Arquitetura neoclássica (AO 1945: arquitectura neoclássica) é oestilo arquitetónico que, em linha com a tendência artística universal doneoclassicismo, resulta da recuperação da gramática formal daAntiguidade Clássicagrega eromana. Nahistória da arquitetura, este estilo surge após obarroco tardio erococó, no período em que a tradição daGrand Tour foi um marco na educação cultural entre as gerações de novos artistas e de toda a classe aristocrática e alta burguesia. O período de desenvolvimento deste estilo coincide com aquele a que os historiadores da economia designam deRevolução Industrial.[1] Observa-se, na área da arquitetura, que neste período começam a destacar-se os problemas da prática construtiva.[2]
Não obstante os estilos precursores propriamente ditos, como o deAndrea Palladio, posteriormente seguido pelopalladianismo, que se difunde em Inglaterra e em seguida por todo o mundo e que vem influenciar notavelmente a arquitetura neoclássica,[3] o neoclassicismo propriamente dito teve início depois de meados doséculo XVIII[4] até aos inícios doséculo XIX (aproximadamente entre 1755 e 1830), e difundiu-se por todos ospaíses ocidentais, acabando por influenciar a produção arquitectónica daRússia,Estados Unidos eAmérica Latina.
Embora se trate dum fenómeno internacional, a arquitetura neoclássica foi caracterizada por diferentes correntes conforme a época e as diferentes tradições estabelecidas anteriormente nos vários países. Neste sentido, torna-se difícil conceber uma periodização rigorosa: na verdade, o neoclassicismo não só se enquadra numa extensa corrente fundada sobre o estudo daarquitetura clássica (já a partir daarquitetura doséculo XVI), como se manteve em voga durante todo oséculo XIX, caracterizada no decorrer doeclectismo e, eventualmente, deixando os seus traços na arquitetura dela decorrente (ver, por exemplo,monumentalismo).[4]
O neoclassicismo setecentista foi essencialmente uma reação aoRococó. Para além da recuperação dos princípios da arquitetura doséculo XVI epalladiana, o início do racionalismo neoclássico surge como resposta antibarroca que teve a sua origem com as obras teóricas doséculo XVII deFrançois Blondel,Claude eCharles Perrault, e, noséculo XVIII, deColen Campbell.[5]
O desenvolvimento da arquitetura neoclássica contribuiu para três orientações fundamentais.[6] A primeira ocorreu no campo da crítica arquitetónica, com a divulgação dos escritos deMarc-Antoine Laugier,Carlo Lodoli,Francesco Milizia,Étienne-Louis Boullée,Claude-Nicolas Ledoux e outros, que favoreceram a transposição doIluminismo na arquitetura, afirmando tais princípios relacionados com oracionalismo e ofuncionalismo que conduziriam a um novo ideal estético, com predilecção para formas geométricas elementares.[7] Marc-Antoine Laugier, no seuEnsaio sobre a arquitetura, sustentava que a natureza era o princípio originário da arquitetura; o seu edifício ideal era definido por colunas livres, sem pilares, embasamentos e outros elementos da tradição renascentista e pós-renascentista. Ademais, no seu tratado expôs uma concepção racional do classicismo, apoiando o conceito da chamada "cabana rústica" do homem primitivo como expressão da verdadeira necessidade humana de abrigo.[8]
Dentre os princípios do pensamento de Lodoli encontra-se a oposição à interpretação do dogmavitruviano, que havia ofuscado o verdadeiro significado da arquitetura: a sua funcionalidade. Sucessor de Ludoli foi Milizia, o mais influente dos teóricos da arquitetura italiana de fins doséculo XVIII que, em 1768, na introdução do seu tratadoMemorie degli architetti antichi e moderni, declara-se partidário da teoria da imitação, conduzindo-a a um desenvolvimento maior que Laugier, reconhecendo dois princípios da arquitetura que se refere à natureza: o grego como imitação da cabana primitiva e o gótico como imitação do bosque. Milizia sustentava que a arquitetura não deveria ser uma mera imitação da natureza, mas da beleza da natureza.[9] Todavia, nem todas as teorias setecentistas foram caracterizadas por tamanho rigor.Giovanni Battista Piranesi foi um forte opositor de Ludoli e Laugier, reivindicando a "louca liberdade de trabalhar o capricho". É importante salientar, mesmo que indiretamente, foi a obra do filosofoJean-Jacques Rousseau que, afirmando que a liberdade natural do homem hoje perdida dentro de uma sociedade rígida, orientou a arquitetura neoclássica em direcção a uma maior liberdade formal (eclectismo).[10]
A segunda orientação da origem do neoclassicismo surge da atividade antiquária com a redescoberta dahistória grega eromana, as pesquisas arqueológicas naGrécia eRoma,[11] e o começo de um crescente interesse nasescavações emHerculano ePompeia (1719 e 1738), para além da publicação de importantes obras literárias como aHistória da Arte Antiga deJohann Joachim Winckelmann, que introduziria a dupla definição do ideal de beleza da arte antiga, caracterizado como "tranquila simplicidade e nobre grandeza".[12] em contraste com o esplendor dobarroco e dorococó, considerado por alguns críticos da época, como o italianoFrancesco Milizia, falsas expressões do irracional e do enganoso.[9] Essa noção central ressaltada pelo autor revelaria a meta da arte, aquilo que a torna inimitável e, ao mesmo tempo, faz dela um modelo a ser imitado.[13]
Não menos importante foi a divulgação de publicações que compunham reproduções das antiguidades gregas e romanas. Destas, destacam-se asAntiguidades de Atenas deJames Stuart que, em paralelo com a subsequente publicação, influenciaram a formação do novo estilo arquitectónico, sobretudo o transalpino,[14] e as numerosasestampas de Giovanni Battista Piranesi, retratando a antiguidade romana.[15]
Neste contexto, grande parte das críticas atribuem normalmente um papel importante ao ambiente romano na definição dos novos gostos arquitectónicos. Segundo o historiadorDavid Watkin, a linguagem do neoclassicismo internacional foi criada em Roma por volta de 1740, por pensionistas franceses daAcademia de França, que, refutando a exuberante ornamentação da arquitetura do barroco tardio, dedicaram-se à projeção de vários edifícios públicos, inspirados pelas antigas construções daRoma Antiga.[16]
A terceira orientação, de natureza sócio-política, está na postura da nova classe burguesa que estabelece no neoclassicismo o espírito conservador, o ideal republicano da revolução política (1789), o racionalismo darevolução industrial(1760–1830) e oromantismo nacionalista e individualista.[6]
Do ponto de vista ideológico, no Neoclassicismo setecentista é possível definir essencialmente três períodos:[17] um primeiro(1715–1740) no qual emergem os traços particulares do iluminismo; um segundo de consolidação(1740–1780), em que prevalecem aspectos filológicos, arqueológicos e académicos; e finalmente um terceiro(1780–1805) que se refere à arquitetura revolucionária deÉtienne-Louis Boullée eClaude-Nicolas Ledoux, cujas obras (como oCenotáfio de Newton ou aSalina Real de Arc-et-Senans) inserem-se perfeitamente no ambiente cultural dominado por nomes comoIsaac Newton,Voltaire,Denis Diderot eMontesquieu, constituindo o emblema do neoclassicismo vinculado ao Iluminismo e à Revolução Francesa.[18]
No que respeita ao estilo padrão, a principal diferença que se verifica na passagem de uma tendência para outra reside na forte prevalência do "linear" em relação ao "pictórico", entendida como o domínio da razão sobre a emoção: "quanto mais uma linha descrevesse alguns corpos simples, dispostos frontalmente como um baixo-relevo perfeito, mais essa linha, para o artista neoclássico, podia realçar a função."[19] O carácter linear tornou-se expressão de uma intencionalidade projetual característica de toda a arte neoclássica. Em particular, o princípio de correspondência entre a forma e a função estática conduziu à precisão escrupulosa das forças e resistência dos materiais, exaltando o conhecimento científico dos engenheiros a nível estético.[20]
