| Capitania da Paraíba | ||||
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| Brasão | ||||
italiano Andreas Antonius Horatius | ||||
| Continente | América do Sul | |||
| Capital | Cidade da Paraíba | |||
| Língua oficial | Português | |||
| Religião | Catolicismo | |||
| Governo | Monarquia absoluta | |||
| Governador | ||||
| •1582–1585 | Frutuoso Barbosa(Primeiro) | |||
| História | ||||
| • 1574 | Fundação | |||
| • 1822 | Dissolução | |||

Acapitania da Paraíba foi umacapitaniaultramarina portuguesa noBrasil criada por direito em1574 mas de fato só conquistada mais de uma década depois, pois fazia originalmente parte daAmérica Francesa e suas feitorias, a exemplo deForte Velho eBaía da Traição), com a suposta extinção dacapitania de Itamaracá, a qual só foi extinta na segunda metade do século XVIII, e que tinha como sedeGoiana.[1][nota 1]
Embora hoje em dia o estado da Paraíba ainda tenha dezenas de milhares de quilômetros quadrados, superfície similar à de muitos países mundo afora, seu território original por direito era maior, pois ia até a longitude deTordesilhas, onde hoje se situa o atual estado deTocantins. O fato de outras capitanias da costa norte terem invadido o seu território original de direito se deu durante aexpansão pecuarista do século XVII, pois estes não tendo grande economia exportadora a exemplo da Paraíba, tiveram de tentar compensar isso investindo mais naeconomia pecuarista extensiva, que gerava comércio entre o Sertão e aZona da Mata, fomentando a captação de capital por via menos direta. No período do Tratado de Tordesilhas, a capitania da Paraíba foi, longitudinalmente (sentido leste-oeste), a mais extensa unidade geopolítica daAmérica Portuguesa, título antes pertencente a Itamaracá, da qual a Paraíba fez inicialmente parte.[nota 2]
No período áureo dacultura canavieira noNordeste Oriental, a capitania da Paraíba esteve entre as três regiões de maior êxito econômico da América Portuguesa, ao lado dePernambuco eBahia.[1][nota 3]
Dentro do sistema decapitanias hereditárias (1534), couberam aJoão de Barros e aAires da Cunha cemléguas de terra entre a foz dorio Jaguaribe a norte (atualCeará) e aBaía da Traição a sul (litoral norte paraibano), o que compreendia a parte norte do estado daParaíba, todo oRio Grande do Norte e a parte leste doCeará, já que o sul deste integrava a região oeste dacapitania de Itamaracá.[1] O terço norte do território da Paraíba estava, assim, compreendido no da entãocapitania do Rio Grande. Com o naufrágio da expedição desses donatários, que se dirigia ao primeiro lote, não foi possível colonizar nenhum dos senhorios.[1]
A capitania de Itamaracá foi extinta pelo direito português em 1574, após uma revolta dos belicosospotiguaras das margens dorio Paraíba articulada por traficantesfranceses depau-brasil, destruindo assim oEngenho Tracunhaém deDiogo Dias.[1]
Para dominar a rebelião, no início do ano seguinte, 1575, uma expedição foi enviada dacapitania de Pernambuco sob o comando do ouvidor-geral e provedor da FazendaFernão da Silva, sem sucesso.[1] Nova expedição, enviada deSalvador, nacapitania da Bahia, pelo governador da Repartição Norte, D.Luís de Brito e Almeida (1573–1578), não conseguiu atingir a Paraíba em virtude de umatempestade que lhe dispersou as embarcações, obrigando-as a arribar, avariadas, a Pernambuco, em setembro de1575. Uma terceira expedição foi armada pelo governo dacapitania de Pernambuco, partindo deOlinda sob o comando deJoão Tavares (1579), também com êxito limitado.[1]
Tais eventos demonstram o quanto a aliança francesa com os potiguaras era bastante sólida, mesmo após Tracunhaém, algo que só iria mudar com aUnião Ibérica a partir dos anos 1580.
Finalmente, o governador-geralManuel Teles Barreto (1583–1587) solicitou o auxílio da frota do almirante D.Diogo Flores de Valdés, que à época patrulhava a costasul-americana, unindo-se ao capitão-mor da capitania da Paraíba,Frutuoso Barbosa, e organizando nova expedição (1584), a qual fundou a primeira Cidade Real no Brasil sob aDinastia Filipina: «Filipeia de Nossa Senhora das Neves».

