Banana,pacoba oupacova[1] é umapseudobaga dabananeira, uma plantaherbácea vivazacaule da famíliaMusaceae (géneroMusa - além do géneroEnsete, que produz as chamadas "falsas bananas"). São cultivadas em 130 países. Originárias dosudeste da Ásia são atualmente cultivadas em praticamente todas as regiõestropicais do planeta.
Vulgarmente, inclusive para efeitos comerciais, o termo "banana" refere-se às frutas depolpa macia e doce que podem ser consumidas cruas. Contudo, existem variedades de cultivo, de polpa mais rija e de casca mais firme e verde, geralmente designadas porplátanos, emlíngua espanhola,banana-pão oubanana-da-terra, em português, ouplantains, em inglês, que são consumidas cozinhadas (assadas, cozidas ou fritas), constituindo o alimento base de muitas populações de regiões tropicais. A maioria das bananas para exportação é do primeiro tipo, ainda que apenas 10 a 15 por cento da produção mundial seja paraexportação, sendo osEstados Unidos e aUnião Europeia as principais potências importadoras.
As bananas formam-se emcachos na parte superior dos "pseudocaules" que nascem de um verdadeiro caule subterrâneo (rizoma ou cormo) cuja longevidade chega a 15 anos ou mais. Depois da maturação e colheita do cacho de bananas, o pseudocaule morre (ou é cortado), dando origem, posteriormente, a um novo pseudocaule.
As pseudobagas formam-se em "pencas" com até cerca de vinte bananas. Os cachos de bananas, pendentes na extremidade do falso caule da bananeira, podem ter 5 a 20 pencas e podem pesar de 30 a 50 kg. Cada banana pesa, em média, 125g, com uma composição de 75% de água e 25% de matéria seca. Bananas são fonte apreciável devitamina A,vitamina C,fibras epotássio.
Ainda que as espécies selvagens apresentem numerosas sementes, grandes e duras, quase todas as variedades de banana utilizadas na alimentação humana não têm sementes, como frutospartenocárpicos que são, exceção feita à espécieMusa balbisiana, comercializada no mercadoindonésio, excepcionalmente com sementes.
Devido ao elevado teor de potássio em sua composição, as bananas são levementeradioativas,[2][3] mais do que a maioria dos outros frutos, sendo, inclusive, uma fonte natural deantimatéria (ela produz, em média, umpósitron aproximadamente uma vez a cada 75 minutos).[4] Isso se deve à presença doisótopo radioativopotássio-40 (40K), regularmente distribuído nopotássio ocorrente na natureza, apesar de que oisótopo comum,potássio-39 (39K), seja não-radioativo. Por esta razão, os ambientalistas em energia nuclear, por vezes, costumam referir-se à "dose equivalente em banana" de radiação para apoiar seus argumentos durante debates em congressos e encontros sobre a matéria.[5][6] Embora a radioatividade da banana seja muito leve, todavia, grandes carregamentos da fruta em navios podem ser suficientes para disparar detectores ou sensores de radiação em determinadas circunstâncias.[7]
Etimologia
"Banana" é um termo derivado do português, ela própria emprestada dosBantus daGuiné, na expressão portuguesa relatada em 1602 "Figueira Banana" ("figueira com bananas") naGuiné.[8] "Pacoba" e "pacova" se originaram do termotupipa'kowa, que significa "folha de enrolar".[9]
Características
Generalidades
É de cor verde, quando imatura, chegando aamarela ouvermelha, quando madura. Seu formato é alongado, podendo, contudo, variar muito na sua forma a depender das variedades de cultivo. Essa variação também acontece com a polpa, que pode ser mole ou dura, ou ainda com incrustações meio duras, bem como de sabor mais doce ou mais acre. Assim como oabacaxi, a banana também é frutopartenocárpico, pois pode formar-se semfecundação prévia. É por isso que não possuisementes. Depois de cortada, a banana escurece-se muito rapidamente, devido àoxidação (pela presença dapolifenoloxidase) em contato com o ar.
A espécieMusa balbisiana, comercializada no mercadoindonésio contém, excepcionalmente, sementes, e é considerada uma das espécies ancestrais das actuais variedades híbridas das bananas geralmente consumidas.