A utilização dasordens etímpanos, as perspectivas e planos simétricos, a correspondência entre o interior e o exterior, bem como a utilização de volumes simples e bem definidos na definição dos vários edifícios, tornaram-se elementos característicos da composição arquitetónica. No entanto, apesar da aparente rigidez das regras combinatórias, o estilo padrão revelou ser bastante flexível, variando do minimalismo de Boullée para uma disposição articulada que amiúde caracterizaria os espaços interiores.[21][22]
Os ideais de pureza formal acumulados na idade neoclássica conduziram a uma autonomia extrema do projeto arquitetónico a partir de outros componentes (pintura e escultura). As faustosas decorações pictóricas dos tetos, que tinham atingido o auge no período anterior, finalmente acabaram.[21]
Foram realizadas inovações consideráveis especialmente no planeamento urbano, nas intervenções promovidas entre os séculos XVIII e XIX naInglaterra,França eRússia, com a criação de espaços e complexos urbanísticos formados pela agregação de unidades de construção individuais.[23] Em todo o caso, a maior influência do Iluminismo no campo arquitetónico não é tão perceptível na linguagem, mas na tipologia, uma vez que alguns tipos de edifícios, como teatros, bibliotecas, hospitais e outros edifícios de utilidade pública, prestavam-se mais a modificações do que outros.[22]
O Quadrante,Regent Street em 1837, visto dePiccadilly Circus. Novas construções foram entretanto restabelecidas no local
O Neoclassicismo permaneceu a maior corrente na Europa desde a segunda década doséculo XVIII até aoséculo XIX.[17] No entanto, foi acompanhado por novas correntes culturais, expressão de várias mudanças da sociedade, como oneo-gótico,neo-renascimento, oneo-barroco e oneo-românico. A época oitocentista foi o século deNapoleão Bonaparte, daRestauração e da afirmação dos estados nacionais; foi um século assinalado pelaRevolução Industrial, que mudou os cenários sociais e criou novas oportunidades para o desenvolvimento, sobretudo na Inglaterra.[24]
Esse aparato formal que ressentiu profundas alterações pela sobriedade e sumptuosidade da arquitetura napoleónica (oestilo império que data de 1805—1814), foi seguido pelo chamado Classicismo da Restauração(1814–1840). Na segunda metade do século, o neoclassicismo tornou-se o estilo dos estados burgueses enriquecidos com a industrialização, enquanto que nas primeiras décadas doséculo XX, estaria presente em toda a arquitetura anacrónica ostensiva de vários países, incluindo os Estados Unidos, Itália e Alemanha, sustentando-se a nível ideológico e perdendo inclusive qualquer significado histórico.[24]
Do ponto de vista compositivo, a arquitetura oitocentista tornou-se mais rigorosa, prestando maior atenção filológica ao uso de formas antigas, e a linguagem decorativa tornou-se mais rica e expressiva; no entanto, a procura por resultados efectivos prevaleceu sobre a expressão de um elevado ideal intelectual. Assim, o neoclassicismo sobreviveu na Europa, Estados Unidos e nas colónias disseminadas nos diferentes continentes, mas os vários edifícios construídos, e apesar dos elevados padrões de qualidade, demonstraram uma fraca capacidade de avanço e progresso. Paradoxalmente, os princípios básicos da tradição neoclássica (lógica, técnica construtiva, uso racional de materiais relativos à sua função etc.) foram recuperados, num fundamento efectivamente anticlássico, a partir dos arquitetos doneogótico.[4]
O registo invariável do estilo, em parte herdado do século anterior, caracteriza-se por plantas cobertas, constituídas por formas regulares; pela busca da simetria na planta e alçado; dando-se preferência por edifícios desdobrados horizontalmente. Os materiais empregues no exterior foram principalmente a pedra, o gesso branco ou cromado, e o mármore, que normalmente escondia elementos metálicos utilizados para reforço das paredes.[25]
A arquitetura civil francesa volta-se para o neoclassicismo a partir de meados doséculo XVIII, com a construção de projetos sóbrios e resplandecentes como aPraça da Concórdia emParis e oPetit Trianon emVersalhes, ambos deAnge-Jacques Gabriel, que são ainda premissas doclassicismo barroco francês.[26] Os projetos à Praça da Concórdia, à época Praça Louis XV, remontam a 1753: os projetos originais definiam um espaço muito diferente do atual, resultado de elaboradas plantas na era napoleónica, com dois palácios que delimitavam um espaço fechado por uma série debalaustradas. Os edifícios eram claramente inspirados no traçado deClaude Perrault, da fachada doLouvre. Naarquitetura francesa o trabalho de Perrault(1613–1688) na conclusão do famoso palácio real de Paris foi de facto um exemplo de absoluta mestria: o seu desenho claro e ordenado, composto por umfrontão central e um sistema decolunas germinadas erguidas sobre um maciço embasamento, teve uma notável influência na definição do novo cânone estético da arquitetura.[27] Pouco depois da construção da praça parisiense, foi justamente Petit Trianon, construído entre 1761 e 1768, onde os espaços interiores foram distribuídos de acordo com a sua função e não tanto segundo as exigências estéticas da simetria. O exterior é muito simplificado e livre de excessivas decorações, sendo definido por um rígido sistema de grandes aberturas envidraçadas.[28]
A geração seguinte é direccionada a uma concepção da arquitetura mais clássica e severa. Trinta anos mais novo do que Gabriel, Marie-Joseph Peyre(1730–1785) foi para Itália, onde venceu um concurso lançado pelaAcademia de São Lucas para uma catedral e dois edifícios anexos. Retornando a França, projetou uma casa para Mme Leprêtre de Neuburgo perto de Paris, sendo talvez o primeiro edifício francês verdadeiramente clássico.[29] A casa assenta sobre umestilóbato e é constituída por volumes compactos, sem adornos, com uma planta desprovida de qualquer ostentação: a disposição dos espaços é simples, não existem corredores e as escadas não estão em evidência, sendo fechadas no interior de um compartimento. Em 1763, Peyre dedicou-se àsede dopríncipe de Condé, uma planta menos austera, com uma colunata que circunda a entrada do pátio. Juntamente com o seu amigoCharles De Wailly, projetou oTeatro do Odéon em Paris, edificado entre 1779 e 1782, tendo sido entretanto reconstruído por várias vezes depois de ter sido destruído em dois incêndios que o assolaram. A aparência do teatro transmite sobriedade e simplicidade, cujo revestimento dos paramentos externos foi tratado àbossagem e a fachada principal blindada por um pórtico de colunasdóricas.[30]
Neste clima de renovação, muitos teatros foram construídos em toda a França, inclusive em cidades pequenas, comoAmiens eBesançon. EmBordéus, nos anos setenta doséculo XVIII, foi construído oGrande Teatro, o mais belo teatro francês da época. Projetado porVictor Louis, é constituído por um bloco rectangular, com uma fachada precedida por doze grandes colunascoríntias.[31]
