Em sentido horário: Prédios ao longo da costa do Mediterrâneo em Argel, Memorial dos Mártires, Notre-Dame d'Afrique, Mesquita Ketchaoua , Casbah, prédio dos correios e o Ministério da Finança da Argélia.Em sentido horário: Prédios ao longo da costa do Mediterrâneo em Argel, Memorial dos Mártires, Notre-Dame d'Afrique, Mesquita Ketchaoua , Casbah, prédio dos correios e o Ministério da Finança da Argélia.
Sua população, de acordo com estimativas doInstituto Nacional de Estatística da Argélia em 2011, era de 4,5 milhões.[1] Sua área territorial é de 363 km². Seu apelido em francês éAlger, la Blanche ("Argel, a Branca") pela admirável aparência do branco resplandecente dos edifícios que sobem a encosta, vistos do mar.
Foi fundada pelosfenícios noséculo IV a.C. e, sob domínioromano, a pequena cidade de Icósio (emlatim:Icosium) situava-se onde hoje se encontra o bairro marítimo de Argel. O estatuto de cidade Latina foi-lhe concedido pelo imperadorVespasiano. Arue de la Marine segue o alinhamento de uma antiga rua romana. Existiam cemitérios romanos perto deBab-el-Oued eBab Azoun. Osbispos de Icósio são mencionados até oséculo V.[2][3]
A cidade atual foi fundada em 944 porBologuine ibne Ziri, o fundador dadinastia zírida-sanhaja, que foi destronada porRogério II da Sicília em 1148. Antes dessa data, já haviam perdido Argel, que em 1159 foi ocupada pelosAlmóadas, tendo sido dominada pelossultões ziânidas doReino de Tremecém a partir doséculo XIII. Nominalmente parte do Reino de Tremecém, Argel gozava de considerável autonomia, sob os seus própriosemires, sendoOrã o principal porto dos ziânidas. A ilhota em frente do porto de Argel, posteriormente conhecido como Penon, foi ocupada pelosEspanhóis em 1302. A partir daí, cresceram as trocas comerciais entre Argel e aEspanha.[carece de fontes?]
Argel continuou a ser uma cidade relativamente pouco importante até a expulsão dos mouros da Espanha, quando muitos deles procuraramasilo na cidade. Em 1510, depois de ocuparem Orã e outras cidades da costa africana, os espanhóis fortificaram o Penon. Em 1516, o emir de Argel, Selim b. Teumi, convocou os irmãos Aruje e Barba Ruiva para expulsar os espanhóis. Em Argel, Aruje tramou a morte de Selim e apoderou-se da cidade. Barba Ruiva, sucedeu Aruje, expulsou os espanhóis do Penon (1550) e fundou o paxalique (pashalik), depois deilique (deylik), de Argel.[2]
A cidade foi conquistada pelos turcos e tornou-se parte doImpério Otomano. O governador da cidade era virtualmente independente deConstantinopla, e Argel se tornou o principal centro dospiratas da Barbária.
Em outubro de 1541, o imperadorCarlos V tentou conquistar a cidade, mas uma tempestade destruiu grande número dos seus navios. Seu exército de 30 mil homens, na sua maioria espanhóis, foi derrotado pelos argelinos sob o comando dopaxá, Hassan.
A partir doséculo XVII, Argel livrou-se do controle otomano e se manteve na periferia das economias otomana e a europeia, com a sua existência dependente do Mediterrâneo, cada vez mais controlado por navios europeus, apoiados pelas marinhas europeias. Argel voltou-se para a pirataria e várias nações europeias fizeram repetidas tentativas para subjugar os piratas que perturbavam a hegemonia europeia no Mediterrâneo ocidental.
Em 1816 a cidade foi bombardeada por um esquadrão britânico comandado porLord Exmouth, auxiliado por vasos de guerraholandeses. A frota dos corsários foi incendiada.[2][3]
Em 4 de julho de 1830, sob o pretexto de uma afronta ao seu cônsul (a quem o dey tinha batido com um enxota-moscas quando afirmara que o governo francês não estava preparado para pagar as suas substanciais dívidas a dois mercadores judeus argelinos), um exército francês comandado peloGeneral de Bourmont atacou a cidade, que capitulou no dia seguinte.[2][3]
Durante o século XIX a campanha de colonização francesa estabelece fortes transformações estéticas e culturais em Argel, tornado-a uma bela cidade, com importantes instituições e construções.
