Imagem feito a partir de uma câmera instalada no bico de umcaçabritânicoSpitfire mostrando a aeronave abatendo um avião-bombardeiro alemãoHeinkel He 111.
ABatalha da Grã-Bretanha (emalemão: Luftschlacht um England, ou "A Batalha Aérea pela Inglaterra") foi umacampanha militar travada durante aSegunda Guerra Mundial, onde aForça Aérea Real (RAF) defendeu oReino Unido contra um série de ataques perpetrados pelaLuftwaffe, a força aérea daAlemanha Nazista. É descrita como a primeira grande campanha de guerra travada exclusivamente entre duas forças aéreas.[1] Os britânicos reconhecem a batalha como se estendendo de10 de julho até31 de outubro de1940, engolfando parte da campanha de bombardeios pesados feitos pelos alemães conhecido comoBlitz, que durou de 7 de setembro de 1940 a 11 de maio de 1941.[2] Mas historiadores alemães discordam, afirmando que as duas campanhas não eram necessariamente divididas e que tudo foi uma só operação, que duraria de julho de 1940 a junho de 1941.
O objetivo principal das forças alemãs era compelir a Grã-Bretanha a aceitar uma paz negociada. Em julho de 1940, os bloqueios aéreos e navais começaram, com a Luftwaffe atacando principalmente regiões costeiras, portos, navios e centros de produção naval, como na cidade dePortsmouth. Em 1 de agosto, a Luftwaffe foi direcionada a conquistarsuperioridade aérea sobre a RAF;doze dias mais tarde, os alemães passaram a focar seus ataques nosaeródromos britânicos e sua infraestrutura militar. Conforme a batalha prosseguia, a Luftwaffe também passou a mirar fábricas envolvidas na produção de aeronaves e outros setores industriais e infraestruturais importantes para o esforço de guerra inglês. Os alemães implementaram uma tática debombardeio deterror em áreas de significância política e com o intuito de causar danos a civis e desmoralizar o Reino Unido.
Os alemães haviam conseguido sobrepujar facilmente osPaíses Baixos, aBélgica e aFrança após uma série deataques relâmpagos, deixando o Reino Unido praticamente sozinho na Europa ocidental. O Alto Comando alemão sabia da dificuldade e impraticabilidade de um ataque anfíbio aInglaterra enquanto aMarinha Real Britânica controlasse oCanal da Mancha e oMar do Norte. Em 16 de julho, o ditador alemãoAdolf Hitler ordenou a preparação da chamadaOperação Leão Marinho, a invasão da Grã-Bretanha com forçasanfíbias eparaquedistas. Mas antes que uma invasão com infantaria pudesse ser autorizada, era crucial que a Luftwaffe conquistasse a superioridade aérea sobre os céus britânicos. Em setembro, a RAF, utilizando de bombardeios noturnos, já havia frustrado as preparações alemãs na costa e a Luftwaffe também falharia em incapacitar a força aérea britânica. Hitler se viu obrigado a adiar e posteriormente cancelar a Operação Leão Marinho. A Alemanha sofreu pesadas baixas, com muitos pilotos qualificados e bons aviões sendo perdidos, e ao final de outubro de 1940, após três meses de operações, já não tinham mais capacidade de lançar investidas aéreas diurnas sobre o Reino Unido. Contudo, os nazistas continuariam comos bombardeios noturnos sobre a Grã-Bretanha até maio de 1941. Do outro lado, os britânicos tiveram seus ânimos revigorados após impedir uma invasão alemã, mas essa vitória veio com um custo alto. Milhares de soldados e civis foram mortos, e várias cidades (especialmenteLondres eLiverpool) tiveram suas infraestruturas grandemente danificadas.
O historiadorStephen Bungay cita o fracasso da Alemanha em destruir a aviação militar e asdefesas antiaéreas britânicas para forçar umarmistício (ou rendição) do país como a primeira grande derrota alemã da Segunda Guerra Mundial e um dos pontos de virada do conflito. O nome "batalha da Grã-Bretanha" vem do discurso que o primeiro-ministroWinston Churchill fez para aCâmara dos Comuns em 18 de junho de 1940: "O que oGeneral Weygand chamou de 'Batalha da França' acabou. Eu imagino que a Batalha da Grã-Bretanha está para começar."