Da parte inferior do cacho da banana ainda imaturo (ou verde, como se usa dizer), sai um pendão e, em seu extremo, destaca-se um cone de coloração e consistência diferenciadas, que é a flor da bananeira. Popularmente, a flor da bananeira é chamada de umbigo [do cacho] da banana, coração da bananeira, mangará ou apenas umbigo da banana, que, cozido e preparado com outros ingredientes, é comestível de requintado sabor e alto valor nutricional.
Do cacho da banana sai um pendão. No final deste, há um cone roxo. Seu miolo é comestível e é conhecido como umbigo de banana, podendo também ser chamado de coração da bananeira.[11]
Várias receitas culinárias usam o umbigo da banana: cozido com bacalhau, ou carne moída, ou linguiça de porco defumada; temperado e refogado simples; entre outras.
A tradição popular reporta ainda outros usos para o umbigo da banana. Alguns preparados caseiros com fins medicinais, como xaropes, são considerados eficazes.[12]
Para ser utilizado como comestível (ou em preparações medicinais caseiras), o umbigo da banana precisa ser cortado, na posição certa (não muito próximo das pencas, apenas o bastante para se retirar o cone arroxeado do cacho ainda imaturo ou verde), o que favorece, pelo fluxo forçado da seiva, o amadurecimento do próprio cacho. Do cacho já maduro, não mais se aproveita o umbigo da banana, que terá escurecido e perdido o viço e uso culinário ou medicinal, aproveitando-se apenas como adubo.
Flor da bananeira
Cacho de bananasverdes ainda na bananeira, já sem o "umbigo" da banana
Casca da banana
Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar. São diversos os exemplos pelos quais se pode aproveitá-la, como o brigadeiro de casca de banana, o bolo de casca de banana, a farinha, obife empanado de casca de banana e vários outros.
Valor nutricional
Valor nutritivo de 100 gramas debanana prata (valores apenas referenciais):
O cultivo de bananas pelo Homem teve início no sudeste da Ásia. Existem ainda muitas espécies de banana selvagem naNova Guiné, naMalásia,Indonésia eFilipinas. Indícios arqueológicos e paleoambientais recentemente revelados emKuk Swamp, na província dasTerras Altas Ocidentais da Nova Guiné, sugerem que esta actividade remonta pelo menos a até5 000 a.C., ou mesmo a até8 000 a.C.. Tais dados tornam, esse local, o berço do cultivo de bananas. É provável, contudo, que outras espécies de banana selvagem tenham sido objecto de cultivo posteriormente, noutros locais do sudeste asiático.
A banana é mencionada em documentos escritos, pela primeira vez na história, em textosbudistas de cerca de600 a.C.. Sabe-se queAlexandre, o Grande comeu bananas nos vales daÍndia em327 a.C.. Só se encontram, porém, plantações organizadas de banana a partir doséculo III naChina. Em 650, os conquistadoresIslâmicos levaram-na àPalestina. Foram, provavelmente, os mercadoresárabes que a divulgaram por grande parte deÁfrica, provavelmente até àGâmbia. A palavrabanana teve origem na África Ocidental e, adoptada pelos portugueses e espanhóis, veio a ser usada, por exemplo, nalíngua inglesa.
Nos séculos XV e XVI, colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. Mas elas permaneceram desconhecidas, por muito tempo, da maior parte da população europeia. Por isso,Júlio Verne, na obra "A volta ao mundo em oitenta dias" (1872), descreve-a detalhadamente, pois sabe que grande parte dos seus leitores a desconhece.
Ilustração publicada no "Acta eruditorum", em 1734
Variedades e usos
Uma compilação dos nomes das espécies, subespécies, híbridos, variedades, assim como de nomes vulgares utilizados em várias línguas, é mantida na Universidade de Melbourne, Australia,[13] demonstrando que os nomes vulgares são apenas locais e não correspondem a espécies, nem a cultivares reconhecidos.
Entre as bananas de mesa, contam-se as variedadesmaçã,ouro,prata enanica (anã, baé, caturra, ouDwarf Cavendish). Esta última deve o seu nome ao porte da bananeira sendo, na verdade, uma banana de grande dimensão. Outras variedades incluem a banana dasCanárias, a banana daMadeira, aGros Michel, aLatacan, aNanican e aGrande Anã. A variedadeCambuta, como é designada emCabo Verde, é resistente em climas mais frios, sendo a mais utilizada em zonas subtropicais e temperadas/quentes. A variedadeValery, introduzida pelos portugueses emSão Tomé, em 1965 e depois emAngola, foi responsável por um surto na produção de bananas nesse país até 1974.
