Cacá Diegues | |
|---|---|
Diegues em 1972 | |
| Nome completo | Carlos José Fontes Diegues |
| Nascimento | 19 de maio de1940 Maceió,Alagoas |
| Nacionalidade | brasileiro |
| Morte | 14 de fevereiro de2025 (84 anos) Rio de Janeiro,Rio de Janeiro |
| Ocupação | cineasta |
| Cônjuge | Nara Leão (c. 1967–77) Renata Almeida Magalhães (c. 1981–2025) |
| Filho(a)(s) | Isabel Diegues Flora Diegues |

Carlos José Fontes Diegues, mais conhecido pelopseudônimoCacá DieguesOMC (Maceió,19 de maio de1940 –Rio de Janeiro,14 de fevereiro de2025), foi umroteirista,produtor,cineasta eescritorbrasileiro. Um dos fundadores movimento doCinema Novo,[1] Diegues participou de uma série de momentos distintos da história do cinema brasileiro, com uma obra que atravessou mais de 5 décadas de produção.
Nascido em Maceió, Cacá Diegues foi o segundo filho doantropólogo Manuel Diegues Júnior e de uma fazendeira. Aos 6 anos de idade, sua família mudou-se para oRio de Janeiro e instalou-se emBotafogo, bairro onde Diegues passou toda sua infância e adolescência.
Estudou noColégio Santo Inácio, dirigido porjesuítas, até ingressar naPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde fez o curso deDireito. Como presidente do Diretório Estudantil, fundou umcineclube, iniciando suas atividades de cineasta amador comDavid Neves eArnaldo Jabor, entre outros. Ainda estudante, dirigiu o jornalO Metropolitano, órgão oficial da União Metropolitana de Estudantes, e juntou-se aoCentro Popular de Cultura, ligado àUnião Nacional dos Estudantes. O grupo da PUC e o deO Metropolitano tornaram-se, a partir do final dadécada de 1950, um dos núcleos de fundação do Cinema Novo, do qual Diegues foi um dos líderes, juntamente comGlauber Rocha,Leon Hirszman,Paulo Cesar Saraceni eJoaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em colaboração com David Neves eAffonso Beato, realizou o curta-metragemDomingo, um dos filmes pioneiros do movimento.
Em 1962, no CPC, Diegues dirigiu seu primeiro filme profissional, em 35mm,Escola de Samba Alegria de Viver, episódio dolonga-metragemCinco Vezes Favela (os demais episódios são dirigidos por Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Marcos Farias e Miguel Borges). Seus três primeiros longas-metragens —Ganga Zumba (1964),A Grande Cidade (1966) eOs Herdeiros (1969) — são filmes típicos daquele período voluntarista, inspirados em utopias para ocinema, para oBrasil e para a própria humanidade. Polemista inquieto, ele continuou trabalhando comojornalista e a escreveu críticas, ensaios e manifestos cinematográficos, em diferentes publicações, no Brasil e no exterior.
Em 1969, após a promulgação doAI-5, Diegues deixou o Brasil, vivendo primeiro naItália e depois naFrança, com sua esposa, a cantoraNara Leão. De volta ao Brasil, Diegues realizou mais dois filmes —Quando o Carnaval Chegar (1972) eJoanna Francesa (1973). Em 1976, dirigiuXica da Silva, seu maior sucesso popular.
No ano de 1978 Diegues inventou, em entrevista ao jornalO Estado de S. Paulo, a expressão "patrulhas ideológicas" para denunciar alguns setores dacrítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a certos cânones daesquerda política mais ortodoxa.[2][3][4] Nesse período de início da redemocratização do país e de renovação docinema brasileiro, realizouChuvas de Verão (1978) eBye Bye Brasil (1979), dois de seus maiores sucessos.
Em 1981, integrou o júri noFestival de Cannes. Já em 1984, realizou o épicoQuilombo, uma produção internacional comandada pelaGaumont francesa, um velho sonho de seu realizador.

Numa fase crítica da economia cinematográfica do país, realizou dois filmes de baixo custo,Um Trem para as Estrelas (1987) eDias Melhores Virão (1989). Na mesma fase, realizou, em parceria com aTV Cultura,Veja esta Canção (1994). Quando a novaLei do Audiovisual finalmente foi promulgada, ele foi um dos poucos cineastas veteranos trabalhando com comerciais, documentários, videoclipes. Entre seus sucessos que seguiram incluem-seTieta do Agreste (1996),Orfeu (1999) eDeus É Brasileiro (2003).
A maioria dos 18 filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes,Veneza,Berlim,Nova Iorque eToronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina — o que o torna um dos realizadores brasileiros mais conhecidos no mundo.
