![]() Callitropsis nootkatensis | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
![]() Pouco preocupante[1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Callitropsis nootkatensis D.Don, 1824 | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
![]() Distribuição natural deCallitropsis nootkatensis | |||||||||||||||
Sinónimos[2] | |||||||||||||||
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Callitropsis é umgéneromonotípico deconíferas, pertencente àfamíliaCupressaceae,[3] que temCallitropsis nootkatensis como únicaespécie.C. nootkatensis temdistribuição natural nas regiões costeiras deColúmbia Britânica e do sul doAlaska.[4]
A espécieCallitropsis nootkatensis, anteriormente conhecido comoCupressus nootkatensis (sin.:Xanthocyparis nootkatensis,Chamaecyparis nootkatensis), é uma espécie de árvore da famíliaCupressaceae nativa das regiões costeiras donoroeste da América do Norte. Esta espécie é conhecida por muitos nomes comuns, incluindo:cipreste de Nootka,cipreste amarelo,cipreste do Alasca,cedro de Nootka,cedro amarelo,cedro do Alasca ecedro amarelo do Alasca. Oepíteto específiconootkatensis deriva da sua descoberta pelos europeus nas terras de umaFirst Nation doCanadá, opovo Nuu-chah-nulth daIlha de Vancouver,Colúmbia Britânica, que eram anteriormente referidos como osNootka.
Callitropsis nootkatensis é umaconíferasempre-verde [que cresce até 40 m de altura, excecionalmente 60 m, com diâmetros até 3,4 a 4 m. Acasca é fina, lisa e arroxeada quando jovem, tornando-se escamosa e cinzenta.[5] Os ramos são geralmente pendentes, com folhagem em ramalhetes planos e folhas escamadas verde-escuras medindo 3-5 mm de comprimento. Oscones, de maturação bianual, têm 4 (ocasionalmente 6) escamas e assemelham-se aos cones deCupressus lusitanica (outra espécie que pode apresentar folhagem em ramos planos), exceto que são um pouco mais pequenos, tipicamente com 8-14 mm de diâmetro;[5] cada escama tem umabráctea triangular pontiaguda com cerca de 1,5-2,0 mm de comprimento, novamente semelhante a outrosCupressus e diferente da bráctea em forma de crescente, não pontiaguda, presente nas escamas dos cones deChamaecyparis. Assementes são aladas, pequenas, dispersando-se assim a curta distância; além disso, apenas uma pequena percentagem é viável.[5]
A espécie ocorre em áreas húmidas das montanhas costeiras doPacífico Noroeste, incluindo as daCascades,[5] desde aPenínsula do Kenai noAlasca até àsMontanhas Klamath no extremo norte daCalifórnia.[6][7]
Pode ser encontrada em altitudes superiores às alcançadas pelaThuja plicata (cedro-vermelho-do-oeste), por vezes numa formakrummholz, e mesmo ocupando locais muito rochosos (perto da fronteira Califórnia-Oregon).[5] Pode ser encontrado em altitudes de 600 a 750 m noSudeste do Alasca e entre 750 e 2000 m da costa daColúmbia Britânica até oOregon.[5] Bosques isolados ocorrem perto deNelson, British Columbia, eJohn Day, Oregon, os quais podem ser descendentes de populações locais que datam doÚltimo Período Glacial.[5]
A região deCaren Range, na costa oeste da Colúmbia Britânica, alberga osespécimes de cipreste de Nootka mais antigos do mundo, com um espécime com 1834 anos de idade,[8] com alguns espécimes podem ter mais de 3000 anos.[9][10][11]
A espécie beneficia de uma precipitação anual superior a 1500 mm, particularmente com neve profunda, embora as temperaturas não desçam frequentemente abaixo de -18 ºC. A neve tende a não quebrar os ramos flexíveis.[5] Étolerante à sombra, mas menos do que as espéciee associadasTsuga mertensiana eAbies amabilis, e cresce lentamente.[5] Substâncias químicas antifúngicas dentro da árvore ajudam na sua longevidade. Também raramente é afetada por insectos, embora seja suscetível àpodridão do cerne (heart rot), uma afecção de origem fúngica.[5]
No Alasca, onde a árvore é principalmente referida como "cedro-amarelo", foi efectuada uma extensa investigação sobre o declínio das populações da espécie. Estes estudos concluíram que a árvore dependia de grandes quantidades de neve na costa para isolar as suas raízes pouco profundas dos invernos frios do Ártico. Os impactos dasalterações climáticas resultaram em camadas de neve mais finas e menos persistentes, causando, por sua vez, uma maior suscetibilidade aos danos causados pelo congelamento.[12]
Esta mortalidade foi observada em mais de 7% da área de distribuição natural da espécie, abrangendo cerca de 10 graus de latitude, desde o nordeste do Alasca até ao sul da Colúmbia Britânica. A mortalidade futura substancial é provável devido ao aquecimento das temperaturas e à diminuição das camadas de neve.[13] OU.S. Fish & Wildlife Service está a analisar a possibilidade de designar a espécie comoespécie ameaçada ouespécie em perigo.[14][15][16]
A espécie foi descrita pela primeira vez no géneroCupressus comoCupressus nootkatensis em 1824, mas em 1841 foi transferida para o géneroChamaecyparis, com base no facto de a sua folhagem se apresentar em raminhos achatados, como noutras espécies deChamaecyparis, o que a deferenciava da maioria (embora não de todas) as outras espécies deCupressus.