Em 1940 aArgélia francesa cai sob domínio nominal daFrança de Vichy após aBatalha de França. Em novembro de 1942, aFrança Livre decide por lançar aOperação Tocha para recuperar a Argélia. A operação foi bem-sucedida, e permitiu à França Livre transferir sua capital figurativa deBrazavile para Argel, permanecendo ali até 1944, quando Paris foi libertada. Pode-se dizer, assim, que Argel foi capital da França.[4]
Fica localizada no extremo norte do país, na margem oeste da baía de mesmo nome, na costa doMar Mediterrâneo, nas coordenadas 36°47' Norte, 3°4' Este (36.78333, 3.0667), nas encostas da cordilheira doAtlas do Tell, paralela à costa. É um dos maiores portos deÁfrica e o principal centro industrial e comercial da Argélia. Sua população é de 4,5 milhões de pessoas.[1][2]
Argel, assim comoTunes e outras capitais da região, possui umclimamediterrânico, um tipo declima temperado com estação seca no verão e invernos suaves e chuvosos. Devido à sua proximidade com oMar Mediterrâneo, este influencia na moderação das temperaturas da cidade. Argel diferencia-se de muitas cidade do sul daArgélia, pois não costuma apresentar temperaturas extremas vistas em localidades dos desertos interiores adjacentes. Argel, em média, recebe pouco mais de 750 milímetros dechuva por ano, sendo que a época mais chuvosa registrada na cidade dar-se-á entre outubro e março. Registros deneve são raros, sendo que, em 2012, as ruas da cidade receberam 10 centímetros de neve, após um período de oito anos sem registros do fenômeno.[5][6]
De acordo com estimativas de 2012, a população de Argel é de 2 364 230 habitantes.[1] Aproximadamente 3% dos habitantes da cidade são estrangeiros, oriundos principalmente daChina,Vietname eMali. A cidade teve um grandíssimo aumento populacional entre 1960 e 2008, passando de 900 mil habitantes para 2,3 milhões de habitantes.[1]
Assim como em todo o país, alíngua mais usada em Argel é oárabe. Ofrancês também desempenha um papel importante no comércio e turismo. A televisão estatal em Argel, assim como outros meios de comunicação, publicam e enviam notícias e documentários tanto em árabe quanto em francês. A linguagem escrita usada, em sua maior parte, é composta pelo francês, mas oárabe moderno padrão também é usado. A maioria dos habitantes de Argel falam árabe como sua língua nativa.
Assim como no país, a religião predominante em Argel é oIslamismo sunita. As estatísticas oficiais, promovidas pelo governo, indicam que mais de 95% da população da cidade pertence a esta religião. Há uma pequena minoria decristãos ejudeus, formados principalmente por estrangeiros que residem na cidade.
AIgreja Católica Romana é liderada pelaArquidiocese de Argel.[11] Criada como diocese em 10 de agosto de 1838, tendo tornado-se uma Arquidiocese em 25 de julho de 1866,[11] chegou a ter 350 000 adeptos do catolicismo sob sua supervisão em Argel em 1959. Tal número reduziu-se para 35 000 em 1980 e cerca de 1 500 católicos na cidade na década de 2000.[11] Quando os franceses se retiraram da Argélia, a Arquidiocese de Argel sofreu uma grande reestruturação, assim como as outras arquidioceses e dioceses argelinas.[11]
Uma lei que entrou em vigor em 28 de março 2006 proíbe o proselitismo de muçulmanos por não muçulmanos em Argel, e proíbe os não muçulmanos de praticar sua religião fora dos locais aprovados pelo Governo. Denominações religiosas necessitam de permissão, por parte do governo, para a prática de suas manifestações religiosas.[12]
Argel é um importante centro econômico, comercial e financeiro, em particular uma bolsa de valores com uma capitalização de 60 milhões de euros em 2010. A cidade tem o mais alto custo de vida de qualquer cidade no Norte da África. Tem o setor de serviços mais desenvolvido, além de indústrias alimentares e automobilísticas.
Edifício da Biblioteca Central e faculdade de letras e linguagem da Universidade de Argel 1, em 2018.
Argel possui a mais antiga e importante instituição de ensino superior da nação, aUniversidade de Argel Benyoucef Benkhedda (ou Universidade de Argel 1). Além dessas, possui a Universidade de Argel 2 (Universidade Abou El Kacem Saadallah), a Universidade de Argel 3 (Universidade Brahim Soltane Chaibout), a Escola Nacional de Ciência da Computação, aUniversidade de Ciência e Tecnologia Houari-Boumediene, a Escola Superior Nacional de Jornalismo e Ciência da Informação, a Escola Superior Nacional de Ciências do Mar e Desenvolvimento Costeiro, a Escola Superior de Comércio, a Escola Politécnica Nacional e a Escola Superior Nacional do Serviço Público e Seguridade Social.
