| Biblioteca Nacional de Portugal | |
|---|---|
| Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa | |
| Organização | |
| Natureza jurídica | Serviço central da administração direta do Estado |
| Missão | Proceder à recolha, tratamento e conservação do património documental português, em língua portuguesa e sobre Portugal |
| Dependência | Governo de Portugal |
| Chefia | Diogo Ramada Curto, Diretor-geral |
| Documento institucional | Lei Orgânica da BNP |
| Localização | |
| Jurisdição territorial | |
| Sede | Campo Grande n.º 83,Lisboa 38° 45' 4" N9° 9' 9" O |
| Sítio na internet | |
| www.bnportugal.pt | |
| Notas de rodapé | |
| [1] como Real Biblioteca Pública da Corte | |

ABiblioteca Nacional de Portugal (BNP), localizada naCidade Universitária deLisboa, é a depositária do maior património bibliográfico dePortugal.
A biblioteca foi criada por alvará de29 de Fevereiro de1796, com o nome deReal Biblioteca Pública da Corte, tendo como objetivo o acesso do público geral ao seu acervo, desta forma contrariando a tendência europeia da época de disponibilizar apenas para sábios e eruditos os tesouros manuscritos e impressos da sua Biblioteca Real.
A sua localização no lado poente do jardim doCampo Grande e o projeto arquitetónico foram aprovados pelo governo deAntónio de Oliveira Salazar, devido à exiguidade doConvento de São Francisco, onde se encontrava. A arquitetura deste edifício de raiz é da autoria dePorfírio Pardal Monteiro e de grande modernidade para a época. A Torre de Depósitos, com 13 pisos [10 de livros, revistas, jornais, partituras, arquivos e documentação], é feita debetão armado e dotada de monta-livros assim como de instalação pneumática para receção de requisições. Foram integrados elementos com desenho vanguardista, como o recreio circular do pátio central exterior, para apoio a um infantário, existente entre 1974 e 2007.[1] A transferência dos materiais para o edifício atual ocorreu em 1969 e a inauguração do novo espaço, ocorreu no dia 10 de abril.[2]

A ampliação e remodelação da Torre de Depósitos, que lhe acrescentou 6 300 m², ocorreu entre 2008 e 2011, tendo ainda a remoção de importantes quantidades deamianto sido efetuada nesse período.[3]
É considerada umimóvel de interesse público.
A Biblioteca Nacional de Portugal tem como missão reunir, proteger e disponibilizar todo o conhecimento produzido em território português. Com uma coleção que ultrapassa três milhões de documentos, as suas atribuições são: reunir, conservar e difundir o património documental português. No decorrer dos seus duzentos anos, reuniu o seu acervo seja por meio dedepósito legal ou pela aquisição de obras de reconhecido valor bibliográfico ou cultural.
E considerada como centro nacional de informaçãobibliográfica e coopera com instituições congéneres nacionais e estrangeiras através daBase Nacional de Dados Bibliográficos (PORBASE),[4] por causa da sua rede de informação, que possibilita a cada utilizador o acesso aos serviços desta Biblioteca sem limite de espaço e tempo. A Biblioteca Nacional é uma das entidades fundadoras do serviçoThe European Library, que visa a disponibilizar via internet o acesso ao espólio cultural europeu.
O Fundo Geral é o mais significativo da BNP, em termos quantitativos, com um acervo que ascende a mais de 3 milhões de espécies, maioritariamente de bibliografia portuguesa, datados dos séculos XVI a XXI.
Constituído inicialmente pelos acervos provenientes da Livraria da Real Mesa Censória e dos conventos extintos em 1834, o fundo compreende secções de monografias por grandes temas, um conjunto de coleções especiais integradas por doação e ainda uma vasta colecção de periódicos portugueses e estrangeiros.
Abrange todas as publicações editadas em Portugal e recebidas por Depósito Legal desde 1931 até à atualidade, bem como as teses e outros trabalhos académicos das universidades portuguesas cujo depósito passou a ser obrigatório desde 1986.[5]
A Coleção de Periódicos compreende cerca de 50 mil títulos dejornais e outras publicações em série, dos quais 12 mil são títulos portugueses correntes e cerca de 240 estrangeiros também em publicação, com destaque para a produção brasileira.
Deste acervo fazem parte a imprensa de Lisboa e Porto de expansão nacional, a imprensa regional, o boletim paroquial, o jornal escolar, os relatórios e contas e os anuários das mais diversas empresas e instituições.
A maior parte dos jornais e revistas portuguesas referem-se aos séculos XIX e XX, existindo no entanto também jornais dos séculos XVII e XVIII, de que são exemplos aGazeta da Restauração (1640), o primeiro periódico português e aGazeta de Lisboa (1715). Os jornaisafricanos,macaenses egoeses constituem núcleos de particular interesse, apresentando títulos como oArauto Africano (Luanda, 1889), oLourenço Marques Guardian (1905), oCorreio de São Tomé (1887), a revistaClaridade (Cabo Verde, 1936),A abelha da China (Macau, 1822) ouO cronista de Tissuary (Nova Goa, 1866).
A Biblioteca Nacional de Portugal desenvolveu um programa demicrofilmagem das suas coleções, incidindo principalmente sobre jornais portugueses publicados nos séculos XIX e XX.