No entanto, a colocação emChamaecyparis não se enquadra namorfologia efenologia dos cones, que são muito mais parecidos com os deCupressus, amadurecendo em dois anos em vez de um. Com o advento dabiologia molecular, os resultados obtido com estudos filogenéticos apoiaram fortemente a exclusão deChamaecyparis, tendo a espécie regressado ao clado norte-americano deCupressus (agoraHesperocyparis).[17]
Em 2002, Farjonet al. transferiram a espécie para um novo género, designado porXanthocyparis, juntamente com o recém-descobertoXanthocyparis vietnamensis, o cipreste-dourado-vietnamita, pois aquela espécie é notavelmente semelhante ao cipreste de Nootka e o tratamento tem muitos argumentos a seu favor. Em ambos os casos, embora não estejam relacionados comChamaecyparis, as espécies também não se enquadram totalmente emCupressus apesar das muitas semelhanças.[18][19] Estudos publicados em 2004 confirmaram esta relação, com mais provas,[18] e revelaram que existia uma combinação nomenclatural anterior no géneroCallitropsis, comoCallitropsis nootkatensis(D.Don)Oerst., publicada em 1864, mas negligenciada ou ignorada por outros autores subsequentes. Little et al.[19] sinonimizaramXanthocyparis comCallitropsis, o nome correto para estas espécies noICBN quando tratadas num género distinto. O nomeXanthocyparis foi então proposto para conservação, e oCongresso Botânico Internacional de 2011 seguiu essa recomendação.[20]
Contudo, as questões nomenclaturais em relação a esta espécie não se ficaram por aqui, pois em 2010, Maoet al. efectuaram uma análise molecular mais detalhada e voltaram a colocar o cipreste de Nootka emCupressus.[21][22] Esta solução foi contestada, uma vez que a espécie comporia um subgénero monofilético, tendo a base de dadosGymnosperm Database sugerido que se poderia antes incluir a espécie num género monotípico comoCallitropsis nootkatensis.[23]
Em 2021, um estudo molecular realizado por Stullet al. concluiu que a espécie pertencia de facto ao género distintoCallitropsis e recuperou-o comogénero irmão deHesperocyparis. O clado que inclui ambos os géneros foi considerado irmão deXanthocyparis (que contém apenas o cipreste dourado vietnamita), e o clado que contém os três géneros foi consideradogrupo irmão de um clado que contémJuniperus eCupressus sensu stricto.[24]
Callitropsis nootkatensis é um dos progenitores dohíbrido conhecido porcipresto Leyland (Cupressus × leylandii). O outro progenitor éCupressus macrocarpa, agoraHesperocyparis macrocarpa, também considerado como pertencendo ao géneroCupressus, mas noclado norte-americanoHesperocyparis, que se verificou ser filogeneticamente mais próximo deC. nootkatensis do que o cladoCupressussensu stricto doVelho Mundo.[25]
A espécie tem sido considerada uma das melhores árvores de madeira do mundo e foi exportada para a China durante o século passado. A madeira tem sido utilizada para pavimentos, acabamentos interiores e construção naval.[26] A árvore tem qualidades excelentes decerne, o que a torna uma das fontes mais desejadas delenha na Costa Oeste. Arde muito quente e dura muito tempo como brasas. Uma árvore pode ainda ser utilizada para lenha até 100 anos após a sua morte.
