Boidae é uma família de serpentes não peçonhentas encontradas nasAméricas, naÁfrica, naEuropa, naÁsia e em algumas Ilhas doOceano Pacífico. Serpentes relativamente primitivas, os adultos têm tamanho médio a grande, sendo que as fêmeas geralmente são maiores que os machos. Duassubfamílias que compreendem oitogêneros e 43espécies são reconhecidas atualmente. Os membros dessa família são chamados deBoídeos ouBoas, e são popularmente conhecidos comojiboias.[1][2] Podem ultrapassar os quatro metros de comprimento e raramente, chegar a seis metros.
Como aspítons, as boas têm ossos alongados supratemporais. Os ossos quadrados também são alongados, mas não tanto, enquanto que ambos são capazes de mover-se livremente de modo que quando eles passam lateralmente para a sua máxima extensão, a distância entre as dobradiças da mandíbula é aumentada significativamente.[3]
Ambas as famílias partilham de um número de características primitivas. Quase todos têm uma mandíbula inferior relativamente rígida com um elemento decoronóide, bem como um cinto pélvico vestigial com membros posteriores que são parcialmente visíveis como um par de esporas, uma em cada lado da abertura. Nos machos, essas esporas anais são maiores e mais visíveis do que nas fêmeas. Uma longa fila de dentes palatais está presente e a maioria das espécies têm um pulmão esquerdo funcional que pode ser de até 75% maior que o pulmão direito.[3][4]
As boas, no entanto, distinguem-se das pítons pelo fato de que nenhuma espécie possui ossos pós frontais ou dentes pré-maxilares, e que elas dão à luz filhotes vivos. Quando asfossetas loreais são presentes, estas situam-se entre as escalas em vez de sobre elas. Além disso, suas distribuições geográficas são quase inteiramente excludentes. Nas poucas áreas onde podem coexistir, a tendência é ocuparem diferentes habitats.[3]
Fóssil de Boavus idelmani, uma espécie extinta de boa
Costumava-se dizer que boas são encontrados naNovo Mundo e pítons naVelho Mundo, mas por existir espécies de boas presentes noMadagascar, nasIlhas Fiji e nasIlhas Salomão, essa afirmativa não é muito precisa; em vez disso, parece que elas sobreviveram em áreas evolutivamente isoladas. AAmérica do Sul ficou isolada até há alguns milhões de anos, com umafauna que incluiumarsupiais e outrosmamíferos distintos. Com a formação dosistmo do Panamá, para a América do Norte, há cerca de três milhões de anos, as boas migraram para o norte como as serpentes da famíliaColubridae (assim como várias mamíferosneoárticos) que migraram para o sul, como parte doGrande Intercâmbio Americano.
O nome dado peloantigo idioma Tupi para essas serpentes eramboi, que naetimologia é denotado por nomes comojiboia.Boitatá, como os antigos tupis chamavam o fenômeno do fogo-fátuo, é popularmente entendido como "serpente de fogo", apesar de isso já ter sido desmistificado[5].
A presa é morta por um processo conhecido comoconstrição; após um animal ser capturado, para contê-lo, a serpente enrola seu corpo várias vezes em volta do bicho. Em seguida, o ofídio aplica e mantém uma pressão suficiente paraasfixiar a vítima, às vezes até para quebrar os seus ossos.
Espécimes maiores costumam comer animais do tamanho de umgato doméstico. Outras presas maiores, comocapivaras ejacarés, são conhecidas para serpentes ainda maiores como aSucuri-verde (Eunectes murinus). A presa é engolida inteira e pode levar dias ou até mesmo semanas para a digestão terminar. Apesar de seu tamanho intimidante e da sua potência muscular, eles geralmente não são perigosas para os seres humanos.
Ao contrário da crença popular, até mesmo as espécies maiores não esmagam suas presas até a morte; na verdade, a presa nem mesmo fica visivelmente deformada antes de ser ingerida. A velocidade com que os 'rolos' são aplicados é impressionante e a força exercida pode ser significativa, mas a morte é provocada principalmente pela asfixia da vítima, por ela não ser capaz de mover suas costelas para respirar enquanto está sendo apertada.[6][7][8]
Segundo Dickinson College, na Pensilvânia, a pressão exercida pelas Boas na verdade mataria impedindo o oxigênio de chegar aos órgãos vitais. De acordo com o artigo publicado no Journal of Experimental Biology tal "parada circulatória" é um método muito mais eficaz, rápido e definitivo de matar a presa do que se esperava.[9]
A maioria das espécies da família Boidae éovovípara, com as fêmeas dando à luz uma vida livre. Esse é um contraste em relação à família daspítons, na qual todas botam ovos (ovíparos).
AsPítons foram algumas vezes classificadas como uma subfamília da Boidae, a Pythoninae, mas atualmente se concorda que elas constituem uma família própria, aPythonidae. Da mesma maneira, as boas de ambientes arenosos do Velho Mundo (a subfamíliaErycinae), são frequentemente listadas em uma família própria, a Erycidae. Além disso, estudos morfológicos colocaram a subfamíliaUngaliophiinae na famíliaTropidophiidae, ao passo que todas as análises moleculares colocavam-na como grupo próximo ao gêneroCharina da família Boidae.
Estudos mostraram que a constrição é um comportamento incrivelmente exigente energeticamente e quase certamente requer altas demandas de oxigênio. A capacidade de controlar qual seção de sua caixa torácica está envolvida na respiração provavelmente permitiu que as boas evoluíssem para suas formas atuais. A estratégia de respiração precisa provavelmente também ajuda as jibóias a sobreviver ao processo de engolir e digerir presas grandes, uma vez que essas refeições pesadas restringem o movimento das costelas dos animais por dentro. Por isso, uma jibóia pode ajustar rapidamente qual seção de sua caixa torácica ela usa para respirar.[10]
Referências
↑abcde«Boidae» (em inglês).ITIS (www.itis.gov). Consultado em 14 julho de 2008
↑abcMcDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, vol. 1. Herpetologists' League. 511 pp.ISBN 1-893777-00-6 (series).ISBN 1-893777-01-4 (volume).
↑abcParker HW, Grandison AGC. 1977. Snakes -- a natural history. Second Edition. British Museum (Natural History) and Cornell University Press. 108 pp. 16 plates. LCCCN 76-54625.ISBN 0-8014-1095-9 (cloth),ISBN 0-8014-9164-9 (paper).