Idade Antiga ouAntiguidade ouMundo Antigo, naperiodização das épocas históricas da humanidade, é operíodo que se estende desde a invenção daescrita (de 4 000 a3 500 a.C.) até à queda doImpério Romano do Ocidente (476 d.C.). Embora o critério da invenção daescrita como balizador entre o fim daPré-história e o começo daHistória propriamente dita seja o mais comum, estudiosos que dão mais ênfase à importância dacultura material das sociedades têm procurado repensar essa divisão mais recentemente. Também não há entre os historiadores um verdadeiro consenso sobre quando se deu o verdadeirofim do Império Romano e início daIdade Média, por considerarem que processos sociais e econômicos não podem ser datados com a mesma precisão dos fatos políticos.[1]
Também deve-se levar em conta que essa periodização está relacionada àHistória da Europa e também doOriente Próximo como precursor das civilizações que se desenvolveram noMediterrâneo, culminando comRoma. Essa visão se consolidou com ahistoriografiapositivista que surgiu noséculo XIX, que fez da escrita da história uma ciência e uma disciplina acadêmica. Se repensarmos os critérios que definem o que é a Antiguidade no resto do mundo, é possível pensar em outros critérios e datas balizadoras.[2]
Na América, pode-se considerar como Idade Antiga aépoca pré-colombiana, onde surgiram osastecas,maias eincas. Porém, alguns estudiosos consideram que em outras regiões, como no que hoje constitui a maior parte do território doBrasil, boa parte dospovos ameríndios ainda não havia constituído similarnível de complexidade social e a classificação dePré-história para essas sociedades seria mais correta. NaChina, a Idade Antiga termina por volta de200 a.C., com o surgimento dadinastia Chin, enquanto que noJapão é apenas a partir do fim do períodoHeian, em 1185, que podemos falar em início da "Idade Média" japonesa. Algumas religiões que ainda existem no mundo moderno tiveram origem nessa época, entre elas ocristianismo, obudismo,confucionismo ejudaísmo.
O rio Nilo constituía o berço da existência dos antigos egípcios, os quais se dedicavam principalmente àlavoura. Entre junho e setembro, no tempo das enchentes, as chuvas intensas transbordavam o rio; este ultrapassava as margens e inundava imensas áreas de terras que as beiravam. Essas águas tornavam mais fértil o solo, uma vez que continhamlimo ematéria orgânica, que era transformada emadubo de excelente qualidade. Além de adubos, o rio continha muitos peixes e oferecia oportunidades à navegação de milhões de embarcações.[3]
Na hipótese dos egípcios, o rio Nilo era realmente abençoado pelosdeuses. Quer dizer, o mesmo rio era conhecido como santo. No entanto, o Egito não era exclusivamente essa dádiva do Nilo. Eram necessários homens experientes, trabalhadores, aplicados e organizados.[3] Na época daestiagem, enquanto cooperavam para juntar forças e conjunto, os egípcios desfrutavam das águas do rio para regar inclusive terras longínquas ou erguerdiques para conter as enchentes.[3]
Depois das enchentes, as águas diminuíam, desfazendo os limites das fazendas. Dessa forma, a cada ano que passava, a necessidade do homem trabalhador para a medição e o cálculo desenvolveu ageometria e amatemática. Esse trabalho frequente e a unidade geográfica possibilitaram um governo centralizador e único.[3]
O vale do rio Nilo foi povoado a partir dopaleolítico. Temporalmente, nasceram comunidades livres e estruturadas denominadasnomos. Os nomos foram incorporados em doisreinos (do Norte e do Sul) e em torno de 3200 a.C. foram todos agrupados pelo faraó Menés em um único reino. Como ele, iniciaram-se as grandesdinastias (famílias reais que administraram o Egito por quase três mil anos).[3]
No fim do Médio Império, ocorreu uma enorme imigração pacífica dehebreus ao Egito, que acabaram perdendo a liberdade e foram finalmente libertados para que retornassem à sua pátria de procedência. Após os hebreus, oshicsos dominaram o Egito, ali se domiciliando por duzentos anos. Implantaram os carros de guerra, ignorados pelos egípcios, e seu desalojamento caracterizou o início do Reino Novo.[3]
No fim do Reino Novo, aconteceu um desmantelamento do Egito e seu declínio favoreceu para o domínio e a invasão por parte de diversas outras civilizações, comopersas,gregos,romanos emuçulmanos. Nos tempos modernos, o Egito foi conquistado administrativamente pelosfranceses eingleses, até se fazer independente em 1962, comoEstado moderno.[3]
No Egito, a sociedade se subdividia em certos níveis, cada um com suas funções bem determinadas. Nesta sociedade, a mulher possuía enorme influência e poder.[3]
O faraó significava a própria vida que passava no Egito. Era monarca e deus vivo. Fruto de adoração, reverência. Seu direito era o de ter uma grande variedade de esposas, a maior parte delas sendo familiares, para que o sangue real em família fosse garantido. Mas, apenas uma utilizava o título de rainha e dela ocorria o nascimento do herdeiro
No ponto mais alto da pirâmide encontrava-se o faraó, sem limites de poderes, porque o faraó era considerado uma santidade, divindade e admitido como um herdeiro dedeus ou como o verdadeiro deus. Constitui o que se denominateocracia, ou seja, governo em favor de deus.[3]
Ofaraó era um monarca todo-poderoso, dono de todo o país. Os campos, os desertos, as minas, os rios, os canais, os homens, as mulheres, o gado e os animais — tudo se encontrava sob seu domínio.[3] Ele era, simultaneamente, rei, juiz, sacerdote,tesoureiro,general. Era ele quem determinava e liderava tudo, porém, não podendo se encontrar em todos os locais, entregava funções a mais de cem servidores que o ajudavam na governança do Egito. Os egípcios consideravam no faraó sua mera existência e a certeza de sua alegria.[3]
Ossacerdotes possuíam grande importância e autoridade, tanto religiosa como financeira, porque controlavam os produtos e as fortunas dos vastos e abundantestemplos. Eram ainda os eruditos do Egito, guardiães dos segredos espirituais relativos aos seus numerosos deuses.[3]
Anobreza era constituída por familiares do faraó, funcionários de primeiro escalão e abastadosfazendeiros.[3]
Osescribas, oriundos das famílias abastadas e influentes, eram alfabetizados e se ocupavam do registro, da documentação e da contabilidade de documentos e atividades da vida do Egito.[3]
Osartesãos e oscomerciantes. Os artesanatos se dedicavam principalmente aos monarcas, à nobreza e aos templos. Fabricavam lindas peças de adorno, utensílios,máscaras funerárias. Lidavam melhor com madeira, cobre, bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes se ocupavam do comércio em favor dos reis ou em benefício próprio, adquirindo, comercializando ou permutando produtos com as demais civilizações, comocretenses,fenícios, povos daSomália, daNúbia, etc. O comércio encorajou a montagem dos imensos barcos de carga.[3]
Os camponeses constituíam a maioria da população.[3] Os servidores do faraó organizavam e controlavam os trabalhos agrícolas, porque todas as terras pertenciam ao governo, então os agricultores não tinham o direito de propriedade. As enchentes do Nilo, airrigação, semeadura, colheita e armazenamento dos grãos forçavam os camponeses a trabalhar arduamente e receber pouco dinheiro. Em geral, o crédito era realizado com uma pequena parte dos produtos cultivados e somente o necessário para a sua subsistência. Moravam em cabanas precárias e trajavam-se modestamente. Os camponeses trabalhavam também nas terras dos fidalgos e nos templos. A principal atividade econômica do Egito era a agricultura, devido à falta de terreno e da escassez de vegetação para acriação de mais rebanhos. Em virtude da miséria dos camponeses, eram plantados cevada, trigo, lentilhas, árvores frutíferas e videiras. Fabricavam pão, cerveja e vinho. O Nilo trazia muitos peixes.[3]
Osescravos eram, na maior parte, perseguidos dentre os derrotados nas guerras. Erroneamente associados as construções das pirâmides do Egito.
