Johnson frequentou aEton College e se graduou emestudos clássicos naBalliol College, Oxford. Em 1989, ele se tornou correspondente jornalístico emBruxelas e mais tarde colunista político para oThe Daily Telegraph, sendo posteriormente editor da revistaThe Spectator, de 1999 a 2005. Sendo eleito para o Parlamento em 2001, Johnson serviu nogabinete de sombra dos líderes conservadoresMichael Howard eDavid Cameron. Em 2008, foi eleitoprefeito deLondres e renunciou à Câmara dos Comuns; Boris foi reeleito prefeito quatro anos mais tarde. Naseleições gerais de 2015, Johnson foi eleito parlamentar porUxbridge e South Ruislip. Ele ganhou então mais proeminência nacional durante a campanha doBrexit, onde foi um ardoroso defensor dasaída do Reino Unido daUnião Europeia noreferendo popular de 2016. A primeira-ministraTheresa May apontou ele como Secretário de Estado após o referendo; após desavenças com a sua primeira-ministra, ele renunciou sua posição no gabinete em 2018.
Em 2019, Johnson foi eleito líder do Partido Conservador e assumiu como primeiro-ministro. Ele imediatamente reabriu as negociações com a União Europeia (UE) sobre oBrexit. De forma controversa, no final de agosto e começo de setembro, ele tentou forçar o fechamento do Parlamento para ter menos interferência destes nas negociações com a UE, mas aSuprema Corte julgou essa ação como ilegal. Depois de concordar com um acordo revisto de retirada doBrexit com a União Europeia, que substituiria provisões da questão fronteiriça na Irlanda por um novo protocolo, Boris não conseguiu apoio para sua proposta em um Parlamento dividido e assim foi obrigado a convocar eleições antecipadas para fortalecer sua maioria. A eleição aconteceu emdezembro de 2019, com os Conservadores levando 43,6% do voto popular e conquistando a sua maioria mais ampla no Parlamento desde1987. Em 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido formalmente deixou a União Europeia, entrando em um período de transição e negociações comerciais levando ao "Acordo de Comércio e Cooperação UE-Reino Unido". Ainda em 2020, o Reino Unido foi duramente afetado pelaPandemia de COVID-19 e enfrentar este problema se tornou uma das prioridades para o governo de Boris Johnson; o primeiro-ministro agiu propondo diversas leis e políticas para mitigar o impacto da pandemia para os cidadãos e na economia, aprovando também um amplo e bem-sucedido de vacinação no ano seguinte. Mesmo assim, Johnson foi criticado por alguns cientistas por sua resposta lenta a epidemia, incluindo sua resistência à introdução de medidas delockdown.[3][4]
Inúmeras controvérsias ocorreram durante o governo de Boris Johnson, incluindo a viagem, no meio de um lockdown doCOVID-19, de seu conselheiroDominic Cummings, uma disputa sobre uma cara reforma emDowning Street num período de recessão, acusações de clientelismo envolvendo contratos e lobby durante a pandemia e as ações de Johnson em escândalos envolvendo Owen Paterson eChris Pincher. Em meio a uma controvérsia mais ampla sobre reuniões sociais e festas por membros do governo, no escândalo conhecido como "Partygate", ele se tornou o primeiro primeiro-ministro britânico a ser sancionado por violar a lei enquanto estava no cargo depois de receber um aviso de multa fixa por violar os regulamentos do COVID-19.[5] Após uma investigação, liderada por Sue Gray, e uma crescente insatisfação popular com seu governo, um voto de não confiança contra Boris foi convocado por parlamentares conservadores em junho de 2022, mas o primeiro-ministro conseguiu, por pouco, se manter no cargo, embora pedidos por sua renúncia permanecessem.[6][7] Em julho, o escândalo envolvendoChris Pincher (que incluiu Boris mentindo para a imprensa e para parlamentares que ele não sabia das acusações sobre abuso sexual contra ele antes de aponta-lo para um cargo em seu governo), levou a uma onda maciça de renúncias dentro do seu gabinete. Em um período de 24 horas, vários ministros (liderados porRishi Sunak eSajid Javid) do seu governo entregaram os cargos e expressaram sua insatisfação com o primeiro-ministro, afirmando que Boris Johnson era incapaz de liderar o partido e comandar o país. Sem alternativa, Johnson anunciou que renunciaria ao cargo de primeiro-ministro.[8]
