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José Maria da Silva Paranhos Júnior | |
|---|---|
José Maria da Silva Paranhos Júnior | |
| Ministro das Relações Exteriores | |
| Período | 3 de dezembro de1902 a10 de fevereiro de1912 |
| Presidente | Rodrigues Alves Afonso Pena Nilo Peçanha Hermes da Fonseca |
| Antecessor(a) | Olinto de Magalhães |
| Sucessor(a) | Lauro Müller |
| Embaixador do Brasil na Alemanha | |
| Período | 16 de abril de1901 a10 de novembro de1902 |
| Nomeação por | Campos Sales |
| Antecessor(a) | Cyro de Azevedo |
| Sucessor(a) | José Pereira da Costa Motta |
| Cônsul Geral do Brasil emLiverpool | |
| Período | 1876 a1893 |
| Deputado Geral porMato Grosso | |
| Período | 11 de maio de1869 a10 de outubro de1875 |
| Dados pessoais | |
| Nome completo | José Maria da Silva Paranhos Júnior |
| Nascimento | 20 de abril de1845 Rio de Janeiro (Município Neutro) Império do Brasil |
| Morte | 10 de fevereiro de1912 (66 anos) Rio de Janeiro,Distrito Federal Brasil |
| Progenitores | Mãe: Teresa de Figueiredo Faria Pai:José Maria da Silva Paranhos |
| Alma mater | Faculdade de Direito do Recife |
| Cônjuge | Marie Philomène Stevens |
| Filhos(as) | Paulo do Rio BrancoClotilde da Silva Paranhos do Rio Branco (c. 1873 - ) |
| Partido | Conservador |
| Profissão | Diplomata,cônsul, político, advogado, geógrafo e historiador |
| Assinatura | |
| Títulos nobiliárquicos | |
| Barão do Rio Branco | 30 de maio de 1888 |
José Maria da Silva Paranhos Júnior, oBarão do Rio Branco (Rio de Janeiro,20 de abril de1845 – Rio de Janeiro,10 de fevereiro de1912), foi umadvogado,diplomata,geógrafo,[1] professor,nobre, jornalista ehistoriadorbrasileiro, patrono da diplomacia brasileira.
Bacharel em Direito pelaFaculdade de Direito do Recife, ingressou nos estudos jurídicos ainda em 1862, naFaculdade de Direito de São Paulo, transferindo-se posteriormente para a instituição pernambucana. Filho deJosé Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, é uma das figuras mais importantes da história doBrasil. Foiindicado ao Prêmio Nobel da Paz, em 1911.
Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo com menos de 17 anos. Embora tivesse preferência pelos estudos de história e jornalismo, ele e seu pai consideravam essencial o bacharel de Direito para futuras pretensões profissionais. Durante os estudos, ganhou fama de boêmio, por frequentemente participar de eventos na noite paulista e carioca. Com medo que tal fama entre a aristocracia pudesse prejudicar a carreira profissional de Paranhos Júnior, seu pai enviou-o para aFaculdade de Direito de Olinda para terminar seus estudos.[2]
Iniciou-se nasletras em 1863, nas páginas da "Revista Popular", com umabiografia sobreLuís Barroso Pereira, comandante dafragata Imperatriz. Posteriormente, em 1866, narevistal'Illustration, desenhou e escreveu sobre aguerra do Paraguai, defendendo o ponto de vista do Brasil. Em 1867 ganhou uma quantidade razoável de dinheiro na loteria e saiu em viagem para a Europa, passando um tempo considerável em Portugal, de onde veio sua família.[2] Em 1868, de volta ao Rio de Janeiro, substituiu por três mesesJoaquim Manuel de Macedo comoprofessor nacadeira decorografia ehistória do Brasil, noColégio Pedro II.
Iniciou-se na carreira política comopromotor público nacomarca deNova Friburgo (1868), mas não se adaptou à vida longe do Rio de Janeiro. Em 1868, com a volta do Partido Conservador ao poder, seu pai assumiu o cargo de Ministro de Negócios Estrangeiros, durante o gabinete Itaboraí. Facilitado por suas conexões dentro do partido, elegeu-sedeputado geral representando aprovíncia deMato Grosso,[3] ainda que nunca tivesse estado na província.[2] Permaneceu no cargo de deputado de 1868 a 1875, período de duas legislaturas. Em 1872 foi um dos fundadores eredator do periódicoA Nação,[4] tendo colaborado, a partir de 1891, noJornal do Brasil.