Se Peyre, De Wailly, Louis e, como veremos mais à frente,Jean-François Chalgrin, estão entre os principais expoentes do estilo clássico do final doséculo XVIII, tão importantes foram também artistas comoJacques Gondouin,Étienne-Louis Boullée eClaude-Nicolas Ledoux. O primeiro é hoje recordado pelaÉcole de Chirurgie em Paris, construída entre 1769 e 1775. Esta representa uma obra paradigmática da época, de tal forma assim o é queQuatremère de Quincy escrevera: "Esta é a obra clássica doséculo XVIII".[32] O seu salão semicircular, destinado a abrigar oanfiteatro de anatomia, apresenta arquibancadas, paredes curvas contínuas e umasemicúpula nocaixotão inspirada noPanteão de Roma. O sucesso desta assembleia viria a influenciar até mesmo o norte-americanoBenjamin Latrobe,[33] autor de várias obras que prevaleceram até à eclosão da Revolução e cuja obra serviria de modelo para diversas salas de reuniões. Étienne e Claude, os arquitetos mais ousados deste período, desenvolveram projetos utópicos e visionários de edifícios gigantescos constituídos por sólidos perfeitos e de grande pureza linguística. Embora pouco tenham construído, a sua influência teórica e pedagógica tornou-os precursores da arquitetura moderna.[34]
Esta preferência pela volumetria pura poder-se-á encontrar em Étienne-Louis Boullée e Claude-Nicolas Ledoux, os dois principais expoentes;[nt 1] apesar de muitos dos seus projetos terem-se ficado pelo papel, ambos aspiravam a criação de uma arquitetura "falante", ou seja, simbólica, capaz de comunicar a própria função através do hábil uso das formas. Boullée construiu muito pouco, no entanto, acabou por exercer considerável influência. O seu projecto mais famoso, que faz parte da chamadaArquitetura da Revolução é o Cenotáfio de Newton, uma enorme esfera que deveria acolher os espólios de um grande cientista: "tudo tem dimensões colossais e é tratado com uma expressiva elementariedade abstrata".[35] Na era napoleónica os conceitos expostos por Boullée encontram um fiel seguidor emJean-Nicolas-Louis Durand, professor daEscola Politécnica e percursor das teorias sobre ofuncionalismo, ou da estreita relação que deve existir entre o edifício e a função.[36]
Os estudos teóricos de Boullée contribuíram, em todo o caso, à base da afirmação de Claude-Nicolas Ledoux, cujo trabalho foi também influenciado por Piranesi, sendo assim caracterizado por uma extrema simplicidade geométrica. Construiu numerososhôtel e em 1775 deu início àSalina Real de Arc-et-Senans, um complexo com planta hemicíclica, constituído por um pórtico dórico que esconde uma gruta primitiva. O complexo inacabado, movimenta-se através de uma linguagem altamente simbólica, típica da arquitetura de Ledoux, que surge novamente no projeto dacidade ideal com conotaçõesutópicas.[37] Esta obra visionária e essencialmente alegórica apresenta edifícios sem precedentes tanto pela sua função como pela singularidade da forma. Não é por acaso, por exemplo, que uma das soluções mais originais, nomeadamente a daCasa dei sorveglianti del fiume (lit.Casa dos superintendentes sobre o rio) foi projetada como um cilindro oco colocado sobre o rio. Nos anos pré-revolucionários Ledoux encarregou-se doPosto alfandegário de Paris (em francês:Mur des Fermiers généraux), oferecendo um vasto repertório de soluções no projeto das muralhas alfandegárias, algumas das quais foram preservadas; entre elas, aBarrière de la Villette, formada por umacruz grega encimada por um cilindro.[38]
Na análise das principais obras do neoclassicismo francês doséculo XVIII, mencione-se também alguns edifícios sagrados. Uma das primeiras manifestações como reação ao rococó é a fachada daIgreja de São Sulpício, edificado no estilo clássico pelo florentinoGiovanni Niccolò Servandoni e por várias vezes modificado ao longo do tempo.[39]
O maior exemplo no campo da arquitetura sacra continua a ser oPanteão, em Paris,[26] originalmente construído como igreja de Ste-Geneviève e mais tarde transformado emmausoléu nacional. O edifício, projetado porJacques-Germain Soufflot e construído entre 1757 e 1791, com destaque à cúpula inspirada na dacatedral de São Paulo, em Londres e a ousada estrutura interna que lembra, pela sua leveza, as mais antigas catedraisgóticas. De facto, durante a construção de Ste-Geneviève, Soufflot e os seus colegas vasculharam França na busca das pedras mais adequadas e criaram um laboratório para analisar as características de resistência e elasticidade dos materiais. O objetivo era fazer com que a estrutura fosse o mais refinada possível, por forma a reduzir os elementos estruturantes, tomando o exemplo das igrejas medievais francesas, assim como aCapela do Santo Sudário emTurim e aBasílica de Santa Maria della Salute emVeneza.[40]
Numa outra igreja parisiense,Igreja de Saint-Philippe-du-Roule(1772–1784), é de destacar a suanave coberta por umaabóbada de berço decorada por caixotões e definida por umentablamento suportado por uma série de colunasjónicas. O desenho é da autoria deJean-François Chalgrin, e em meados do século seguinte o edifício foi alterado com a abertura de janelas feitas ao longo dos anos e com a construção de duas capelas. Todavia, o esquema de Saint-Philippe exerceu uma certa influência na arquitetura da época.[41]
Entre a arquitetura neoclássica doséculo XIX, um lugar de destaque cabe, no entanto, àIgreja de la Madeleine, construída no começo do século num fulcro parisiense do novo império napoleónico (Estilo Império). Originalmente projetada para tomar uma planta basilical, em 1806, Napoleão quis torná-la numTemplo da Glória, modificando radicalmente o projeto original e transformando-o num colossaltemplo romano. Se no exterior do edifício tal analogia se torna evidente, no interior o arquiteto limitou-se a articular o espaço mediante uma série deabóbadas, vagamente inspirado na arquitetura dastermas romanas.[26]
A própria promoção de Napoleão coincidiu com a concepção de várias obras públicas monumentais, destinadas a alterar a cara de Paris. Em 1806 iniciou-se a construção doArco do Triunfo, projetado por Jean-François Chalgrin, no mesmo ano em queFrançois-Joseph Bélanger cobre o pátio deHalle aux Blés com uma cúpula deferro fundido;Alexandre-Théodore Brongniart projeta a sede daBolsa de Paris e, entre 1806 e 1810, é erguida aColuna de Vendôme. Com isto, é importante mencionar a principal intervenção urbana de estilo neoclássico em Paris do início doséculo XIX. Trata-se do arranjo da Rua de Rivoli, iniciado em 1801 pelas mãos deCharles Percier ePierre-François-Léonard Fontaine. Os dois projetistas realizaram um longo padrão rectilíneo através da perspectiva continuada dos pórticos do edifício; a obra terá sido concluída apenas sob o governo deNapoleão III, onde o desenho original foi alterado com a adição de enormesmansardas.[42]
Com o fim do império napoleónico, os arquitetos franceses voltam-se para um rumo incerto. As novas tendências foram, portanto, identificadas pelaAcademia de Belas-Artes de Paris e oConseil Génèral des Bàtiments Civils. A principal figura desta fase foiAntoine Chrysostome Quatremère de Quincy(1755–1849) secretário daAcadémie por 23 anos de acérrimo defensor da arte clássica. A divisa da sua forma de projetar, devido à excessiva rigidez dos seus ideais doutrinários, surge em numerosos edifícios construídos nessa época em França, como oPalácio da Justiça deLyon, que teve início em 1835 porLouis-Pierre Baltard, que se caracteriza pela fachada sóbria composta por vinte e quatro colunas daordem coríntia.[43]
Registaram-se algumas inovações na obra deJacques Ignace Hittorff, apologista da teoria segundo a qual a arquitetura grega deveria ser rica em cores. Os seus principais trabalhos, todos em Paris, são aigreja de São Vicente de Paulo, a acomodação da Praça da Concórdia e aGare du Nord. Na igreja de São Vicente, cuja construção teve lugar em volta de 1830, demonstra como a arquitetura clássica pode variar sem se afastar dos modelos antigos. No exterior a igreja é precedida por um pórtico jónico encimado por um frontão, ladeada por duas torres sineiras quadrangulares, enquanto que no seu interior a nave principal é dividida por duas ordens de colunas, policromado e ricamente decorado, com uma articulação mais próxima da arquitetura paleocristã do que propriamente da neoclássica: as colunas possuem um tom damasco, com afrescos na repartição superior e astreliças são vermelhas e azuis, dourado na imitação daquelas presentes naCatedral de Monreale. Poucos anos depois, assumiu a reorganização da Praça da Concórdia, onde acrescentou estátuas, ergueuo obelisco e acrescentou a fonte de ferro fundido. Em 1859, projetou a Gare du Nord de Paris, a sua principal obra, cuja fachada apresenta uma mistura de motivos clássicos numa escala desproporcional.[44]
