A Bucovina foi, durante aIdade Média, o núcleo histórico daMoldávia, recebendo por parte dosromenos o nome deŢara de Sus (País Alto) em contraposição aoŢara de Jos (País Baixo), denominação recebida pelaBessarábia, localizada nas planícies ao sudoeste. O nome Bucovina se tornou oficial em1775, quando a região, até então parte doPrincipado da Moldávia, passou a fazer parte das possessões daMonarquia de Habsburgo, que mais tarde tornou-se oImpério Austríaco (1804) e, posteriormente (1867), noImpério Austro-Húngaro. O nome oficial em alemão,die Bukowina, que a província recebeu durante o período em que foi governada pelos austríacos (1775-1918), vem da forma polonesaBukowina, que, por sua vez, vem de uma palavra comum entre aslínguas eslavas que significa "faia", por exemploбук (buk) emucraniano, relacionada também com oalemãoBuche.[4]
Outro nome alemão para a região,das Buchenland, que tem uma utilização essencialmente literária, também significaTerra dasFaias. Também emromeno, em contextos literários, às vezes se usa o nomeŢara Fagilor (País dasFaias).
Hoje em dia o nome não é oficial nem naUcrânia nem naRomênia, embora às vezes seja usado para se referir aoOblast de Tchernivtsi (já que 2/3 do território doOblast constitui a parte norte da Bucovina). NaRomênia se fala em Bucovina do Norte para se referir aoOblast de Tchernivtsi e Bucovina do Sul para se referir aodistrito romeno de Suceava, embora apenas 10% do distrito seja território da região histórica da Bucovina.
A parte sudoeste da Bucovina é montanhosa, correspondendo às vertentes norte das montanhas dosCárpatos, que marcam as fronteiras sul e oeste da Bucovina. A parte nordeste é umapeneplanície de depósitos aluviais (loess) correspondentes à planície Sarmática.
O clima écontinental, com invernos frios (-4°C detemperatura média em janeiro) e verões quentes (25°C detemperatura média em julho) e um regime de precipitações muito moderado (cerca de 635 mm/ano), com a maior pluviosidade durante o verão.
A Bucovina é drenada por numerosos rios da bacia doMar Negro: oMoldava, oSiret, oPrut e oDniestre, sendo este último o que constitui as fronteiras norte e leste da Bucovina.
Mosteiro de Putna, na Bucovina, construído pelo senhor romeno Stephen III da Moldávia entre 1466 e 1469.
Naantiguidade, o território que muito mais tarde seria chamado de Bucovina era habitada pelosdácios,citas esármatas. OImpério Romano apenas momentaneamente dominou alguns setores do território, integrando-o à província daDácia, embora o controle territorial tenha sido mantido principalmente pelosdácios livres, conhecidos comocarpos. Desde oséculo III as regiões mais planas foram invadidas sucessivamente porgodos,hunos eávaros, estes últimos já noséculo IV. Noséculo VII, ante os vazios demográficos presentes, houve uma substituição de população na área setentrional, que teve como principais protagonistas os agricultoreseslavos, entre as quais estavam ospechenegues. Em seguida, a região foi incluída como um Estado vassalo daRússia de Quieve e de um dos Estados que lhe sucederam, oReino da Galícia e Lodoméria, que sucumbiu à invasão detártaros emongóis entre o fim doséculo XIII e início do XIV, embora a população de origemdácia latinizada (ou seja, romena ouvalaca) tenha se mantido dominante demograficamente nas zonas montanhosas e na metade sul do território.
Noséculo XIV a Bucovina se tornou a base do núcleo doPrincipado da Moldávia, estado com preponderância étnica e políticaromena. Após1513, aMoldávia começou a pagar um tributo anual para oImpério Otomano, mas manteve-se autônoma e continuou a ser governada por um príncipe/voivoda romeno, conhecido comoDomnitor ouHospodar, algo como umLorde eminglês ou umDom emportuguês.
Escudo do Ducado da Bucovina sob Império dos Habsburgo.
Por alguns períodos curtos, durante guerras, oReino da Polônia ocupou partes do norte daMoldávia. No entanto, a velha fronteira foi restabelecida algumas vezes, como por exemplo, em14 de outubro de1703. O delegadopolonês Martin Chometowski afirmou "Entre nós e a Valáquia (um nome historicamente utilizado para se referir a Moldávia) Deus criou oRio Dniestre como uma fronteira" (Inter nos et Valachiam ipse Deus flumine Tyras dislimitavit).
