Autocracia tem o sentido, a partir da análise dos radicais gregosautos (por si próprio) ekratos (poder), de poder por si próprio.[1] É umaforma de governo na qual há um único detentor do poder político-estatal, isto é, o poder está concentrado em um único governante.[2][3] O governante tem controle absoluto em todos os níveis doEstado; as suas decisões não estão sujeitas a restrições legais externas nem a mecanismos regularizados de controlo popular (excepto talvez pela ameaça implícita de golpe de estado ou de insurreição em massa).[4]O termoautocracia tem funcionalidade apenas para descrever a concentração ou a distribuição do controle do poder estatal, não servindo para avaliar a presença ou ausência de legitimidade democrática de um governo.[2] Há, com efeito, a possibilidade de um governo autocrático ascender ao poder via eleições democráticas e mesmo realizareleições periodicamente.[2]
Historicamente, refere-se aoImpério Bizantino em que oimperador se denominavaautocrator, o que significava para ele que o seu poder era supremo, absoluto, ilimitado, irresponsável com relação a qualquer instituição terrestre e dado somente porDeus. Era um governo total sobre a sociedade porque controlava o domínio temporal, com importante papel também no espiritual, apesar de pertencer primariamente àIgreja[5] - o que não significa que muitas vezes o primeiro não tenha tentado obter um domínio completo sobre o segundo. A história do termo prolongou-se após o fim do Império Bizantino com a adoção pelaRússia da ideologia imperial de Bizâncio. Além de adotar o título detzar (ouczar), equivalente russo docésarlatino, adotou também a denominação e substância da autocracia.
Uma autocracia não deve ser tida como sinônimo de regime autoritário ou regime totalitário, que são formas de exercício depoder e não de origem dalegitimidade.
Como exemplos de regimes autocráticos incluem:
Monarquias absolutistas por direito divino, onde a legitimidade do poder depende da religião e só se mantém com seu referendo.
Cesarismo plebiscitário de Napoleão, que se fundamenta numa suposta vontade popular, expressa por meio de consultas periódicas, nas quais não há alternativas à decisão do governante.
Governos ditatoriais na América Latina, como os do Brasil ou Argentina, que manipulavam as instituições sob a justificativa de atender aos interesses nacionais.
Regimes autoritários como o de Trujillo na República Dominicana ou a família Duvalier no Haiti, onde o Estado era pura e simplesmente apropriado como patrimônio pessoal.
Como exemplo detotalitarismo, que se baseia no domínio de uma corrente ideológica que não deixa espaço de fuga a nenhum aspecto da sociedade, e não pretende se implantar apenas pela força, mas pelo completo domínio das consciências, temos oregime nazista, o regime dasRepúblicas Socialistas Soviéticas e aChina sob o governo deMao Tsé-Tung.