No início doséculo XVII, a Inglaterra conheceu a arquitetura deAndrea Palladio graças ao trabalho de divulgação deInigo Jones.[45] Desde então, o património da arquiteturapalladiana foi de tal forma engrandecido que dominaria a arquitetura inglesa, até que acabou por sofrer delicadas alterações porRobert Adam(1728–1792) cuja atividade se inscreve entre o neoclassicismopitoresco e o neo-gótico na variante clássica.[46]
Ao longo doséculo XVIII registou-se a construção de várias residências influenciadas pelo "estilo italiano", como oHolkham Hall eChiswick House, projetados porWilliam Kent eLord Burlington. Da colaboração entre os dois resultaria ohall de entrada de Holkham Hall (cerca de 1734), considerado como "um dos mais espectaculares interiores doséculo XVIII." Ao modelo base, derivado de um projeto realizado por Palladio, acrescentaram uma "abside, agora inspirada nas igrejas venezianas do mesmo arquiteto italiano; outros detalhes, como o entalhe do caixotão, foram inspirados nas reconstruções arqueológicas publicadas nos volumes deEdifices antiques de Rome sin dal 1682. O resultado final é definitivamente clássico, com uma sala que revela uma concepção dramática de inspiração barroca.[47]
A primeira extensão do neoclassicismo inglês é, contudo, observada na sala queJames Stuart projetou naSpencer House, emLondres, 1758.[48] Stuart realizou poucas obras ao longo da sua carreira, mas torna-se notável pela redescoberta dogosto grego: o seu templo no parque deHagley Hall foi o primeiro exemplo doneogregodórico em toda a Europa.[49]
William Kent, Templo da Antiga Virtude, BuckinghamshireRobert Adam, corte da antecâmera da Syon House
Por outro lado, no planeamento urbano nota-se significativas transformações de tendência clássica promovidas na cidade termal deBath, onde, a partir da primeira metade doséculo XVIII,John Wood, o velho, realizou uma série de intervenções inspirando-se nos cânones clássicos (como oFórum Romano); a obra seria concluída pelo seu filhoJohn Woob, o jovem com a inclusão doCrescent, um corpo curvilíneo caracterizado por um prospecto contínuo e definido por umaordem colossal de colunas. As transformações de Bath influenciaram, como veremos mais à frente, vários projetos urbanísticos na Inglaterra e Estados Unidos.[50]
Paralelamente, a partir de 1740, com a afirmação dopitoresco, difunde-se na arquitetura a paixão pelas ruínas, tanto que muitos arquitetos começaram a projetar os seus edifícios em decadência, reduzidos em ruínas pela acção do tempo. Neste período insere-se o primeiro projeto inglês que é parte integrante do neoclassicismo, seja pois o mausoléu do Príncipe de Gales (1751), deWilliam Chambers; contudo, o carácter neoclássico deste projeto dissolve-se na concepçãoromântica do mausoléu, que foi apresentado de forma a que por uma vez assumisse o estado de ruína.[51]
O pitoresco teve origem da arte dos jardins mais do que da própria arquitetura; oparque inglês deriva portanto dos jardins renascentistas italianos, elogiados porAlexander Pope e mencionados por William Kent.[52] O primeiro jardim digno de referência foi precisamente o que Alexander Pope pretendia realizar emTwickenham, iniciado em 1719 e caracterizado por uma zona selvagem, uma gruta e um pequeno templo comsemicúpula. Mais tarde, na chamadaElysian Field (Buckinghamshire), William Kent projetou o templo de planta circular da Antiga Virtude (1734), inspirado no projeto que Palladio realizara para oTemplo de Vesta emTivoli. Ainda Kent projetou o jardim deRousham, emOxfordshire, semelhante ao anterior, mas ao mesmo tempo mais diversificado e unitário. As duas obras de Kent constituem o principal marco do jardim construído entre 1740 e 1760 emStourhead,Wiltshire. O parque, criado através da fusão da arquitetura, arqueologia, poesia, jardinagem, topografia e esoterismo, foi construído perto deSalisbury eGlastonbury, num valelacustre, de vegetação exuberante; aqui foram incorporados numerosos santuários de inspiração clássica, como o Panteão de Claudio e Virgílio, concluído em 1754 e ornamentado no interior com estátuas de Hércules, Flora e Livia Augusta sob as vestimentas de Ceres, este último proveniente das escavações arqueológicas de Herculano.[53]
Robert Adam é reconhecido por ter feito uma síntese da tradição inglesa e os gostos da Europa. Nascido naEscócia em 1728, visitou França e Itália, onde fez amizades com personalidades como Piranesi. E justamente com Piranesi remete o estilo retórico com o qual descreve os seus próprios edifícios publicados no volumeThe Works in Architecture of Robert and James Adam, um livro que documenta de forma crucial os interiores, móveis e acessórios, projetados pelos Adams. O seu estilo é uma combinação que parte da arte clássica e vai até ao palladianismo e pitoresco. Nele encontram-se várias referências aos banhos romanos, assim como a elementos de compromisso entre a arquitetura grega e a arquitetura romana, tal como na antecâmara deSyon House, onde Adam utilizou decorações do entablamento extraídas doErecteion, colunas provenientes diretamente de Roma e um molde do teto palladiano: em retrospectiva, Adam desenvolveu um estudo, não tanto de origem intelectual, mas antes cénico e pitoresco.[54]
No final doséculo XVIII, distingue-se a actividade deJoseph Bonomi,James Wyatt eHenry Holland. O primeiro, nascido na Itália, mudou-se para Inglaterra em 1767. Entre as suas principais obras, em que convergem reminiscências arqueológicas bastante precisas, destaca-se a igreja projetada para o parque de Packington, emWarwickshire, que denuncia certa afinidade com a arquitetura contemporânea revolucionária de Ledoux na França eGilly na Alemanha, sendo exclusiva no panorama inglês. Com formas rígidas e despojado, o exterior é de pura argila e é iluminado por enormes vãos semicirculares que derivam das antigas termas; o interior parece ter sido inspirado noTemplo de Neptuno emPesto, com colunas dóricas que sustentam as abóbadas da cobertura. Esta configuração do interior veio eventualmente a influenciar vários arquitetos, incluindo James Wyatt.[55]
Wyatt era o êmulo de Adam e adquiriu fama com o Panteão de Oxford, em Londres (1770, destruído), um edifício destinado ao entretenimento que constituía uma singular versão neoclássica da basílica deSanta Sofia emIstambul. Do seu vasto repertório de trabalhos realizados, é recordado sobretudo pelas suas contribuições no contexto neogótico e pelas massivas restaurações das catedrais inglesas. Todavia, edificou numerosas residências no contexto do neoclassicismo, como a de Dodington, emGloucestershire, em que se destacam vários detalhes do mundo grego e romano.[56]
Intimamente relacionado com a linguagem de Wyatt e Adam esteve Henry Holland, que na sua primeira e importante comissão,Brooks's Club de Londres (1776) projetou, por detrás de uma fachada palladiana, espaços com decorações sóbrias e mensuradas. Dois anos depois, começou a trabalhar numa casa emHerefordshire, que se seguiu por extensas reconstruções emCarlton House, onde se pode verificar influências francesas,[57] uma vez que eram franceses os artesãos que lidavam com a decoração e design mobiliário.
