Mulheres brasileiras recebem homenagem de Embaixadores Americanos.
O termobrasilianização é um neologismo que tem sido utilizado para descrever processos sociais, econômicos e políticos caracterizados pelo aumento dadesigualdade,precarização do trabalho einformalidade, fenômenos amplamente associados aoBrasil.[1] O conceito ganhou destaque em debates sobreglobalização eneoliberalismo, sendo frequentemente aplicado para analisar sociedades que, anteriormente mais igualitárias, começam a exibir traços típicos da estrutura social brasileira.[2][3]
A ideia da brasilianização sugere um enfraquecimento doEstado de bem-estar social e o crescimento de um modelo econômico no qual há grande disparidade entreclasses sociais, com uma elite altamente privilegiada e uma massa populacional vivendo em condições precárias.[4][5]
O conceito de brasilianização foi popularizado pelo sociólogo alemãoUlrich Beck, especialmente em seu livroO Que É Globalização? (1997).[6] Beck usou o termo para descrever a crescente precarização domercado de trabalho naEuropa e nosEstados Unidos, comparando essas mudanças ao modelo brasileiro, no qual há uma grande informalidade e instabilidade no emprego.[7]
Historicamente, o Brasil tem sido caracterizado por uma economia dual, onde convivem setores altamente desenvolvidos e modernos com uma grande parcela da população inserida em atividades informais e precárias. Esse fenômeno, que antes era visto como típico depaíses em desenvolvimento, começou a ser identificado empaíses desenvolvidos, o que levou à adoção do termo brasilianização para descrever essas transformações.[8][9]
A brasilianização pode ser entendida por meio de alguns aspectos centrais:
Aumento da desigualdade social: a concentração de renda se intensifica, com uma elite rica e um grande número de trabalhadores mal remunerados e sem acesso a serviços básicos de qualidade.[10]
A ideia de brasilianização tem sido aplicada para descrever transformações em países como os Estados Unidos e nações daUnião Europeia.[15][16]
Nos Estados Unidos, o crescimento do trabalho precarizado, impulsionado por empresas da "gig economy" comoUber e DoorDash, tem sido visto como um reflexo da brasilianização do mercado de trabalho americano.[17]
Na Europa, as reformas trabalhistas e cortes em programas sociais, especialmente após acrise financeira de 2008, levaram alguns analistas a identificarem um processo de brasilianização em países comoEspanha,Itália eGrécia.[18]
Em países como oReino Unido, a substituição de empregos formais por contratos flexíveis e a redução de benefícios trabalhistas têm sido associadas ao fenômeno.[19]
Apesar de sua relevância, o conceito de brasilianização não é isento de críticas. Alguns estudiosos argumentam que o termo pode reforçarestereótipos negativos sobre o Brasil e desconsiderar a complexidade do país, que possui setores altamente desenvolvidos e políticas sociais inovadoras.[20] Além disso, há questionamentos sobre até que ponto a brasilianização é um fenômeno global ou se é apenas um reflexo de tendências mais amplas do capitalismo contemporâneo.[21] Alguns autores sugerem que o que Beck chamou de brasilianização poderia ser interpretado como um desdobramento do neoliberalismo, que enfraquece proteções trabalhistas e sociais em diversas partes do mundo.[22][23]