O Egito foi governado por numerosos faraós em seu longo passado. Poucos merecem algum destaque.[4]
Menés (ouNarmer), em 3000 a.C., unificou os reinos do norte e do sul num único reino.[4]
Djoser (Zozer), reino no qual surgiu a primeira edificação monumental com pedras no Egito, apirâmide de Djoser, em degraus.[4]
Quéops,Quéfren eMiquerinos ficaram conhecidos como os faraós que ergueram as três maiorespirâmides do Egito, naplanície de Gizé. A mais extensa pirâmide constitui a de Quéops. Seu herdeiro, Quéfren, substituiu-o no poder e edificou igualmente a sua pirâmide a poucos metros distante da do pai. Após Quéfren, administrou Miquerinos, quem mandou erguer sua pirâmide próxima das demais, mas um pouco menor.[4]
Amenófis IV, denominado igualmente de "sacerdote do deus Sol", ficou famoso como o faraó que unificou areligião egípcia, obrigando o louvor a um único deus, oSol, designado deAton. Alterou sua denominação de Amenófis (que quer dizer "Amon é feliz") paraAquenaton (que tem o significado de "funcionário de Aton"). Conquistou o ódio dos sacerdotes[5] e do fanatismo do povo e este, após seu falecimento, retornou aos velhos cultos.[4]
Tutancâmon, que pertencia à família de Aquenaton, tomou posse do novo reino ainda em plena juventude aos cinco anos de idade. Seu reino durou pouco, porque morreu aos dezoito anos. Sua notoriedade se espalhou noséculo XX, pois foi descoberto em1924, peloarqueólogobritânicoHoward Carter noVale dos Reis, o seu abundantíssimosarcófago. Otúmulo, intocado, ainda não havia sido profanado por criminosos e abriga riquezas de valor, porque esses objetos eram de ouro, prata e pedras preciosas. Havia objetos extraordinariamente ricos como máscaras mortuárias, sarcófagos, estátuas, móveis, joias, vasos, carros fúnebres, etc. Devido a esse achado arqueológico, pode-se ter uma noção da magnificência, do esplendor e da ostentação em que viviam os faraós, ao passo que a maior parte da população, composta por camponeses, tinham uma vida muito difícil e com pouquíssima nutrição.[4]
Os egípcios eram um povo profundamente religioso. Isso foi importante no desenvolvimento de sua civilização e estrutura da sociedade. Erampoliteístas (crença em diversos deuses).[4] A partir dos tempos mais antigos, os egípcios veneravam vários e misteriosos deuses.[4] Os primeiros deuses foram animais e toda a pessoa possuía seu deus que o guardava. Veneravam gatos, bois, serpentes, crocodilos, touros, chacais, gazelas,escaravelhos, etc.[4]
Dentre os animais venerados, o mais conhecido foi o boiÁpis que, durante a sua morte, causava luto no Egito inteiro e os sacerdotes buscavam nos campos de um sucessor fisicamente idêntico. Acreditavam que um deus poderia se corporificar em um animal vivo.[4] O rio Nilo, com suas cheias diárias, e o vento cálido do deserto, que devastava as colheitas, eram venerados como forças da natureza.[4]
Os egípcios acreditavam na vida após a morte,[4] por esse motivo,cultuavam os mortos.[4] Cada localidade possuía seus deuses, com características diferenciadas, sendo alguns deles metade homem e metade animal (em geral, corpo de homem e cabeça de animal —antropomorfismo).[4]
Segue abaixo a descrição de cada deus egípcio e suas prerrogativas atributivas:[6]
Rá: o deus Sol, que junto do deusAmon (Amon-Rá) era o mais importante deus egípcio.[6]
Nut: é ofirmamento, constituída por um indivíduo do sexo feminino com os membros inferiores noHemisfério Oriental e os membros superiores noHemisfério Ocidental. Os corpos celestes percorrem ao longo do seu corpo. Mãe de Rá (o Sol), ela o deglute durante à noite e o faz nascer de novo a cada manhã.[6]
Barca solar de Rá, a qual, numa viagem eterna, diariamente o conduz àTerra e no período noturno o traz novamente à vida eterna.[6]
Ísis: mulher deOsíris, genitora deHórus e deusa da vida vegetal, das águas (das enchentes do Nilo) e das sementes. Aschuvas seriam aslágrimas deÍsis buscando seu marido, Osíris. Este igualmente é o rio Nilo.[6]
Hórus: a divindadefalconídea, herdeiro de Osíris e Ísis, também adorado como o nascer do Sol.[6]
Osíris: no seu hábito em forma de múmia, era a divindade dos mortos, davida vegetal e dafecundidade. Igualmente adorado como o pôr do Sol. Era ele que vinha procurar os mortos para serem sentenciados no seu tribunal (Tribunal de Osíris).[6]
Anúbis: deuschacal, protetor dostúmulos, deus da vida após a morte, intercessor entre o céu e a Terra, ajudou Ísis quando esta resolveu juntar os bocados do corpo de Osíris e deu-lhe ressurreição.[6]
Hator: divindade feminina que se mostra com duas formas: como uma vaca comchifres e o Sol entre eles e como uma mulher tendo o Sol entre os chifres. Tida como a divindade feminina dosvaidosos, dosmúsicos, dos felizes, dos prazerosos e dos apaixonados.[6]
Set: grande inimigo deOsíris (o Nilo) e tido como o vento cálido do deserto. Personificação do mal, causador detempestades e guardião das armas.[6]
Amom (deTebas): divindade das divindades da mitologia egípcia, mais tarde adorado junto de Rá, com a denominação deAmon-Rá.[6]
Os templos egípcios não eram semelhantes àsigrejas atuais. Eram imensos e enormemente grandes,[6] com um grandeportão e vastospátios acessíveis. As gigantescascolunas seguravam os templos. Na parte do fundo encontrava-se a estátua do deus local e nos lados uma pequena quantidade de outros deuses. Nos frontispícios, as grandes estátuas dos faraós que mandaram erguer os templos. No interior dos templos, moravam inúmeros sacerdotes, cabelo raspado e trajados com uma únicatúnica.