A banana, enquanto verde, é constituída essencialmente porágua eamido, e, por isso, seu sabor é adstringente. Contudo, por essa mesma razão, pode ser utilizada como fonte dehidratos de carbono em vários pratos. Pode ser produzidafarinha a partir de bananas verdes. À medida que vão amadurecendo, o amido transforma-se em açúcares mais simples, como aglicose e asacarose, que lhe dão o sabor doce.
Além de consumida fresca, a banana é utilizada para diversos fins. Em sobremesas de colher, citam-se obanana split, ou mesmo asbananadas, feitas combanana-anã ou com banana-prata. Banana é também ingrediente indispensável na conhecidasalada de frutas (ainda que oxide facilmente), podendo, também, ser utilizada na confecção desangria. A fruta também é o principal ingrediente do chamadobanana bread, conhecido também como "pão de banana". Mas abanana-pão é muito utilizada para outros fins culinários, como na confecção debanana chips — espécie deaperitivo feito com rodelas de banana desidratada ou frita, ou como acompanhamento de diversos pratos tradicionais. As bananas anã e prata são frequentemente servidas cruas, misturadas comarroz e feijão ou com outros acompanhamentos. Em alguns locais doBrasil, como emAntonina e cercanias, serve-sebanana-da-terra crua acompanhando o prato típico da região — obarreado —, bem como na forma de "bala de banana". NoRio de Janeiro e emPernambuco, o cozido é composto por carnes,tubérculos elegumes, além de banana-da-terra e banana-nanica. No sul deMinas Gerais, é famoso ovirado de banana-nanica, que conta também com farinha demilho equeijo mineiro. No litoral norte deSão Paulo, o prato principal da culináriacaiçara chama-se "azul-marinho" e é constituído por postas depeixe cozidas com banana-nanica verde sem casca, acompanhadas de umpirão feito com o caldo do peixe, banana cozida amassada e farinha demandioca. Esta comunidades também produzem, tradicionalmente,aguardente de banana.
Chips de bananaFabricação tradicional de sumo de banana emRuanda.
Abanana-da-terra e abanana-figo são utilizadas fritas, tal como abanana-anã, que deve, contudo, ser preparada àmilanesa — isto é, passada por ovo batido e, depois, por farinha de trigo e farinha de rosca antes de ser frita, caso contrário, desmancha-se durante a fritura. A banana-anã é ainda utilizada para assar.
A produção de sumo a partir de banana é dificultada pelo facto de se produzir apenas polpa quando o fruto é esmagado. Assim, não é possível obter "verdadeiro" sumo de banana, ainda que a sua polpa possa ser misturada ao sumo de outros frutos. Existem, contudo, sumos fermentados feitos a partir da polpa. Esta pode ainda ser utilizada na confecção de diversas compotas (especialmente com banana-figo e banana-anã).
Existem relatos de que seria usada, esmagada commel, como remédio contra aicterícia em determinadas regiões asiáticas (onde o rizoma da bananeira é utilizado para o mesmo fim). Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar.
É ainda muito utilizada na alimentação de animais. É proverbial seu uso na alimentação dos macacos. Salienta-se, porém, que a banana jamais deve ser utilizada como única fonte de alimentação de macacos, pois contém pouco cálcio e muito fósforo,[15] causando desequilíbrio alimentar bastante comum, que prejudica a formação e a manutenção da estrutura óssea dos animais.
Fonte de fibras
A bananeira tem sido uma fonte de fibra para tecidos de alta qualidade. No Japão, o cultivo de banana para vestuário e uso doméstico remonta pelo menos ao século XIII. No sistema japonês, folhas e brotos são cortados a partir da planta periodicamente para garantir a suavidade. Brotos colhidos são cozidos em primeiro em soda cáustica para preparar fibras para fazer fios têxteis. Esses brotos de banana produzem fibras de diferentes graus de maciez, produzindo fios e tecidos com diferentes qualidades para usos específicos. Por exemplo, as fibras ultraperiféricas da brotos são mais rudes, sendo adequados para toalhas de mesa, enquanto as fibras mais suaves da parte interna são desejáveis paraquimonos ehakamas. Este tradicional processo japonês de fazer roupas requer muitos passos, todos feitos à mão.[16]
No sistemanepalês, ao contrário, o tronco é colhido e pequenos pedaços são submetidos a um processo de amaciamento, extração de fibras mecânicas, branqueamento e secagem. A seguir, enviam-se as fibras para oVale de Katmandu, para uso emtapetes deseda com textura semelhante. Esses tapetes de fibra de bananeira são tecidos a mão pelos tradicionais métodos nepaleses e suas vendas são certificadas.