Oséculo XIX trouxe-nos repercussões notáveis; exemplo disso são importantes obras como oMuseu Britânico em Londres, oSaint George's Hall emLiverpool e alguns trabalhos deJohn Soane. O Museu Britânico é um edifício monumental construído a partir dos anos vinte e preservado por uma composição de elegantes colunas jónicas: o harmonizado complexo readquire a proposição dostemplos clássicos e concentra no seu interior uma grande cúpula de ferro fundido que cobre a sala de leitura.[58]
Pouco tempo depois foi edificado oSt George's Hall em Liverpool, uma construção severa destinada a acolher a vida cívica da cidade. Este tipo debasílica civil, nada mais é que um conjunto de diferentes volumes que se relacionam uns com os outros e unidos por um entablamento que perfaz todas as fachadas do edifício. O complexo foi projetado porHarvey Lonsdale Elmes, que após a sua morte, a construção foi continuada porCharles Robert Cockerell, que acrescentou o volume doConcert Hall, cuja rica decoração clássica contrasta com a sobriedade do exterior.[59]
Por outro lado, entre as criações de John Soane vale evocar a casa que o arquiteto projetou para si mesmo em Londres (atualSir John Soane's Museum): o projeto original, que não foi seguido na integra, foi definido pela simplicidade projetual, com enormes arcos que compõem a fachada e que, portanto, se aproxima bastante da arquitetura revolucionária de Claude-Nicolas Ledoux.[60] Em contraste, o seu interior, muito congestionado e claustrofóbico, cancela o estilo clássico do exterior, revelando uma linguagem muito pessoal e mais próxima da tradição pitoresca: com vários espelhos (mais de 90 numa das salas menores) que transmitem a sensação aparente de um compartimento maior, a iluminação trazida do alto, com arcos goticizantes e reboco com diferentes texturas e tipos de chapisco.[61]
Relativo às transformações urbanísticas, recorde-seRegent's Park eRegent Street em Londres, projetados porJohn Nash. O arquiteto, influenciado pelas construções já mencionadas realizadas em Bath, concebeu uma série de articulações dentro do tecido urbano da cidade, projetando habitações com colunas, entablamentos etímpanos, em consonância com os ditames do neoclassicismo; todavia, o seu sinuoso percurso abandona a visão estática das alterações de Paris e relança perspectivas em vista da inovação, combinando em si o gosto romântico à contínua descoberta e pelo pitoresco.[62]
Em todo o caso, os melhores projetos ingleses da época sofreram o encanto do Neogótico, frequentemente associado à tradição religiosa, arquitetónica e intelectual que se estabeleceu nos centros deOxford,Cambridge e Londres. Além disso, a partir de meados doséculo XIX, na Escócia e no norte do país, floresceu uma importante época neoclássica, encontrados, por exemplo, emTown hall deLeeds (1853), emPicton Reading Room deLiverpool (1875) ou na igreja queAlexander Thomson edificou emGlasgow sob a influência deSchinkel e Cockerell.[63]
A construção daPorta de Brandemburgo assume-se como a introdução do neoclassicismo na arquitetura da Alemanha; criado emBerlim porCarl Gotthard Langhans entre 1789 e 1793: o monumento apresenta aspecto sóbrio e severo ao estilo dórico, o primeiro deste género edificado com base nas reconstruções doPropylaea de Atenas,[55] e inaugurado em meados doséculo XVIII. Embora referindo-se ao modelo ateniense, Langhans assumiu uma versão simplificada do dórico romano: ao contrário do verdadeiro dórico, as colunas possuem bases e são espaçadas de forma desigual em relação aos pavilhões laterais, para além disso, figuram meiasmétopas nos limites dofriso (os gregos pelo contrário, utilizavam na terminação do friso umtríglifo).[64]
Outras obras importantes a levar em consideração são os estudos deFriedrich Gilly.[66] O jovem arquiteto realizou poucos trabalhos durante a sua curta vida, porém após 1790 teria já preparado alguns projetos definitivamente relevantes: o projeto para o Teatro Nacional de Berlim e o monumento deFrederico, o Grande. Em particular no teatro é sentida a estreita relação com a arquitetura contemporânea francesa de Ledoux: Gilly rejeita grande parte da decoração e reforça os volumes, estes últimos definidos pela organização com base na própria função que deveriam cumprir. Tal como Ledoux na França e John Soane na Inglaterra, Gilly parecia anunciar uma arquitetura totalmente nova, mas que no entanto não encontrara espaço na sociedade doséculo XIX, dominada pelas comissões de proprietários de indústrias e minério: homens dotados de grande riqueza, mas de um modo geral, de escassa cultura.[67]
Gilly foi aluno deKarl Friedrich Schinkel, que após um começo com base noneogótico, aproximou-se do neoclassicismo dematriz grega, estilo que teve grande repercussão na Alemanha. De um modo geral, o trabalho de Schinkel, com os seus elementos góticos, clássicos e pitorescos, assimila-se mais ao de Inglaterra do que de França ou Itália, mas a sua interpretação funcional do classicismo, que voltará novamente a estar em voga entre 1919 e 1940, veio a ser identificada como um estilo profundamente nacional. No início doséculo XIX projetou oNeue Wache e outros edifícios em Berlim, a partir de formas simples e elegantes que influenciarão até mesmo a arquitetura de países tão longínquos como aFinlândia.[68] Outras obras de Schinkel sãoKonzerthaus Berlin eAltes Museum de Berlim. No teatro berlinês o arquiteto exaltou a funcionalidade de várias formas, conferindo ao edifício e à sua distinta volumetria, uma extraordinária tridimensionalidade: o elemento mais próximo à tradição é a colunata frontal com seis colunas que configura um hexastilo encimada por um frontão ricamente decorado.[69]
O funcionalismo de Berliner Schauspielhaus contrasta com o modelo classicizante doAltes Museum, que combina o tema do longo pórtico dastoa característica da antiga Grécia, com a rotunda do Panteão colocada no interior; resultando numa vista frontal bastante ampliada, que confia a sua própria condição comunicativa ao sistema de dezoito colunas jónicas.[58]
Rival de Schinkel foiLeo von Klenze,[70] cuja fama está sobretudo relacionada com o projeto deValhala, perto deRatisbona e daGliptoteca de Munique; trata-se de dois complexos neogregos, construídos nas primeiras décadas doséculo XIX. Dos dois, o que se destaca pela imponência é, certamente, o templo de Valhala, no qual, segundo amitologia nórdica, se reuniam as almas dos heróis mortos em batalha; um temploperípteral dórico, situado sobre um enorme embasamento que é acessado através de amplas escadarias. A construção lembra de uma forma extraordinária o monumento concebido por Gilly para Frederico, o Grande, porém von Klenze confere à sua obra uma marca distinta romântica: o Valhala de facto reitera no interior vários bustos de importantes personalidades alemãs, assim como umbaixo-relevo que ilustra a história da Alemanha.[71]
A partir da segunda metade doséculo XVIII, regista-se em Itália a construção de alguns edifícios classicizantes. O neoclassicismo, contudo, não se declarou consolidado em todo o país, que nesse período ainda estava dividido em vários estados menores, na grande maioria sob o controlo direto de governos estrangeiros, que precedia a instituição doreino unificado sobVítor Emanuel II; a ausência de uma cultura unitária e a significativa pobreza que sufocava a península italiana durante oséculo XVIII, não permitia efectivamente as condições propícias para uma florescente produção arquitetónica.