Quanto àsmúmias, os egípcios acreditavam que oser humano era constituído porKá (o corpo) e deRá (a alma). Na opinião deles, quando morria, o corpo (Ká) era deixado pela alma (Rá), mas esta poderia continuar a morar no reino de Osíris ou deAmon-Rá. Isso seria possível apenas caso fosse preservado o corpo que deveria manter viva a alma. Daí vinha a necessidade do embalsamamento ou da mumificação do corpo para não permitir o apodrecimento do mesmo. Para garantir que a alma continuasse a viver após a morte, em caso de destruição da múmia, estatuetas do falecido eram postas no túmulo.[7]
Otúmulo era semelhante a uma moradia de um vivo, com mobiliários e abastecimento de refeições. As pinturas das paredes simbolizam as cenas do morto à mesa, nacaçada aos animais e naatividade pesqueira. Eles acreditavam na magia dessas pinturas,[7] porque eles pensavam que o espírito do falecido se sentia alegre e calmo ao observá-las. O espírito do falecido ia ao Tribunal de Osíris, onde era sentenciado por suas obras, para ver se podia ser aceita no reino de Osíris.[7]
Os túmulos eram habitações deeternidade. Para melhor conservar os corpos, colocavam-se as múmias emsarcófagos hermeticamente tampados. Os faraós, os nobres, os ricos e certos sacerdotes erguiam imensos túmulos feitos de pedras para assegurar que os corpos fossem protegidos contra ladrões e profanadores. Foram feitos para assegurar a longa expectativa no tempo até o retorno do espírito.[7]
Dessa forma, eram erguidas mastabas, pirâmides e hipogeus abundantemente enfeitados.[7]
Durante aantiguidade, acultura egípcia era o conjunto de manifestações culturais desenvolvidas no Antigo Egito. Sem falar das pirâmides, mastabas, hipogeus e nos vastos templos, a arte do Antigo Egito se expressava nospalácios, nas grandes colunas e obeliscos, nas esfinges, naestatuária e na artedecorativa embaixo-relevo. Listados abaixo:[8]
Mastabas: As mastabas foram túmulos revestidos delajes rochosas ou feitos detijolo especial. Eram integradas por umacapela, a câmara mortuária e demais espaços.[8]
Hipogeus: Túmulos abertos nasrochas, perto das margens doNilo. O hipogeu mais conhecido foi de Tutancâmon, localizado no Vale dos Reis.[8]
Esfinge: As esfinges eram as protetoras dos templos e as pirâmides. A esfinge na parte frontal da pirâmide de Quéfren tem cabeça humana e corpo leonino.[8] Sua frase célebre é "Decifra-me ou te devoro".[9]
Obelisco: Monumento feito de uma única pedra no formato deagulha para assinalar algum acontecimento ou realização. Simboliza ainda um raio da divindade solar.[8]
Nas pirâmides reais, havia corredores secretos, galerias, câmaras, portas e passagens falsas para enganar ladrões, cripta, corredores de ventilação e a câmara do rei
No antigo Egito eram erguidas mais de cempirâmides. As três grandes estão compreendidas entre asSete Maravilhas do Mundo antigo. Até hoje as pirâmides apresentam certos mistérios para a mente humana. Dessa forma, a modernaengenharia até então não chegou a esclarecer como, naquele momento, começou-se a transportar blocos rochosos de 2 a 10 ou mais toneladas oriundas de distantes lugares até o deserto onde estão as pirâmides. Mais complicado também seria elucidar como vieram a carregar pedras em cima de pedras até uma altura de 146 metros (a altura original da grandepirâmide de Quéops). Outro segredo seria justificar porque motivo as pirâmides eram erguidas com seus lados religiosamente virados para os quatropontos cardeais. Hoje em dia, várias pessoas creem em uma enigmática força de concentração de energia no interior das pirâmides. Assim, não apodreceriam certas coisas perecíveis que fossem postas dentro, na disposição ocupada pela câmara do rei.[10]
Para isso, com ajuda de umabússola, deve-se direcionar as bases piramidais na localização dos pontos cardeais. Crê-se, ainda, em curas ou melhoras de saúde por meio da utilização de uma pirâmide de cobre em condições de compreender um ser humano em seu interior.[10]
Os egípcios não eram tão excelentes cientistas como arquitetos. Nas ciências, expandiram a matemática, a astronomia, a medicina e a engenharia. Separaram o ano em 365 dias e em 12 meses com 30 dias cada um e três semanas de dez dias cada uma. Utilizavam osrelógios solares, estelares eà base de água para mensurar o tempo.[11]
Na matemática, expandiram a geometria, por causa da importância de mensurar asterras agrárias e construir as enormes edificações.[11] Na medicina, possuíam médicos especialistas em diversas doenças e faziam cirurgias, usando também um gênero de anestésico.[11] Mas, a medicina egípcia, como em toda a Antiguidade, era mais esotérica que científica, pois sempre vinha seguida de magias e de pedidos de socorro ou proteção às divindades.[11]
Eram peritos no processo de mumificar corpos por meio de recursos de embalsamamento que preservaram numerosos corpos até os dias atuais.Heródoto, conhecido historiadorgrego, nos relata como era realizada a mumificação:[11]
“
"Tiram-lhe primeiro o cérebro, com ferro recurvado, que introduzem nas narinas e com o auxílio de drogas, que injetam na cabeça. Fazem em seguida uma incisão no ventre, com uma pedra cortante da Etiópia. Tiram por esta abertura os intestinos, que são lavados, passados por vinho de palma e por aromas, enchem, seguidamente, o ventre de mirra (resina de uma árvore utilizada como incenso ou perfume), canela e outros perfumes, depois o costuram cuidadosamente. Terminado isto, salgam o corpo e cobrem-no de natrão (carbonato de sódio natural) durante setenta dias. Acabado este prazo, lavam o corpo e o envolvem inteiramente em faixas de linho."
