Uma bracteata[1] (emlatim:bractea, peça fina de metal) é um tipo demedalha geralmente deouro que era usado como ornamento naEuropa Setentrional naidade do ferro germânica, principalmente durante a época dasmigrações bárbaras (incluída aera de Vendel na Suécia). O termo era usado também, posteriormente, para denominar a umas moedas deprata que se fabricaram naEuropa central na primeira metade daidade média.
Denominam-se bracteatas de ouro o verdadeiro tipo de peças de joalheria realizadas principalmente entre os séculos V e VII pelospovos germânicos, que seguem vários modelos. A maioria estavam franzidos ou tinham um enganche para colocar um cordão já que costumavam estar destinados a luzir pendurados do pescoço, supostamente comoamuleto. O ouro das bracteatas procedia geralmente das moedas pagas peloimpério romano a seus vizinhos germânicos do norte para manter a paz.[2]
Muitas bracteatas representam retratos dos reisgermânicos governantes com penteados trançados às costas característicos e representações de personagens damitologia germânica, influenciados em diversos graus pela forma de realizar moedas romanas, enquanto outros representam motivos completamente originais. A frequência com a que aparecem motivos da mitologia germânica faz achar que eramícones para os praticantes dopaganismo germânico que proporcionar-lhes-iam proteção ou eram usados para a adivinhações.[2]
Com frequência a figura representada é umcavalo de oito patas, umalança eaves, provavelmente em referência ao deus Wodan - além de outros aspectos da personagem que apareceriam posteriormente nas representações doséculo XIII do deusOdin, como naEdda poética. Por esta razão as bracteatas são objeto do estudo iconográfico do paganismo germânico. Várias bracteatas além disso mostram inscriçõesrúnicas (conhecem-se um total de 133 inscrições em bracteatas, sendo mais de uma terça parte de todas as inscrições existentes emfuthark antigo). As bracteatas comumente levam como motivo decorativoesvásticas.[2]
As bracteatas classificam-se em várias categorias com nome de letra segundo seus motivos decorativos, um sistema de classificação que foi criado em 1855 porChristian Jürgensen Thomsen e publicado num tratado de numismática dinamarquês chamadoOm Guldbracteaterne og Bracteaternes tidligste Brug som Mynt e que onumismático suecoOscar Montelius definiu formalmente em seu tratadoFrån jernåldern em 1869. Há sete tipos:
Descobriram-se mais de 970 bracteatas da época das invasões germânicas dos tipos A, B, C, D e F.[3] Dos quais 135 (aproximadamente 11%) levam inscrições rúnicas com caracteres do futhark antigo, que costumam ser muito curtas. As inscrições mais notáveis encontram-se na bracteata Seeland-II-C (que oferece proteção para a viagem a quem o leve), bracteata de Vadstena (que lista as letras do futhark antigo com uma inscrição supostamente mágica) e a bracteata de Tjurkö (com uma inscrição em versoescáldico).
A estes se acrescentam umas 270 bracteatas E, pertencentes ao período de Vendel e por isso são ligeiramente posteriores aos demais tipos.[4] Realizaram-se só emGotlândia, e enquanto as primeiras bracteatas eram todas feitas em ouro (exceto umas poucas peças inglesas) as bracteatas E são feitos em prata ou bronze.
Karl Hauck, o arqueólogo Morten Axboe e o runólogo Klaus Düwel trabalharam desde os anos 1960 para criar um catálogo completo de todos as bracteatas germânicos do período das invasões, com fotografias de alta resolução e desenhos. Publicaram em três volumes emalemão com o títuloDie Goldbrakteaten der Völkerwanderungszeit.Ikonographischer Katalog (As bracteatas do período das migrações. Catálogo iconográfico).
As bracteatas de prata medievais são diferentes das bracteatas do período das invasões germânicas e foram o principal tipo de moeda medieval nas regiões germanas, excetoRenânia,Vestfália e a região doReno médio. Começaram a serem cunhadas ao redor de 1130 emSaxônia eTuríngia e saíram de circulação ao redor de 1520. Em algunscantões de Suíça foram cunhadas moedas similares às bracteatas como os rappen, heller e angster durante oséculo XVIII.
Em algumas regiões, as bracteatas foram desacreditadas (“verrufen”) em intervalos regulares (emMagdeburgo noséculo XII, duas vezes por ano), pelo que tiveram que ser trocadas por bracteatas novas. Durante este processo, quatro moedas antigas tiveram que ser mudadas, por exemplo, por três novas. A perda da quarta moeda era conhecida como o dinheiro de impacto (“Schlaggeld”) e foi com frequência o único imposto que recolhiam os governantes (Renovatio monetae). O dinheiro de impacto gerou o efeito de aumentar a velocidade da circulação do dinheiro. Através da desacreditação, o dinheiro resultou pouco atraente como ativo e sua função como meio de trocas universal foi reforçada (função dupla de dinheiro). Acumular ativos monetários (bracteatas) foi considerado pouco interessante, pelo que se reforçou o investimento em propriedade, o que gerou uma busca de artesanato e as Artes.[5]
O resultado deste processo foi o período de desenvolvimento mais importante na história alemã. Nesse momento, as diferenças sociais eram tão equilibradas como depois nunca mais se conseguiu no curso histórico.[6]
As bracteatas de prata medievais podiam ser grandes, mas a maioria media uns 15 milímetros de diâmetro e pesavam ao redor de 1 grama.