O ouvidor-morMartim Leitão, com o auxílio das forças docaciquePirajibe, subjugou os potiguaras do sul (nessa altura a populaçãopotiguara se concentrava um pouco mais para o norte, na região da atual Baia da Traição), erigindo um novo forte e fundando nova e definitivamente o núcleo populacional deNossa Senhora das Neves em5 de agosto de1585, núcleo da futura cidade da Parahyba, atual João Pessoa.[1] Ficou instalada, desse modo, a capitania que só passa a existir de fato a partir de tal marco, pois antes só existia no papel. A paz definitiva com os potiguaras, então aliados dosingleses, bretões e normandos (estes dois últimos povos da atualFrança), só foi alcançada em1599, após uma epidemia de «bexiga» (varíola) que dizimou a população nativa sem imunidade para taisvírus até então inexistentes nasAméricas.
No contexto da segunda dasInvasões holandesas do Brasil (1630–1654), a região da capitania foi ocupada por forçasneerlandesas em1634, as quais somente foram expulsas duas décadas mais tarde pelas tropas do mestre de campoAndré Vidal de Negreiros (1606–1680) e deJoão Fernandes Vieira, que tomou posse do cargo de governador da cidade, a qual passou a se chamar Parahyba.[nota 4]
A partir de1753[nota 5] a capitania da Paraíba, assim como o Ceará, ficou subordinada à capitania-geral de Pernambuco, da qual se tornou novamente independente a partir de1799.[nota 6] Sobre tal anexação, há na Revista doInstituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano de 1919 o seguinte relato:
A maior parte da Paraíba está compreendida no território da antigacapitania de Itamaracá, que foi incorporada à dePernambuco depois da expulsão dos holandeses no século XVII, e incorporada permaneceu até emancipar-se em 17 de janeiro de 1799.[4]
A interiorização da capitania da Paraíba deu-se pela expansão do gado e pelo estabelecimento de missões religiosas para acatequese dos indígenas, e no início da colonização europeia formaram-se aVila de São Miguel de Baía da Traição, aVila de Monte-Mor da Preguiça, aCidade da Paraíba, aVila do Conde (Jacoca), aVila de Alhandra, no litoral, e somente aVila do Pilar, no Agreste, além daFreguesia do Cariri no Sertão.[5] Depois, durante operíodo pombalino, houve a transferência da população indígena para as novas vilas, especialmente nos anos 1760.
A exemplo, em 1697 o capitão-morTeodósio de Oliveira Ledo iniciou um povoado noagreste com aldeados indígenas. Situando-se entre o litoral e o Sertão, esse povoado tonou-se uma feira que é hojeCampina Grande. O povoado foi elevado às categorias de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição {1769} e Vila Nova da Rainha (20 de abril de 1790).
A fundação da cidade que hoje é João Pessoa servia para garantir a segurança da capitania mais rica à época (Pernambuco).[nota 7]
A capitania da Paraíba nas mãos dos franceses e nativos deixava os portugueses inquietos, pois estes poderiam a qualquer momento repetir o massacre ocorrido emTracunhaém, avançando mais a sul e atingindoOlinda, a principal vila do Brasil e um dos principais núcleos civilizacionais lusitanos noBrasil Colônia, comprometendo assim a exportação da principal riqueza dessa parte oeste do Império Português que era o açúcar.[nota 8] À época, São Vicente era a única capitania da repartição meridional do Brasil com algum peso econômico, enquanto na setentrional havia várias de grande exportação, como Itamaracá, Paraíba, Pernambuco, Bahia e secundariamente o Rio Grande do Norte, que apesar de bem localizada (num vértice a nordeste do Brasil), tinha menor área demata úmida costeira.
A derrota francesa no extremo leste doNordeste Oriental foi o mais duro golpe de toda a história daAmérica Francesa (e do mundo francês no comercialismo clássico, antes doneomercantilismo industrialista), pois a perda da feitoria doForte Velho e, décadas depois, deSão Luís (Maranhão) abriria precedentes para que toda a costa nordeste brasileira, assim como aAmazônia, caísse definitivamente nas mãos ibéricas, empurrando os franceses para o norte do continente americano, região dasGuianas e doCaribe.

