Argentina, oficialmenteRepública Argentina (pronunciado emespanhol: [reˈpuβlika aɾxenˈtina]), é o segundo maior país daAmérica do Sul em território e o terceiro em termos de população, constituída como uma federação de 23províncias e uma cidade autônoma,Buenos Aires, capital do país. É o oitavo maior país do mundo em área territorial e o maior entre as nações delíngua espanhola, emboraMéxico,Colômbia eEspanha, que possuem menor território, sejam mais populosos.
O primeiro gentílico aplicado pelos europeus ao povo habitante da atual Argentina foi o termocastelhano "rioplatense". O nome foi dado por um equívoco feito porSebastião Caboto em 1526, quando passou pelo estuário doRio Uruguai e o chamou deRio de La Plata ("Rio da Prata"), enganado pelo metal precioso que encontrou nas mãos de alguns indígenas, sem saber que eles o haviam tomado dos marinheiros da expedição portuguesa dirigida porAleixo Garcia. Embora o equívoco tenha se esclarecido pouco depois, o nome manteve-se e logo o gentílico "rioplatense" aplicou-se em espanhol para designar os habitantes de ambas as margens do Rio da Prata, o qual os índios chamavam deParaná-Guazú (termo que, traduzido dalíngua guarani, significa "mar gigante").[22]
Aprata, emlatim, recebe o nome deargentum, nome substantivo ao qual corresponde o adjetivoargentinus. O nome "Argentina" foi usado pela primeira vez pelo poeta Miguel Del Barco Centenera (1535–1605) em seu poema históricoArgentina y la Conquista del Río de la Plata ("Argentina e a Conquista do Rio da Prata"), publicado em 1602, 66 anos depois da fundação doPuerto de Nuestra Señora Santa Maria del Buen Aire ("Porto de Nossa Senhora Santa Maria do Bom Ar"), a atual cidade deBuenos Aires. O substantivo "Argentina" foi utilizado amplamente a partir do século XVIII para designar toda a região do Rio da Prata, abarcando os atuais territórios doUruguai,Paraguai e parte doestado brasileiro doRio Grande do Sul.[22]
A área conhecida atualmente como a Argentina era relativamente pouco povoada até o período dacolonização europeia. Os primeiros vestígios de vidahumana são datados do períodoPaleolítico e há indícios adicionais dos períodosMesolítico eNeolítico.[23] No entanto, grandes áreas do interior eram aparentemente despovoadas durante um extenso período de secas entre 4000 e 2000 a.C..[24]
Até o período da colonização europeia, a Argentina era relativamente pouco povoada por um grande número de culturas diversas com organizações sociais diferentes,[25] que podem ser divididas em três grupos principais.[26] O primeiro grupo sãocaçadores e coletores de alimentos sem desenvolvimento decerâmica, como os povosselknam eyaghan. O segundo grupo são os caçadores avançados e os coletores de alimento que incluem ospuelche,querandí e serranos no centro-leste; e ostehuelche no sul — todos eles conquistados pelosmapuches que se espalham doChile[27] — e okom ewichi no norte. O último grupo são os agricultores com cerâmica, como oscharruas,minuanos eguaranis no nordeste, com práticas dequeimadas e existência semissedentária;[25] a avançada culturadiaguita comercializava no noroeste, que foi conquistado peloImpério Inca em torno de 1480; ostoconotés ecomechingones vivam no centro do país e oshuarpes, uma cultura que criavalhamas e foi fortemente influenciada pelosincas, no centro-oeste.[25]
Nos séculos XVI e XVII, a economia argentina foi baseada na exploração deprata, com o uso da mão de obra dos indígenas. Ocorre a miscigenação entre colonos espanhóis e os ameríndios.[32]
No século XVII,jesuítas espanhóis criam missões naBacia do Prata, com o objetivo de catequizar os indígenas e proteger os nativos de caçadores de escravos. Além disso, nesse período intensifica-se o contrabando e a pirataria, sobretudo na região doRio da Prata.[32]
As primeiras cabeças de gado chegaram à Argentina logo no início da colonização, em 1556, e ao longo do tempo foram se multiplicando, graças aos amplos pastos da região dosPampas. No século XVIII, a pecuária já era uma das bases da economia argentina.[33]
Em 1776, foi criado oVice-Reino do Rio da Prata, desmembrado doVice-Reino do Peru. Buenos Aires é escolhida capital do novo vice-reino e começa a concentrar poder, desestabilizando a política local.[34]
ABatalha de Cepeda de 1820, travada entre os centralistas e os federalistas, resultou no fim do governo do Diretor Supremo. Em 1826, Buenos Aires promulgou outra constituição centralista, comBernardino Rivadavia sendo nomeado como o primeiro presidente do país. Entretanto, as províncias do interior se opuseram a ele, forçaram sua renúncia e rejeitaram a constituição.[44] Centralistas e Federalistas retomaram a guerra civil; este último grupo prevaleceu e formou aConfederação Argentina em 1831, liderada porJuan Manuel de Rosas.[45] Durante seu regime ele enfrentou umbloqueio naval francês (1838–1840), aGuerra da Confederação (1836–1839) e umbloqueio anglo-francês (1845–1850), mas manteve-se invicto e impediu a perda de território nacional.[46] Suas políticas de restrição ao comércio, porém, irritaram as províncias do interior e, em 1852,Justo José de Urquiza, outrocaudilho poderoso, o tirou do poder. Como novo presidente da Confederação, Urquiza promulgou a Constituição liberal e federal de 1853. Buenos Aires se separou, mas foi forçada a voltar para a Confederação depois de ser derrotada na Batalha de Cepeda de 1859.[47]
Pessoas reunidas em frente aoCabildo de Buenos Aires durante aRevolução de Maio, que forçou a renúncia do vice-rei e substituiu seu governo pelaPrimera Junta, o primeiro governo argentino independente.
