslinhagens evolutivas.
As Celastrales são membros de umclado formado pelas Celastrales,Oxalidales (incluindoHuaceae) eMalpighiales, conhecido como o «clado COM» (deCelastrales-Oxalidales-Malpighiales)[8] dasFabidae (ou fabídeas), sendo as fabídeas um dos dois grupos que constituem o agrupamento taxonómico dasrosídeas.[9] O clado COM tem a seguinte estrutura:[6]
A ordem Celastrales tem sido subdividida em famílias de várias formas. Na classificação adoptado pelossistema APG II, em 2003, oAngiosperm Phylogeny Group reconheceu três famílias de Celastrales:Lepidobotryaceae,Parnassiaceae eCelastraceae. Quando aquele grupo publicou a revisão daquele sistema de classificação, em 2009, reconverteu apenas duas famílias porque o géneroPottingeria e os dois géneros da antiga famíliaParnassiaceae foram incluídos por transferência para as Celastraceae. Nessa mesma revisão, o géneroNicobariodendron foi um dostaxa de angiospérmicas colocados emincertae sedis. Com a publicação dosistema APG IV, de 2016, o géneroNicobariodendron foi integrado na família Celastraceae.
Para a circunscrição atrás apontada contribuíram os estudos de filogenia realizados em 2006, que demonstraram que as espécies que foram amostradas caíram em dois clados fortemente apoiados: um pequeno clado constituído apenas pela famíliaLepidobotryaceae, que se demonstrou ser ogrupo irmão de um clade muito grande contendo o restante da ordem; e um grande clado correspondente à família Celastraceae na sua presente circunscrição. O grande clado das Celastraceae, por sua vez, consiste em cinco grupos fortemente apoiados. Estas são a antiga famíliaParnassiaceae, o géneroPottingeria, o géneroMortonia (nas Celastraceae) e um par de géneros das Celastraceae (Quetzalia eZinowiewia) e o restante das Celastraceae. Nenhum relacionamento foi resolvido entre estes grupos.
Num estudo realizado em 2008, foi revista a filogenia das Celastrales, obtendo-se maior resolução que nos estudos anterioresao amostrar mais espécies e mais DNA. Os resultados conforma apentatomia dos cinco grupos fortemente suportados que os estudos anteriores haviam identificado, mas encontra uma relação fraca a moderada capaz de suporta a relação entre os cinco grupos.[11] A partir do sistema APG III, a família Celastraceae foi expandida para integrar estes cinco grupos.[1]
A seguinteárvore filogenética foi construída combinando partes de trêscladogramas distintos.[12][13][11] O suporte é com nível de confiança de 100%, excepto onde mostrado. As ramificações com menos de 50% de suporte apósreamostragem foram colapsadas. Os números dos clados são de Simmonset al. (2008).[11]
Onome Celastrales foi proposto porThomas Baskerville em 1839.[14] Desde que Baskerville definiu a ordem pela primeira vez, até ao presente, ocorreram grandes mudanças de opinião sobre o que deveria ser incluído na ordem e na sua maior família, asCelastraceae. A família Celastraceae foi o únicoagrupamento taxonómico consistentemente mantido na ordem por todos os autores que a aceitaram. Devido à ambiguidade e complexidade de suadefinição, as Celastraceae foram durante algumas décadas umtáxon residual (um conceito expressivamente designado em inglês porwastebasket taxon ou seja umtáxon caixote do lixo) onde foram sendo colocados, e depois removidos, géneros deafinidade sistemática duvidosa que deveriam ter permanecido emincertae sedis. Ao longo dos tempos, vários géneros foram designados para integrar a família, e por consequência a ordem Celastrales, com consideráveis dúvidas sobre se realmente pertenceriam àquele agrupamento. Além disso, alguns géneros que pertencem adequadamente às Celastraceae foram colocados em outrostaxa, aumentando a complexidade sistemática do grupo.
Depois de terem sido colocados em outros agrupamentos taxonómicos, os génerosCanotia,Brexia ePlagiopteron foram filogeneticamente determinados como sendo parte das Celastraceae. Também a famíliaHippocrateaceae foi determinada como estando profundamente anichada na família Celastraceae, deixando por isso de ser considerada uma família, sendo os géneros que a constituíam transferido para Celastraceae.
Estudos filogenéticos realizados em 2001, com base na análise das sequências dogene rbcL, permitiram reconhecer que três famílias,Lepidobotryaceae,Parnassiaceae eCelastraceae, estão estreitamente relacionadas, formando um clado constituído por espécies filogeneticamente muito próximas.[18] Em consequênci, foi proposto que estas três famílias constituíssem a ordem Celastrales, tendo a proposta sido adoptada peloAngiosperm Phylogeny Group, que mais tarde, em resultado de estudos que demonstravam que a família Celastraceae eraparafilética quando se excluíam os géneros que constituíam a famíliaParnassiaceae, optou pela inclusão destes em Celastraceae com a consequente sinonimização daquela família. Os resultados desses mesmos estudos levaram à exclusão do géneroLophopyxis das Celastrales, e presentementeLophopyxis constitui uma famíliamonogenérica integrada na ordemMalpighiales.[15] Um estudo defilogenética molecular com base, entre outros descritores, na análise desequências de DNA nuclear e ribossomal e na morfologia, realizado também em 2001, confirmou todos estes resultados, excepto o posicionamento do génerosLophopyxis e dasLepidobotryaceae, grupos que foram amostrados para esse estudo.[12]
Esse mesmo estudo permitiu concluir que os génerosPottingeria eMortonia estavam estreitamente relacionados com as famílias Parnassiaceae e Celastraceae, com a circunscrição taxonómica que então tinham, mas que não faziam parte de nenhuma delas. Em resultado, aqueles dois géneros foram integrados nas Celastrales. Também se concluiu que os génerosSiphonodon eEmpleuridium eram de facto membros da família Celastraceae, removendo as consideráveis dúvidas que existiam sobre a sua integração naquela família. Esses mesmos estudos demonstraram que a pequena famíliaStackhousiaceae, que incluía apenas três géneros, eraparafilética por estar embebida nas Celastraceae, ficando por isso subsumida nesta. Excepto para ostaxa que não foram amostrados, estes resultados foram confirmados por um segundo estudo da filogenia das Celastrales, publicados em 2008.[11]
↑Schmeil-FitschenDie Flora Deutschlands und der angrenzenden Länder, 96. Auflage, 2016, S. 49.