O maior porto do país, o porto de Argel, está nesta cidade, na baía de Argel, uma reentrância marítima doMediterrâneo muito bem protegida dos ventos. Existem dois ancoradouros, ambos artificiais: o velho (ou do Norte), que cobre uma área de 950 000 m², e o de Aga (ou do Sul). A construção do ancoradouro velho foi iniciada em 1518 porBarba Ruiva, que ligou a ilha onde se encontrava o Forte Penon ao continente, para acomodar os seus naviospiratas. O local do Forte Penon encontra-se hoje ocupado por umfarol construído em 1544.
A cidade é constituída por duas partes: a parte moderna, construída em terreno plano junto à costa, e a antiga cidade dosdeys, que sobe a encosta inclinada por trás da cidade moderna, e que é coroada pelacasbá (cidadela), 120 metros acima do nível do mar. Entre os muitos pontos de interesse de Argel, incluem-se o bairro da casbá, a Praça dos Mártires (ساحة الشهداءSahat ech-Chouhada), os edifícios do Governo (anteriormente o consuladoBritânico), asmesquitas Grande, Nova, e Ketchaoua, acatedralcatólica deNotre Dame d’Afrique, o Museu Bardo (uma antiga mansãoturca), a velha Biblioteca Nacional de Argel (Bibliotheque Nationale d'Alger, um palácio turco construído em 1799-1800), e a nova Biblioteca Nacional, construída num estilo que faz lembrar aBritish Library.
Acasbá de Argel, um tipo único dealmedina, ou cidadeislâmica, que contém as ruínas dacidadela, antigasmesquitas e palácios de estilootomano, importantes vestígios duma antiga estrutura urbana, foi inscrita pelaUNESCO, em 1992, na lista dos locais consideradosPatrimónio da Humanidade. O Museu Bardo exibe algumas das esculturas e mosaicos ali descobertos.
Basílica de Notre Dame da África, em Argel.
AMesquita Grande (الجامع الكبيرJamaa-el-Kebir) é considerada tradicionalmente a mais antiga de Argel. O púlpito (منبرmimbar) ostenta uma inscrição que atesta que o edifício já existia em 1018. O minarete foi construído porAbu Taxufine,sultão deTremecém, em 1324. O interior da mesquita é quadrado, encontrando-se dividido em naves por colunas unidas por arcosmouriscos.
A Mesquita Nova (الجامع الجديدJamaa-el-Jedid), construída noséculo XVII, tem a forma de umacruz Grega, encimada por uma grande cúpula branca, com quatro pequenas cúpulas nos cantos. O minarete tem 30 metros de altura. O interior é semelhante ao da Mesquita Grande.
AMesquita Ketchaoua (جامع كتشاوةDjamaa Ketchaoua), no sopé da casbá, era a Catedral de St Philippe antes da independência (ela própria resultante da transformação em 1845 de uma mesquita construída em 1612). A entrada principal, a que se acede subindo 23 degraus, encontra-se ornamentada com um pórtico suportado por quatro colunas demármore com veios negros. O tecto da nave é trabalhado em estuque mourisco, encontrando-se assente numa série de arcadas suportadas por colunas de mármore branco. Algumas destas colunas pertenciam à mesquita original. Numa das capelas encontra-se um túmulo contendo os ossos deSão Jerónimo. O edifício é uma curiosa mistura de estilos mourisco e bizantino.
A Catedral de Notre Dame da África, construída em (1858-1872) numa mistura dos estilosromânico ebizantino, está situada nas colinasBouzareah, com vista para o mar, a 3 km ao Norte da cidade. Por cima do altar encontra-se uma estátua daVirgem Maria, representada como uma mulher negra. Contém igualmente uma estátua deprata maciça doArcanjo Miguel, que pertence à confraria de pescadoresnapolitanos.
Argel foi uma cidade murada desde o tempo dos deys, com aTorre de Tamentfoust, até ao final doséculo XIX. Após ocuparem a cidade em 1830, osFranceses construíram uma muralha e fosso, com dois fortes: باب عزونBab Azoun a Sul e باب الوادBab-el-Oued a Norte. Os fortes e parte da muralha foram demolidos no início doséculo XX, sendo as suas funções defensivas transferidas para uma linha de fortes nas colinas بوزريعةBouzareah (400 metros acima do nível do mar).
↑«Algeriet - Alger/Dar-El-Beida»(PDF).Climate Data for Selected Stations (1931-1960) (em dinamarquês). Instituto Dinamarquês de Meteorologia. p. 10. Consultado em 14 de abril de 2013