Em 1875, o falecimento de Mendonça Franco deixou vago o cargo decônsul-geral, emLiverpool. O cargo era de grande prestígio e oferecia grandes ordenados, em razão da importância do porto da cidade. Vários candidatos cobiçavam ao cargo, incluindo oBarão de Santo Ângelo e Paranhos Júnior. A seu favor, Paranhos Júnior tinha a influência de seu pai, que havia acabado de deixar o cargo dechefe de gabinete, a amizade do seu substituto,Duque de Caxias, e do ministro da fazenda,Barão do Cotegipe.[2] Além de amigo do Visconde do Rio Branco, o Duque de Caxias tinha grande afeição por Paranhos Júnior, em parte, devido à descrição feita pelo jovem da batalha de Humaitá para a revistal'Illustration.[2] Com a saúde debilitada de Caxias, a família Paranhos tinha pressa de assegurar a nomeação, uma vez que caso o gabinete seguinte fosse liberal, Paranhos Júnior não teria o apoio político necessário. A primeira tentativa foi recusada pordom Pedro II, sem dar motivos.[2] Entendia-se que o imperador não gostava de Paranhos Júnior naquele momento em razão da sua fama de boêmio e de sua participação namaçonaria carioca. A segunda tentativa foi feita depois que dom Pedro II viajou aosEstados Unidos, e foi novamente recusada, dessa vez pelaprincesa regente Isabel. Após ser revelada a iminência da nomeação de Barão de Santo Ângelo para o cargo, Cotegipe, com a autorização de Duque de Caxias, partiu para a terceira tentativa: ou a nomeação de Paranhos Júnior seria feita ou o Gabinete renunciaria.[2] Para evitar uma crise institucional enquanto seu pai viajava, a princesa Isabel cedeu e o nomeou para o cargo.
Em 1872, vivendo no Rio de Janeiro, conheceu Marie Philomène Stevens, uma atriz belga de pouca instrução, que tinha 22 anos a época. Dada a condição social de Paranhos Júnior, parte da aristocracia, o casamento entre os dois não era uma opção. Ainda assim, Marie engravidou e teve, ao longo de todo o relacionamento, 5 filhos com o Barão do Rio Branco. Quando recebeu o cargo de cônsul-geral em Liverpool, Paranhos Júnior levou Marie e os filhos paraParis, onde viveriam o resto da vida. Somente em 1890 os dois se casaram, com cerimônia realizada em Londres. Marie faleceu em 1898.[2]
O relacionamento com Marie não impediu que Paranhos Júnior se apaixonasse pela sobrinha do Duque de Caxias, Maria Bernardina, que tinha 15 anos na época. As pretensões de Paranhos Júnior, porém, foram interrompidas por sua viagem a Liverpool e pelo seu relacionamento com Marie, com quem já tinha três filhos quando conheceu Maria Bernardina.[2]

Cônsul-geral emLiverpool a partir de 1876, foi comissário do Brasil na Exposição Internacional deSão Petersburgo em 1884,[4] superintendente em Paris dos serviços de imigração para o Brasil em 1889[4] e ministro plenipotenciário emBerlim em 1900,[5] assumindo oMinistério das Relações Exteriores de 3 de dezembro de 1902 até sua morte, em 1912. Ocupou o cargo ao longo do mandato de quatro presidentes da república — governos deRodrigues Alves,Afonso Pena,Nilo Peçanha eHermes da Fonseca — configurando-se uma unanimidade nacional em sua época.
Recebeu o título de barão do Rio Branco em 30 de maio de 1888. Inicialmente, receou em utilizar o título por medo de retaliações caso a monarquia fosse deposta, mas foi convencido por amigos a assinar como barão do Rio Branco. Após o advento da república, Paranhos Júnior seguiu assinando com o título que remetia a seus valores monárquicos e a seu pai, Visconde do Rio Branco.[6]

