Sua costa é muito escarpada e recortada, formando praias, rias e cabos. Os rios são pouco extensos, mas de águas rápidas. Uma das áreas mais elevadas desta região corresponde aosPicos da Europa, que atingem os 2 600 metros de altitude, e onde existe umparque nacional. As suas principais cidades sãoOviedo, capital da província,Gijón,Avilés,Langreo eMieres onde se concentra a maior parte da população, contrastando com as áreas de "vazio humano" das regiões montanhosas.[4]
NaIdade do Ferro, o território esteve submetido à influência culturalcelta. O povo celta dosástures compreendia tribos como os lugões, pésicos, etc., que povoaram todo o território ásture de castros, antigos povoados celtas. A influência celta ainda perdura hoje com os topónimos de rios e montanhas, como nomes de populações. A conquistaromana entre 29 e19 a.C. fez com que as Astúrias entrassem naHistória.
Castro de Coanha,século I d.C.
Depois de vários séculos sem presença estrangeira, ossuevos e osvisigodos tentaram ocupar o território noséculo VI, que terminaria a princípios doséculo VIII com ainvasão muçulmana. O território, como tinha sucedido com Roma e Toledo, não foi fácil de submeter, estabelecendo-se em 722 uma independência de facto comoReino das Astúrias, após aBatalha de Covadonga, listada como um dos mais importantes combates da história europeia.[5]
Durante os séculos medievais, o isolamento propiciado pela cordilheira cantábrica faz que as referências históricas sejam escassas. Depois da rebelião do filho deHenrique II de Trastâmara, estabelece-se o principado de Astúrias. Durante oséculo VIII, os árabes dominaram toda aPenínsula Ibérica, a não ser as Astúrias. Esse fato foi fatal para os muçulmanos, uma vez que a Cruzada daReconquista foi feita por cristãos da região. Durante séculos, aPenínsula Ibérica foi dominada em sua maioria peloCalifado de Al-Andalus em diferentes períodos de autonomia. Astúrias foi a única que resistiu à ocupação. A monarquia asturiana,século X, se tornaria oReino de Leão. No Século XI, já possuía vizinhos cristãos e influência o bastante para liderar cruzadas mais ambiciosas e reconquistar as terras tomadas pelos exércitos islâmicos.[6]
Noséculo XVI o território atingiu pela primeira vez os cem mil habitantes, número que se duplicou com a chegada do milho americano no século seguinte.
A 8 de maio de 1808, aJunta Geral do Principado das Astúrias declara a guerra aFrança e proclama-se soberana, criando exército próprio e enviando embaixadores ao estrangeiro, sendo o primeiro organismo oficial deEspanha em dar esse passo. A 1 de janeiro de 1820, o oficialRafael de Riego subleva-se emCádis proclamando aConstituição de 1812.
A partir de 1830 começa a exploração do carvão, iniciando a revolução industrial na comunidade. Mais tarde estabelecer-se-iam as indústrias siderúrgica e naval.
Catedral de Oviedo ou de S.Salvador
A 6 de outubro de 1934 começou uma rebelião na bacia mineira (cuenca) provocada porque os revolucionários não admitiram a entrada daCEDA na governação. ARevolução de 1934 teve as Astúrias por palco principal.
Durante essa revolução, protagonizada pelos mineiros dasCuencas (especialmente emLa Felguera eSama), a zona fica assolada em boa parte: resultam incendiados, entre outros edifícios, o da Universidade, cuja biblioteca guardava fundos bibliográficos de extraordinário valor que não puderam recuperar-se, ou o teatro Campoamor. ACâmara Santa na Catedral, por sua vez, foi dinamitada.
Mapa das paróquias civis asturianas.
A Guerra Civil produziu a divisão das Astúrias em dois bandos, ao somar-se Oviedo ao levantamento, a 18 de julho. A 25 de agosto de 1937 proclama-se, em Gijón, o Conselho Soberano de Astúrias e Leão, presidido pelo dirigente sindical e socialistaBelarmino Tomás, terminando o conflito o 20 de outubro de 1937. Depois de vinte anos de estagnação econômica, produziu-se a definitiva industrialização de Astúrias.
Fortemente afetado pela reconversão industrial da década de 1990, o principado tenta atualmente potenciar a sua paisagem e recursos naturais com vistas ao turismo.