O início do século, coincidiu ainda com a última estância dobarroco tardio; em Roma, foram realizados notáveis monumentos cenográficos (como aPraça de Espanha e aFonte de Trevos) enquanto que emPiemonte realça a obra deFilippo Juvarra eBernardo Antonio Vittone; a atividade ter-se-ia em seguida voltado para oReino de Nápoles ondeFerdinando Fuga eLuigi Vanvitelli construiram, respectivamente, oAlbergo Reale dei Poveri e oPalácio Real de Caserta,[72] grandiosos períodos de vigorosa produção barroca;[73] em particular, o Palácio Real, apesar de no exterior acenarem para uma certa contenção do neoclassicismo, foi considerada a última grande realização e encarnação da melhor tradição do Barroco italiano.[72][74] A afirmação do neoclassicismo foi, portanto, lenta e extenuante, e ressentiu-se essencialmente das contribuições estrangeiras, particularmente francesas.[75]Véneto, por outro lado, estava ainda sob influência da arquitetura palladiana.[73]
Importantes edifícios religiosos foram também construídos ou restruturados sob o estilo neoclássico, nomeadamente aCatedral de Santa Cruz emForlì, emEmília-Romanha, ou aCatedral de Novara, em Piemonte.[76][77] Em Milão, aVilla Comunale (Villa del Belgioioso),[78] uma importante edificação neoclássica italiana, construída entre fins doséculo XVIII e inícios doséculo XIX pelo arquiteto Leopoldo Pollack(1751–1806). Tal edificação é vista como uma das que se voltaram mais às formas simples, em oposição ao Barroco. Essa tendência é, naturalmente, a mesma que levou às formas mais simples na França, característica da época de Luís XVI(1754–1793). Este exemplo configura a monumentalidade das edificações neoclássicas europeias. A produção de moradias e residências noséculo XIX, permaneceria fortemente vinculada ao palladianismo e à recuperação das tradições neorrenascentistas e não aos clássicos, de um modo geral. De tipologia residencial, nada de novo foi construído noséculo XIX.[79]
NaRússia, a propagação do mundo ocidental teve grande preeminência, principalmente emSão Petersburgo.[80] Aqui, até cerca de 1760, encontrava-se ainda presente as tendências e gostos dorococó do italianoBartolomeo Rastrelli (videPalácio de Inverno); foiCatarina, a Grande a introduzir o neoclássico na capital, encomendando ao arquiteto francêsJean-Baptiste Michel Vallin de La Mothe alguns edifícios tais como aAcademia de Artes da Rússia. Em 1779,Giacomo Quarenghi(1744–1812), aceitou o convite de ida para São Petersburgo,[81] onde permaneceu pelo resto da sua vida, tornando-se o arquiteto oficial de Catarina II;[82] entre 1780 e 1785, transformou São Petersburgo numa cidade clássica.[83] Projectou numerosos palácios e trouxe em voga um original estilo monumental, de inspiração palladiana, verificável, por exemplo, no sóbrio e austeropalácio inglês do parque de Peterhof (destruído entre 1781 e 1789) naquele que é o mais ricoTeatro de Hermitage(1782–1785).[84]
Os primeiros edifícios doséculo XIX surgem na estreita relação com a arquitetura de Étienne-Louis Boullée e Claude-Nicolas Ledoux, como é o caso da Antiga Bolsa de São Petersburgo, concebido por um francês e que remonta ao ano de 1804. À Bolsa, segue-se a construção daCatedral de Nossa Senhora de Cazã, seguida então do imensoAlmirantado (deAndrejan Zacharov, 1806-1815, onde ecoam as proporções de larga escala de Boullée), aCatedral de Santo Isaac (cujo projeto, realizado pelo francêsAuguste de Montferrand, se baseia no Panteão de Paris) e a arquitetura italiana deCarlo Rossi (designadamente oPalácio do Senado e oPalácio Mikhailovsky) que tornaram São Petersburgo, com as suas fachadas em estuque cromatizado e pormenores despontantes em branco, uma das cidades mais ajustadas ao neoclassicismo da Europa.[86]
Ainda queMoscovo tivesse sido cenário da importantes obras neoclássicas, e evidenciado outros factos interessantes, não assistiu, contudo, a resultados tão notáveis quanto São Petersburgo. O arquiteto que mais destaque teve com relação à arquitetura classicizante de Moscovo foiMatvi Kazakov(1738–1812), a quem se deve a concepção do Palácio do Senado emKremlin. Além disso, no final doséculo XVIII, foram retribuídas uma série de edificações clássicas de Moscovo ao supracitado Giacomo Quarenghi, o qual, na sequência de Kazakov, foi seguido por arquitetos comoDomenico Gilardi (associado ao estilo imperial) eOsip Beauvais (atuante durante a construção da cidade, após o desastroso incêndio de 1812).[84]
AEuropa Setentrional oferece um rico repertório de obras neoclássicas, geralmente de matriz alemã ou francesa.[84] NaDinamarca, o neoclassicismo surgiu no início dos anos sessenta doséculo XVIII.[87] Na verdade, o salão de jantar projetado porNicolas-Henri Jardin noPalácio de Amalienborg(1755–1757) é relembrado como o "mais antigo salão existente decorado ao estilo neoclássico por um arquiteto francês".[88] Aluno de Jardin foiCaspar Frederik Harsdorff, que, a exemplo, trabalhou naCatedral de Roskilde, onde projetou a capela funerária deFrederico IV. Mais tarde, com o aparecimento do estilo neogrego, o artista de maior importância foiChristian Frederik Hansen(1756–1845),[89] que realizou o projeto daCatedral de Copenhaga, com a enorme abóbada de berço apoiada por colunas dóricas que lembra o projeto de Boullé do interior de uma biblioteca.