Transporte e comercialização
Transporte de bananas
Apesar de o consumo das bananas ser prático e simples, o seu transporte, contudo, é delicado e requer cuidados especiais — amadurece rapidamente quando retirada de seucacho e amassa com facilidade por ter umacasca não muito resistente. Além disso, como é uma fruta muito aromática, transfere o seu odor para objetos que com ela entrem em contato. A maior parte da produção para o mercado interno é constituída por bananas verdes para cozinhar oubananas-pão - as variedades utilizadas como fruta são facilmente danificadas durante o seu transporte, mesmo quando transportadas apenas no seu país de origem.
As variedades comerciais de sobremesa mais consumidas nas regiões temperadas (espéciesMusa acuminata ou o gênerohíbridoMusa X paradisiaca) são importadas em larga escala dostrópicos. São muito populares também devido ao facto de constituírem uma fruta não sazonal, que pode ser consumida fresca durante todo o ano. No comércio global, a variedade de cultivo de maior importância económica é, de longe, a chamada bananabanana-cavendish (banana-caturra, em cultura lusófona), que superou em popularidade, na década de 1950, a variedadeGros Michel, depois de esta ter sido dizimada pelomal-do-panamá, umfungo que atacava raízes das bananeiras.
Tal como acontece com outros tipos de fruta, é comum que o mercado internacional seja monopolizado por pouco mais de uma variedade. Isso não se deve, contudo, ao sabor, mas às facilidades de transporte e de duração em armazenamento: de facto, as variedades mais comercializadas raramente são mais saborosas que outras menos cultivadas por razões económicas. Asinfrutescências (cachos) são colhidas quando estão plenamente desenvolvidas, se se destinarem ao mercado interno. Se forem para exportação, são colhidas ainda verdes e com cerca de 3/4 do tamanho que poderiam atingir, amadurecendo em armazéns destinados para esse efeito no país onde serão consumidas.
O momento da colheita exige grandes cuidados de modo a não machucar as bananas que perdem atractividade e qualidade se apresentarem manchas provocadas pelos choques. Os cachos são, então, despencados, ou seja, separados nas pencas que os constituem, rejeitando-se as pencas das extremidades (cerca de 25 por cento da produção), por serem mais sujeitas aos choques durante o seu transporte, bem como pela sua forma e tamanho pouco adequado para a comercialização e para um eficaz acondicionamento. Esses excedentes podem ser utilizados pela indústria transformadora de alimentos, na produção de "purés", polpas para a confecção de sumos (fermentados ou não) ou na alimentação de animais. Em muitos casos, os excedentes são, simplesmente, deitados fora.
As pencas são postas, então, em repouso para que exsudem a seiva em excesso, sendo depois lavadas e mergulhadas numa solução fungicida que evitará o apodrecimento a partir dos cortes. As pencas podem ainda ser cortadas em grupos (clusters) mais pequenos, de modo a aumentar a quantidade de fruta embalada por unidade de volume, geralmente em caixas de cartão que podem ser envolvidas por sacos de polietileno e que são embarcadas, salvo raras excepções, nos chamados "barcos fruteiros". Para retardar o amadurecimento, é necessário renovar o ar no local de transporte, para retirar oetileno,hormona produzida pelas bananas e que acelera a sua maturação.
Para induzir o amadurecimento das bananas, o ambiente do armazém pode ser preenchido com etileno. Contudo, se o fruto for comercializado verde, permitindo a maturação mais lenta, o sabor tornar-se-á mais agradável, e a polpa, mais firme, ainda que a casca possa ficar manchada de amarelo escura ou castanho. O sabor e a textura são, assim, afectados pela temperatura em que amadurecem. No transporte, elas são expostas a uma temperatura de cerca de 12 °C e a umahumidade relativa próxima da saturação. Em temperaturas mais baixas, contudo, a maturação é definitivamente inibida e as frutas tornam-se cinzentas.