Entre 1878 e 1885, sob a liderança do GeneralJulio Argentino Roca, Ministro de Guerra de Avellaneda e posteriormente Presidente da República, a Argentina expande seu território para o sul, conquistando aPatagônia, na chamada "Campanha do Deserto". Esse processo resultou no extermínio de grande parte dos indígenaspatagônios efueguinos.[49]
Começando comJulio Argentino Roca em 1880, dez governos federais consecutivos enfatizarampolíticas econômicas liberais. Aonda maciça de imigração europeia que se seguiu — menor apenas que a dosEstados Unidos — levou a uma quase reinvenção da sociedade e da economia argentinas que, em 1908, haviam colocado o país como a sétima nação mais próspera do mundo.[50][51] Impulsionada por esta onda de imigração e mortalidade decrescente, a população argentina cresceu cinco vezes e a economia 15 vezes:[52] de 1870 a 1910 asexportações argentinas detrigo passaram de 100 000 para 2 500 000toneladas por ano, enquanto as exportações de carne congelada aumentaram de 25 000 para 365 000 t por ano,[53] colocando a Argentina como um dos cinco maiores exportadores mundiais.[54] Sua rede ferroviária aumentou de 503 km para 31 104 km.[55] Aprimorada por um novo sistema deensino público,obrigatório, livre esecular, aalfabetização disparou de 22% para 65%, um nível mais alto do que a maioria dasnações latino-americanas atingiria até 50 anos mais tarde.[54] Além disso, oPIB nominal do país cresceu tão rápido que, apesar do enorme influxo de imigração, a rendaper capita entre 1862 e 1920 passou de 67% da dospaíses desenvolvidos para 100%.[55]
Centenário da Argentina, celebrado em 25 de maio de 1910
Em 1865, a Argentina já era uma das 25 nações mais ricas e, em 1908, ultrapassou aDinamarca, oCanadá e osPaíses Baixos para chegar ao 7º lugar, atrás daSuíça,Nova Zelândia,Austrália,Estados Unidos,Reino Unido eBélgica. O rendimentoper capita da Argentina era 70% superior ao daItália, 90% superior ao daEspanha, 180% superior ao doJapão e 400% superior ao doBrasil.[50] Apesar dessas realizações singulares, o país demorou a cumprir seus objetivos originais deindustrialização:[56] depois do forte desenvolvimento de indústrias locais na década de 1920, uma parte significativa do setor manufatureiro continuou a ser intensiva emmão de obra na década de 1930.[57]
Em 1912, o presidenteRoque Sáenz Peña promulgou osufrágio universal masculino e secreto, o que permitiu queHipólito Yrigoyen, líder daUnião Cívica Radical (ou UCR), ganhasse a eleição de 1916. Ele promulgou reformas sociais e econômicas e ampliou a assistência aos agricultores familiares e às pequenas empresas. A Argentina permaneceu neutra durante aPrimeira Guerra Mundial. A segunda administração de Yrigoyen enfrentou uma crise econômica, influenciada pelaGrande Depressão.[58]
Em 1930, Yrigoyen foi expulso do poder pelos militares liderados porJosé Félix Uriburu. Embora a Argentina tenha permanecido entre os 15 países mais ricos até meados do século,[50] este golpe de Estado marca o início de um declínio econômico e social constante que empurrou o país de volta aosubdesenvolvimento.[59]
Uriburu governou por dois anos; entãoAgustín Pedro Justo foi eleito em uma eleição fraudulenta e assinou um tratado controverso com oReino Unido. A Argentina permaneceu neutra durante aSegunda Guerra Mundial, uma decisão que teve pleno apoio britânico, mas foi rejeitada pelos Estados Unidos após oataque a Pearl Harbor. Umnovo golpe militar derrubou o governo e a Argentina declarou guerra àsPotências do Eixo um mês antes do final da Segunda Guerra Mundial na Europa. O ministro do bem-estar,Juan Domingo Perón, foi despedido e preso por causa de sua alta popularidade entre os trabalhadores. Sua libertação foi forçada por uma demonstração popular maciça, o que o levou a ganhar a eleição de 1946.[60]
Juan Domingo Perón, presidente da Argentina por três mandatos, e sua esposaEva (ouEvita), fundadores de um movimento político conhecido comoperonismo
Perón criou um movimento político conhecido comoperonismo. Elenacionalizou indústrias e serviços estratégicos, melhorou os salários e as condições de trabalho, pagou toda adívida externa e conseguiu quase opleno emprego. A economia, no entanto, começou a declinar em 1950, por causa do excesso de despesas. Sua esposa altamente popular,Eva Perón, tinha um papel político central. Ela incentivou o congresso a decretar o sufrágio universal das mulheres em 1947[61] e desenvolveu uma assistência social sem precedentes aos setores mais vulneráveis da sociedade.[62] No entanto, devido ao seu estado de saúde, não pôde concorrer à vice-presidência em 1951, ocasião em que Perón foi reeleito com uma votação maior do que em 1946, e ela morreu decâncer no ano seguinte, enfraquecendo o governo.[63] Em 1955, aMarinha Argentina bombardeou aPraça de Maio numa tentativa de matar o Presidente. Poucos meses depois, durante o autochamado golpe daRevolução Libertadora, ele renunciou e entrou emexílio naEspanha.[64]
O novo chefe de Estado,Pedro Eugenio Aramburu, proscreveu o peronismo e proibiu todas as suas manifestações; no entanto, os peronistas se mantiveram subterrâneos.Arturo Frondizi, da UCR, ganhou as eleições seguintes, em 1958.[65] Ele incentivou o investimento para alcançar a autossuficiência energética e industrial, reverteu um déficit comercial crônico e acabou com a proibição ao peronismo; contudo, seus esforços em manter boas relações com peronistas e militares lhe trouxe rejeição de ambos os grupos e um novo golpe de Estado o tirou do poder em 1962,[66] mas o chefe do Senado,José María Guido, reagiu rapidamente e aplicou a legislação contra o vácuo contra o poder, tornando-se presidente; as eleições foram revogadas e o peronismo proscrito novamente.Arturo Illia (UCR) foi eleito em 1963 e levou a um aumento geral da prosperidade; no entanto suas tentativas de legalizar o peronismo resultaram em sua deposição em 1966, por meio de um golpe de Estado liderado porJuan Carlos Onganía, conhecido como "Revolução Argentina", que estabeleceu um novo governo militar que procurou governar indefinidamente.[63][67] Onganía foi afastado da presidência em 1970.[63]
Em 1971, o GeneralAlejandro Lanusse negocia a volta de Perón para a Argentina. Perón é eleito presidente em 1973, mas falece no ano seguinte, sendo sucedido pela sua viúva e vice-presidente,Isabelita Perón.[63]
O país se encontrou num caos político durante o governo de Isabelita. Grupos extremistas realizavam sequestros e assassinatos, levando a sociedade a um terror poucas vezes visto no país. Nesta situação, em março de 1976 um golpe de estado derruba a presidente e o líder da junta militar, o GeneralJorge Rafael Videla, assume a Presidência, assim iniciando a ditadura militar argentina, autodenominada pelos militares de "Processo de Reorganização Nacional", que se caracterizou por acentuada repressão. Assim como os outros países doCone Sul, o governo argentino integrou aOperação Condor.[68]
A administração de Videla foi marcada por violações sistemáticas aosdireitos humanos, com constantes perseguições, torturas e execuções de presos políticos, além de conflitos fronteiriços com oChile, que estiveram próximas de um conflito armado — matéria diplomaticamente mediada porJoão Paulo II.[68] Bebês filhos de opositores da ditadura eram sequestrados e dados a famílias apoiadoras do regime, o que ocasionou o surgimento de grupos que lutam pela descoberta das crianças sequestradas, como asMães da Praça de Maio e asAvós da Praça de Maio.[63] Houve também desmantelamento dos sindicatos e polarização na divisão de classes sociais. Aeconomia do país, porém, cresceu, tornando-se maiscompetitiva emoderna, adaptando-se às correntes mundiais. Houve também um grande incremento nasobras públicas.[68]
Videla é substituído em 1981 porRoberto Viola, que promete diálogo com a oposição, mas é deposto no mesmo ano pelo GeneralLeopoldo Galtieri.[63]
Buscando apoio popular, em 1982 a Argentina invade asIlhas Malvinas (ou Falklands),território ultramarino britânico reivindicado pelo país sul-americano, assim iniciando aGuerra das Malvinas.[63][68] O absoluto fracasso das tropas argentinas e a morte de aproximadamente 600 jovens soldados levaram à renúncia de Galtieiri, que é substituído porReynaldo Bignone, que negocia a volta dos civis ao poder. Desse modo, a guerra foi o golpe significativo à ditadura militar argentina.[68]