No início doséculo XIX, regista-se também a planificação deHelsínquia, grão-ducado russo de 1809. Os principais edifícios públicos da cidade devem-se aCarl Ludwig Engel, que se envolveu napraça do Senado, dominada pela catedral clássica doPalácio do Senado(1818–1822) e dauniversidade. O projeto inicial da catedral remonta a 1818, mas a sua construção, que teve início em 1830, só foi concluída em 1851. Trata-se de uma planta centralizada, constituída por uma cruz grega blindada por quatro pórticos no exterior: ao centro da composição destaca-se a altíssima cúpula ladeada por quatro cúpulas menores que cobrem os campanários, os quais lhe foram acrescentados mais tarde. Não obstante, na Universidade foi construída uma biblioteca com salões de leitura colunados, cujo acesso se dá através de imponentes escadarias de estilo dórico, que encontram afinidade com as existentes no Palácio do Senado: no primeiro caso, duas fileiras de colunas sustentam os planos de acesso das escadarias, enquanto que no segundo, as colunas dóricas apoiam asabóbadas em cruzaria da cobertura.[90]
NoPorto, são lançadas várias ampliações da cidade com regulamentações de ocupação e a introdução do estilo neoclássico foi aplicada em projectos importantes realizados por ingleses residentes nesta cidade, o que explica a enorme influência da tendência palladiana, presente nomeadamente noHospital de Santo António, projetado pelo inglêsJohn Carr (1769), na definição espacial daPraça da Ribeira, junto aorio Douro (1765), no edifício daFeitoria Inglesa (1785), estes dois últimos pelo cônsulJohn Whitehead, ou noPalácio da Bolsa deJoaquim da Costa Lima. Um dos expoentes máximos do neoclassicismo nortenho foi o engenheiroCarlos Amarante(1748–1815), autor de vários edifícios tardo-barrocos e neoclássicos, como aIgreja da Trindade no Porto.[91][34]
A difusão do revivalismo clássico foi regular por toda a Europa, apesar de com algumas ressalvas:Espanha por exemplo, não trouxe qualquer contributo significativo para o neoclassicismo.[92]
NaPolónia, em finais doséculo XVIII, difundiu-se uma arquitetura derivada dos modelos revolucionários de Ledoux; um primeiro monumento do início do neoclassicismo regista-se naCatedral de Vilnius (hoje naLituânia, que à época estava unida à Polónia, naComunidade das Duas Nações). No século seguinteAntonio Corazzi foi responsável pela construção de vários edifícios naVarsóvia, enquanto que a nobreza polonesa encomendou a Karl Friedich Schinkel algumas residências no país.[94]
Se emPraga o neoclassicismo foi recebido mais tarde do que na restante Europa,[95] naHungria a ruptura com a linguagem barroca ocorreu nos anos 70 doséculo XVIII: aCatedral da Assunção emVác, com o seu pórtico encimado por um maciço ático, que remonta a 1763-1777. Noséculo XIX, este estilo culmina naCatedral de Esztergom (com planta central dotada de cúpula) e no neogrego oMuseu Nacional deBudapeste (este último obra deMihály Pollack).[96]
Entre os séculos XVIII e XIX,Bélgica foi influenciada pelo neoclassicismo da escola francesa (como a sede daReal Academia), mas no final doséculo XIX o país reencontrou o caminho para um barroco exuberante.[97]
Paralelamente o estilo neoclássico desenvolve-se naGrécia apenas em meados doséculo XIX, quando foi introduzido nos planos de renovação deAtenas.[99] Intervieram, portanto, projetistas de diferentes regiões da Europa, em particular alemães, dinamarqueses e franceses. Entre as obras mais originais ocorre informar o tribunal deZappeion, inaugurado apenas em 1874 conforme os planos deTheophil Hansen.[100]
A origem do neoclassicismo nos Estados Unidos, conhecido porEstilo Georgiano, inspira-se de forma direta no neo-palladianismo inglês. ; a partir do final doséculo XVIII houve também grande expressão dorevivalismo grego. Dos exemplos mais interessantes desta época refiram-seThomas Jefferson eBenjamin Latrobe.[101] O primeiro, a partir de 1771, concebeu da casa deMonticello, emVirgínia, obra esta que não foi particularmente inovadora, quando comparado com as construções inglesas da contemporaneidade. Influenciado pelaMaison Carrée deNimes, entre 1785 e 1789, realiza o pouco original projeto para oCapitólio do estado da Virgínia, cujo projeto final remonta a 1817: o elemento predominante deste novo complexo é certamente arotunda, destinada a abrigar a biblioteca e que, no pórtico vagamente palladiano, combina um corpo circular, inspirado no Panteão. Outra característica do edifício, reconstruído após o incêndio de grandes proporções de 1895,[102] são as salas que se abrem para o interior, de forma elíptica.[101]
Foi o próprio Benjamin Latrobe que sugeriu a Jefferson a solução da rotunda.[103] Os primeiros grandes trabalhos de Latrobe foram a penitenciária deRichmond e aBanca da Pensilvânia atualmente irrecuperável. No início doséculo XIX, Latrobe fica encarregue pela conclusão doCapitólio, emWashington, o enorme palácio no qual trabalharam vários arquitetos. Posteriormente, sob a ala reconstruída do Senado, foi introduzido aSupreme Court Chamber, onde o interesse pela geometria e pormenores de destaque sugerem uma estreita relação com os modelos do francês Ledoux e do inglês Soane. Entre 1809 e 1818 construiu aBasílica de Batimore, sujeita mais tarde a modificações e ampliações, mas que dela restou a sua principal estrutura de origem.[104]
A primeira metade doséculo XII culminou com a construção de alguns edifícios decisivamente clássicos: como oCapitólio de New Haven, obra deIthiel Town, imitação fidedigna da Bolsa de Valores da Filadélfia; oGirard College da Filadélfia, deThomas Walter, com um complexo engenhoso de três abóbadas cobertas; oOhio Statehouse emColumbus (1838), este de Walter, que lembra oBarrière de la Villette de Ledoux.[105] O neoclassicismo afirma-se no cenário americano principalmente até finais da segunda metade doséculo XIX. As últimas obras mais notáveis foram projetos de excelência académica dos associadosWilliam Rutherford Mead,Stanford White eCharles Follen McKim, como é exemplo a Biblioteca daUniversidade Columbia, emNova Iorque, 1893, uma imponente construção que reflete o esplendor da arquitetura civil romana segundo o modelo do neoclassicismo francês.[106]
Em finais doséculo XIX, o absoluto classicismo torna-se o fulcro teórico e cultural à construção de cidades inteiras como Washington: nela, concebida como um "tabuleiro de xadrez", acharam lugar para edifícios friamente classicizantes. Em Nova Iorque, pelo contrário, foram concebidas parcelas inteiras de nova urbanização, que compreendeu áreas dispostas ao longo daWall Street. Nesta ideologia urbanística, foram acrescentados vários edifícios urbanísticos importantes ao estilo clássico. De facto, o neoclassicismo doséculo XX tornou-se o estilo predilecto da arquitetura do governo: trata-se de edifícios concebidos em oposição do modernismo, que refletem o gigantismo com vista a enfatizar o papel e o prestígio internacional do país.[107][nt 2]
Numerosos são os exemplos, os mais célebres concentrados fundamentalmente na zona de Washington. Em exemplo oLincoln Memorial (finalizado em 1922) é um dos edifícios que tenta imprimir à cidade uma marca que visa recalcar aquela característica da Roma imperial. Projetado como um monumento em memória do presidente dos Estados UnidosAbraham Lincoln, conhecido pelas suas batalhas contra a escravatura, o memorial seria concebido idealmente em 1867, mas o início da construção deu-se nas primeiras décadas doséculo XX. No interior do edifício, desenhado porHenry Bacon, foram acrescentadas esculturas e estátuas projetadas sobre o modelo da célebre "cópia romana" (estátuas realizadas no período romano que correspondem ao bronze perdido da Grécia antiga), como no caso da grande estátua de Lincoln, colocada no centro do memorial.[109][110]