"Se, depois de oito dias de guerra aérea intensiva, aLuftwaffe não houver conseguido uma destruição considerável daRAF, dosportos e das esquadras inimigas, a operação (de invasão) terá que ser adiada até maio de1942".
Para tanto, Hitler dispôs nessa linha grandes quantidades de recursos militares, dentre elescaçasMe-109 ebombardeiros leves. Estes ataques tiveram, nos seus movimentos iniciais, grande êxito. Além de ataques às cidades, os generais de Hitler deram a ele a opção de bombardear importantes centros industriais britânicos, minando assim suaestrutura interna econômica.
Durante o mês de junho e o início de julho, a Força Aérea alemã revitalizou e reagrupou suas formações. Só começou o primeiro ataque maciço em10 de julho, sendo que outras datas de suprema importância se destacam15 de agosto e15 de setembro.
No tocante à qualidade dos aviões de combate, os alemães eram mais rápidos e tinham maior velocidade de subida, os britânicos eram mais manobráveis e mais bem armados. É importante lembrar que Hitler reconstruiu os caças utilizados, e, juntamente com seus generais, diminuiu os tanques dos aviões para colocar mais armamentos. Assim, ospilotos nazistas tinham que voltar àFrança para reabastecer, dando tempo à RAF de se restabelecer.
Em agosto, a Luftwaffe havia reunido 2 669 aeronaves operacionais, que abrangiam 1 015 bombardeiros, 346 bombardeiros de mergulho, 933 caças e 375 caças com armamento pesado.
Embora hoje, se lembre merecidamente o papel que os caçasSupermarine Spitfire desempenharam na batalha devido a estarem encarregados de dar combate aos caças de escolta alemães, frequentemente se esquece o importante papel do outro modelo de caça britânico, oHawker Hurricane encarregado de abater os bombardeiros. Adolf Hitler havia planejado uma invasão terrestre à Grã-Bretanha com uma força de 20 divisões. Uma grande desvantagem dos britânicos é que eles não podiam empregar todos os seus escassos recursos na defesa da sua ilha, pois era preciso manter suas posições no exterior, principalmente no Mar Mediterrâneo (Gibraltar,Malta,Chipre e outros territórios).
Destruição emLondres.Área de cobertura do sistema deradar britânico em 1940.
Numa fase mais avançada da batalha, oReino Unido chegou em situação de extrema necessidade. Não havia mais contingente de pilotos, recrutas com pouco mais de duas horas de voo eram levados a linha de frente e eram abatidos muito facilmente pelos pilotos alemães, que tinham a maiorforça aérea domundo naquela época. A resistêncianacionalista de Winston Churchill, que insuflava apopulação em discursos norádio, e também o fato da rainha Elizabeth, esposa doRei Jorge VI (e mãe da rainhaElizabeth II) não aceitarasilo político em local seguro oferecido pelosEstados Unidos, ajudavam a manter o moral da população britânica alto.
"Morrerei com meu povo", citação deElizabeth Bowes-Lyon durante os grandes ataques alemães.
Isso deveu ao uso de umatecnologia até então nova na aérea militar: oradar (ver:Chain Home). Desenvolvido pelo marechal Hugh Dowding, esta tecnologia teve função estratégica determinante pois diminuía a necessidade de aviões caças voando em função de ronda, pois passou a ser possível definir a localização dos aviões de ataque alemães minutos após sua descolagem nocontinente europeu (ver:Tecnologia durante a Segunda Guerra Mundial).
No dia25 de agosto de1940, em resposta ao bombardeio acidental da cidade deLondres, no dia anterior, pela aviação alemã, 81 bombardeiros da RAF atacaram aBerlim. O fato assombrou os berlinenses, o alto comando alemão e o próprio Hitler.
