A principal fonte sobre a sua biografia é a "Vida de Apolônio", do filósofosofistaFlávio Filóstrato, na qual alguns estudiosos identificam uma tentativa de construir uma figura rival de Jesus. Apolônio também é citado nas obras "A Vida de Pitágoras", do filósofoneoplatônicoPorfírio, e "A Vida Pitagórica", dofilósofo neoplatônicoassírioJâmblico.
Apolônio foivegetariano e discípulo dePitágoras, com base no seu escrito, abaixo:
Por mim discerni uma certa sublimidade na disciplina de Pitágoras, e como uma certa sabedoria secreta capacitou-o a saber, não apenas quem ele era a si mesmo, mas também o que ele tinha sido; e eu vi que ele se aproximou dosaltares em estado de pureza, e não permitia que a sua barriga fosse profanada pelo partilhar dacarne de animais; e que ele manteve o seu corpo puro de todas as peças deroupa tecidas de refugo de animais mortos; e que ele foi o primeiro da humanidade a conter a sua próprialíngua, inventando uma disciplina de silêncio descrito na frase proverbial, 'Um boi senta-se sobre ela.' Eu também vi que o seu sistema filosófico era em outros aspectos oracular e verdadeiro. Então corri a abraçar os seus sábios ensinamentos…
Após manter um juramento de silêncio por cinco anos, ele partiu daGrécia através daÁsia e visitouNínive, aBabilônia e aÍndia, absorvendo o misticismo oriental demagos,brâmanes esacerdotes. Durante esta viagem, e subsequente retorno, ele atraiu um escriba e discípulo,Damis, que registrou os acontecimentos da vida do filósofo. Estas notas, além de cobrirem a vida de Apolônio, compreendem acontecimentos relacionando a uma série de imperadores, já que viveu 100 anos. Posteriormente essas notas chegaram às mãos da imperatrizJulia Domna, esposa deSeptímio Severo, que encarregou Filóstrato de usá-las para elaborar uma biografia do sábio.
A narrativa dessas viagens por Damis, reproduzida porFilóstrato, é tão repleta demilagres, que muitos a têm considerado como de caráter imaginário. Em seu retorno àEuropa, Apolônio foi saudado como ummágico, e recebeu as maiores homenagens quer de sacerdotes quer de pessoas em geral. Ele próprio se atribuiu apenas o poder de prever o futuro; já emRoma afirma-se que trouxe à vida o filho de umsenador romano. Na auréola do seu poder misterioso ele atravessou a Grécia, aItália e aEspanha. Também se afirmou que foi acusado de traição tanto porNero quanto porDomiciano, mas escapou por meios milagrosos. Finalmente Apolônio construiu uma escola emÉfeso, onde veio a falecer, aparentemente com a idade de cem anos. Filóstrato mantém o mistério da vida do seu biografado ao afirmar:Com relação à maneira de sua morte, ‘se ele morreu’, as narrativas são diversas.
Helena Blavatsky lembra, acerca de Apolônio, que, se tudo sobre elenão passasse de uma ficção novelesca, Tito,mal refeito das fadigas do cerco deJerusalém, não se apressaria a escrever ao Sábio,para marcar um encontro emArgos, e dizer ainda que, sendo ele, Tito, e seu pai devedores de tudo a Apolônio, o seu primeiro pensamento havia de ser dedicado ao seu benfeitor.[7] Blavatsky comenta que Apolônio de Tiana tinha virtudes taumatúrgicas que ninguém havia superado até hoje. Ele havia aparecido e desaparecido da vida pública sem ninguém saber como nem quando. E que essa ignorância seria facilmente explicada porque durante os séculos IV e V da era cristã, todos os meios haviam sido usados para apagar a memória deste grande e santo homem da memória do povo. Ela comenta que os cristãos destruíram as biografias apologéticas que dele foram publicadas, salvando milagrosamente as crônicas de Damis, que hoje constituem a única fonte de informação. Ela também reclama que "quase todos os Padres da Igreja citam Apolônio, ainda que mergulhando a pena como de costume, na tinta preta do ódio teológico, da intolerância e do preconceito".
Esta obra de Filóstrato é geralmente considerada como um trabalho de ficção religiosa. Ela contém um número de histórias obviamente fictícias, através das quais, no entanto, não é de todo impossível discernir o caráter geral do homem. No século III,Hierócles esforçou-se para provar que as doutrinas e a vida de Apolônio eram mais valiosas do que as de Jesus, e, em tempos modernos,Voltaire eCharles Blount (1654-1693), o livre-pensador inglês, adotaram um ponto de vista semelhante. À parte este elogio extravagante, é absurdo considerar Apolônio meramente como um charlatão vulgar e um fazedor de milagres. Se descartamos a massa de mera ficção que Filóstrato acumulou, ficaremos com um reformador sincero, altamente imaginativo, que tentou promover um espírito de moralidade prática.
Estátua de Apolônio de Tiana de autoria de Barthélémy de Mélo no Parque dos Filósofos,Versalhes.
Escreveu muitos livros e tratados sobre uma ampla variedade de assuntos durante a sua vida, incluindociência, medicina, efilosofia.
As suas teorias científicas foram finalmente aplicadas à ideiageocêntrica dePtolemeu que oSol revolvia ao redor daTerra. Algumas décadas após a sua morte, oimperador romanoAdriano colecionou os seus trabalhos e assegurou a sua publicação por todo o império.
A fama de Apolônio ainda era evidente em272 d.C., quando o imperadorAureliano sitiou Tiana, que tinha se rebelado contra as leis romanas. Numsonho ou numa visão, Aureliano afirmava ter visto Apolônio falar com ele, suplicando-lhe poupar a cidade de seu nascimento. À parte, Aureliano contou que Apolônio lhe disseAureliano, se você deseja governar, abstenha-se do sangue dos inocentes! Aureliano, se você conquistar, seja misericordioso! O imperador, que admirava Apolônio, poupou desse modo a cidade. Também no século III,Flávio Vopisco, em seu escrito sobre Aureliano, cita Apolônio.
OLivro de Pedras, doalquimistamedievalislâmicoJabir ibne Haiane, é uma análise prolongada de trabalhos de alquimia atribuídos a Apolônio (aqui chamado "Balinas") (ver, por exemplo, Haq, que fornece uma tradução para o inglês de muito do conteúdo do "Livro de Pedras").
Devido a algumas semelhanças de sua biografia com a deJesus, Apolônio foi, nos séculos seguintes, atacado pelosPadres da Igreja sendo considerado desde um impostor até um personagemsatânico. Mas houve também quem o exaltou comparando-o aos grandes magos do passado, comoMoisés eZoroastro.