Em 10 de dezembro de 1983,Raúl Alfonsín (UCR), eleito naquele mesmo ano, toma posse como presidente, assinalando o retorno da democracia à Argentina. Logo após, uma comissão descobriu que cerca de 10 mil argentinos foram mortos durante a ditadura militar. Alfonsín ordenou a prisão de altos comandantes militares, mas revoltas militares forçaram o presidente a anistiar comandantes subalternos. Além disso, nessa época ahiperinflação se torna um grande problema, provocando saques e quebra-quebras.[63]
Em 1989,Carlos Menem é eleito presidente e toma posse, com uma inflação de 5 000%. Seu governo foi marcado por medidas de combate à inflação e uma orientação econômicaneoliberal. Em 1991, o Ministro da Economia,Domingo Cavallo, torna opeso argentino paritário aodólar estadunidense, congelando a inflação, e a Argentina funda oMercosul junto com oBrasil,Uruguai eParaguai. No ano seguinte, a estatal petrolífera e o sistema energético são privatizados. Em 1994, Menem é reeleito. As medidas econômicas adotadas mostraram-se insustentáveis, pois ao longo dessa gestão houve uma escalada do desemprego e uma prolongada recessão.[34][63]
Em 1999,Fernando de la Rúa, de uma aliança oposicionista que inclui a UCR, é eleito e assume o poder, em meio a um país em recessão, com exportações afetadas devido à desvalorização doreal, moeda do Brasil, um dos principais parceiros comerciais da Argentina. A coalizão governista desenvolveu fendas, e o retorno de Cavallo ao Ministério da Economia foi interpretado como um movimento de crise dos especuladores. A decisão de Cavallo falhou e acabou por ser forçado a tomar medidas para pôr fim a uma onda de fuga de capitais e para conter a crise da dívida iminente. Em 2000, o governo congela gastos públicos e reduz benefícios previdenciários e também solicita e recebe auxílio doFundo Monetário Internacional.A situação se agrava e a Argentina enfrentou uma muito gravecrise econômica e política. Em julho de 2001, boatos de desvalorização do peso provocam uma corrida aos bancos. O governo reage e, em dezembro, limita a retirada mensal por pessoa a mil dólares, no que ficou conhecido como "corralito". Com isso, protestos cada vez maiores tomam conta das ruas do país e se transformam em tumultos, com conflitos com a polícia que resultaram em várias mortes. No final do mês de dezembro, de la Rúa renúncia e foge.[63][69]
Três presidentes seguiram em rápida sucessão, durante duas semanas, até o peronista de centro-esquerdaEduardo Duhalde ser escolhido presidente interino peloCongresso Argentino em 2 de janeiro de 2002. A Argentina decretamoratória de suadívida externa e a paridade peso-dólar é abandonada, causando uma maior desvalorização do peso e um aumento da inflação. Duhalde também teve que lidar com uma crise financeira e socioeconômica, com uma taxa dedesemprego de 25% no fim de 2002 e com o menor salário real em sessenta anos. A crise acentuou a desconfiança do povo nos políticos e nas instituições. Depois de um ano abalado por protestos, a economia começou a se estabilizar no final de 2002, e ocorralito foi suspenso em dezembro.[70]
Beneficiando-se de umataxa de câmbio desvalorizada, o governo implementou novas políticas com base em reindustrialização esubstituição de importações, e as exportações aumentaram e começaram a ter consistentessuperávits comerciais e fiscais. O governador daprovíncia de Santa Cruz,Néstor Kirchner, um peronistasocial-democrata, foi eleito Presidente em maio de 2003. Durante a gestão de Kirchner (2003–2007), a Argentina reestruturou sua dívida em falta com um grande desconto (66%) na maioria dos títulos, pagou a dívida com o FMI, renegociou contratos com concessionárias e nacionalizou algumas empresas anteriormente privatizadas. Kirchner e seus economistas, nomeadamenteRoberto Lavagna, também prosseguiram com uma política de rendimentos e vigoroso investimento em obras públicas. A economia volta a crescer.[71]
Em 2007, a esposa de Néstor,Cristina Kirchner, é eleita e toma posse, se tornando a primeira mulher escolhida democraticamente para a Presidência e, em resultado polêmico, Fabiana Ríos, uma candidata de centro-esquerda naProvíncia de Tierra del Fuego, tornou-se a primeira mulher na história argentina a ser eleita governadora. A presidente Kirchner, apesar de ter grande maioria no Congresso, viu um controverso plano para o aumento dosimpostos às exportações agrícolas derrotado pelo surpreendente voto do vice-presidenteJulio Cobos, após grandes protestos e bloqueios agrários de março a julho de 2008. Acrise financeira global iniciada em 2008 fez com que Cristina intensificasse a política de seu marido deintervenção estatal em setores conturbados da economia.[72] A pausa no crescimento econômico e erros políticos fizeram com que okirchnerismo (filosofia política de esquerda do casal Kirchner) e seus aliados perdessem a maioria absoluta no Congresso nas eleições de 2009.Cristina Kirchner foi reeleita em 2011, com mais de 53% dos votos, o melhor desempenho de um candidato desde a redemocratização argentina, sendo a primeira mulher reeleita presidente naAmérica Latina.[73]
Em 22 de novembro de 2015, após um empate no primeiro turno daseleições presidenciais de 25 de outubro, o candidato dacoalizão de centro-direita,Mauricio Macri, venceu ao derrotar o candidato daFrente para a Vitória,Daniel Scioli, e tornou-se presidente eleito.[74] Macri foi o primeiro presidente nãoperonista democraticamente eleito desde 1916 que conseguiu completar o seu mandato sem ser deposto.[75] Tomou posse em 10 de dezembro de 2015 e herdou uma economia com uma elevada taxa deinflação e em má situação.[76] Em abril de 2016, o governo Macri introduziu medidas de austeridadeneoliberais destinadas a combater a inflação e os défices públicos exagerados.[77] Sob a administração de Macri, a recuperação econômica permaneceu ilusória, com o PIB a encolher 3,4%, a inflação a totalizar 240%, milhares de milhões de dólares emitidos emdívida soberana e apobreza em massa a aumentar no final do seu mandato.[78][79] Eleconcorreu à reeleição em 2019, mas perdeu por quase oito pontos percentuais paraAlberto Fernández, o candidato doPartido Justicialista.[80]
Fernández e a vice-presidenteCristina Kirchner tomaram posse em dezembro de 2019,[81] poucos meses antes de apandemia de COVID-19 atingir a Argentina e entre acusações decorrupção,suborno e uso indevido de fundos públicos durante as presidências deNéstor e Cristina Kirchner.[82][83] Em 14 de novembro de 2021, a coalizão de centro-esquerda do partido peronista no poder da Argentina,Frente de Todos, perdeu a maioria no Congresso, pela primeira vez em quase 40 anos, nas eleições legislativas intermediárias. A vitória eleitoral da coligação de centro-direita,Juntos por el Cambio, limitou o poder de Fernandez durante os seus últimos dois anos de mandato. A perda do controle do Senado dificultou-lhe a realização de nomeações importantes, inclusive para o judiciário. Também o forçou a negociar com a oposição todas as iniciativas que envia à legislatura.[84][85]
Em abril de 2023, Fernández anunciou que não disputaria aspróximas eleições presidenciais.[86] O segundo turno eleitoral de 19 de novembro de 2023 terminou com uma vitória deJavier Milei, candidatoantissistema eanarcocapitalista, com cerca de 56% dos votos contra 44% do candidato da coalizão no poder,Sergio Massa.[87] Em 10 de dezembro de 2023, Milei foi empossado como o novo presidente da Argentina.[88]
Os 4 725 km de comprimento de sua costa atlântica[22] variam entre áreas dedunas efalésias. A plataforma continental argentina (Plataforma Patagônica) é excepcionalmente ampla e é conhecida comoMar Argentino. As duas correntes oceânicas principais que afetam a costa são a quenteCorrente do Brasil e a friaCorrente das Malvinas. Por causa da irregularidade da massa de terra costeira, as duascorrentes alternam a sua influência sobre o clima e não permitem que as temperaturas caiam uniformemente com a maiorlatitude. O litoral sul deTerra do Fogo forma a margem norte doCanal de Beagle.[96]
Plantas subtropicais dominam oGran Chaco, no norte, com o gênero de árvoresDalbergia; também é predominantes árvoresalgarrobo (prosopis alba eprosopis nigra). Áreas desavana existem nas regiões mais secas próximas aosAndes. No centro do país,pampas úmidos são um verdadeiroecossistema depradarias de grama alta. A área original dos pampas praticamente não tinha árvores, sendo que a única planta de grande porte nativa da região é oombu. O pampa é uma das regiões mais produtivas e férteis para aagricultura naTerra, no entanto, este fator também é responsável por dizimar grande parte do ecossistema original, para abrir caminho para a agricultura comercial. Os pampas ocidentais receber menos chuvas, o que forma uma planície degramíneas curtas ou deestepes.[97] O governo nacional mantém quatro monumentos naturais e 33parques nacionais.[98]