Boris Johnson é uma das figuras políticas (e jornalísticas) britânicas mais controversas dos últimos anos. Seus apoiadores indicam, como pontos positivos, sua personalidade, humor e apelo popular que vai além da figura tradicional apresentada ao eleitor conservador. Contudo, ele também é muito criticado por figuras daesquerda e dadireita, como umelitista efisiologista, acusado de desonestidade,racismo[9][10] eislamofobia.[11][12] Johnson está bem presente na cultura popular britânica, sujeito de inúmeros livros, biografias e paródias.[13][14]
Boris Johnson nasceu em 19 de junho de 1964, emManhattan, na cidade deNova Iorque, nos Estados Unidos, filho de Stanley Johnson e Charlotte Johnson Wahl, ambosbritânicos. Na época de seu nascimento, seu pai estudava economia naUniversidade Columbia[15] e sua mãe sempre trabalhou como pintora,[16] ambos se casaram em Marylebone,Londres em1963 antes de se mudarem para os Estados Unidos, um ano antes do nascimento de Johnson.[17] Ele é de ascendênciainglesa,francesa,alemã,irlandesa,turca erussa. Seu bisavô paterno foi Ali Kemal, um jornalistaotomano, de origemcircassiana-turca[18][19][20] e seu bisavô materno foi Elias Avery Lowe,paleógrafo judeu russo imigrado nos Estados Unidos.[21] Em referência à sua ancestralidade variada, Johnson descreveu a si mesmo como um "melting pot" - com uma combinação de muçulmanos, judeus e cristãos como bisavós.[22] Johnson recebeu o nome do meio "Boris" devido a um emigrado russo que seus pais conheceram.[23]
Os pais de Johnson moravam em frente ao Chelsea Hotel,[25] porém em setembro de 1964 eles retornaram aoReino Unido para que Charlotte pudesse começar seus estudos naUniversidade de Oxford.[26] Ela morou com o filho em Summertown,Oxford. Em julho de1965, a família se mudou para Crouch End nonorte de Londres, e Charlotte deu à luz uma filha, Rachel, em setembro daquele ano.[27] Emfevereiro de1966, eles se mudaram para a capital dos Estados Unidos,Washington D.C, onde o pai de Boris Johnson, Stanley, foi contratado peloBanco Mundial.[28] Charlotte deu à luz um filho, Leo, em setembro de1967.[28] Stanley mudou de emprego para trabalhar com um painel de políticas sobrecontrole populacional, mudando novamente a família e consequentemente Boris paraNorwalk,Connecticut, em junho do seguinte ano.[29]
Johnson estudou na Ashdown House, localizada emEast Sussex.
Em1969, a família se estabeleceu na fazenda da família de Stanley em Nethercote, perto de Winsford, em Exmoor, no oeste daInglaterra.[30] Lá Johnson teve suas primeiras experiência com a tradicionalcaça à raposa.[31] Seu pai estava regularmente ausente, dessa maneira Johnson teve muito mais contato com sua mãe, seu irmãos e suababá durante sua infância.[32] Quando criança, Johnson era calmo e estudioso,[29] embora sofresse de surdez, resultando em diversasprocedimentos cirúrgicos para inserir tubos de timpanostomia em seus ouvidos.[33] Ele e seus irmãos foram encorajados a participar de atividades de alto nível desde muito pequenos,[34] grandes feitos eram muito valorados em sua família; sendo assim a mais antiga ambição que Johnson consegue se lembrar é a de ser "rei do mundo".[35] Durante a sua infância Johnson teve poucos ou talvez até nenhum amigo além de seus irmãos, devido a isso ele e seus irmãos eram muito próximos uns dos outros.[36]
No final de 1969, a família se mudou paraMaida Vale, no oeste de Londres, onde Stanley iniciou seupós-doutorado em economia naLondon School of Economics.[37] Em1970, Charlotte e as crianças mudaram-se brevemente para Nethercote, onde Johnson estudou na Winsford Village School, antes de retornar a Londres para se estabelecer emPrimrose Hill, no norte de Londres,[38] sendo educado na Primrose Hill Primary School.[39] No final de1971, outro filho, Joseph, nasceu na família.[40]
Em2006 Johnson foi criticado pela sua relação romântica com Anna Fazackerley, uma jornalista de 29 anos. No entanto, o líder do partido,David Cameron, disse à comunicação social que Johnson "continuará no seu posto".[42]
Em16 de Julho de2007 Johnson anunciou a sua intenção de ser o candidato conservador à liderança domunicípio deLondres.[43] A sua candidatura foi confirmada pelo partido em27 de setembro. Eleito em 2 de maio de 2008 por 1 168 738 votos, frente aos 1 028 966 do seu antecessor,Ken Livingstone.[2] Foi reeleito Prefeito de Londres em maio de 2012.[44]
Deixou a prefeitura de Londres em maio de 2016 com bons índices de aprovação.[45]
Johnson durante discurso de posse na sede do Departamento de Assuntos Externos,13 de julho de2016.