Entre1769 e1774 o Império daRússia tomou o território dos turcos. No entanto, aTurquia cedeu a Bucovina para oImpério Austríaco em 21 de Julho1774, ao cumprir os tratados de Kuchul-Kainazhi e dePassarowitz. ARússia aceitou essa cessão em troca de uma compensação territorial naGalícia. Assim, a Bucovina tornou-se parte do Estado austríaco, em parte por causa dos combates entre grupos étnicos na região, por exemplo a guerra entre osmagiares do grupo ‘’szekeli’’ e os romenos-moldavos, que culminou com a ‘’Batalha do Vale Alba’’.
A região daMoldávia histórica em destaque [onde?], com a Bucovina em verde.
Sob a dominação austríaca, primeiramente tornou-se parte dadiocese deRădăuţi, ficando a Bucovina - a partir de1787 – como um distrito daGalícia e mais além - a partir de1849 - como um território governado diretamente pelaCoroa Austríaca, como uma dasProvíncias Cisleitânicas (ou seja, sob o poder direto da coroa dosHabsburgo), com o nome deDucado da Bukowina ouBuchenland. Tornava-se assim uma estratégicaKronland (Território da Coroa), umducado que foi uma espécie de cunha econômica eideológica-culturalpangermanista naEuropa Oriental.
Ao final daPrimeira Guerra Mundial, oSfatul Ţării (O Conselho do País) da Bucovina votou pela união com aRomênia, o que foi ratificado peloTratado de Saint-Germain-en-Laye de1919. Em1940, aRomênia, com o reiCarlos II, foi forçada a aceitar um ultimato daUnião Soviética sobre o norte da Bucovina. No final daSegunda Guerra Mundial, toda a Bucovina se encontrava em posse daURSS, após a derrota doTerceiro Reich. Em1947, noTratado de Paris os atuais limites foram estabelecidos, deixando a metade norte da Bucovina na União Soviética, como parte daRepública Socialista Soviética da Ucrânia e a metade sul tornou-se parte daRomênia. Após a dissolução daURSS em1991, a Bucovina do Norte passou diretamente para a atual República daUcrânia constituindo oOblast de Tchernivtsi, que reúne a maioria da população e do território da Bucovina do Norte, já que tinha em2006 uma área de 10.410 km² e uma população (75% ucraniana) de aproximadamente 730.000 habitantes. Na Bucovina do Sul ou Bucovina Romena a população e a área territorial são aproximadamente as mesmas, sendo complementadas pelo pequeno setor da Bucovina setentrional que faz parte da República daMoldávia.
Ainda que mais da metade da população fosse considerada rural em2005, os principais centros urbanos são:Chernivtsi (Cernăuţi em romeno eЧернівці - Chernivtsi - em ucraniano) cidade que foi a capital e principal centro cultural, atualmente localizado em território ucraniano, como capital da província homônima de Chernivtsi, enquanto queSuceava,Siret,Dorohoi,Câmpulung Moldovenesc eRădăuţi estão naRomênia.
Segundo o censo romeno de2002, na Bucovina do Sul ou Bucovina Romena 97,5% da população é etnicamente romena, havendo uma minoria de 1,2% deucranianos. Por seu lado, para a Bucovina Norte ou Ucraniana, o censo ucraniano de2001 apontava que 75% da população (684.168 pessoas) era de nacionalidade ucraniana, enquanto que falantes delíngua romena se dividem em 12,5% deromenos (114.600 pessoas) e 7,3% demoldavos (67.000 pessoas), além de 4,1% derussos. Há também grupos deciganos. No sudeste da região (distritos de Putilo e Vizhnitsa) se encontra a região histórico-etnográfica da Hutsulshchyna, habitada peloshutsuls, subgrupo étnico ucraniano, culturalmente influenciado pelos romenos e outros povos dosBalcãs, embora se auto-identifiquem como ucranianos.
Os solos são muito férteis, o que facilitou a existência de densasflorestas (as florestas ainda cobrem 60% do território). Asfaias ocupam as altitudes médias e asconíferas (principalmenteabetos) as zonas elevadas. A existência das florestas tem favorecido aindústria madeireira. Também importante é aagricultura decereais nas regiões planas. Há alguma mineração de pequeno porte com extração depetróleo esal.
↑Paulo, Correia (Primavera de 2024).«Moldávia — ficha de país»(PDF). Bruxelas: a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 21-23.ISSN1830-7809. Consultado em 30 de julho de 2024