Oclima temperado, geralmente varia desubtropical no norte, atésubpolar no extremo sul. O norte é caracterizado por verões quentes e úmidos, com invernos secos leves, e está sujeito asecas periódicas.[99] O centro da Argentina tem verões quentes com trovoadas (oeste da Argentina produz alguns dos maioresgranizos do mundo) e invernos frios.[100] Nas regiões do sul, os verões são mornos e invernos frios com fortes nevoadas, especialmente nas zonas montanhosas. As altitudes mais elevadas em todas as latitudes tornam as condições climáticas mais frias.[101]
Entre as principais correntes de vento incluem o frio ventopampero, que sopra sobre as planícies daPatagônia e dosPampas, seguindo a frente fria, sopra correntes quentes do norte no inverno médio e tardio, criando condições brandas. OZonda, umvento quente e seco, afeta o centro-oeste da Argentina. Espremido deumidade durante os 6 000 m de descida dosAndes, o vento Zonda pode soprar por horas, com rajadas até 120 km/h, alimentando incêndios, causando danos, quando sopra o Zonda (junho-novembro), tempestades deneve e nevascas (viento blanco). As condições geralmente afetam altitudes mais elevadas.[102]
OSudestada poderia ser considerado semelhante aoNor'easter, apesar de a queda de neve ser rara, mas não sem precedentes. Ambos estão associados a um profundo sistema de baixa pressão baixa no inverno. Osudestada geralmente tem moderadas temperaturas baixas, mas traz chuvas muito fortes, mar agitado e inundações costeiras. É mais comum no final do outono e inverno ao longo da costa central e no estuário doRío de la Plata.[100]
No censo de 2001 realizado peloInstituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (INDEC), o país tinha uma população de 36 260 130 de habitantes naquele ano e os resultados preliminares do censo de 2010 indicam uma população total de 40 091 359 pessoas.[103][104]
A Argentina é o terceiro país mais populoso da América do Sul e33º do mundo. Adensidade populacional é de 15 hab./km2 de área de terra, bem abaixo da média mundial de 50 pessoas. A taxa de crescimento da população em 2010 foi estimada em 1,03% ao ano, com umataxa de natalidade de 17,7 nascimentos por 1 000 habitantes e umataxa de mortalidade de 7,4 mortes por 1000 habitantes. Osaldo migratório argentino variou de zero a quatro imigrantes por mil habitantes.[105]
A proporção de pessoas com menos de 15 anos é de 25,6% da população, um pouco abaixo da média mundial de 28%, e a proporção de pessoas com 65 anos ou mais é relativamente alta, em 10,8%. NaAmérica Latina, esta taxa só é menor que a do Uruguai e está bem acima da média mundial, que atualmente é de 7%. O país tem uma das taxas mais baixas de crescimento populacional da América Latina, cerca de 1% ao ano, bem como umataxa de mortalidade infantil relativamente baixa. Sua taxa de natalidade de 2,3 filhos por mulher ainda é quase duas vezes maior do que a da Espanha ou Itália, países comparáveis por suas semelhantes práticas religiosas e proporções populacionais.[106][107] A idade média dos argentinos é de aproximadamente 30 anos e aexpectativa de vida ao nascer é 77,14 anos.[105]
A Constituição garante aliberdade de religião, mas também afirma em seu artigo 2 que "o Governo Federal apoia a religiãoCatólica Apostólica Romana".[113] Não é estipulada umareligião oficial do Estado, nem umaseparação entre igreja e Estado. Isso faz da Argentina um país ambíguo em relação à laicidade ou confessionalidade do Estado. Até 1994, opresidente deveria ser católico romano, embora não houvesse restrições em relação a outros funcionários do governo. Na verdade, desde 1945, inúmerosjudeus ocuparam cargos de destaque. A política católica, no entanto, continua influente no governo e ainda ajuda a moldar a legislação. Em um estudo de avaliação dos níveis das nações de regulação e perseguição religiosa com pontuação de 0–10, onde 0 representava os baixos níveis de regulação ou perseguição, a Argentina recebeu uma pontuação de 1,4 no Regulamento do Governo da Religião, 6,0 em Regulação Social da Religião, e 6,9 em Governo Favoritismo de Religião e 6 de perseguição religiosa.[114]
Na Argentina, há uma amplaliberdade religiosa, garantida pelo 14º artigo da Constituição, embora oestado reconheça o caráter proeminente daIgreja Católica, que tem um estatuto jurídico diferente em relação ao resto das igrejas e denominações: nos termos do segundo artigo da constituição, o governo nacional deve sustentá-la e, segundo oCódigo Civil, é juridicamente equivalente a uma entidade de direito público e não estatal. Trata-se de um sistema diferenciado que não realiza o seu estatuto de oficialidade como a religião darepública. OVaticano e a Argentina assinaram um acordo que rege as relações entre o estado e a Igreja Católica.[115]
Segundo oWorld Christian Database, em 2009 os argentinos eram 92,1%cristãos (onde destes quase 75% eramcatólicos, embora esse percentual viesse caindo[116]), 3,1%agnósticos, 1,9%muçulmanos, 1,3%judeus eateus ebudistas representavam 0,9% cada segmento.[116] Cristãos argentinos são em sua maioria, católicos. As estimativas para o número que professam essa fé variavam de 70% da população, para 90%.[117] Igrejas evangélicas têm vindo a conquistar uma posição de destaque desde a década de 1980 e contam de aproximadamente 9% da população total entre seus seguidores.[118] Igrejas pentecostais e tradicionais estão presentes na maioria das comunidades. Os membros deA Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias possuem mais de 373 mil seguidores no país, sendo a sétima maior congregação cristã no país.[119]
Há também crenças religiosas populares que são difundidas, como o culto àDefunta Correa,[120] à Madre Maria, paraPancho Sierra, a Gauchito Gil, ou aZeferino Namuncurá. O último foi beatificado pela Igreja Católica em 2007.[121]
Alíngua oficial ede facto da Argentina é oespanhol, normalmente chamadocastelhano pelosargentinos. O país é a maior sociedade de língua espanhola que emprega universalmente ovoseo (o uso dopronomevos em vez detú (você), o que também ocasiona o uso de formas verbais alternativas). O dialeto mais prevalente é orioplatense, cujos falantes estão localizados principalmente na bacia doRio da Prata.Italianos e outros imigrantes europeus influenciaram olunfardo, uma gíria falada na região, permeando o vocabulário vernáculo de outras regiões também.[122]
Um estudofonético realizado pelo Laboratório de Investigações sensoriais doCONICET e pelaUniversidade de Toronto mostrou que o sotaque dos habitantes de Buenos Aires (conhecidos comoporteños) está mais próximo dalíngua napolitana, falada nosul da Itália, do que de qualquer outra língua falada.[123]
De acordo com oEthnologue existem cerca de 1,5 milhões de falantes deitaliano (tornando-se a segunda língua mais falada no país) e 1 milhão de falantes de árabe levantino (falado naSíria,Líbano eChipre) no país. Oalemão padrão é falado por 400 000 a 500 000 argentinos de ascendência alemã, o que a torna a quarta língua mais falada.[122]
Tal como acontece com outras áreas de novos assentamentos, como oCanadá,Austrália,Brasil eEstados Unidos, a Argentina é considerada um país deimigrantes.[124] A maioria dos argentinos são descendentes de colonos da era colonial e de imigranteseuropeus doséculo XIX eXX.[125] A Argentina perdia apenas para os Estados Unidos em número de imigrantes europeus recebidos e, nessa época, sua população dobrava a cada duas décadas. A maioria destes imigrantes europeus vieram daItália eEspanha.[126] Segundo uma pesquisa, 86,4% da população da Argentina se autoidentifica como sendo de ascendência europeia. Estima-se que 8% da população é mestiça e 4% são de ascendênciaárabe ouasiática.[125] No último censo nacional, 600 000 argentinos (1,6%) se autoidentificaram como indígenas.[127][128] Segundo pesquisa de 2011 doLatinobarómetro, dos argentinos entrevistados, 61% identificaram-se como brancos, 26% como mestiços, 1% como índios, 1% como mulatos, 1% como negros e 3% outra "raça".[129]
Ademais, o cientista Licanzo Fernández estimou que a composição étnica da Argentina é 85% branca, 14% mestiça e 1% indígena[130]