”
Em seguida, punham o corpo no sarcófago. Os pobres possuíam processos de mumificação bem mais fáceis.[11]
Os egípcios escreviam especialmente em uma planta denominadapapiro, muito encontrada às margens do Nilo. O miolo do papiro era extraído e as partes eram conectadas umas às outras e prensadas, compondo rolos que também eram exportados para povos vizinhos. Os egípcios herdaram diversos livros publicados, a maior parte sobre assuntos relacionados à religião, como o conhecidoLivro dos mortos.[12]
Por intermédio dos documentos achados, como trechos de músicas e instrumentos, a arte musical teria se iniciado na Mesopotâmia e no Antigo Egito. Verdadeiramente, em 1950, uma canção assíria de 4000 a.C., inscrita em uma tabuleta feita de argila, foi achada pelos arqueólogos.[13]
Os egípcios utilizavam muito a música em todos os momentos religiosos ou da sociedade, como casamentos, festas, canções de guerra, de vitória, ou para manifestar expressões de tristeza e luto. Tangiamlira,cítara,oboé,címbalo,harpa e instrumentos com caixa de ressonância.[12] Era uma constante que as mulheres ricas fossem excelentes cantoras. Ao lado da música, a dança e a coreografia se expandiram. Os mesopotâmicos e os egípcios já chegaram a escrever a música por meio de sinais.[13]
Influência da civilização egípcia sobre outras civilizações
Os egípcios exerceram enorme influência no progresso de diversos povos vizinhos ou longínquos. Vários eruditos de outros povos da antiguidade iam procurar seus saberes no Egipto, onde faziam estágios. Criaram a geometria, a qual mais tarde seria acompanhada pelos gregos e demais povos.[13]
Na medicina, a influência egípcia foi quase completa. Provavelmente, superaram todos os povos antigos nos saberes médicos.[13]
No que diz respeito à religião, seus deuses e suascrenças chegaram a se difundir por toda a parte. As pirâmides maravilharam o mundo, e sua crença na imortalidade do espírito foi tida como um desenvolvimento na religiosidade.[13]
No que tange à escrita, foram precursores na arte de escrever, e seus caracteres vieram para aFenícia, onde eram reduzidos, transformando-se no alfabeto que possuímos nos dias atuais. Importante colaboração às civilizações antigas foi o papiro que o Egito produzia a todo o mundo antigo para publicar seus livros, fundar suas bibliotecas e proporcionar material de pesquisa para seus sábios.[13]
O termoMesopotâmia procede dogrego clássico:mesos, meio,potamos, rio e quer dizer “região localizada entre rios”, ou melhor, nesse caso, região abrangida entre os rios Tigre e Eufrates. Entretanto, como observado no mapa, a Mesopotâmia ia além desses rios.[14]
Os dois principais povos dessa região são os sumérios e os babilônios. Não se sabe a procedência dos sumérios, mas compreendemos que, em torno de3 000 a.C., eles se fixaram ao sul da Mesopotâmia, próximo do Golfo Pérsico.[14]
Inúmeras comunidades, as quais, gradualmente, tornaram-se cidades-estados, foram criadas pelos sumérios. Assim, nasceram as cidades deUr,Uruk,Lagash,Nippur. A principal delas foi Ur.[15][14]
A região, conquistada pelos sumérios, não tinha um poder central que lhe concedesse unidade política. Toda a cidade era que nem um país independente, com governo próprio. Cadacidade-estado era administrada por um civil (patesi) e umsacerdote. Essas cidades viviam em permanentes conflitos e foi o reiSargão I quem chegou a lhes conceder unidade, criando o reino daSuméria, que ia da Mesopotâmia até o Mar Mediterrâneo.[14]
Com o falecimento de Sargão I, o reino entrou em declínio e ficou sob o domínio de povos dominadores.[14]
Liderados porHamurábi, tomaram posse da Suméria e criaram o grandeImpério Babilônico, cerca de1 700 a.C. Foi Hamurabi quem criou oprimeiro código de leis de que se tem notícia. As leis presentes nesse código estabeleciam os direitos e deveres da população e dos políticos. No entanto, segundo a classe social, as pessoas não desfrutavam dos mesmos direitos no Império Babilônico. Os escravos, por exemplo, não eram tidos como gente, mas sim como objeto, uma mera propriedade qualquer. Ou melhor, as civilizações antigas possibilitavam a escravidão e os prisioneiros de guerra, ao invés de serem mortos, eram utilizados como escravos para trabalhos braçais. Procede de Hamurabi alei do talião: “Olho por olho, dente por dente”. Outra lei determinava que, caso um homem penetrasse em um pomar e fosse pego roubando, devia pagar uma determinada quantidade em prata. Esse código exerceu enorme influência nas legislações de outros povos.[16]
O Império Babilônico entrou em declínio, sendo invadido pelos assírios, povo guerreiro de importante estrutura militar e o primeiro a empregar os carros de guerra. Os assírios eram perversos e agressivos, dominaram diversos povos e invadiram a região durante quinhentos anos.[16]
Posteriormente, em612 a.C., o Império Babilônico se reestruturou e veio ao apogeu comNabucodonosor II, que melhorou a cidade, ergueu os conhecidosJardins Suspensos da Babilônia, uma dassete maravilhas do mundo antigo, e mandou edificar um imenso zigurate, chamada de Torre de Babel pela Bíblia. De fato, em 1899, no decorrer de escavações, foi avistado um enormezigurate que se achou que fosse a Torre de Babel. Possuía 90 metros de base e outro tanto de altura, com o topo revestido de ouro e azulejos pintados de azul.[16]
Escrita cuneiforme com gravação numa escultura feita durante oséculo XXII a.C. (Museu do Louvre,Paris). A linguagem escrita resulta do fato de que o homem necessita da garantia de se comunicar e desenvolver a técnica
Os textos eram escritos pelos sumérios e babilônios em tabletes de barro. Foram os inventores de um tipo de escrita em formato de cunha, que por esse motivo, recebeu o nome deescrita cuneiforme. Esses tabletes feitos de barro pesavam muito e não eram de fácil manuseio, mas possuíam a vantagem de duração de séculos ou milênios com escrita inteligível.[16] Pesquisadores dos dias atuais acharam muitos deles e assim puderam descobrir uma grande quantidade de coisas da primeira civilização da história da humanidade. Na cidade deNínive, o reiAssurbanipal fundou uma biblioteca, com 22 mil tabletes de argila (barro) com escritos em uma grande variedade de assuntos. Dentre demais assuntos, nos é mostrado pelos tabletes como eram o comércio e os negócios daquele tempo. Por exemplo, uma relação de medicamentos receitados aos pacientes é feita pelo médico. Há 3 000 anos, os deveres de um menino, na escola, são relatados por um dos tabletes de maior interesse: o menino precisava ir mais rápido para evitar que chegasse atrasado na escola, senão a criança apanharia do professor. O professor, utilizava, também, a vara oupalmatória para castigar os alunos que dialogassem, que deixassem a escola sem autorização ou estudassem sem caprichar como deviam.[16]
Tanto os sumérios como os babilônios eram politeístas, ou seja, criam numa grande variedade de deuses.[17] Toda a cidade tinha o seu deus protetor. A Babilônia, por exemplo, estava sendo protegida porMarduque. Criam também nas forças dos astros e da natureza e veneravam o céu (Anu), a Terra (Enlil), a Lua (Sim), o raio e a tempestade (Hadade), o fogo (Guibil), etc.[17]
Cultuava-se a religião nos templos, denominadoszigurates, construções com degraus em formato de pirâmide. Os mesopotâmios criam que os astros influenciavam na vida do homem, originando assim aastrologia. Os adivinhos e sacerdotes que estudavam os astros eram muito prestigiados. Os povos da Mesopotâmia contribuíram muito para o conhecimento dos astros, e através desse conhecimento conseguiam mesmo fazer a previsão das enchentes dos rios Tigre e Eufrates.[17]
Foi muito importante a herança deixada pelossumérios e pelosbabilônios aos povos futuros. Dentre demais colaborações, podem ser apontadas:[17]
Haviam organizado política e socialmente as cidades-estados;
Haviam criado um código de direitos e deveres;
Haviam organizado a produção de alimentos: já naquele tempo, utilizavam o arado e máquinas de irrigação, por exemplo;
Haviam construído lindos templos e grandiosos palácios;
Ossumérios haviam inventado a escrita, que possibilitou a fixação do conhecimento da época;
Haviam inventado a roda e os carros puxados por cavalos;
Haviam criado a astronomia (pesquisa dos astros);
Astrologia, ou seja, a ciência que pesquisa os astros que influem sobre o futuro das pessoas.