Sua maior contribuição ao país foi a consolidação dasfronteiras brasileiras, em especial por meio de processos dearbitramento ou de negociações bilaterais, conseguindo incorporar definitivamente ao Brasil 900 mil quilômetros quadrados,[7] destacando-se três questões defronteiras:
AIntrusão Francesa no Amapá, em maio de 1895, resultou em um massacre[8] (ver:Francisco Xavier da Veiga Cabral). Após o incidente, o Barão obteve uma vitória sobre aFrança sobre a fronteira doAmapá com aGuiana Francesa. A causa foi ganha pelo Brasil em 1900, numaarbitragem conduzida pelo presidente daSuíça,Walter Hauser.[9] A fronteira foi definida norio Oiapoque.
Em 1895 assegurou para o Brasil boa parte do território dos estados deSanta Catarina eParaná, emlitígio contra aArgentina no que ficou conhecido como aquestão de Palmas. Essa primeira arbitragem foi decidida pelo presidente norte-americanoGrover Cleveland, e teve como opositor pelo lado da ArgentinaEstanislau Zeballos, que mais tarde se tornou ministro do exterior argentino e durante muito tempo acusou Rio Branco de perseguir uma políticaimperialista.

Foi o prestígio obtido nesses dois casos que fez com queRodrigues Alves escolhesse Paranhos para o posto máximo dadiplomacia em 1902, quando o Brasil estava justamente envolvido em uma questão de fronteiras, desta vez com aBolívia.
Esta tentavaarrendar uma parte do seu território a umconsórcio empresarialanglo -americano. A terra não era reclamada pelo Brasil, mas era ocupada quase que integralmente porcolonosbrasileiros, que liderados porPlácido de Castro resistiam às tentativas bolivianas de expulsá-los, episódio que ficou conhecido como "Revolução Acriana".
Em 1903, assinou com a Bolívia otratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território doAcre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado àcapital daquele território (hojeestado). Em 1909, após 6 anos de negociação e tensões com o governo doPeru, assina oTratado Velarde-Rio Branco, consolidando a posse brasileira do Acre perante o Peru.

Negociou com oUruguai ocondomínio sobre oRio Jaguarão e aLagoa Mirim, essencialmente uma concessão voluntária do Brasil a um vizinho que necessitava daqueles canais. Por essa razão, foi homenageado pelo governo do Uruguai, sendo conferido seu nome à antiga Pueblo Artigas, hoje cidade deRio Branco, no departamento deCerro Largo, vizinha da brasileiraJaguarão.
O município deParanhos, noMato Grosso do Sul, localizado na fronteira com oParaguai foi batizado em sua homenagem.

Em1905, sugeriu ao entãoministro da guerra,Hermes da Fonseca, o envio demilitaresbrasileiros aoImpério Alemão com o objetivo de estes receberemtreinamento militar avançado.[10] Tal sugestão foi aceita pelo ministro e, de volta ao Brasil, estes militares passaram a ser conhecidos como os "Jovens Turcos".[10]
Em 1908, então no Rio de Janeiro, convidou o engenheiroAugusto Ferreira Ramos a projetar um sistema teleférico que facilitasse o acesso ao cume doMorro da Urca, conhecido mundialmente como oBondinho do Pão de Açúcar.
Em 1909, seu nome foi sugerido para a sucessão presidencial do ano seguinte.[11] Rio Branco preferiu declinar de qualquer candidatura que não fosse de unanimidade nacional.
Seu filho,Paulo do Rio Branco, foi um proeminente jogador derugby do Brasil naFrança.[12]
Sofrendo de problemas renais, pediu demissão de seu cargo, o que foi negado pelo presidenteHermes da Fonseca.
Em seus últimos instantes de vida, lamentou obombardeio da capitalbaiana,Salvador, motivado por umacrisepolítica e ocorrido em 10 de janeiro de 1912.[13]
Sua morte, durante o carnaval de 1912, alterou o calendário da festa popular naquele ano, dado o luto oficial e as intensas homenagens que lhe renderam na cidade do Rio de Janeiro.