O recente fluxo deimigração ilegal tem sido proveniente de países comoBolívia eParaguai, com números menores doPeru,Equador eRomênia.[131] O governo argentino estima que 750 000 habitantes não têm documentos oficiais e lançou um programa chamado "Patria Grande",[132] para incentivar imigrantes ilegais a declarar seu estatuto, em troca de vistos de residência de dois anos — até agora mais de 670 000 pedidos foram processados no âmbito do programa.[133]
Cerimônia de indígenastehuelches em Punta Cuevas, na província deChubut
Na Argentina, a herança europeia é a predominante, mas com significativa herança indígena, e presença de contribuição africana também. Um estudo genético realizado em 2009, revelou que a composição da Argentina é 78,50% europeia, 17,30% indígena e 4,20% africana.[134] De acordo com um estudo genético de 2021 a composição da Argentina é a seguinte: 77,8% europeia, 17,9% indígena e 4,1% africana (Contribuição do Norte de África incluída).[135]
Segundo outro estudo científico de 2023 sobre a composição genética dos três países Brasil, Uruguai e Argentina, que afirma que seus dados provêm de “200 mil amostras analisadas”, a média argentina é de apenas 12,5% de indígenas e 1,1% de africanos, o que indica que a média argentina é de aproximadamente 85% europeia e outra caucasiana.[136]
Na linhagem materna (DNA mitocondrial), de acordo com um estudo genético de 2004, 56% da população da Argentina possui DNA mitocondrial ameríndio.[128]
No entanto, vários estudos mais recentes indicam que menos da metade dos argentinos tem ascendência nativa. Segundo uma estimativa, o percentual seria de 27% de argentinos.[137]
Opoder executivo reside no presidente e no Conselho de Ministros. Opresidente e o vice-presidente são eleitos diretamente para mandatos de quatro anos e são limitados a dois mandatos seguidos. Ministros são nomeados pelo presidente e não estão sujeitos a ratificação legislativa.[138]
Opoder judiciário é independente dos poderes executivo e legislativo. ASuprema Corte tem sete membros nomeados pelo presidente, em consulta com o Senado. Os juízes de todos os outros tribunais são nomeados pelo Conselho da Magistratura da Nação Argentina, um secretariado composto por representantes dos juízes, advogados, o Congresso e o executivo.[138]
Opoder legislativo é exercido peloCongresso Nacionalbicameral, composto por umSenado com 72 membros e umaCâmara de Deputados com 257 membros. Os senadores têm mandato de seis anos, com um terço tendo direito à reeleição a cada dois anos. Os membros da Câmara dos Deputados são eleitos para mandatos de quatro anos por um sistema derepresentação proporcional, com metade dos membros permanentes para reeleição a cada dois anos. Um terço dos candidatos apresentados pelos partidos devem sermulheres.[138]
Apesar de declarada como capital em 1853,Buenos Aires não se tornou a capital oficial até 1880. Houve movimentos para mudar o centro administrativo para outro lugar. Durante a presidência deRaúl Alfonsín, foi aprovada uma lei para transferir a capital federal paraViedma,Río Negro. Os estudos estavam em curso quando problemas econômicos suspenderam o projeto em 1989. Embora a lei nunca tenha sido formalmente revogada, é agora tratada como uma relíquia.[139]
A Argentina é dividida em 23províncias e umaCidade Autônoma. Aprovíncia de Buenos Aires é dividida em 134partidos, enquanto as restantes províncias estão divididas em376 departamentos. Departamentos ePartidos estão subdivididos emmunicípios oudistritos. Com exceção da província de Buenos Aires, as províncias do país optaram nos últimos anos a entrar em acordos com outras províncias, formando quatro regiões federadas destinadas a promover a integração econômica e desenvolvimento: Região Central, Região Patagônica, Região do Novo Cuyo e a Região do Grande Norte Argentino.[138]
A Argentina reivindica 965,597 Km² naAntártida, onde o país mantém apresença contínua mais antiga do mundo, desde 1904.[147] No entanto, esta reivindicação se sobrepõe a reivindicações doChile e doReino Unido, embora todas essas reivindicações sejam abrangidas pelas disposições doTratado Antártico de 1961, das quais a Argentina é um membro fundador e permanente de consultoria, com a Secretaria do Tratado Antártico com sede em Buenos Aires.[148]
O Sistema de Defesa Nacional, uma responsabilidade exclusiva do governo federal,[151] coordenado pelo Ministério da Defesa e que compreende oExército, aMarinha e aForça Aérea.[152] Governado e monitorado pelo Congresso[153] através dos Comitês de Defesa das Casas,[154] está organizado sobre o princípio essencial da legítima autodefesa: a repulsa de qualquer agressão militar externa para garantir a liberdade do povo, a soberania nacional e a integridade territorial.[154] Suas missões secundárias incluem comprometer-se com operações multinacionais no âmbito dasNações Unidas, participar de missões de apoio interno, ajudar países amigáveis e estabelecer um sistema de defesa sub-regional.[154]
Oserviço militar é voluntário, com idade de alistamento entre 18 e 24 anos e semconstrição.[155] A defesa da Argentina tem sido historicamente uma das mais bem equipadas da região, inclusive gerenciando suas próprias instalações de pesquisa de armas, estaleiros, aeronaves, fábricas de tanques e aviões.[156] No entanto, as despesas militares reais diminuíram de forma constante após 1981 e o orçamento de defesa em 2011 foi de aproximadamente 0,74% do PIB, um mínimo histórico, abaixo da média latino-americana.[157]
O Sistema de Segurança Interior, administrado conjuntamente pelos governos provinciais federais e subscritores.[150] A nível federal, é coordenado pelos ministérios do Interior, da Segurança e da Justiça e é monitorado pelo Congresso.[150] É executado pelaPolícia Federal; a Prefeitura Naval, que cumpre os deveres daguarda costeira; aGendarmeria, que serve tarefas depolícia de fronteira; E a Polícia de Segurança do Aeroporto.[158] A nível provincial, é coordenado pelos respectivos ministérios de segurança interna e executado pelas agências policiais locais.[150]
A Argentina foi o único país daAmérica do Sul a enviar navios de guerra e aviões de carga em 1991 para aGuerra do Golfo sob o mandato daONU e permaneceu envolvida em esforços de manutenção da paz em vários locais como aUNPROFOR noGolfo de Fonseca,UNFICYP emChipre (onde entre o Exército, as tropas dos fuzileiros navais e a Força Aérea forneceram o contingente para a ONU desde 1994) e aMINUSTAH noHaiti. Em 2007, um contingente argentino, incluindo helicópteros, barcos e plantas de purificação de água, foi enviado para ajudar aBolívia contra suas piores inundações em décadas. Em 2010, as Forças Armadas também estiveram envolvidas nas respostas humanitárias doHaiti e doChile após seus respectivosterremotos.[159]
A Argentina tem vários símbolos nacionais, alguns dos quais são amplamente definidos por lei.[160]
ABandeira Nacional é constituída por três listras horizontais de mesma largura, coloridas em azul, branco e azul claro, com oSol de Maio no centro da lista branca. A bandeira foi desenhada porManuel Belgrano em 1812 e foi adotada como símbolo nacional em 20 de julho de 1816. Obrasão de armas da Argentina, que representa a união das províncias, entrou em uso em 1813 como um selo para documentos oficiais. OHino Nacional Argentino, adotado em 1813, foi escrito porVicente López y Planes com música deBlas Parera. Ele foi posteriormente reduzido para apenas três pontos, após ataques omitindo as letras contra o ex-metrópoleEspanha.
OLaço da Argentina foi usado pela primeira vez durante aRevolução de Maio de 1810 e foi oficializado dois anos depois. OHornero, habitante de praticamente todo o território nacional, foi designado por unanimidade como o animal nacional do país em 1927. OCeibo é designado como a flor/árvore nacional do país,[160] enquanto oPato, uma prática a cavalo, é o esporte nacional.[161] ASchinopsis balansae foi declarado "árvore de floresta nacional" em 1956.[162] Arodocrosita é a pedra nacional.[160] Os pratos nacionais são oasado[163] elocro, e ovinho é a bebida nacional. AVirgem de Luján é asanta padroeira do país.[164]
O país possuirecursos naturais como ogás natural (onde é o maior produtor da América Latina) e a extração delítio,[171]prata[172] eouro,[173] uma população altamente alfabetizada, um setor agrícola orientado para aexportação e uma base industrial diversificada. Historicamente, no entanto, o desempenho econômico da Argentina tem sido muito desigual, onde o crescimento econômico elevado alternou-se com períodos de gravesrecessões, especialmente durante o final do século XX, além de problemas como uma mádistribuição de renda e o aumento dapobreza.