Vale lembrar que aEuropa Ocidental estava quase que completamente nas mãos dosnazistas. Enfurecido, Hitler prometeu vingança, num discurso a4 de setembro. Simultaneamente,Hermann Goering, comandante da Luftwaffe, recebeu ordens para arrasar Londres. A Alemanha acreditava que a destruição dacapital britânica arrasaria o moral do povo e poderia levar o país à capitulação. A chamadablitz começou a7 de setembro.
A determinação do comando alemão em revidar o ataque aéreo a Berlim, teve papel decisivo na batalha. Isto porque pela primeira semana de setembro, o comando de caça aéreo britânico encontrava-se a beira do colapso.[3] Tendo até então concentrado seus ataques aos aeródromos da RAF e estações de radar, o objetivo da Luftwaffe em obter superioridade aérea para preparar uma invasão (conforme o plano original daOperação Leão Marinho), havia sido atingido.[4] No entanto, tal superioridade não podia ser mantida indefinidamente, sem um prosseguimento do plano original. Assim, na prática a determinação do comando alemão em "castigar" os britânicos, tentandocoergir-los a um acordo de paz através de uma campanha deterror aéreo, selou o destino da batalha.[5]
Os alemães mudaram os seus alvos: além de Londres passaram a atacar outras cidades, com resultados semelhantes: muita destruição, mas nada de arrefecer o espírito de resistência britânico, dando tempo para que a RAF pudesse se recompor, a ponto de causar perdas entre os aviões bombardeiros alemães, que tornaram impraticável o prosseguimento da ofensiva aérea nazista. Disto resultou tanto a reviravolta da batalha nos meses de setembro e outubro, quanto para os nazistas, mais do que na sua primeira derrota militartática, uma derrota políticaestratégica, quando ao se desgastarem se concentrando em um objetivo abstrato: destruir o moral do povo britânico, se desviaram de um objetivo militar prático: a obtenção da superioridade aérea como preparação de uma invasão. O que gerou dúvidas a respeito da eficácia e objetividade do poderio alemão, mesmo entre líderes simpatizantes a Hitler, comoFranco ePétain.[5][6]
Em retrospectiva, aBatalha da Inglaterra é considerada encerrada em 31 de outubro de 1940, quando o comando alemão"adiou indefinidamente" os bombardeios diurnos em larga escala sobre o Reino Unido,[8] embora os noturnos tenham prosseguido esporadicamente até as vésperas daOperação Barbarossa.[5]
Em termos numéricos, a RAF perdeu 1 023 aviões (todos caças), enquanto a Luftwaffe 1 887 (dos quais, 873 caças).[9] Assim, no total a RAF levou vantagem na razão de 1,8, embora nos registros de combates caça-caça a relação se inverta, tendo sido superada pela Luftwaffe na razão de 0,85, descendo ainda a 0,64 quando se tratou de combate entre caças monomotores.[5]
Na defesa aérea do Reino Unido, entre 10 de Julho e 31 de Outubro, do lado britânico contou-se 544 mortos militares, entre os quais além de 402 aviadores britânicos, 5 belgas, 7 tchecos, 29 poloneses, 3 canadenses e 3 neozelandeses. Os mortos alemães, incluindo os tripulantes de bombardeiros chegaram a 2 698. No entanto, os maiores números de mortes foram civis. Dentre os britânicos, que tiveram o maior número de mortos civis nesta batalha, estima-se cerca de 40 mil mortos civis e 46 mil feridos e mutilados.[5]
Modelo: Mk VA (Durante a Batalha da Inglaterra os ingleses somente utilizavam os modelos I e II do Spitfire. O Mk VA foi posterior. Utilizaram também o Hawker Hurricane)
Envergadura: 11,23 m
Comprimento: 9,12 m
Altura: 3,02 m
Peso: 2 267 kg (vazio) e 2 911 kg (carregado)
Motor: Rolls Royce Merlin 45, V12 (1 487 hp)
Velocidade Máxima: 594 km/h
Teto Máximo: 11 125 m
Alcance Normal: 675 km
Armamento: 8 metralhadoras Browning de 7,7 mm (0,303 pol.)
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