ApósTheresa May assumir a liderança do Partido Conservador e oGoverno de Sua Majestade, Johnson foi nomeadoSecretário de Estado para Assuntos Externos e da Commonwealth em13 de julho de2016.[46] A nomeação de Johnson foi criticada por setores da imprensa e líderes estrangeiros por conta de seu histórico de comentários controversos sobre outros povos e culturas.[47][48][49] O ex-Primeiro-ministro suecoCarl Bildt afirmou: "Eu gostaria que isto fosse uma piada".[49] "Eu não estou tão preocupado com Boris Johnson, mas... durante a campanha ele mentiu muito ao povo britânico e agora é justamente ele quem tem suas costas contra a parede", descreveu seu homólogo francêsJean-Marc Ayrault.[50] Em contrapartida, o ex-Primeiro-ministro australianoTony Abbott recebeu de forma positiva a notícia de sua nomeação, chamando-o de "um velho amigo da Austrália".[49] Um membro do governo federal estadunidense sugeriu que sua posse poderia impulsionar os Estados Unidos aos laços com aAlemanha no contexto daRelação Especial com o Reino Unido.[51]
Diversos analistas descreveram sua nomeação ao cargo como uma possível estratégia de May para enfraquecê-lo politicamente: os recentes posicionamentos do Secretário de Estado para a Saída da União Europeia,David Davis, e da Secretaria de Comércio Internacional deixam o Departamento do Exterior como uma figura-chave de poucos poderes.[52] Sendo assim, muitos analistas consideram que os encargos de Johnson à frente do departamento diplomático tornariam mais lenta uma possível coalização política.[53][54]
Em agosto de2016, May pediu que os ministros Johnson eLiam Fox parasse de "jogar" após este último afirmar que o comércio britânico "não poderia florescer" enquanto sob responsabilidade de Johnson.[55] Sua mensagem em defesa do grupoChange Britain foi considerada pelo jornalThe Guardian como uma forma de pressão contra May para acelerar o processo doBrexit.[56][57]
Johnson apoiou formalmente aIntervenção militar no Iêmen[58] e manteve a comercialização de armamentos britânicas com aArábia Saudita,[59] argumentando a falta de evidências de quebra da lei humanitária internacional pelo governo saudita no conflito.[60] Em setembro de 2016, Johnson foi acusado de bloquear os inquéritos dasNações Unidas sobre os eventuais crimes de guerra cometidos pelos sauditas na região.[60]
Após aseleições gerais de 2017, Johnson refutou boatos da imprensa de que estaria planejando disputar a liderança do Partido Conservador com a Primeira-ministra Theresa May. Além disto, negou também a especulação através de suas mídias sociais, dizendo: "todos por Theresa, por um gloriosoBrexit".[carece de fontes?]
Em agosto de 2017, Rachel Sylvester divulgou no jornalThe Times que Johnson não apresentava clareza sobre a maioria dos assuntos relacionados àCoreia do Norte ou oCatar, dizendo: "Ele parecia não ter ideia do que estava em jogo". Sua retórica parecia sugerir que o Reino Unido poderia ditar os termos "como se fosse mais um jogo de escola do que uma negociação sobre o futuro da nação". Segundo Sylvester, tanto líderes europeus como a própriaCasa Branca consideravam-no "uma piada".[carece de fontes?]