Safras e épocas
O plantio da banana é feita por mudas e a colheita dos primeiros cachos ocorre entre 12 a 18 meses, dependendo do clima, variedade, fertilidade do solo, estado de sanidade da planta e tratos culturais.[17]
As bananas constituem o alimento básico de milhões de pessoas em vários países em via de desenvolvimento. Em determinados países tropicais a banana verde (não madura) é largamente utilizada da mesma forma que asbatatas em outros países, podendo ser fritas, cozidas, assadas, guisadas etc. De facto, as bananas assim utilizadas são semelhantes à batata, não apenas no sabor e na textura, como a nível de composiçãonutricional ecalórica.
Em 2005, aÍndia liderou a produção mundial de bananas, representando cerca de 23% da produtividade mundial - sendo que a maioria se destina ao consumo interno. Os quatro países que mais exportam, contudo, são oEquador, aCosta Rica, asFilipinas, e aColômbia, que somam cerca de dois terços das exportações mundiais, exportando cada um mais de um milhão de toneladas. De acordo com as estatísticas daFAO, só o Equador é responsável por mais de 30 por cento das exportações globais.
A maioria dos produtores, por todo o mundo praticam, contudo, uma agricultura de baixa escala e desubsistência - consumo próprio e venda e mercados locais. Já que as bananas são uma fruta não sazonal, estão disponíveis durante todo o ano, pelo que podem ser utilizadas durante as estações mais susceptíveis de escassez alimentar - alturas em que o produto de uma colheita já foi consumido enquanto que o produto da seguinte ainda não está disponível. É por esta razão que o cultivo de banana tem uma importância fulcral em qualquer sistema sustentado de luta contra afome.
Nos últimos anos, a competição a nível de preços por parte dos supermercados tem diminuído ainda mais as já baixas margens de lucro da maioria dos produtores de banana. As principais empresas do ramo, comoChiquita, Fresh Del Monte Produce, Dole Food Company eFyffes têm as suas próprias plantações no Equador, na Colômbia, na Costa Rica eHonduras. Tais plantações exigem grande e intensivo investimento de capital e deknow how — tornando os proprietários das grandes e lucrativas plantações extremamente influentes em nível económico e político nos seus países, em detrimento dos pequenos produtores. Isso justifica o facto de estarem disponíveis como artigo de "comércio justo" em alguns países.
O comércio global de bananas tem uma longa história que começou com a fundação daUnited Fruit Company (hoje, Chiquita), no final doséculo XIX. Durante a maior parte doséculo XX, as bananas e ocafé dominaram por completo a economia de exportação daAmérica Central. Nadécada de 1930, constituíam mais de 75 por cento das exportações da região, nosanos 1960 ainda as preenchiam em 67 por cento. O termo "República das Bananas" tornou-se vulgar, então, para designar a generalidade dos países da América Central, ainda que, sob o aspecto estritamente económico (sem conotação necessariamente depreciativa) apenasCosta Rica,Honduras, ePanamá assim possam ser designados, já que a sua economia é, de longe, dominada pelo comércio da banana.
Muitos países daUnião Europeia importam, tradicionalmente, muitas das bananas que consomem, das suas antigas colónias das Caraíbas, garantindo-lhes preços acima dos praticados no comércio global. Desde 2005, tais acordos estão em vias de serem revogados, devido à pressão de grupos económicos poderosos, a maioria dos quais com sede nosEstados Unidos. Tal alteração no comércio iria beneficiar os países produtores da América Central, onde várias empresas norte-americanas têm interesses estabelecidos.
No Brasil
Estados do Brasil com maior volume de produção de banana em 2019, em amarelo escuro.[19]
A banana é o segundo fruto mais produzido (atrás da laranja) e consumido no Brasil,[18] tanto como sobremesa como acompanhamento nas refeições, ainda que ocupe apenas 0,87 por cento do total das despesas de alimentação dos brasileiros em geral (surge daí a expressão "a preço de banana" para referir que algo é pouco dispendioso). Em termos gerais, ainda que as condições naturais permitam uma produção de alta qualidade, é corrente afirmar que existe baixa eficiência na produção e no manejo pós-colheita.