Em 1896, a Argentina apresentou o maior valor de PIB per capta do planeta.[174] Entre o final do século XIX e o início do século XX, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo e um dos mais prósperos dohemisfério sul, embora atualmente seja uma nação de renda média-alta.[175]
A Argentina é considerada ummercado emergente peloFTSE Global Equity Index e é uma das economias doG20. No entanto, os altos índices deinflação tem sido uma fraqueza constante da economia do país durante décadas.[176] Oficialmente oscilando em torno de 9% desde 2006, a inflação do país é estimada em mais de 30% por fontes independentes,[177] o que gera críticas de que o governo tem manipulado as estatísticas oficiais de inflação.[178] A taxa de pobreza urbana caiu abaixo dos índices dacrise econômica de 2001.[179] Adistribuição de renda melhorou desde 2002, mas ainda é consideravelmente desigual.[180][181] A Argentina começou um período deausteridade fiscal em 2012, devido a um processo de desaceleração econômica.[182][183]
O país foi classificado na 102ª posição entre as 178 nações avaliadas noÍndice de Percepção de Corrupção de 2012, realizado pelaTransparência Internacional.[184] Entre os problemas apontados, estão a corrupção do governo, a falta de independência judicial, impostos e tarifas enormes e interferência regulatória, o que prejudica a eficiência e o aumento da produtividade do país.[185] A administraçãoKirchner respondeu àcrise financeira global de 2008 com um grande programa de obras públicas, novos cortes de impostos e subsídios,[186] além da transferência de pensões privadas para o sistema desegurança social. Planos deprevidência privada, que exigiam subsídios crescentes para serem cobertos, foram nacionalizados para financiar os altos gastos do governo e as obrigações de dívida argentina.[187]
A Argentina é um dos 5 maiores produtores mundiais desoja,milho,semente de girassol,limão,pêra eerva-mate, um dos 10 maiores produtores mundiais decevada,uva,alcachofra,tabaco ealgodão e um dos 15 maiores produtores mundiais detrigo,cana-de-açúcar,sorgo etoranja. Embora seja o maior produtor de trigo da América do Sul, e esta cultura ser mais antiga, é na soja que a economia do país vem mais se baseando, assim como Brasil e o Paraguai. O país também exporta milho, cevada, algodão, tabaco, limão, pera, maçã, e produz vinho com as uvas.[188]
Na pecuária, a Argentina foi, em 2019, o 4.º maior produtor decarne bovina do mundo, com uma produção de 3 milhões de toneladas (atrás apenas dos Estados Unidos, Brasil e China), o 4º maior produtor mundial demel, o décimo maior produtor mundial delã, além de estar entre os vinte maiores produtores do mundo decarne de frango,leite de vaca eovo de galinha. O país baseia sua economia na exportação de carne, mel e lã (além de produtos agrícolas) desde o século XIX. A exportação de gado é a que desempenha papel mais importante no comércio internacional.[189]
Aindústria é o maior setor único na economia do país (19% do PIB) e está bem integrado à agricultura argentina, sendo que metade das exportações industriais do país são de natureza agrícola.[190] Tendo como base o processamento de alimentos e de produtos têxteis durante o seu desenvolvimento inicial na primeira metade do século XX, a produção industrial argentina tornou-se consideravelmente diversificada, porém, sem um volume expressivo a nível mundial. Em 2019, a Argentina tinha a 31ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 57,7 bilhões), de acordo com oBanco Mundial.[191][192] Os principais setores em termos de valor de produção são: processamento dealimentos ebebidas, veículosautomóveis e autopeças, produtos derefinaria,biodiesel, produtos químicos e farmacêuticos,aço ealumínio, máquinas agrícolas e industriais, e aparelhos eletrônicos. Estes últimos incluem mais de três milhões de itens, bem como uma variedade de produtos eletrônicos, eletrodomésticos e de telefones celulares, entre outros.[193] Em 2019, a Argentina era o 31º produtor mundial deaço (4,6 milhões de toneladas), o 28º produtor deveículos (314 mil unidades), o 22º produtor mundial decerveja (1,91 bilhão de litros), o 4º produtor mundial deóleo de soja (7,24 milhões de toneladas) e o 3º produtor mundial deóleo de girassol (1,3 milhões de toneladas), entre outros produtos industriais.[194][195][196][197]
As bebidas são outro setor importante e a Argentina é atualmente um dos cinco maiores produtores devinho do mundo.[198] A produção decerveja ultrapassou a de vinho em 2000.[193]
Outros produtos industriais produzidos no país incluem:vidro ecimento,plásticos epneus, produtos demadeira,têxteis, produtos detabaco, suportes de gravação e impressão, móveis, vestuário ecouro.[193] A maior produção está organizada em torno de 280 parques industriais, com outros 190 programados para abrir durante o ano de 2012.[199] Quase metade das indústrias argentinas estão sediadas na área daGrande Buenos Aires, apesar de cidades comoCórdoba,Rosário eUshuaia também serem importantes centros industriais, sendo esta última o principal centro de produção de eletrônicos do país desde a década de 1980.[200] A produção decomputadores,notebooks eservidores cresceu 160% em 2011, para quase 3,4 milhões de unidades e cobriu dois terços da demanda local.[201] Outro importante setor historicamente dominado pelas importações — máquinas agrícolas — também terá fabricação principalmente nacional até 2014.[202]
Licenças de construção cobriam quase 19 milhões de m² pelo país em 2008. As contas do setor deconstrução civil respondem por mais de 5% do PIB e dois terços do setor foi voltado para edifícios residenciais.[190] O país tornou-se um centro de investimento para empresas de alta tecnologia, tem um desenvolvimento significativo na indústria eletrônica, eletromecânica e ótico, 70% das empresas do setor são exportadoras. Em 2013 exportou US$ 700 milhões para mais de 60 países, incluindo a Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Índia, Itália e África do Sul, entre outros.[203]
Na última década, dobrou a participação da indústria no PIB, registrando um aumento de 105%, com um forte aumento da produtividade do trabalho. Ele também obteve um crescimento diversificado, especialmente em sectores de alto valor acrescentado: o setor automotivo cresceu neste período, de 409%, os minerais não metálicos 177%, 175% metalúrgicas, têxteis, de 158%, ou de 102% de borracha e plástico, 95% substâncias e produtos químicos.[204]
O vasto território da Argentina é dotado de grande interesse turístico. A valorização da moeda local, após a desvalorização ocorrida em 2002, favoreceu a chegada de um grande número de turistas estrangeiros, tornando o país mais acessível comercialmente no início de 1990. Com o aumento dos custos para viajar ao exterior, muitos argentinos também se voltaram para o turismo interno.[206]
Em 2006, o setor respondeu por 7,41% do PIB do país,[207] embora note-se que a saída de residentes argentinos com fins turísticos supere as entradas e equivalha a 12% do PIB.[208] Os estrangeiros veem a Argentina como uma área sem conflitos armados, terrorismo e crises sanitárias.[209]
Buenos Aires destaca-se como o principal centro para os turistas estrangeiros e domésticos (5,25 milhões em 2007).[210] Eles são atraídos por uma cidade populosa,cosmopolita e com ampla infraestrutura. Entre outras características, otango é uma das principais razões para a visita à capital argentina.[211]
Saúde na Argentina é provida através da combinação de planos patrocinados por sindicatos de trabalhadores e empregados ("Obras Sociales"), planos de seguro do governo, hospitais e clínicas públicas, e através de planos de saúde privados. Esforços governamentais para melhorar a saúde pública na Argentina podem ser traçados até o primeiro tribunal médico de 1780 do Vice-rei da EspanhaJuan José de Vértiz.[212] Logo após a independência, o estabelecimento da Escola de Medicina daUniversidade de Buenos Aires em 1822 foi complementada pela daUniversidade Nacional de Córdoba em 1877. O treinamento de médicos e enfermeiras nestas e noutras escolas permitiu um rápido desenvolvimento das cooperativas de tratamento de saúde, durante a Administração de Pres.