Em uma entrevista para oThe Daily Telegraph em setembro de 2017, Johnson reiterou que o Reino Unido recuperaria controle de 350 milhões de libras semanais após a saída da União Europeia. No entanto, outros secretários de governo desmentiram a informação e acusaram-no de "utilizar estatísticas oficiais" em favor próprio. Poucos dias depois, em19 de setembro, o ex-chanceler Kenneth Clarke disse que Johnson "teria sido demitido se a política britânica estivesse em um período mais concreto". Imediatamente antes da conferência do partido, observando um segundo discurso de Johnson definindo termos para o Brexit antes mesmo da determinação do gabinete, Ruth Davidson pediu que "pessoas sérias" assumissem seu papel, criticou seu otimismo e definiu que a Grã-Bretanha "seria muito parecida com o presente" após o período de transição.[carece de fontes?]
Em27 de fevereiro de2018, em carta à primeira-ministraTheresa May, Johnson sugeriu que aIrlanda do Norte fosse submetida à controle de fronteiras após oBrexit e assegurou que tal medida não pesaria sobre o comércio entre os dois país. No dia seguinte, Johnson tocou novamente na questão afirmando que publicaria sua carta nas mídias sociais e que havia tentado eliminar "uma fronteira complexa" de seu país. Em julho de 2018, em meio a crise do governo nas negociações da saída britânica daUnião Europeia, Johnson apresentou sua renúncia do cargo de Secretário de Estado.[61]
Johnson em 2016.
Uma vez afastado do governo May, Johnson reassumiu sua cadeira no Parlamento e passou a ser um dos grandes críticos da gestão da primeira-ministra Theresa May, em especial a forma como ela lidava com o Brexit. Segundo Johnson, ela cedia demais para a União Europeia, que manipulava o governo e o eleitorado britânico. Ele voltou a defender sua posição de "Brexit a todo o custo".[62]
Em maio de 2019, Theresa May anunciou que renunciaria ao cargo de Primeira-ministra após o Parlamento fracassar novamente em passar sua versão do Brexit. O Partido Conservador começou então uma disputa interna pela sua liderança. Logo, os dois nomes mais proeminentes eram de Boris Johnson e Jeremy Hunt (o homem que havia sucedido ele como Secretário de Estado para Assuntos Externos). Johnson ganhou apoio imediato dos extremistas do partido e dos defensores mais árduos da saída do Reino Unido da União Europeia.[63] Em 7 de junho, Johnson formalmente lançou sua campanha para ser o novo líder do Partido Conservador (o partido governista que detinha o cargo de Primeiro-ministro). Sua primeira fala como candidato seria o ponto central de seus discursos, oBrexit. Ele disse: "Após três anos e dois prazos perdidos, nós devemos deixar a União Europeia em 31 de outubro. Nós devemos fazer melhor do que o atual Acordo de Retirada que já foi rejeitado três vezes no parlamento — e deixe-me esclarecer que eu não estou mirando uma saída sem acordo. Eu não acredito que chegará a esse ponto. Mas é responsável se preparar vigorosamente e seriamente para um 'não acordo'. De fato, é espantoso que alguém possa sugerir dispensar essa ferramenta vital de negociação".[64] Na campanha, ele alertou de uma "catastrófica consequência para os eleitores na confiança na política" se o governo continuasse adiando a saída da UE. Ele prometeu novos acordos com a comunidade europeia e que reteria os pagamentos de "divórcio" da UE (estimados em £ 39 bilhões) até que "a situação ficasse mais clara". Johnson inicialmente prometeu cortar impostos para os britânicos que ganhavam mais de £ 50 000, mas teve que desistir da proposta por pressão após um debate naBBC.[65]
Em 19 de julho, a agência de notíciasReuters reportou que Johnson, assim como muitos de seus aliados políticos, eram financeiramente apoiados pelo magnata do petróleorusso Alexander Temerko, que havia se tornado um dos maiores contribuintes do Partido Conservador após sair da Rússia em 2004 para evitar ser processado por crimes fiscais.[66][67] Temerko, que afirmava ser bem próximo de Johnson, é conhecido por ter laços políticos com serviços de inteligência e segurança da Rússia.[66]
Em meio a controvérsias envolvendo o Brexit e acusações de má conduta como servidor público, em uma votação fechada dos membros do Partido Conservador, em 22 de julho, Boris Johnson venceu o pleito interno do seu partido, com 92 153 votos (66,4%), superando Jeremy Hunt e seus 46 656 votos (33,6%), se tornando assim líder dos Conservadores e primeiro-ministro do Reino Unido. O resultado foi formalmente anunciado em 23 de julho.[68]