O cineasta foi oficial da Ordem das Artes e das Letras (l'Ordre des Arts et des Lettres) da República Francesa. Também foi membro da Cinemateca Francesa. O governo brasileiro também lhe concedeu o título de Comendador da Ordem de Mérito Cultural e a Medalha daOrdem de Rio Branco, a mais alta do país.
Teve dois filhos, Isabel e Francisco, do seu casamento com a cantoraNara Leão (se separaram em 1977, 12 anos antes de Nara falecer). Teve três netos: José Pedro Diegues Bial (2002), filho de Isabel; e Monah André Diegues (2004) e Mateo André Diegues (2005), filhos Francisco. No ano de1981 casou-se com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora.[5]
Em 2010, passou a assinar uma coluna dominical para ojornalO Globo, que manteve até seu falecimento em 2025.[6] Seus textos redigidos entre 2010 e 2017 foram reunidos no livroTodo domingo, publicado pela editora Cobogó.[7]
Na ocasião da visita doPapa Francisco ao Rio de Janeiro para aJornada Mundial da Juventude, Diegues documentou a passagem do Pontífice no Brasil, resultando no documentárioRio de Fé (2013).[8] Em 2016, o diretor recebeu a homenagem da escola de sambaInocentes de Belford Roxo, pelo grupo de acesso A, com o enredo "Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em cena!" desenvolvido pelo Carnavalesco Márcio Puluker, ficando em 9o lugar no concurso.
Em 2018, Diegues lançou o longaO Grande Circo Místico, baseado no poema deJorge de Lima e no espetáculo musical deChico Buarque eEdu Lobo.[9] No dia 30 de agosto do mesmo ano, o cineasta foi eleito novo imortal daAcademia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo também cineastaNelson Pereira dos Santos, pelo escritorEuclides da Cunha e pelo fundador da ABL, Valentim Magalhães.[10] Em 2019, encabeçou o projeto CineAcademia Nelson Pereira dos Santos, visando oferecer sessões de clássicos do cinema brasileiro em sessões promovidas pela ABL, abertas ao público e seguidas de debate, realizadas no Espaço Itaú de Cinema do Rio de Janeiro. A iniciativa exibiu filmes comoLimite,Argila eRio, 40 Graus.[11]
Diegues faleceu no Rio de Janeiro no dia 14 de fevereiro de 2025, aos 84 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória antes de uma cirurgia na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio.[12] Deixou um último filme incompleto, umspin-off deDeus É Brasileiro intituladoDeus Ainda É Brasileiro, que havia começado a ser produzido em novembro de 2022,[13] mas teve suas gravações paralisadas em 2024 por questões orçamentárias. O filme tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2025.[14]
| Ano | Título | Notas |
|---|---|---|
| 1959 | Fuga | Curta-metragem |
| 1960 | Brasília | |
| 1961 | Domingo | |
| 1962 | Cinco Vezes Favela | Segmento: Escola de Samba Alegria de Viver |
| 1964 | Ganga Zumba | |
| 1965 | A Oitava Bienal | Curta-metragem |
| 1966 | A Grande Cidade | |
| 1967 | Oito Universitários | Curta-metragem |
| 1969 | Os Herdeiros | |
| 1971 | Receita de Futebol | Curta-metragem |
| 1972 | Quando o Carnaval Chegar | |
| 1973 | Joanna Francesa | |
| 1974 | Cinema Íris | Curta-metragem |
| 1975 | Aníbal Machado | |
| 1976 | Xica da Silva | |
| 1978 | Chuvas de Verão | |
| 1979 | Bye Bye Brasil | |
| 1984 | Quilombo | |
| 1985 | Batalha da Alimentação | Curta-metragem |
| 1986 | Batalha do Transporte | |
| 1987 | Um Trem para as Estrelas | |
| 1989 | Dias Melhores Virão | |
| 1990 | "Exército de Um Homem Só" | Videoclipe da bandaEngenheiros do Hawaii |
| 1994 | Veja Esta Canção | |
| 1996 | Tieta do agreste | |
| 1997 | For All - O Trampolim da Vitória | Como ator |
| 1999 | Orfeu | |
| Reveillon 2000 | Curta-metragem | |
| 2000 | Carnaval dos 500 anos | |
| 2003 | Deus É Brasileiro | |
| 2006 | O Maior Amor do Mundo | |
| 2013 | Giovanni Improtta | Como produtor |
| 2018 | O Grande Circo Místico | |
| 2025 | Deus Ainda É Brasileiro | Lançamento póstumo[15] |
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