Em 2018, o Brasil produziu 6,7 milhões de toneladas de banana em 461.751 hectares, sendo o 4º maior produtor do mundo, se considerarmos apenas as bananas comuns; somando-se a produção deplantain (banana-da-terra), o país é o 7º maior produtor mundial de bananas, no geral.[20] O estado que mais produz é São Paulo (1 milhão de toneladas), seguido por Bahia (828 mil toneladas), Minas Gerais (825 mil toneladas), Santa Catarina (723 mil toneladas) e Pernambuco (491 mil toneladas), entre outros. Todos os estados do Brasil tem produção de banana.[19] Ao contrário de outros países, que plantam banana para exportar, 98% da colheita brasileira de banana abastece o mercado interno.[21]
Em Portugal
ABanana da Madeira é cultivada nailha da Madeira, sendo a variedade cultivada, aMusa acuminata cavendish. Em 2012 a produção foi de 16 mil toneladas e um volume de negócios de 12 milhões de euros, mas no final dos anos 1990 a produção atingia as 28 mil toneladas e a banana da Madeira representava 20% do consumo nacional. Estima-se que em 2014 a produção ronde as 18 mil toneladas.
Introduzidas na ilha noséculo XVI (existe uma referência escrita às bananeiras da Madeira que data de 1552), julga-se que terão vindo das Canárias ou de Cabo Verde, e tornaram-se parte integrante da paisagem.[22]
Aspectos culturais
Macaco comendo uma banana
Uma das situações cómicas mais copiadas e parodiadas ao longo da história docinema, desde ocinema mudo, consiste em mostrar as personagens a escorregar em cascas de banana. O estereótipo domacaco a comer bananas também é largamente explorado em filmes,animações ehistórias em quadrinhos, tendo servido também para manifestações de carizracista. De fato, por exemplo, há registro de pessoas que atiraram bananas a desportistas afro-americanos. A associação aos macacos justifica também o seu uso em jogos como as versões em 3D doDonkey Kong (Nintendo) e doSuper Monkey Ball (Sega).
NaChina, o termo banana é usado no calão para designar qualquer pessoa de origem asiática que age como um ocidental (amarelos por fora, brancos por dentro). NoBrasil, um gesto considerado obsceno e de mau gosto, denominado "dar uma banana", consiste em apoiar obraço ou amão na dobra do outro braço, mantendo erguido e de punho fechado oantebraço que ficou livre.
Crendices e mitos
Um boato muito divulgado, assegura que a casca seca de banana contém uma substância (na verdade, fictícia) designada como "bananadina", que seriaalucinogénica quandofumada. Ao contrário de muitos boatos, a origem deste pode ser traçada. Terá tido origem num artigo do jornal "alternativo"Berkeley Barb em Março de 1967, e que foi posteriormente divulgada porWilliam Powell (autor), que acreditou na sua veracidade, incluindo-a no seuThe Anarchist Cookbook em 1970.
A canção de sucesso deDonovan, "Mellow Yellow", ao referir-se a uma "banana eléctrica", terá servido de inspiração aos jornalistas doBerkeley Barb que pretendiam, satiricamente, que o governo proibisse a comercialização de bananas. De facto, Donovan referia-se apenas a um vibrador. Contudo, é o próprio autor da canção a referir que o rumor deve ter tido origem no cantor popularCountry Joe McDonald que o começou emSan Francisco, uma semana antes da publicação da canção de Donovan. O boato voltou a circular nadécada de 1980, quando o grupo de punk satírico,The Dead Milkmen voltou a referir numa canção os supostos efeitos do acto de fumar casca seca de banana. O boato levou, mesmo aFood and Drug Administration (FDA) a investigar o caso.
Bibliografia
[S.N].Bananas: do Plantio ao Amadurecimento. Porto Alegre: Cinco Continentes, 1998 (100p.).
DENHAM, T., Haberle, S. G., LENTFER, C., FULLAGAR, R., FIELD, J., PORCH, N., THERIN, M., WINSBOROUGH, B., & GOLSON, J..Multi-disciplinary Evidence for the Origins of Agriculture from 6950-6440 Cal BP at Kuk Swamp in the Highlands of New Guinea. [S.L.]: Science: 2003 (June).