A disponibilidade de tratamento de saúde ajudou a reduzir a mortalidade infantil na Argentina de 89 a cada 1 000 nascimentos em 1948 para 12,9 em 2006[213] e aumentou a expectativa de vida ao nascer de 60 anos para 76.[214][215]
A infraestrutura de transportes da Argentina é relativamente avançada.[216] Existem mais de 230 000 km deestradas (não incluindo as estradas privadas rurais), dos quais 72 000 km são pavimentados.[217] Em 2021, o país tinha cerca de 2 800 km derodovias duplicadas, a maioria saindo da capitalBuenos Aires, ligando-a com cidades comoRosário eCórdoba,Santa Fé,Mar del Plata ePaso de los Libres (na fronteira com o Brasil), também havendo rodovias duplicadas saindo deMendoza em direção à capital, e entre Córdoba e Santa Fé, entre outras localidades.[218][219] Muitas das rodovias duplicadas são privatizadas.[220] Vias expressas são, no entanto, atualmente insuficientes para lidar com o tráfego local, com 9,5 milhões de veículos a motor registados no território nacional em 2009 (240 para cada 1 000 habitantes).[221]
A rede ferroviária tem um comprimento total de 34 059 km. Depois de décadas em declínio e manutenção inadequada, a maioria dos serviços de passageiros interurbanos foram encerrados em 1992, quando a companhia ferroviária foi privatizada e milhares de quilômetros de pista (excluindo o total acima) entraram em desuso. Os serviços de transporte ferroviário metropolitano em torno de Buenos Aires permaneceram com grande demanda, devido em parte ao seu fácil acesso para ometrô de Buenos Aires. Os serviços ferroviários interurbanos estão sendo reativados em várias linhas.[222]
Inaugurado em 1913, o Metrô de Buenos Aires foi o primeiro sistema de metrô construído naAmérica Latina e nohemisfério sul.[223] Já não é a mais extensa rede demetrô daAmérica do Sul, mas, com 52,3 km, transporta cerca de um milhão de passageiros por dia.[193]
A Argentina tem cerca de 11 000 km de vias navegáveis e estas transportam mais carga do que o sistema ferroviário do país. Isso inclui uma extensa rede de canais, embora a Argentina tenha várias vias navegáveis naturais, sendo as mais significativas os riosde la Plata,Paraná,Uruguai,Negro eParaguai.[224]
Depois da independência, a Argentina construiu um sistema nacional de educação pública se espelhando nas outras nações, colocando o país em uma boa colocação no ranking global dealfabetização. Atualmente o país tem um índice de alfabetização de 97% e três em cada oito adultos acima de 20 anos completaram os estudos da escola secundária ou superior.[226]
A ida para a escola é obrigatória dos 5 aos 17 anos. O sistema escolar da Argentina consiste em um nível primário que dura de seis a sete anos, e um secundário que dura de cinco a seis anos. Na década de 1990 o sistema foi dividido em diferentes tipos de instituições de ensino secundário, chamadas"Educacion Secundaria" e a"Polimodal". Algumas províncias adotaram o"Polimodal" enquanto outras não. Um projeto no Executivo para acabar com essa medida e retornar ao sistema mais tradicional de educação de nível secundário foi aprovado em 2006.[227]
A educação pública na Argentina é gratuita do primário até a universidade. Apesar da alfabetização ser quase universal no início de 1947,[190] a maioria dos jovens tinha pouco acesso a educação depois dos sete anos obrigatórios durante a primeira metade do século XX; após isso, quando o sistema de educação gratuita foi estendido para o secundário e a universidade, a demanda por locais de ensino tem superado os planos feitos (particularmente desde a década de 1970).[228] Consequentemente, a educação pública está largamente em falta e em declínio, e isso ajudou a educação privada a crescer, apesar disso ter causado uma clara diferença entre aqueles que podem pagar por ela (normalmente a classe média e alta) e o resto da sociedade, já que as escolas privadas normalmente não têm sistemas de bolsa. Aproximadamente um em cada quatro estudantes do primário e secundário, e um em cada seis estudantes universitários vão para instituições privadas.[226][228]
Quatro em cada cinco adultos argentinos completaram oensino fundamental, mais de um terço ter concluíram oensino médio e um em cada nove adultos do país temdiploma universitário. A Argentina também tem o maior índice de estudantes universitários daAmérica Latina e dohemisfério sul, com professores e instituições que receberam prêmios de prestígio e bolsas de instituições filantrópicas como a John S. Guggenheim Foundation[229] e o Howard Hughes Medical Institute. Fontes oficiais relataram cerca de 1,5 milhão de estudantes universitários no âmbito do Sistema Universitário Argentino,[230] o que representa a maior taxa de estudantes universitários em relação à sua população total daAmérica Latina e maior que a de muitospaíses desenvolvidos.[231]
A Argentina tem três ganhadores doPrêmio Nobel em ciências (e dois ganhadores doNobel da Paz). A pesquisa realizada no país conduziu ao tratamento dedoenças cardíacas e várias formas decâncer. Domingo Liotta projetou e desenvolveu o primeirocoração artificial implantado com sucesso em umser humano, em 1969.René Favaloro desenvolveu as técnicas e realizou a primeira cirurgia deponte de safena do mundo.Bernardo Houssay, o primeiro latino-americano premiado com um Prêmio Nobel em Ciências, descobriu o papel doshormônios dahipófise na regulação daglicose em animais;César Milstein fez uma extensa pesquisa sobreanticorpos;Luis Leloir descobriu como os organismos armazenam energia convertendo glicose emglicogênio e em compostos que são fundamentais nometabolismo decarboidratos. Uma equipe liderada por Alberto Taquini e Eduardo Braun-Menéndez descobriu aangiotensina em 1939 e foi o primeiro a descrever a natureza enzimática dosistema renina-angiotensina e seu papel nahipertensão.[232] OInstituto Leloir debiotecnologia é um dos mais prestigiados em seu campo na América Latina.[233] Dr. Luis Agote criou o primeiro método seguro detransfusão de sangue, Enrique Finochietto projetou ferramentas de mesa de operação, tais como as tesouras cirúrgicas que levam seu nome ("tesoura Finochietto").[234]
O programa nuclear argentino é altamente avançado, tendo resultado na fabricação de um reator de pesquisas em 1957 e do primeiro reator comercial da América Latina, em 1974. O país desenvolveu seu programa nuclear sem ser excessivamente dependente de tecnologia estrangeira. Instalações nucleares com tecnologia argentina foram construídas em países comoPeru,Argélia,Austrália eEgito. Em 1983, o país admitiu ter a capacidade de produzir urânio com potência bélica, um passo necessário para montararmas nucleares; desde então, no entanto, a Argentina se comprometeu a usar aenergia nuclear apenas para fins pacíficos.[235] Como um membro do Conselho de Governadores daAgência Internacional de Energia Atômica, o país tem sido uma voz forte em apoio aos esforços de não proliferação nuclear[236] e é altamente comprometido com a segurança nuclear global.[237]
Outros projetos estão se concentrando em áreas comoTI,nanotecnologia,biotecnologia,helicópteros, máquinas agrícolas e sistemas defensivos militares. Apesquisa espacial também se tornou cada vez mais ativa na Argentina. Fundada em 1991, aComissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) lançou doissatélites com sucesso e,[238] em junho de 2009, garantiu um acordo com aAgência Espacial Europeia (ESA) para a instalação de uma antena com 25 metros de diâmetro e de sua estrutura de apoio na missão doObservatório Pierre Auger. A instalação vai contribuir com várias sondas espaciais da ESA e da CONAE, além de projetos de pesquisa nacionais. Escolhido entre vinte potenciais locais e um dos três únicos com tais instalações da ESA em todo o mundo, a nova antena vai criar uma triangulação que permitirá à ESA garantir a cobertura de missões em tempo real.[239]