Os povos antigos não criam que a alma era imortal, eram religiosamente pessimistas e viviam sem preocupações com a morte ou como que as pessoas viam com seus próprios depois que morriam. Buscavam a sua proteção contrária às forças malignas utilizando amuletos e fazendo toda sorte de magia.[17]
Uma das divindades mais adoradas era a deusaIshtar, personificação do planetaVênus. Protegia o amor e a guerra.[17]
Abraão e os três Anjos as portas do purgatório segundo descrição deDante Alighieri em 1250. Gravura deGustave Doré (1832-1883)
As origens mais antigas doshebreus (ou israelitas) ainda não se conhecem. ABíblia sempre é a fonte mais importante para estudar esse povo. As origens se iniciaram comAbraão, líder de uma tribo de pastores seminômades que, recebendo os conselhos de Deus, partiu da cidade deUr na Mesopotâmia, perto das margens do rio Eufrates, foi para Harã e depois se fixou na terra de Canaã, no litoral leste do mar Mediterrâneo (hoje Israel). O caráter dessa migração era religioso e teve grande duração de tempo até a chegada de Abraão à terra que Deus prometeu.[18]
Abraão, em contrapartida aos demais homens da época, cria em um único Deus, que criou o mundo, que não se podia ver e que lhe ordenou que partisse paraCanaã. Premiado por obedecer a isso e por crer, uma promessa de Deus foi recebida por ele: sua família originaria um povo que se destinaria a ter a terra de Canaã, na qual, de acordo com a Bíblia, brotava leite e mel. Renovou-se essa promessa aIsaac, do qual Abraão era pai e mais tarde aJacó (do qual Abraão era avô), este recebendo dum anjo a denominação de Israel, cujo significado é “o forte de Deus”. No entanto, Canaã foi definitivamente conquistada, noséculo XIII a.C., durante a saída deMoisés do Egito e a condução de todos os hebreus àTerra Prometida, em1 250 a.C..[18]
São chamados de patriarcas os três primeiros líderes dos israelitas: Abraão, Isaac e Jacó. O primeiro passava a sua vida em Ur, na Mesopotâmia. Abraão é ordenado por Deus que partisse para Canaã e lhe é prometido por ele que sua família terá um excelente futuro. Abraão viaja e é estabelecido na terra de Canaã com seus familiares. Depois que morreu, é sucedido por Isaac, do qual Abraão é pai. Depois, é seguido por Jacó, do qual Isaac é pai.[19]
Jacó é pai de doze filhos, que vão originar asdoze tribos de Israel. José, o mais jovem deles, é o preferido dos pais. Ele é invejado pelos irmãos de tal maneira que é vendido como escravo a comerciantes egípcios, sejam eles nascidos no país, sejam eles imigrantes. No Egito, José trabalhará na corte do Faraó.[19] Depois de uma grande quantidade de aventuras ele é nomeadoprimeiro-ministro. Naquela época, muitos israelitas ficam sem nada para comer e José conseguiu estabelecer sua família no Egito.[20]
A vida dos hebreus no Egito foi pacífica por uma grande quantidade de gerações. No entanto, um faraó ficou inquieto porque a população cresceu e seu país ficou poderoso. Decide transformá-los emescravos e ordena a matança de todos os meninos recém-nascidos. Ora, naquele tempo, surge numa família de hebreus, o meninoMoisés. Para ser salvo, é acomodado por sua mãe em uma pequena cesta feita de papiro e é escondido dentre os caniços do rio Nilo. A filha do faraó recolhe o bebê e o educa na corte. Chegando na idade adulta, Moisés se revolta porque seu povo é miserável e se refugia nodeserto do Sinai. Ali, Deus é revelado a ele e lhe promete duas coisas: tornará livres os israelitas da escravidão e ser-lhe-á dado o país de Canaã. Desde então, a missão extraordinária de Moisés é de que o povo israelita será guiado até a Terra Prometida e será por ele transmitida aos homens a mensagem de Deus incluída nos dez mandamentos.[20]
Moisés retornou, então, para o Egito, para juntamente do faraó e lhe pediu que fosse permitida a partida dos hebreus à sua terra, porque Deus ordenou. Sabendo que o faraó recusou, o Egito é castigado por Deus comdez terríveis pragas, contadas na Bíblia. Enfim, o faraó renuncia e os israelitas são libertados: é oÊxodo, ou seja, o momento histórico em que os hebreus saíram do Egito.[20]
Os hebreus foram conduzidos por Moisés por meio do deserto do Sinai. Outra vez, Deus é revelado a ele, ser-lhe-ão dadas asTábuas da Lei, com os dez mandamentos e uma aliança, um pacto é feito por Moisés com os israelitas. Estes são protegidos por ele até entrarem na terra de Canaã, no entanto, será exigido em troca que seu povo obedeça absolutamente a suas leis. Sem dúvida, são ditas por Deus a Moisés as leis de regência à vida do povo de Israel. As 10 primeiras são de importância particular: são osDez Mandamentos da Lei de Deus.[20]
Depois da saída do povo de Israel doEgito, omar Vermelho foi atravessado pelos israelitas que erraram 40 anos pelodeserto, enfim, chegando às fronteiras daTerra Prometida (atualmenteEstado de Israel). Moisés falece,Josué sucede-lhe, declara umaguerra santa contra oscananeus e ganha. O país dos cananeus é transformado então no país de Israel.Deus cumpriu o que prometeu.[20]
Uma vez que se estabeleceram na terra de Canaã, era preciso uma autoridade para chefiar os hebreus nas batalhas contra os inimigos e orientar as atividades do povo. Foram os juízes, e dentre eles mereceram destaqueJosué,Sansão,Gideão eSamuel. Depois dos juízes, oreino de Israel foi fundado, sendo que o rei passou a comandar o país.[20]
Davi eSalomão foram os reis mais vitoriosos dahistória de Israel. Davi terminou de conquistar a terra de Canaã e criou o reino de Israel. Mandou embora os filisteus e elegeu Jerusalém como capital. Davi foi um rei autor de poesias e seus vários salmos bíblicos foram escritos.[21]
Na época do reinado de Salomão, Israel se desenvolveu muito. Ordenou a construção depalácios,fortificações e oTemplo de Jerusalém. No interior do templo, se localizava a Arca da Aliança, contendo as Tábuas da Lei, nas quais estavam escritos os Dez Mandamentos, que Deus ditou paraMoisés no Monte Sinai, durante a vinda do povo hebreu do Egito à Canaã.[21]
Importou-se a maior parte do material utilizado nas construções deTiro, naFenícia. Exageraram-se muito as importações demadeira (especialmente ocedro-do-Líbano),ouro,prata ebronze que o país tornou-se empobrecido. O dinheiro recebido era muito pouco para que as dívidas fossem pagas. Para que os gastos e o luxo da corte fossem sustentados, os impostos foram aumentados por Salomão que tornou obrigatório o trabalho da população empobrecida em obras públicas. Além do mais, a cada três meses 30 000 hebreus foram revezados no trabalho dasminas e dasflorestas da Fenícia para extrair madeira, como forma de pagar a dívida externa de Israel com a Fenícia.[21]
A administração de Salomão foi motivo de descontentamento do povo, porém, ele foi considerado historicamente como um rei que construiu muito e, especialmente, como um rei de muito conhecimento.[21]
Os demais povos se apoderaram de Israel por uma grande variedade de vezes. Após a divisão deIsrael em dois Estados adversários — Israel na parte setentrional eJudá na parte meridional, os assírios e babilônios aprisionaram os hebreus. Depois, dentre os demais povos dominadores, os persas e romanos se apoderaram de Israel. Por volta do ano70 d.C., a cidade de Jerusalém foi destruída pelo imperador romanoTito. Os judeus, desde então, foram espalhados pelo mundo (foi a denominada Diáspora) e somente foi conseguida a reunião no território de hoje, em 1948, quando fundou-se o Estado de Israel.[22]
Demais povos conquistaram os israelitas, bem enfraquecidos sob a ótica militar, e até levaram como escravos à Babilônia (ocativeiro da Babilônia). Mas os hebreus superaram numerosas dificuldades por meio dos séculos e, uma vez que se uniram ao redor de seus ensinamentos religiosos, ainda hoje são sempre um povo.[23]