O cipreste de Nootka era muito utilizado pelos povos indígenas da costa noroeste do Pacífico, juntamente com outro cipreste, a espécieThuja plicata (o cedro vermelho ocidental). Enquanto amadeira e a casca interna do cedro vermelho ocidental eram preferidas para projetos maiores, como casas e canoas, a casca interna mais forte do cipreste de Nootka era usada para embarcações e utensílios menores, incluindo remos de canoa e cestas, bem como fios para roupas e cobertores.[5]
As várias propriedades físicas da madeira tornam-na um material atrativo tanto para a construção em geral como para a construção naval.[5] Devido ao seu crescimento lento, é dura e, tal como outras madeiras de cipreste, é durável. Oferece uma boa estabilidade dimensional e é resistente às intempéries, aos insectos e ao contacto com o solo.
Pode ser trabalhada facilmente com ferramentas manuais ou mecânicas, podendo ser torneada e entalhada com bastante facilidade. Pode ser fixada com colas, parafusos e pregos. A textura, a cor uniforme e o grão retilíneo da madeira do cipreste de Nootka permitem obter um acabamento fino. Resiste a lascagem e desgasta-se suavemente com o tempo. Quando recém-cortado, tem um cheiro amargo um pouco desagradável, mas quando temperado quase não tem odor percetível, daí a sua utilização tradicional em máscaras faciais.
Devido ao seu custo, é utilizada principalmente para carpintaria acabada. As utilizações típicas incluem revestimentos exteriores, telhas,decks, vigas expostas, vigas laminadas com cola, painéis, armários emillwork (decoração em madeira fresada). Napreservação patrimonial esta madeira pode ser utilizada como substituto da madeira deThuja plicata (cedro vermelho ocidental) e deTaxodium distichum (cipreste-calvo), devido às dificuldades actuais em obter madeira de qualidade dessas espécies devido a preocupações ambientais e à sobre-exploração no passado, embora isto se aplique igualmente ao cipreste de Nootka.
Outras utilizações da madeira do cipreste de Nootka incluem saunas e contentores de baterias, devido à sua resistência aos ácidos. Tradicionalmente, eram fabricados remos, máscaras, pratos e arcos com esta madeira.
Os ramos pendentes dão à árvore uma aparência graciosa de chorão.[5] É uma árvore atraente para parques e espaços abertos. Também pode ser usada como umasebe alta. Cresce nazona de robustez do USDA 5-9, mas pode ser difícil de cultivar. Cresce melhor em solos leves, de preferência bem drenados, e em climas com verões frescos. Prefere meia-sombra a sol pleno. Também pode ser usada embonsai.
Sob o sinónimoXanthocyparis nootkatensis, acultivarC. nootkatensis 'Pendula' ganhou oAward of Garden Merit daRoyal Horticultural Society.[27][28]
Uma lenda dos povosNootka daHesquiaht First Nation conta as origens do cipreste de Nootka. Na lenda, umcorvo encontra três jovens mulheres a secarsalmão na praia e pergunta às mulheres se elas têm medo de ficar sozinhas, ou deursos, delobos e outros animais. Cada mulher respondeu "não". Mas quando o corvo lhes perguntou se tinham medo decorujas, elas responderam que sim. Ao ouvir isto, o corvo trapaceiro escondeu-se nas florestas e fez os chamamentos de uma coruja. As mulheres aterrorizadas correram para as montanhas, mas transformaram-se em ciprestes Nootka quando ficaram sem fôlego. Segundo os Nootka, é por isso que o cipreste Nootka cresce nas encostas das montanhas, e também porque a casca é sedosa como o cabelo de uma mulher, e o tronco jovem é suave como o corpo de uma mulher.[29]
Na culturaTlingit, a história deNatsilane descreve como um cipreste de Nootka foi usado para esculpir a primeirabaleia assassina do mundo.