A Argentina produz, de acordo com dados de 2005, cerca de cerca de 101 176 GWh de eletricidade. As principais fontes de energia utilizadas pelo país para a geração de eletricidade são ahidrelétrica (34 041 GWh por ano) etérmica (56 385 GWh por ano), juntamente com a produção deenergia nuclear (6 873 GWh por ano). A energia é distribuída por dois sistemas principais: o Sistema Interconectado Nacional e o Sistema Interconectado Patagônico, além de alguns pequenos sistemas isolados de ambos.[241]
O setor de energia elétrica argentino é o terceiro maior mercado latino-americano de energia. Depende principalmente na geração térmica (~ 57% da capacidade instalada) e hidrelétrica (~ 39%). As novas tecnologias deenergia renovável ainda são muito pouco utilizadas. O país ainda tem um grande potencial hidrelétrico inexplorado. No entanto, a geração térmica predominante por combustão degás natural está em risco devido à incerteza sobre a oferta futura desserecurso natural. A produção depetróleo e de gás natural atingiu 38 323 000 metros cúbicos e 48 738 000 metros cúbicos anuais, respectivamente.[242] As reservas de petróleo são estimadas em 346 634 000 metros cúbicos,[243] enquanto as de gás natural totalizaram 455 625 000 metros cúbicos.[244]
Em 2021, a Argentina tinha, em energia elétrica renovável instalada, 11 350 MW emenergia hidroelétrica (21º maior do mundo), 3 292 MW emenergia eólica (26º maior do mundo), 1 071 MW emenergia solar (43º maior do mundo), e 219 MW embiomassa.[245] O potencial eólico da região da Patagônia é considerado gigantesco, havendo estimativas de que a área poderia fornecer eletricidade suficiente para sustentar sozinha o consumo de um país como o Brasil. Porém, a Argentina tem deficiências infraestruturais para realizar a transmissão da eletricidade das áreas desabitadas com muito vento para os grandes centros do país.[246] Já os problemas financeiros e políticos atrapalham a exploração dogás natural, a maior base energética do país. Em 2017, a Argentina foi o 18º maior produtor do mundo (e o maior produtor da América Latina) de gás, e o país possui o campo de Vaca Muerta, que tem perto de 16 bilhões de barris de óleo de xisto tecnicamente recuperável, o segundo maior depósito de gás natural de xisto do mundo. Porém, falta ao país capacidade para explorar a jazida: são necessários capital, tecnologia e conhecimentos que só podem vir de empresas de energia offshore, que veem a Argentina e suas políticas econômicas erráticas com considerável suspeita, não querendo investir no país.[247]
Acultura argentina tem importantes influências europeias.Buenos Aires, sua capital cultural, é amplamente caracterizada pela prevalência de pessoas de ascendência europeia e da imitação consciente dos estilos europeus naarquitetura.[248] Outra influência importante foram osgaúchos e seu estilo de vida tradicional autossuficiente. Finalmente, tradições indígenas americanas (como infusões deerva-mate) foram absorvidas pelo ambiente cultural geral.[249]
A Argentina tem uma rica história literária, bem como uma das indústrias de publicação mais ativas da região. Os escritores argentinos têm um lugar proeminente na literaturalatino-americana desde que se tornaram uma entidade totalmente unida em 1850. A luta entre os Federalistas (que defendiam umaconfederação de províncias com base noconservadorismo rural) e os Unitários (pró-liberalismo e defensores de um governo central forte, que incentivaria aimigração europeia), deu o tom para a literatura argentina da época.[250]
O abismo ideológico entre o gaúcho épicoMartín Fierro deJosé Hernández, e o Facundo[251] deDomingo Faustino Sarmiento, é um grande exemplo. Hernández, um federalista, opunha-se às tendências centralizadoras, modernização e europeização. Sarmiento escrevia em apoio àimigração como o único caminho para salvar a Argentina de tornar-se sujeita à regra de um pequeno número de famílias decaudilhos ditatoriais, argumentando que esses imigrantes fariam a Argentina mais moderna e aberta a influências europeiasocidentais[252] e portanto, umasociedade mais próspera.[253]
Aliteratura argentina do período foi ferozmentenacionalista. Foi seguido pelo movimentomodernista, que surgiu naFrança no final do século XIX e, neste período, por sua vez foi seguido pelovanguardismo, comRicardo Güiraldes como uma importante referência.Jorge Luis Borges, o escritor mais aclamado, encontrou novas maneiras de olhar o mundo moderno de forma metafórica e filosófica e sua influência estendeu-se a escritores de todo o mundo. Borges é mais conhecido por seus trabalhos em contos comoFicciones eEl Aleph.[254]
Teatro Colón, considerado uma das melhores salas de concerto do mundo
A indústria cinematográfica argentina cria cerca de 80 filmes delonga-metragem anualmente.[248][256] O númeroper capita de filmes é uma das maiores daAmérica Latina.[250] O primeiro longa de animação do mundo foi feito e lançado na Argentina, pelo cartunistaQuirino Cristiani, em 1917 e 1918.[257]
Buenos Aires é uma das grandes capitais doteatro.[250] OTeatro Colón é um marco nacional de espetáculos deópera e clássicos; sua acústica é considerada a melhor do mundo.[248] Com a sua cena de teatro, de calibre nacional e internacional, a Avenida Corrientes é um sinônimo de arte. A avenida é referida como "a rua que nunca dorme" e por vezes considerada como aBroadway de Buenos Aires.[260]
A indústria da televisão argentina é grande, diversificada e popular em toda a América Latina, com muitas produções e formatos de TV sendo exportados para o exterior. Desde 1999, os argentinos gozam da maior disponibilidade de televisão por cabo e por satélite na América Latina,[267] sendo que em 2014 totalizava 87,4% dos domicílios do país, taxa semelhante à dosEstados Unidos,Canadá eEuropa.[268]
Até 2011, a Argentina também tinha a maior cobertura de telecomunicações em rede entre as potências latino-americanas: cerca de 67% da população tinha acesso àinternet e 137,2%, assinaturas detelefones celulares.[269]
Além das dezenas de danças regionais, estilo folclórico nacional argentino surgiu nadécada de 1930. A Argentina dePerón daria origem aNueva canción, como os artistas começaram a expressar em sua música objeções a temas políticos. O estilo passou a influenciar a totalidade damúsica latino-americana.[273][274]
AAssociação de Futebol Argentino (AFA) foi formada em 1893 e é a oitava mais antiga associação de futebol nacional do mundo. Com mais de 3 500 clubes de futebol,[285] incluindo 30 na primeira divisão, organiza desde1891 oCampeonato Argentino de Futebol. Desde sua primeira edição, 28 equipes conquistaram títulos do torneio nacional.[287][288]
Nos últimos 20 anos, ofutsal e ofutebol de praia estão cada vez mais populares. A seleção argentina de futebol de praia foi uma das quatro concorrentes no primeiro campeonato internacional para o esporte, emMiami, em 1993.[289]
O país tem uma importante seleção derugby, conhecida como "Los Pumas", com muitos dos seus jogadores jogando naEuropa. O país bateu a nação anfitriãFrança duas vezes durante aCopa do Mundo de Rugby de 2007, ficando em terceiro lugar na competição. OsPumas estão atualmente em oitavo lugar no ranking mundial oficial.[294]
A Argentina reina absoluta nopolo, tendo conquistado maiscampeonatos internacionais do que qualquer outro país, sendo raramente vencida desde os anos 1930.[298] OCampeonato Argentino de Polo é o troféu internacional mais importante do esporte. O país é o lar da maioria dos melhores jogadores do mundo, entre elesAdolfo Cambiaso, o melhor da história.[299]
* Se o dia é terça ou quarta-feira, o feriado muda para a segunda-feira anterior. Se o dia é quinta ou sexta-feira, o feriado muda para a segunda-feira seguinte. ** O feriado ocorre na terceira segunda-feira do mês.
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