Boris Johnson em julho de 2019, durante sua primeira reunião de gabinete como Primeiro-ministro
Em 23 de julho de 2019 Boris Johnson foi anunciado formalmente como o novo líder do Partido Conservador e designado Primeiro-Ministro do Reino Unido, para suceder Theresa May. Johnson, no discurso de vitória, afirmou que iria trabalhar para unir o país, derrotar os rivais do Partido Trabalhista e energizar a população.[69] Em seu primeiro discurso no cargo de chefe de governo, em 24 de julho, ele reiterou que uma de suas prioridades é garantir asaída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 31 de outubro do mesmo ano,[70] apesar da oposição de parte importante do seu próprio partido.[71][72][73]
Em outubro de 2019 o Parlamento aprovou a convocação deeleições gerais antecipadas para dezembro de 2019. Isso era um dos requerimentos de Boris Johnson que, com a deserção de alguns parlamentares do seu partido, já não tinha mais maioria absoluta na Câmara dos Comuns. Fazendo uma campanha focadanprincipalmente em finalizar oBrexit e com exposição proposital reduzida na mídia (entrevistas e debates), Johnson conseguiu reconquistar a confiança do eleitorado tradicional conservador, ao mesmo tempo que atraiu a atenção de centristas e moderados com seu discurso centrado na questão de que ele iria, de um jeito ou de outro, resolver a situação com a União Europeia. Como resultado, o Partido Conservador conquistou maioria absoluta nas eleições, garantindo a Boris Johnson controle total sobre o governo e as futuras negociações com as autoridades da UE.[74]
Boris Johnson numa coletiva de imprensa sobre a pandemia deCOVID-19
Após aceitar o Acordo de retirada do Brexit com a União Europeia em outubro de 2019, que criou um novo protocolo para a fronteira daIrlanda do Norte com aRepública da Irlanda, esforços foram feitos no Parlamento para passar as provisões necessárias, mas estas falharam. Após a eleição de dezembro, agora com maioria parlamentar absoluta, Boris Johnson conseguiu passar boa parte das provisões do Brexit entre os legisladores. Em 31 de janeiro de 2020 o Reino Unido formalmente se retirou da União Europeia, entrando no chamado "período de transição" e abrindo as negociações comerciais com o bloco, levando ao Acordo de Comércio e Cooperação UE-UK.[75][76]
Internamente seu governo tentou passar várias medidas e leis pelo legislativo. Entre as propostas, estavam leis que introduziriam a identificação obrigatória do eleitor nas eleições gerais, reformas o sistema nacional de imigração e implementação uma política de nivelamento para reduzir os desequilíbrios entre as áreas, principalmente no setor principalmente econômico. Muitas dessas iniciativas não foram adiante.[77] Apesar de defender direitos da comunidadeLGBT, ele não baniu aterapia de reorientação sexual para britânicostransgêneros.[78]
Em questões ambientais, o governo de Boris Johnson prometeu cortar as emissões deCO₂,[79] com o primeiro-ministro anunciando um plano de 10 pontos para uma "revolução industrial verde", que incluiria o fim da venda de carros e vans agasolina oudiesel até 2030.[80] Ele ainda defendeu a construção de usinas nucleares para aumentar para ampliar a matriz energética do país.[81]
Apandemia de COVID-19 teve um enorme impacto no Reino Unido; o governo britânico respondeu com várias medidas de emergência com o propósito de frear o avanço do vírus e, quando esta se tornou disponível, a distribuição em massa de vacinas. Johnson foi criticado no começo da pandemia por, entre vários motivos, resistir a tomar medidas mais restritivas para conter as infecções.[82][83] No final, quatrolockdowns foram implementados no Reino Unido, com graus variados de sucesso e em alguns momentos, o governo foi criticado por não implementar medidas mais duras nos piores momentos do surto.[84][85] A crise do COVID ajudou a deteriorar a situação econômica no Reino Unido. O país já sofria com uma alta desiqualdade de renda e aumento do custo de vida, com a pandemia exacerbando a crise com um aumento da inflação e crescimento tímido do PIB. A resposta do governo a essas crises recebeu duras críticas.[86]
Boris Johnson eVolodymyr Zelensky andando pelas ruas de Kiev, em 9 de abril de 2022.