Uma função bem essencial na parte religiosa e moralista foi desempenhada pelos judeus, que influenciaram muito o ocidente inteiro, a partir daEuropa àsAméricas.[23]
Eram praticantes domonoteísmo e acreditavam emJavé, Deus que criou tudo, universal, que não pode ser visto, espírito todo-poderoso, o qual não se podia representar através de estátuas ou imagens. Os hebreus tinham que adorá-lo "em espírito e verdade". Os sacerdotes também denominavam-se de levitas, por serem pertencentes àtribo de Levi, uma das doze tribos israelitas.[23]
Nos 1000 anos anteriores à época em queJesus Cristo nasceu, o povo hebreu escreveu sua história, suas leis e suas crenças. Esses relatos, em seu total, acham-se na parte inicial da Bíblia, denominada deAntigo Testamento, o qual é a parte que o povo hebreu segue. A Bíblia é um livro religioso do judaísmo como também do cristianismo.[23]
O povo que destruiu o monumentalTemplo de Jerusalém foram os romanos, no ano 70. Atualmente a parte restante somente era de um muro que servia de cercania do templo. Nesse muro, os hebreus ainda atualmente vão fazer a lamentação do templo destruído e o seu povo que se espalhou pelo mundo. Esse muro chama-se deMuro das Lamentações
Quanto às festas e dias santificados, os judeus consagram osábado à prática da religião. Proíbe-se qualquer trabalho que pode ser realizado apenas em seis dias úteis. Os judeus reservam o sábado, propriamente dito, para se encontrar com os familiares, para que orem e estudem o Antigo Testamento (faziam-se também cultos religiosos nasinagoga).[23]
Geralmente, fatos históricos, religiosos e agrícolas são comemorados pelas festas religiosas. A festa religiosa de maior solenidade do judaísmo é oYom Kippur (Dia do Perdão); era um dia destinado pelaLei de Moisés para que todos se apresentassem diante doSumo Sacerdote e, através do ato simbólico dosacrifício, fossem perdoados por Deus caso houvesse sinceridade no arrependimento.[23]
Numa época antiga, dentre os judeus, Deus era homenageado através de animais sacrificados (holocaustos) e através de ofertas. Atualmente, naDiáspora (dispersão pelo mundo), os judeus são reunidos em locais de culto que chamam-sesinagogas. Orar e ler a Bíblia Hebraica tornam-se atos indispensáveis na vida judaica.[24]
Em toda a história israelita, certos homens influenciaram uma função especial: eles são os profetas. Osprofetas são pessoas que Deus inspirou; são os porta-vozes dele. Desde oséculo VII a.C., eles já esperavam muito: oMessias, um enviado de Deus, veio para que o mundo seja transformado, fazer com que reinem a paz, a justiça e o amor e que os israelitas estejam reunidos para que vivam em paz em sua própria terra. Os israelitas ainda hoje sempre esperam um messias salvador, que, segundo o que os cristãos acreditam já chegou na pessoa deJesus Cristo.[24]
Esperando o messias, o judeu tem que preferir a santidade, em observação da Lei e das regras de vida (moral judaica). O conteúdo das leis aparece em um livro que denomina-seTorá (lit. "Lei"). Elas dizem respeito ao total dos aspectos da vida: cultuar, trabalhar, viver em família, comer, vestir, punir as faltas, etc. Os religiosos que explicam as leis da Torá são mestres que chamam-serabinos. O conteúdo dos comentários que os rabinos explicam a respeito dessas leis aparece num grande livro: oTalmud.[24]
Proprietários de uma pequena quantidade de terrenos e de solos arenosos, os fenícios não foram dedicados à agricultura. Uma vez que se cercavam de regiões montanhosas entre as partes setentrional, meridional e oriental, somente lhes sobrava o aproveitamento do mar. Convivendo com o mar, inventaram precocemente a construção de navios e a navegação. Dessa forma, suas cidades mais importantes, comoTiro,Sidom,Biblos eUgarite, foram transformadas em portos de partida dos navios que vendiam produtos próprios ou de demais nações. Suas galeras viveram aventuras pelos mares em corajosas viagens, na conquista de mercados longínquos.[25]
Numerosas foram as mercadorias que os fenícios comercializavam. Compravam-se alguns deles em demais nações e revendiam-se em demais locais. Porém, a maior parte era de produtos propriamente fabricados, como tecidos, corantes para pintar tecidos (como a púrpura), cerâmicas, armas de fogo, peças metálicas, vidro transparente e colorido, joias, perfumes, especiarias, entre outros. Seus artesãos possuíam habilidade para imitar e falsificar mercadorias de demais povos. Importavam-se também os cedros da região montanhosa da Fenícia. Os fenícios também foram o povo que mais vendia escravos à época. Criaram feitorias (pontos onde mercadorias eram armazenadas) e uma grande quantidade de colônias em demais regiões, como as ilhas deMalta,Sardenha,Córsega eSicília, e criaram, naporção setentrional da África, a famosa cidade deCartago.[26]
Os fenícios se organizavam em cidades-estados, ou seja, cada cidade fenícia formava um centro comercial livre e administração política peculiares. Comerciantes de influência denominados sufetas exerciam o governo dessas cidades. Por uma grande quantidade de vezes, essas cidades chocavam-se porque o comércio era muito concorrido. Tributos chegaram mesmo a ser pagos por certos centros urbanos que objetivavam preferir e proteger seus produtos comerciais.[26]
Evolução das letras que compõem o nome hebraico do rei Davi a partir doalfabeto fenício, passando pela escrita hebraica antiga pré-exílio chegando às letras hebraicas atuais (denominadas de "letras quadráticas" ou "escrita assíria")
Inicialmente, os fenícios usavam a escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Após a escrita cuneiforme, os fenícios, propriamente ditos, começaram a usar hieróglifos dos egípcios. Porém, esses sistemas de escrita não estavam atendendo às suas necessidades de comércio. Dessa forma, nasceu a ideia da simplificação da escrita e da invenção doalfabeto, o qual tornou-se a mais importante colaboração dada pelos fenícios para o nosso planeta, na área da cultura.[26]
Este relevante descobrimento surgiu porque era necessária a facilitação dos contratos de comércio que eram contabilizados e elaborados com os demais países. Dessa forma, os fenícios criaram os 22 sinais que representam as consoantes; em seguida, o alfabeto fenício foi aperfeiçoado pelos gregos, que adicionaram asvogais, e este sistema de escrita passou a ser adotado pelos demais povos.[26]
EmUgarit, encontrou-se uma biblioteca com numerosos tabletes feitos de argila com escritura a respeito dos aspectos administrativos, religiosos e mitológicos da Fenícia.[26]
O povo fenício era adepto dopoliteísmo, ou seja, cultuava uma grande variedade de deuses, comoAstarte, deusa que protegia a fecundidade;Baal, deus do trovão;Melcarte, deus batalhador e cruel;Ishtar, adorada também na Fenícia, e demais divindades. Embora marinheiros, não possuíam deuses do mar e homens e crianças eram sacrificados por religiosos, em cerimônias ritualísticas, homenageando os deuses, especialmenteMoloch.[27]
Opovo fenício não teve originalidade na área científica, deixando deparafrasear de demais povos o que possivelmente seria de grande utilidade para eles. Como comerciantes, o setor de maior desenvolvimento dos fenícios foi o da construção de navios e da navegação. Conheciam muito bemmatemática para construirnavios eastronomia, que os ajudava a navegar pelos mares.[27]
Foi o mais extenso império sabido na época. Os persas, da mesma forma que osmedos, eram ambos os povos originários de regiões de línguas indo-europeias e os quais foram estabelecidos noplanalto iraniano há cerca de um milênio antes de Cristo.
