Bruges é chamada de "Veneza do Norte", por causa de seus inúmeros canais que a cercam ou a atravessam, mas também a ligam principalmente com a cidade deGante.[1]
Diversos passeios de barco são propostos aos turistas, alguns dos quais permitindo chegar às cidades vizinhas.[2] A cidade apresenta ainda as ruínas de uma fortaleza, bem como moinhos às margens dos canais.[2]
São praticamente inexistentes traços de civilização e atividade humana anteriores à era pré-romanagaulesa na região de Bruges. As primeiras fortificações foram construídas após a conquista do Menappi porJúlio César noséculo I a.C., com intuito de proteção da zona costeira contra piratas. Já no século IV, a região foi tomada aos romanos pelosFrancos e as incursões dosviquingues, por volta do século IX, obrigaram a queBalduíno I da Flandres reforçasse as antigas fortificações.[3] Foi também nesta época que se fortaleceram as relações comerciais com aInglaterra e aEscandinávia e surgiram as primeiras moedas gravadas com o nomeBryggia.[3]
Foi a 27 de julho de 1128 que Bruges foi elevada a cidade e construiu novas muralhas e canais. Desde cerca de 1050, um gradual avanço do lodo em direção da cidade, provocou a obstrução dos acessos diretos com o mar, mas uma violenta tempestade em 1134 restabeleceu-os através da criação de um canal natural (Zwin).[3]
Com o raiar do século XII, Bruges foi incluída no circuito comercial flamengo, sobretudo devido à sua emergente indústria de lã e tecidos. Os principais mercadores da cidade apostaram no desenvolvimento de "colónias económicas" em Inglaterra e naEscócia e os seus contactos trouxeram grão daNormandia e vinhos daGasconha para a região. Os navioshanseáticos atracavam diariamente no porto que, face a este crescimento e sobrecarga, teve de ser expandido de Damme até Sluys para acomodar os novoscog-ships.[3]
Em 1277, o primeiro barco mercante partiu deGénova e atracou no porto de Bruges, o primeiro da rota mercantil que tornou Bruges a principal conexão com o comércio domar Mediterrâneo.[1] Para isso concorreu a vitória da marinha genovesa sobre a frota muçulmana que guardava oestreito de Gibraltar, liberando essa poderosa rota de comércio ocidental, possibilitando viagens regulares entre Bruges e Gênova, em grandes navios redondos. As empresas italianas para terem grande sucesso montaram sucursais em Bruges que geravam volumes de negócios na mesma dimensão de suas matrizes no norte da Itália a exemplo da sucursal de Banco Médicis em Bruges que ganhou mais dinheiro que sua sede emFlorença.[4]
Câmara Municipal de Bruges (Stadhuis)
Canal
Canal
Rozenhoedkaai
Este desenvolvimento permitiu não só a abertura para a rota das especiarias de Levante, mas também a introdução de avançadas técnicas comerciais e financeiras e um fluxo de capital que rapidamente tomou conta das transações bancárias da cidade.[3][5]
Bruges é considerada o berço dasbolsas de valores modernas. No século XIII, comerciantes se reuniam na casa da famíliaVan der Beurze, com o objetivo de comprar e vender documentos que certificassem a posse de certascomodities (mercadorias e produtos agrícolas) disponíveis no mercado.[5] Isso deu origem ao termo "bourse" (bolsa, em francês).[6]
Esse sistema de negociação informal evoluiu para os mercados financeiros que conhecemos hoje.[6] A bolsa de valores abriu oficialmente em 1309 e desenvolveu-se no mais sofisticado mercado financeiro dosPaíses Baixos noséculo XIV.[1] Na primeira bolsa de valores do mundo não se vendiam ações de empresas; o que se vendiam eram importantes documentos comerciais como letras de câmbio e hipotecas, papéis que eram a base do capitalismo medieval.[7]
No século XV, Filipe O Bom, duque daBorgonha assentou corte em Bruges (bem como emBruxelas e emLille) atraindo muitos artistas, banqueiros e outras personalidades proeminentes de toda a Europa.[8]
A primeira impressão de um livro em inglês foi publicada em Bruges por William Caxton.[9] Foi igualmente uma época em queEduardo IV eRicardo III deInglaterra passaram o seu exílio na cidade flamenga.[3]
No início de 1500, o canal Zwin, que fora responsável pela prosperidade da cidade, começou também ele a ficar obstruído por lodo. Bruges foi rapidamente ultrapassada porAntuérpia como o centro económico dos Países Baixos.[3] Durante a década de 1650, a cidade foi a base para a estadia deCarlos II de Inglaterra e a sua corte no seu exílio. A infraestrutura marítima foi modernizada e foram construídas novas ligações ao mar, mas sem um grande sucesso.[3]
Na segunda metade do século XIX, Bruges tornou-se num dos primeiros destinos turísticos, atraindo turistas britânicos e franceses. O porto deZeebrugge foi construído em 1907 e utilizado pelas tropas alemãs no decorrer daPrimeira Guerra Mundial para atracar os seussubmarinos.[1] Nas décadas de 1970 e 1980, foi alargado e tornou-se um dos mais importantes e modernos portos da Europa. O turismo internacional cresceu exponencialmente desde então e todos estes esforços resultaram na designação de Bruges com Capital Europeia da cultura em 2002.[1]
↑abcdefghDumolyn, Jan; Declercq, Georges; Meijns, Brigitte; Hillewaert, Bieke; Hollevoet, Yann; Ryckaert, Marc; De Clercq, Wim (2018). Brown, Andrew; Dumolyn, Jan, eds.«Origins and Early History». Cambridge: Cambridge University Press: 7–51.ISBN978-1-108-41965-9. Consultado em 6 de março de 2025