Também na capital dos Estados Unidos, nos anos 30 deste século, enquantoFrank Lloyd Wright concebe a famosaCasa da Cascata, é edificado o majestosoPalácio daSuprema Corte, concluído em 1935. O edifício, que na fachada anterior exibe umapronau no estilo coríntio, foi projetado porCass Gilbert, que era pois já conhecido por toda a crítica da arte internacional pela sua construção doWoolworth Building, em Nova Iorque, na época um dos maioresarranha-céus do mundo.[111][112]
O último edifício neste contexto é oJefferson Memorial, inaugurado emWashington apenas em 1943. Projetado em 1939 porJohn Russell Pope na imitação dasvillas palladianas e templos romanos egregos, o edifício desdobra-se ao longo de uma rotunda de colunas jónicas que culminam numa grande pronau, com vista sobre orio Potomac. O monumento assume o modelo da rotunda que o arquiteto e o Presidente Thomas Jefferson, a quem o memorial foi dedicado, criaram àUniversidade de Virgínia.[113][114] Trata-se, no entanto, de um revivalismo muito longe das novas tendências da arquitetura doséculo XX, que há muito havia seguido novas linhas, em completa rotura com o passado e sua imposição estilística (vide, por exemplo, a Casa da Cascata), queFrank Lloyd Wright completou em 1939.[115]
Embora já existissem construções dalguns palácios municipais na América Latina, tal como oPalácio Municipal de Tlaxcala (c. 1539), no México, o desenvolvimento da arquitetura institucional não eclesiástica começou a florescer no final doséculo XVIII e início do XIX.[116] Por iniciativa de engenheiros militares e arquitetos encomendados por oficiais coloniais em nome dos seus monarcas, deu-se a introdução da arquitetura neoclássica à construção de alfândegas, hospitais, prisões, tesourarias e correios.[117]
Um dos exemplos mais refinados deste novo tipo de construção, com o seu plano simétrico organizado em torno dos pátios, é oPalácio de La Moneda(c. 1780–1770) emSantiago, noChile, porJoaquín Toesca y Ricci. A formação dos novos vice-reinados coincidiu com a construção docabildo, ou câmara municipal(1783–1785), emMontevideu, noUruguai, projetado porTomás Toribio. A arquitetura académica neoclássica docabildo aplica a linguagem daarquitetura renascentista (ou seja, colunas, arcos, frisos) a edifícios de grandes dimensões ajustados para acomodar novas tipologias e livres de um sistema proporcional, conferindo uma nova forma às instituições de governo.[116]
NoBrasil, as primeiras reacções ao Barroco surgiram após 1815 em virtude do aporte de alguns arquitetos franceses, comoGrandjean de Montigny. Uma das obras de maior importância, apesar de concebidas em meados do século, é oTeatro de Santa Isabel, noRecife, que foi seguido peloTheatro Nossa Senhora da Paz, emBelém, onde, contudo, prevaleceu o estilo colonial americano.[118] Após a guerra daIndependência da América Espanhola, na primeira metade doséculo XIX, os países da América Latina estavam cada vez mais voltados à arquitetura de França e Itália à transformação do leiaute e arquitetura das suas cidades e vilas.[117] O neoclassicismo tornou-se o estilo oficial com a importante arquitetura representativa da América Latina, com uma nova identidade: a título de exemplo recorde-se oCapitólio Nacional da Colômbia, emBogotá.[119]
Como se pôde observar, o estilo neoclássico inscreve-se num período duradouro, confluindo no ecletismo e impulsionando as primeiras décadas doséculo XX. Noséculo XX, a par das principais referências históricas, como as encontradas nos principais monumentos de Washington, em diversos países desenvolveu-se uma série de tendências de inspiração clássica e neoclássica.[120]
Na Itália, após o esplendor retórico do já citadoMonumento de Vítor Emanuel II, assistimos a uma simplificação do vocabulário arquitectónico que, contudo, durante oFascismo, permanece substancialmente de cunho classicista; os novos modelos propostos naquela época continuam, com algumas excepções (videEstação de Florença Santa Maria Novella), ainda associados à simetria e a uma decoração antiga, cingida aos seus elementos essenciais. Isso viria a repercutir-se naquele que é oNeoclassicismo simplificado típico deMarcello Piacentini e que se enquadra na corrente arquitectónica definida mais apropriadamente demonumentalista.[76] Estes exemplos, apesar de em parte revalorizados pela crítica mais recente, eram muitas vezes considerados grotescos e expressão de um provincianismo longe das correntes arquitectónicas e de pensamento mais evoluído e internacional doMovimento Moderno: um exemplo é oPalazzo della Civiltà Italiana, inspirado no modelo do Coliseu, privado de decoração (também chamado deColiseu quadrado).[121]
Na Alemanha, os planos deAdolf Hitler tinham em vista alterar a face da capital, transformando-a numa cidade monumental. O autor dos projetos, que jamais seriam concretizados, foiAlbert Speer, um amigo pessoal doFührer. A maciça cúpula de caixotões daGroße Halle, baseada na modelo do Panteão de Roma, teria representado, com os seus mais de 200 metros de diâmetro, o fulcro da nova Berlim; no exterior, os desenhos mostram uma poderosa colunata clássica aberta para uma enorme praça para comícios, tudo numa escala colossal.[122][123] Exemplos semelhantes podem também ser encontrados na Rússia e nos países directamente influenciados pelaUnião Soviética, como aPolónia e aChina.[124][125][126]
O repertório clássico alcançaria um período de intensa fortuna em finais dos anos 70, no âmbito dopós-modernismo (e na consideradanova arquitetura clássica, movimento que expressa uma clara liberdade estilística livre do vínculo modernista.[127] Frontões, colunas e outros elementos tradicionais voltariam mais tarde a estar em voga: um célebre exemplo é o frontão clássico do arranha-céuAT&T Building (atualSony Building), quePhilip Johnson construíra em 1984 na cidade de Nova Iorque.[128]
↑Na sequência de Boullée e Ledoux encaixa-se também a obra visionária deJean-Jacques Lequeu, cuja fama está relacionada a desenhos que refletem uma notável fantasia quase neurótica.
↑Ver também as apreciações feitas, contra a ditadura da linha reta e a involução da arquitetura, por Bruno Zevi, emIl Linguaggio Moderno dell'Architettura, Turim, 1973.[108]
Fulton Street Transit Center, New York, New York, Section 4(f) Evaluation: Environmental Impact Statement 1 ed. Nova Iorque: Universidade Northwestern. 2004
Beschi, L. (1986). «Architettura: una disputa tra Roma e Atene».Memoria dell'antico nell'arte italiana vol. III, Dalla tradizione all'archeologia. Turim: Einaudi
Ciucci, G. (1995).Classicismo, classicismi: architettura Europa/America 1920-1940. Veneza:Electa
Contreras, Álvaro Jaramillo; Villegas, Andrés Borda (1991).El Capitolio Nacional como un claro ejemplo del estilo neoclásico en Colombia. Bogotá: Universidad de La SalleA referência emprega parâmetros obsoletos|coautor= (ajuda)
Curl, James Stevens (2015).The Oxford Dictionary of Architecture 3 ed. Oxónia: Oxford University Press. 1104 páginas.ISBN0191053856
Danielson, E. N. (2004).Shanghai and the Yangzi Delta: From Past to Present. The New Yangzi River Trilogy Vol. I. Nova Iorque: Times Edtions
Poncellini, L. (2011).Laszlo Hudec in Shanghai (1919-1947) and the Pursuit of Chinese Modernity. Zurique: Freitag
Praz, Mario (1974).Gusto neoclassico. Milão: Rizzoli.ISBN88-17-10058-7
Quincy, Quatremère de (1834).Recueil de notices historiques lues dans les séances publiques de l'Académie Royale des Beaux-Arts. Paris: A. Le Clere
Scarrocchia, S. (1999).Albert Speer e Marcello Piacentini: l'architettura del totalitarismo negli anni trenta. Lausana: Skira
Souza, Antonio Abreu de (2012).Arquitetura Neoclássica e Cotidiano Social do Centro Histórico de Fortaleza - da Belle Époque ao ocaso do início do séc. XXI. Belo Horizonte: PPGA-Escola de Belas Artes/UFMG
Speer, Albert (1969).Erinnerungen. Francoforte e Berlim: Ullstein
Summerson, J. (1990).Architettura del Settecento. Milão: Rusconi