Na história doImpério Aquemênida, havia três reis persas mais importantes:Ciro, o Grande,Cambises I eDario I. Sob a direção talentosa do general Ciro, então comandante das tropas persas, os dois povos, medos e persas, foram unidos em torno doséculo VI a.C. e constituíram o Império Persa.[28]
QuandoCiro II governou por 25 anos, a Mesopotâmia conseguiu não só ser conquistada por ele como também a Ásia Menor inteira. Ao contrário de demais dominadores, Ciro respeitava os povos que dominava, permitindo que essas populações vivessem normalmente bem, fossem livres para agir, trabalhar, cultuar seus deuses, entre outras atividades. Mais por razões de governo do que motivos de religião, Ciro, em algum momento, entrou num templo religioso persa com o objetivo de cultuar os deuses. A liberdade religiosa foi permitida e o roubo forçado dos templos babilônicos pelos soldados foi proibido. Caracterizado por sua liberalidade e generosidade, Ciro autorizou a volta doshebreus escravizados pelospersas ao país de onde originaram, aPalestina.[28]
Sua administração não aceitava as ideias dos outros em ambos os detalhes:[29] os povos conquistados se obrigavam a prestar o serviço militar e a pagar altos tributos. Ciro morreu em batalha por volta do ano de 529 antes de Cristo.[29]
O primeiro rei que sucedeu o pai Ciro foi seu filhoCambises, cujas características psicológicas eram a crueldade e a violência, sendo exigido por ele, também, a morte do próprio irmão. Em525 a.C., Cambises dominou oEgito, mas morreu sem deixar evidências no caminho de volta ao seu país.[29]
Dário
Dario I era da mesma família de Cambises e tomou posse do governo no ano de 521 antes de Cristo. Expandiu ainda mais o grande Império Persa, dominando o vale dorio Indo e o norte da Grécia, no entanto, Dario I morreu naBatalha de Maratona,[29] quando os atenienses o derrotaram. A mais importante colaboração histórica deixada por Dario I foi, provavelmente, uma rigorosa ordem político-administrativa imposta por ele ao grande Império Aquemênida.[29]
OImpério Aquemênida foi firmemente governado por Dario I, este ajudado por um forte exército, mas ao mesmo tempo, bondosamente. Para que facilitasse aadministração, o império foi dividido em 20 províncias, denominadassatrapias. Umsátrapa governava cada satrapia. O rei nomeava os sátrapas, cujas funções mais importantes foram:[29]
exercício da justiça;
cobrança de impostos;
administração das obras públicas;
manutenção da ordem.
Para que os sátrapas não fossem abusar do poder, cabia ao rei a nomeação para cada província de um secretário e de um general que o informavam sobre os acontecimentos que passavam em cada satrapia. Os inspetores, visitantes periódicos das províncias, enviados do rei, fiscalizavam os sátrapas, por sua vez, generais e secretários. Os inspetores tinham como o apelido aperífrase de "os olhos e os ouvidos do rei". Para que facilitasse as transações comerciais, Dario decidiu criar uma moeda (em ouro ou prata) para o império inteiro: o dárico. As moedas só podiam ser fabricadas por ordem do rei.[29]
Asestradas dentre as mais importantes cidades doImpério Aquemênida foram construídas pelos persas. O sistema de correio instituído porDario utilizava essas estradas. Há mais de 20 quilômetros cada existiam estações de descanso com hospedaria e cocheira. Os mensageiros reais substituíam os cavalos, de modo que as distâncias muito compridas fossem possivelmente cobertas velozmente por eles. Os mensageiros obtiveram o transporte de uma mensagem entre as cidades deSusa eSardes em um limite de tempo anterior a duas semanas, totalizando uma distância superior a 2 400 quilômetros.[30]
As principaisatividades econômicas do Império Aquemênida foram a agricultura e o comércio. A população, embora fosse composta de agricultores, era muito empobrecida, se obrigando a dar aos fazendeiros grande parte do que era produzido pelos camponeses. Além do mais, se obrigava a trabalhar gratuitamente em obras públicas, como construir palácios, estradas e canais de irrigação, atividades agrárias bem apreciadas pela fé.[30]
A sociedade inteira era explorada pelo governo com o peso dosimpostos, com a finalidade de sustentar o exército e o luxo da corte. O Império Aquemênida se relacionava comercialmente com oEgito, aFenícia e aÍndia.
Faravahar (ou Ferohar), é a representação da alma humana antes do nascimento e depois da morte, é um dos símbolos do zoroastrismo
A religião que o ilustre profeta denominadoZoroastro, natural daPérsia, noséculo VI a.C., pregava, era seguida pelos persas. O deus do bem (Mazda) e o deus do mal (Arimã) lutavam constantemente e isso era pregado por Zaratustra. Cultuavam também o Sol (Mitra), aLua (Mah) e a Terra (Zan).[30]
Criam em um deus que criou o céu,[30] a terra[30] e o homem[30] e em uma vida depois da morte.[30] Não se enterravam os corpos dos falecidos que se consideravam impuros para não sujar a terra-mãe sagrada. Colocavam-se àsaves de rapina, em torres de maior altura, ou protegiam-se todos com cera antes de se enterrarem. Não possuíam torres nem estátuas, no entanto, acendiam o fogo sagrado, símbolo do deus do bem e da pureza. Além disso, ozoroastrismo (religião persa também denominadamasdeísmo) difundia a bondade, a justiça e a retidão. O bem e o mal eram duplamente rígidos e isso influenciou enormemente o cristianismo, e, futuramente, oislamismo deMaomé.[30] A bíblia dos masdeístas era oZendavestá.[30]
Ospersas destacaram-se na arquitetura, erguendo belos palácios, como os dePersépolis eSusa. Ficaram famosos na fabricação de tijolos pintados em cores vivas. Na escultura, utilizaram os baixos-relevos. Copiaram dos egípcios e dosassírios. Escreviam letras cuneiformes, da Mesopotâmia.[31]
AChina é um grande país, geograficamente falando, que se localiza no extremo leste do mundo. Por ser geograficamente isolado, demorou a chegada de uma grande quantidade de coisas que os chineses descobriram e inventaram no Oriente, como apólvora, abússola e opapel, em viagens marítimas de navio que levavam muito tempo para vir aoOcidente, porque era muito longe e difícil. A China, da mesma forma que aÍndia, era um local de procura de comerciantes deespeciarias.[32]
Na região norte, nas proximidades dorio Amarelo (Huang Ho), as frequentesinundações e catástrofes das chuvas eram provocadas. Consequentemente, deviam tratar-se cuidadosamente a agricultura e certos produtos mais importantes, como o trigo e o milho, distantes das áreas de inundação, sendo obrigatória, dessa forma, a irrigação artificial utilizada, trabalhando pacientemente o solo tratado.[32]
Nas regiões de montanhas do centro-sul, que orio Azul (Yang Tsé Kiang) domina, contrariamente, o clima era de calor e umidade e a plantação dearroz era favorecida. Servia-se, ao mesmo tempo, a região com uma rede de canais artificiais.[32]
A construção da grande muralha da China ocorreu noséculo III a.C., durante a dinastia Tsing, para a defesa do império chinês contra os hunos invasores. Sua medida é de aproximadamente 2400 km de comprimento