Na política externa, Johnson apoiou oTratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia,[87] que formaria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.[88] O governo de Johnson deu importância à manutenção da "Relação Especial" com osEstados Unidos.[89][90] Em 2022, seu governo apresentou um acordo de asilo com Ruanda, pelo qual as pessoas que entram ilegalmente no Reino Unido seriam enviadas paraRuanda, que gerou grande controvérsia e protestos.[91]
Durante aInvasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, Boris Johnson foi um dos líderes mundiais mais vocais contraVladimir Putin, impondo sanções economicas contra os russos e entregando enormes quantidades de armas e equipamentos militares para os ucranianos.[92] Em abril de 2022, ele chegou a visitarKiev e se encontrou com o presidenteVolodymyr Zelensky.[93]
Em novembro de 2021 Boris Johnson apoiou uma moção para impedir a suspensão do parlamentar Owen Paterson, acusado de corrupção. A reação por parte da imprensa e do público a esta medida foi intensa, com o governo sendo obrigado a voltar atrás e permitir que uma nova moção fosse passada para suspender Paterson, o qual renunciou à sua posição no parlamento antes disso.[94] Em junho e julho de 2022, outra controvérsia surgiu, desta vez envolvendo o parlamentar Chris Pincher, que havia servido como ministro de Boris e ocupou outros altos cargos no governo. Pincher foi acusado de abuso sexual em pelo menos duas circunstâncias, mas Johnson afirmou não ter conhecimento dessas acusações quando o nomeou a uma posição em seu governo. Porém, informações surgiram indicando que isso era mentira, ao passo que Johnson teve que afirmar que, na verdade, havia se "esquecido" que tinha conhecimento dessas acusações. Muitos acusaram o primeiro-ministro de desonestidade e de mentir para o público e para o Parlamento, em mais um escândalo que começou a erodir sua popularidade.[95]
Embora o governo britânico tivesse aprovado uma série de normas sobre distanciamento social e restringindo movimentações de indivíduos, membros do governo e do Partido Conservador se encontraram para realizar festas e outros encontros sociais, incluindo em10 Downing Street e outros prédios do governo, entre 2020 e 2021. O primeiro-ministro Boris Johnson participou de várias destas festas. A notícia destes acontecimentos, que chegaram na imprensa em dezembro de 2021, atraiu a atenção da mídia e gerou controvérsias e condenações. Este incidente ficou conhecido como "casoPartygate" e derrubou a popularidade de Johnson, com muitos pedindo sua renúncia.[96] Em decorrência doPartygate, no dia 06 de junho de 2022 o partido de Boris Johnson (Conservador) realizou umamoção de desconfiança, visando removê-lo do poder. No entanto, dos 359 parlamentares do Partido Conservador (que ocupam a maioria das 650 cadeiras daCâmara dos Comuns), 211 votaram pela permanência de Johnson no cargo, e 148 pela sua saída.[97][98] Com isso, Boris Johnson permaneceu no cargo de Primeiro-Ministro e não poderia passar por outra moção nos 12 meses seguintes.[99]
Boris Johnson, em 7 de julho de 2022, anunciando sua renúncia em meio a vários escândalos e deserções em seu gabinete.