O conjunto de coleções globalmente designado por Reservados engloba os acervos com maior valor e importância patrimonial à guarda da BNP, que correspondem a:
A Área deManuscritos reúne atualmente seis Coleções, constituídas por documentos de biblioteca e, em menor número, por espécies de arquivo, num total de cerca de 15 066códices e cerca de 36 000 manuscritos avulsos, de diversos géneros, tipologias e proveniências, cujos limites cronológicos se situam entre os séculos XII e XX.[6]
Esta colecção compõe-se de um conjunto de obras que pela sua antiguidade e raridade assim como pelas características da edição, integram a reserva da BNP em matéria de livro impresso, num total de mais de 30 000 espécies. Compreende duas secções principais: anteriores a 1500 (incunábulos), com 1 597 títulos, em que se incluem alguns exemplares únicos no mundo e também um exemplar raro daBíblia de Gutenberg, o primeiro livro que assinala o início da produção em série e impressas a partir de 1501 (Reservados), composto pela coleção geral dos impressos raros posteriores a 1500, de que se destaca a tipografia portuguesa e espanhola (cerca 3 000 títulos) doséculo XVI, a Erasmiana (obras deErasmo como autor, editor, tradutor e anotador), a Plantiniana (obras impressas porChristophe Plantin emAntuérpia e Leiden,século XVI) e as edições Aldinas (obras do impressorAldo Manuzio e seus sucessores, impressas nos século XV e XVI) num total aproximado de 1 000 títulos e ainda um conjunto de outras coleções individualizadas segundo critérios vários como temas, impressores ou características especiais.[7]
A Área de Arquivo Histórico reúne fundos e coleções constituídas por documentos de arquivo de diversas proveniências e cujos limites cronológicos se situam entre os séculos XI e XX. Predominam os arquivos pessoais e de família, embora existam igualmente fundos ou partes de fundos da administração central e local, judiciais, notariais, eclesiásticos - sobretudo de ordens religiosas, económicos, de irmandades, confrarias e misericórdias, para além do Arquivo Histórico da Biblioteca Nacional de Portugal.[6]
Este arquivo reúne actualmente 195 espólios de escritores e outras personalidades, do século XIX e XX, onde se destacamFernando Pessoa,Eça de Queirós,Camilo Castelo Branco,Camilo Pessanha,Antero de Quental,Oliveira Martins,Mário de Sá Carneiro,Jaime Cortesão,Raul Proença,Vitorino Nemésio,Vergílio Ferreira,José Saramago,Rómulo de Carvalho,José Cardoso Pires,José Gomes Ferreira,Rúben A.,Augusto Abelaira,Fernando Namora,Sofia de Melo Breyner Andresen,Al Berto, entre outros.[6]
A colecção decartografia reúne um conjunto de cerca de 6 800 títulos de atlas, mapas e plantas, impressos e manuscritos, produzidos e ou publicados desde oséculo XVI. Embora englobe cartografia de todas as partes do globo, tem uma maior incidência nas representações de Portugal e das suas antigas colónias e domínios ultramarinos. A coleção deIconografia compreende cerca de 117 000 imagens sobre papel constituídas a partir das colecções de estampas, desenhos e registos de Santos, dada a tomada de consciência do seu valor patrimonial e para o conhecimento histórico, sociológico, artístico. Embora de âmbito universal, os temas predominantes são portugueses, e datados entre oséculo XVI e a actualidade. As colecções são permanentemente enriquecidas por Depósito Legal, compras e ofertas.[8]
A colecção de Música é um dos mais importantes acervos musicais de Portugal, especialmente relevante para a investigação histórica e musicológica. Conta com mais de 50 000 espécies, dos séculos XII a XX, de produção maioritariamente portuguesa, sendo constituída por partituras, impressas e manuscritas, livros e periódicos de temática musical, libretos, programas, cartazes, fotografias, arquivos pessoais e institucionais entre outros materiais associados à produção musical e discográfica.[9]
O serviço de Leitura para Deficientes Visuais possui e produz, desde 1969, obras em Braille e livros sonoros. Os suportes disponíveis são o papel, a fita magnética e digital, com mais de 12 500 espécies.[10]
Estes fundos e coleções resultam de incorporações resultantes daextinção das ordens religiosas, em 1834, e das que se seguiram à implantação da República, e ainda de compras e de doações.
O acesso aos fundos e coleções do Arquivo da BNP é facultado nas respectivas salas de Leitura.
O projeto do Museu do Livro foi desenvolvido porNatércia Rocha em colaboração comIsabel César Anjo.[11] O Museu do Livro foi uma exposição permanente dedicada à história do livro[12] em que constavam obras comoIlustração da Árvore Genealógica da Sereníssima casa de Bragança (Séc. VIII, por José Faria),Crónica de D. Pedro (D. Fernando) (Séc. XVI, porFernão Lopes),Compromisso da Irmandade dos Clérigos da Caridade Instituída na cidade de Lisboa (1592),Regra de Santa Clara (1523), entre outros. Já não existe. No seu espaço decorrem exposições temporárias temáticas, como por exemplo "O Japão em fontes documentais dos séculos XVI e XVII",[13] "O livro e a iluminura judaica em Portugal no final da Idade Média",[14] e "A biblioteca do Embaixador: os livros de D. García de Silva y Figueroa (1614-1624).[15]