↑"Lepidobotryaceae", "Parnassiaceae", and "Celastraceae" In: Klaus Kubitzki (ed.).The Families and Genera of Vascular Plants vol. VI. Springer-Verlag: Berlin;Heidelberg, Germany. (2004).ISBN978-3-540-06512-8 (vol. VI).
↑abc Angiosperm Phylogeny Group:An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III, In:Botanical Journal of the Linnean Society, Volume 161, 2, 2009, S. 105–121.
↑Matthews, Merran L.; Endress, Peter K. (2005). «Comparative floral structure and systematics in Celastrales».Botanical Journal of the Linnean Society.149 (2): 129–194.doi:10.1111/j.1095-8339.2005.00445.x
↑Cantino, Philip D.; Doyle, James A.; Graham, Sean W.; Judd, Walter S.; Olmstead, Richard G.;Soltis, Douglas E.; Soltis, Pamela S.; Donoghue, Michael J. (2007). «Towards a phylogenetic nomenclature ofTracheophyta".».Taxon.56 (3): 822–846.JSTOR25065865.doi:10.2307/25065865
↑abcdMark P. Simmons; Jennifer J. Cappa; Robert H. Archer; Andrew J. Ford; Dedra Eichstedt; Curtis C. Clevinger (2008). «Phylogeny of the Celastreae (Celastraceae) and the relationships of Catha edulis (qat) inferred from morphological characters and nuclear and plastid genes».Molecular Phylogenetics and Evolution.48 (2): 745–757.PMID18550389.doi:10.1016/j.ympev.2008.04.039
↑abSimmons, Mark P.; Savolainen, Vincent; Clevinger, Curtis C.; Archer, Robert H.; Davis, Jerrold I. (2001). «Phylogeny of Celastraceae Inferred from 26S Nuclear Ribosomal DNA, Phytochrome B, rbcL, atpB, and Morphology».Molecular Phylogenetics and Evolution.19 (3): 353–366.PMID11399146.doi:10.1006/mpev.2001.0937
↑abLi-Bing, Zhang; Simmons, Mark P. (2006). «Phylogeny and Delimitation of the Celastrales Inferred from Nuclear and Plastid Genes».Systematic Botany.31 (1): 122–137.doi:10.1600/036364406775971778
↑abcWurdack, Kenneth J.; Davis, Charles C. (2009). «Malpighiales phylogenetics: Gaining ground on one of the most recalcitrant clades in the angiosperm tree of life».American Journal of Botany.96 (8): 1551–1570.PMID21628300.doi:10.3732/ajb.0800207
↑Thorne, Robert F.; Scogin, Ron (1978). «Forsellesia Greene (Glossopetalon Gray), a third genus in the Crossosomataceae (Rosinae, Rosales)».Aliso.9 (2): 171–178.doi:10.5642/aliso.19780902.03
↑Victoria Sosa. "Crossosomataceae" In: Klaus Kubitzki (ed.)The Families and Genera of Vascular Plants vol.IX. Springer-Verlag: Berlin,Heidelberg (2007).
↑Savolainen, V.; Fay, M. F.; Albach, D. C.; Backlund, A.; Van Der Bank, M.; Cameron, K. M.; Johnson, S. A.; Lledó, M. D.; et al. (2000). «Phylogeny of the eudicots: a nearly complete familial analysis based onrbcL gene sequences».Kew Bulletin.55 (2): 257–309.JSTOR4115644.doi:10.2307/4115644
↑Worberg, Andreas; Alford, Mac H.; Quandt, Dietmar; Borsch, Thomas (2009). «Huerteales sister to Brassicales plus Malvales, and newly circumscribed to includeDipentodon, Gerrardina, Huertea, Perrottetia, andTapiscia».Taxon.58 (2): 468–478.doi:10.1002/tax.582012
↑Klaus Kubitzky. "Lepidobotryaceae" In: Klaus Kubitzki (ed.).The Families and Genera of Vascular Plants vol.VI. Springer-Verlag: Berlin,Heidelberg, Germany (2004).
OCommons possui umacategoria com imagens e outros ficheiros sobreCelastrales
(em inglês) Angiosperm Phylogeny Group (2003). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II.Botanical Journal of the Linnean Society141: 399-436. (Disponível online:Texto completo (HTML) |Texto completo (PDF))