Enfrentando uma série de escândalos, como oPartygate e a acusação de que ele ignorou o caso de abuso sexual envolvendo o parlamentar Chris Pincher, vários membros do gabinete do primeiro-ministro entregaram seus cargos.[100] Johnson, após resistir inicialmente, formalizou sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro e de líder do partido Conservador, em 7 de julho de 2022, afirmando que ficaria no exercício de ambos os cargos até a escolha do novo premier.[101] Finalmente em 6 de setembro de 2022 Boris Johnson se retirou do cargo de primeiro-ministro, sendo sucedido porLiz Truss.[102]
Em 9 de junho de 2023, Johnson renunciou ao cargo de parlamentar representando Uxbridge e South Ruislip, desencadeando uma eleição suplementar para substituí-lo.[103]
No campo ideológico, Johnson descreveu-se como "Tory de uma Nação".[104] O analista político Tony Travers, daLondon School of Economics, descreveu-o como "um conservador razoavelmente clássico - isto é, peloEstado mínimo - moderadamenteeurocético" que assim como seus contemporâneosCameron eOsborne também abraçou "o liberalismo social moderno".[105] O jornalThe Guardian afirma que enquanto prefeito, Johnson havia mesclado liberalismo econômico e social,[106] enquanto oThe Economist alega que, ao fazê-lo, Johnson "transcende sua identidade conservadora" e adota uma perspectiva mais libertária.[107]
Stuart Reid, colega de Johnson noThe Spectator, descreveu as suas opiniões como sendo as de um "libertário liberal".[108] OBusiness Insider observou que, como prefeito de Londres, Johnson ganhou uma reputação de "um político liberal, de centro".[109] O biógrafo e amigo de Johnson, Andrew Gimson, disse que, embora "em assuntos econômicos e sociais, Johnson seja um liberal genuíno", ele mantém um "elemento conservador" na sua personalidade através de seu "amor pelas instituições existentes e um reconhecimento da inevitabilidade da hierarquia".[110] Sua postura liberal em assuntos como política social, imigração e livre comércio também foi observada em 2019.[111][112] Em 2019, o editor daAl Jazeera, James Brownswell, observou que, embora Johnson se tivesse "inclinado para a direita" desde a campanha do Brexit, ele permaneceu "um pouco mais socialmente liberal" do que grande parte de seu partido.[113] Em 2019, o ex-Líder do Partido Conservador,Michael Heseltine, disse que Johnson "não tem o direito de se autodenominar um conservador de uma nação" e escreveu: "Receio que quaisquer vestígios de conservadorismo liberal que ainda existam no primeiro-ministro tenham sido capturados há muito tempo pela visão do mundo de direita, de ataques aos estrangeiros, egocêntrica, que veio a caracterizar os seus colegas do Brexit".[114]
Em 1987 casou-se com Allegra Mostyn-Owen. Divorciaram-se em 1993 e doze dias depois casou-se com Marina Wheeler da qual cinco semanas mais tarde teve o primeiro filho. Tiveram quatro filhos, dois rapazes e duas moças. Teve um caso extraconjugal com Petronella Wyatt, quando este era seu diretor no The Spectator. Quando o escândalo foi tornado público, em 2004, foi demitido do seu posto de ministro-sombra das Artes. Petronella revelou ter abortado duas vezes do político.[115] Divorciou-se de Marina em Maio de 2020.[116]
De uma relação com a consultora de arte Helen Macintyre terá tido uma filha e há alegações de que seria a segunda criança concebida por Boris, em segredo e fora do matrimónio. Johnson tem sistematicamente recusado dizer sequer quantos filhos tem. «A vida pessoal de um indivíduo é preocupação dele», respondeu à BBC.[117] Em 2021, revelou que tem 6 filhos.[118]
Desde 2019 mantém uma relação com Carrie Seymonds (nascida em 17 de março de 1988) a responsável pelo fim do segundo casamento de Johnson, pois Marina Wheeler não teve alternativa quando, em setembro de 2018, a relação extraconjugal foi tornada pública pelos jornais. Contudo, este namoro não foi pacífico e os vizinhos do casal chamaram a polícia devido à gritaria entre o casal em junho de 2019.[119] Em Março de 2020, foi anunciado que se vão casar, e estão à espera de um bebé. Boris e Symonds foram o primeiro casal a viver na residência oficial do primeiro-ministro sem serem casados. Johnson se tornou o primeiro chefe do governo britânico a casar-se durante o exercício do cargo, em 250 anos.[120]
Em 27 de março de 2020, foi diagnosticado comCOVID-19 em meio apandemia da doença causada pelonovo coronavírus. "Agora estou me auto isolando, mas vou continuar a liderar a resposta do governo via videoconferência enquanto nós lutamos contra esse vírus", afirmou Boris.[121] Em 5 de abril, frente a um agravamento do quadro seus sintomas, Johnson foi transferido para umaunidade de tratamento intensivo em um hospital em Londres.[122]
Em 29 de abril de 2020, nasceu seu filho Wilfred Lawrie Nicholas.[123]
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Worthy, Ben, Mark Bennister e Max W. Stafford. "Rebels leading London: the mayoralties of Ken Livingstone and Boris Johnson compared."British Politics (2019).