Para efeitos administrativos, o principado está dividido em 78concelhos, uma figura legal equivalente ao município. A entidade inferior ao concelho é aparóquia, onde se integram os bairros e aldeias.[3]
O Estatuto de Autonomia possibilita também a possibilidade de ordenamento de comarcas. Apesar de não estarem ainda desenvolvidas, existem algumas administrações comarcais estabelecidas por vários municípios ou concelhos para a prestação de serviços que são de competência municipal, bem como para o ordenamento, planificação e promoção exterior da comarca. Até à dara, apenas foram desenvolvidas as comarcas de Avilés e do Nalón.
Vários concelhos asturianos estiveram unidos historicamente com o objetivo da defesa dos seus interesses na Junta Geral do Principado.
Nos temposfeudais, Astúrias tinha um território maior, se estendendo para regiões comoGaliza, Santiago e Alterga.
Fora do principado, também deve ser feita uma ressalva para as comarcas dasAstúrias de Santillana, entre as quais as comarcas de Liébana, dos Nove Vales e a Merindade de Santillana, uniões que também têm a sua origem no processo de desfeudalização.
Para efeitos eleitorais, existem nas Astúrias três circunscrições (central, ocidental e oriental), sendo a primeira a maior em termos geográficos e populacionais.
Judicialmente, o território divide-se em 18 partidos judiciais, com tribunais de primeira instância na capital de cada um destes.[8]
Por fim, em termos de saúde pública, a região organiza-se em 8 áreas sanitárias, 2 distritos sanitários, 68 zonas básicas de saúde e 16 zonas especiais de saúde.[9]
De acordo com o censo de 2020, a região tem uma população de 1 018 784 habitantes, o que representa 2,1% da população da Espanha, com densidade populacional de 96 hab./km2.
Áreas linguísticas das Astúrias (esta divisão atende critérios científicos), nomeadamente as áreas delíngua asturiana e delíngua galega (a verde).
O idioma oficial é o castelhano. Também é usado oasturiano (asturianu oubable), empregado fora das grandes cidades, nas zonas rurais. Tem proteção oficial no âmbito do Estatuto de Autonomia de Astúrias.[11] É uma língua que deriva diretamente dolatim. O primeiro texto que se conhece em asturiano é oFueru d'Avilés, de 1085. O asturiano tem algumas variantes dentro do principado. Após a queda doregime franquista, surgiu a necessidade de reavivar a língua asturiana. Em 1981 criou-se aAcademia da Língua Asturiana (Academia de la Llingua Asturiana em asturiano) com vista ao estudo, defesa, conservação e divulgação do idioma.[12]
No oeste do principado, em 18 municípios, fala-se ogalego na sua variedade oriental (ver artigogalego-asturiano).[13]
Além disso, destaca-se a variedade de pescados frescos e mariscos domar Cantábrico e a qualidade de sua carne de novilho, aXata Roja, comDOP. Existem mais de cem variedades diferentes de queijos artesanais, dos que o de Cabrales é o mais popular. Se se preferir uma sobremesa ou doces, o mais tradicional é oarroz con leche, similar aoarroz doce português, ascasadielles (um tipo de empadas de massa folhada, recheadas de uma pasta de frutos secos comonoz,amêndoa ouavelã, previamente triturados, misturados comaçúcar e regado por anis) fritas, oscarajitos deGrado ou osfrixuelos, um tipo decrepe doce.
Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, emAvilés. Este projeto foi oferecido àFundação Príncipe das Astúrias como agradecimento pela condecoração queOscar Niemeyer recebeu em 1989 (Prémio Príncipe das Astúrias das Artes). O Centro Niemeyer consta de cinco peças separadas e complementares: praça, auditório, cúpula, torre e um edifício polivalente. Foi inaugurado na Primavera de 2011.
Referências
↑A legislação do Principado de Astúrias reconhece a existência do asturiano, comprometendo-se, ademais, com a promoção do seu uso, difusão e ensino:Academia de la Llingua Asturiana (PDF).
↑abc«ASTURIAS».centroasturianobsas.org.ar (em espanhol). Centro Asturiano de Buenosaires. Consultado em 28 de março de 2023
↑ab«Historia y datos».asturias.es (em espanhol). Principáu d'Asturies. Consultado em 28 de março de 2023
↑Mi, Li, vários contribuintes (2010).722: Battle of Covadonga. Estados Unidos da América: Books LLC.ISBN978-1156002728
↑Fierro, Maribel, outros contribuintes (2011).Medieval Spain: Kingdom of Asturias, Almohad Caliphate. Mundial, disponível em Google Books: Wikipedia Books LLC.ISBN9781157640165