Osbôeres(português brasileiro) oubóeres(português europeu),[2] ou aindabures,[3] são os descendentes dos colonoscalvinistas dosPaíses Baixos e também daAlemanha e daDinamarca, bem como dehuguenotesfranceses, que se estabeleceram nos séculosXVII eXVIII naÁfrica do Sul cuja colonização disputaram com osbritânicos. Desenvolveram uma língua própria, oafricanse,[4] derivado doneerlandês com influências limitadas de línguas indígenas nativas daÁfrica como obantu, oxossa e osesoto, domalaio, doalemão e dofrancês. Hoje vivem principalmente na África do Sul e na Namíbia, mas também noZimbabué, noBotsuana e noEssuatíni. Migrações menores de suecos, portugueses, gregos, norte-franceses,catalães, poloneses, escoceses, letões, estonianos e finlandeses também contribuíram para essa mistura étnica.[5]
Muitos dosbrancos daÁfrica do Sul possuem significativa ancestralidade nãoeuropeia, por menor que esse grau possa ser em alguns indivíduos. De acordo com um estudo genealógico, por volta de 6% da ancestralidade dos descendentes dos colonos holandeses é de origem não europeia, aí incluídos aportesasiáticos eafricanos.[6] Muitas famílias tradicionais e antigas são descendentes, por exemplo, deEva Krotoa, umacoissã que se consorciou com umcolono holandês e cujos filhos se integraram na comunidade colonial estabelecida pelosPaíses Baixos.
Entre o fim do século XIX e o início do século XX, vários grupos de bôeres fixaram-se no sul deAngola, naHumpata. Todos os integrantes dessa comunidade regressaram à atual Namíbia e à África do Sul, em momentos diversos, os últimos quando do acesso de Angola à independência.[7][8]
Na África do Sul, os bôeres (africânderes) foram a base social principal do regime doapartheid, que durante muitas décadas vingou na África do Sul. Ao mesmo tempo, foram o grupo chave para o desenvolvimento económico da África do Sul e a posição de vantagem deste país na economia mundial. Sua importância econômica deve-se ao fato de que tinham garantidos todos os seus direitos durante o apartheid, o que permitia que fizessem o necessário para contribuir para economia (estudar, atingir altos postos, etc.). Se todas a etnias sul-africanas tivessem gozado dos mesmos direitos naquela época, a economia sul-africana poderia estar numa situação ainda mais vantajosa.[9] Atualmente, oafricanse é uma das onze línguas oficiais da África do Sul, e é a mais usada para a comunicação interétnica naNamíbia. Entretanto, o termoboer já não é usado naÁfrica Austral nem para efeitos de autodesignação nem de classificação oficial, tendo sido substituído pelo termo africâner (em africanse,Afrikaner). Ocasionalmente, é usado apenas pela população negra, com conotações pejorativas.[10]
Referências
- ↑Stürmann, Jan (2005).New Coffins, Old Flags, Microorganisms and the Future of the Boer. [S.l.: s.n.] Consultado em 2 de dezembro de 2011
- ↑Derivado da palavraneerlandesaboer (pronúncia: [bu:r]), que significa "camponês" ou "agricultor". NB: O termo português teve portanto a sua origem numa leitura "à portuguesa" da ortografia da palavra neerlandesa que não teve em conta a sua pronúncia.
- ↑S.A, Priberam Informática.«bur».Dicionário Priberam. Consultado em 23 de maio de 2022
- ↑Derivado deafrikaans, o termo usado por eles próprios
- ↑«Afrikaans language, alphabet and pronunciation».omniglot.com. Consultado em 9 de março de 2021
- ↑Deconstructing Jaco: Genetic Heritage of an Afrikaner, por J. M. Greeff.
- ↑Tm Thirstland Trekkers in Angola - Some Reflections on a Frontier Society. Por W. G. Clarence-Smith.
- ↑ Stassen, Nicolas .The Boers in Angola, 1928 - 1975. Pretória: Protea Boekhuis, 2011.
- ↑ Fonseca-Statter, Guilherme daA África do Sul e o Sistema-Mundo: Da Guerra dos Bôeres à globalização, Lisboa: Gerpress, 2011
- ↑ Esta observação corrente encontra-se registada, por exemplo, em Guilherme da Fonseca-Statter,op. cit.
- Herman Giliomee,The Afrikaners: A Biography, Cidade do Cabo: Tafelberg, 2009,ISBN 9780624048237
- George McCall Theal,History of the Boers in South Africa; Or, the Wanderings and Wars of the Emigrant Farmers from Their Leaving the Cape Colony to the Acknowledgment of Their Independence by Great Britain, Westport/Conn. (EUA): Greenwood Press, 1970. 392 pag.ISBN 0-8371-1661-9.
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