| “ | Morreu ontem o Barão do Rio Branco. Há dias a sua vida era a agonia prolongada pelos recursos da ciência. A cidade, os estados, o país inteiro, as nações vizinhas, a América, o mundo indagavam ansiosa da saúde do grande homem. E o grande homem caíra para não se levantar. Fora com um imenso soble, que resistindo anos e anos ao vendaval e a intempérie, dominando a vida, de repente estala e cai. Dizer do Barão do Rio Branco uma rápida impressão de dor, de luto, de lágrimas, quando o país inteiro soluça é bem difícil. E sua obra foi enorme e grandiosa. Ele teve duas vidas: a do jornalista de talento que se fez cônsul e a do cônsul que se transformou no maior dos brasileiros pelo seu desinteressado amor à Pátria, e no maior dos diplomatas contemporâneos pelo seu alto espírito, pela alta compreensão da função que exercia. Ele foi o dilatador do Brasil, alargando-o e aumentando-o em terras, graças ao seu engenho, sem um leve ataque à justiça e ao seu direito. | ” |
—(Gazeta de Notícias, 11 de fevereiro de 1912)[14]. |
Por ajudar na consolidação do território nacional sempre buscando soluções pacíficas para os conflitos com os vizinhos do Brasil o Barão do Rio Branco é considerado opatrono da diplomacia brasileira.
Seu corpo foi sepultado nojazigo de seu pai, noCemitério do Caju.

Além dos municípios deRio Branco (Acre) eRío Branco (Uruguai), o município deParanhos, no Mato Grosso do Sul – que faz fronteira com o Paraguai, também foi nomeado em sua homenagem.[15]
Foi o segundo ocupante da cadeira 34 daAcademia Brasileira de Letras. Foi eleito em 1º de outubro de 1898, sucedendoJoão Manuel Pereira da Silva. Foi presidente doInstituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1907-1912) e escreveu dois livros.[16]
O famosoInstituto Rio Branco, centro de ensino superior que forma diplomatas de carreira, foi fundado em 1945 como parte das comemorações do centenário de Paranhos Júnior. Está localizado emBrasília, atrás doPalácio Itamaraty.[17] No mesmo ano, Paranhos Júnior foi oficialmente declarado Patrono da Diplomacia Brasileira.[18] Sua data de nascimento, 20 de abril, tornou-se o Dia do Diplomata no país.[19]
AOrdem do Rio Branco foi instituída pelo PresidenteJoão Goulart, pelo Decreto n° 51.697, de 5 de fevereiro de 1963.[20] Destina-se a premiar aqueles que merecem reconhecimento do Governo Brasileiro, estimulando a prática de ações e feitos dignos desta honraria, bem como a distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas. Pode ser conferida a pessoas físicas ou jurídicas, nacionais e estrangeiras.[21]
Por força da Lei Federal nº 12.502, de 2011, oCongresso Nacional do Brasil decretou a inscrição do Barão do Rio Branco noLivro dos Heróis e Heroínas da Pátria, cenotáfio localizado dentro do Panteão Tancredo Neves da Pátria e da Liberdade, em Brasília, criado para homenagear a memória das pessoas que melhor serviram à Pátria em sua defesa e construção.[22]
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| Precedido por João Manuel Pereira da Silva (fundador) | 1898 — 1912 | Sucedido por Lauro Müller |
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