A civilização chinesa é muito antiga. Ela foi desenvolvida noPeríodo Neolítico, nasterras baixas dorio Amarelo. Pode ser reconstruída a história da antiga sociedade chinesa por meio dos inúmeros materiais arqueológicos que se encontraram. Já que as civilizaçõesbabilônica eegípcia voltaram-se para aagricultura, que se considerava a mais antiga das artes. Para que o exemplo seja dado ao povo, oarado do imperador ("o filho do céu") foi pegado e a terra era lavrada anualmente pela única vez.[33]
Perto dos anos1 500 a.C., era boa aorganização política da monarquia chinesa, dominada pela dinastia Shang, reinante entre os séculos XII eIII a.C.. Uma grande variedade dedinastias foi sucedida, comclasses sociais divididas.[33]
O período dadinastia Shu foi de movimentada atividade cultural. Nasceu uma grande variedade decorrentes filosóficas vindas a ser chamadas de Centros Escolares, que se destinavam ao exercício filosófico e ao estudo da milenarhistória da China. Destas escolas, apareceram notáveis filósofos, comoConfúcio eLao-Tsé.[33]
A filosofia chinesa destacava-se através da obra dos seguintes pensadores:[34]
Confúcio (Kung Fu-Tsé = o mestre; 551 -479 a.C.). Foi um famosofilósofo chinês, passou a vida e percorreu em viagem pelas cortes reais, sendo oferecidos seus serviços e sua sabedoria para os soberanos e príncipes. Viveu na sua maior parte dando aulas. Não criou uma religião, mas considerou-se um mestre da vida. A base de seus ensinamentos exemplifica a virtude vinda das alturas. A sociedade adequada, na opinião dele, é um conjunto humano cujas atitudes respeitosas e ordeiras são demonstradas[34] entre o soberano e seus súditos, entre pais e filhos, entre marido e mulher, e entre amigos. Então, caso não respeitarem-se essas normas, a sociedade será desordeira e violenta.[34] Havia uma pequena quantidade de pessoas que seguiam Confúcio na época em que ele viveu. Depois que morreu, o sucesso de sua filosofia de vida foi muito bom, porque difundia o culto aos ancestrais, da bondade, do perdão e da amizade.[34]
Lao-Tsé (século VI a.C.) fundou uma religião que denomina-setaoismo. O nome é derivado do seu livroTao, pregador do caminho, da vida e dos hábitos corretos. Os taoistas condenavam das injustiças, como, exemplificando, pune-se um ladrão de menor idade à medida que um ladrão de maior idade vem a ser transformado em um ilustre fazendeiro. O pedido do taoismo é que o homem volte para o meio ambiente.[34]
Oschineses foram os inventores de um tipo de escrita de grande complicação. Era a forma de escrita que chama-seideográfica, os sinais representativos dos objetos ou ideias. Eram possuidores de uma quantidade superior de 3 000 ideogramas, cuja boa escrita é necessária para não confundir um com outro. Por essa razão, era considerada importante acaligrafia chinesa. Ao longo de uma grande quantidade de séculos, a escrita e a cultura privilegiaram aelite que prestava serviços ao governo.[35]
A civilizaçãochinesa foi desenvolvida nas planícies que dos imensos rios, por essa razão, dedicou-se bastante à agricultura. Contudo, nasceram diferentes atividades econômicas, como a indústria de tecelagem (com palha, cânhamo), em principal a seda fabricada, transformada em especiaria notável no mundo inteiro.[35]
Oartesanato feito debambu,juncos,caniços,peles de animais emadeira era uma atividade econômica de grande desenvolvimento. A habilidade dos chineses era o artesanato emcerâmica, que possuía seu ponto mais alto na notóriaporcelana fabricada na China.[35]
Entre as obras dignas de atenção deixadas pelos chineses na áreaarquitetônica estão os palácios, templos e túmulos, casas com dois telhados, terraços e jardins muito delicados com cursos de água e pontes. Porém, a obra mais destacada foi aGrande Muralha. Na escultura, sendo utilizadores demármore,calcário ealabastro, foram escultores de estátuas representativas de forças naturais, grandes batalhas e animais. Na pintura, foram fazedores de ornamentos muito delicados emporcelana etecido, além de pintores demurais e decorações para a parte interna das casas. Eram empregadores de cores dotadas de vida e brilho.[35]
AÍndia, local de nascimento de uma imensa civilização, localiza-se no sul daÁsia. Por ali estar geograficamente situado, há muito tempo ela distanciou-se dos outros povos. Foi, da mesma forma que aChina, a mais distante região onde intensificou-se o comércio das especiarias, na época daIdade Média e no início dostempos modernos, sendo influenciadas, também, asGrandes Navegações. Os hindus foram os meritosos inventores dosalgarismos, que posteriormente osárabes divulgaram.[36]
Dentre os povos habitantes da antiga Índia, destacaram-se osdrávidas, em2 000 a.C.. Praticavam muito bem a agricultura, já eram conhecedores de sistemas de irrigação e a habilidade dos hindus residia no comércio. Suas moradas eram cidades com estradas muito compridas, casas feitas de pedras com boa limpeza no interior de seus cômodos, preocupando-se com a higiene e a parte sanitária. Mas esse povo não soube resistir aos invasores e, por esse motivo, entre 1750 e1 400 a.C. as tribosarianas oriundas do norte que dominaram a região dePanjabe (região dos cinco rios), perto do rio Indo, escravizaram os hindus.[36]
As terras dosdrávidas, escravizados pelos invasores, foram tomadas pelos arianos, estes fixados como classe que dominava o poder, a religião e o domínio militar. Sob total dominação, sobrou aos drávidas somente o trabalho e a submissão. As tribos arianas encontravam-se sob o domínio de diminutos reis que chamavam-serajás e, de vez em quando, demarajás, reis mais poderosos.[37]
A sociedade foi organizada em base decastas (classes sociais imutáveis). Proibia-se, exemplificando, o casamento de uma pessoa de uma classe social com outra pessoa de uma classe diferenciada ou posição social. Quem era nascido numa classe social ficava nela até a sua morte. A classes (castas) ligavam-se à religião e às profissões diferenciadas. Eram crentes na saída das classes sociais através do corpo do deusBrama.[37]
As classes fixavam-se, continuando socialmente posicionadas. Punia-se todo o desrespeito a uma casta superior, expulsando o indivíduo da sua casta ou rebaixando-o para a condição de pária. Devido à sua expulsão, a pessoa submetia-se aos trabalhos de maior humilhação e considerava-se um impuro oupária.[37] O costume doshindus era o banho nas águas dorio Ganges (rio sagrado), no entanto, proibia-se aos párias o banho, a frequência aos templos e até a leitura dos ensinamentos sagrados.[37]
Os nativos do vale dorio Indo eram adoradores da mãe-terra, dona da vida. Em seguida, os arianos foram os introdutores do culto ao firmamento, ao Sol, à Lua, ao fogo, à chuva e às tempestades. Logo seguidamente foram afirmados nobramanismo, que difundia as castas e que foi transformada em credo oficial naÍndia, em conformidade com a escritura nos livrosVedas (Saber Sagrado). O bramanismo baseia-se em três divindades:Brama (aquele que criou o mundo),Vixnu (aquele que conserva os mundos) eShiva (aquele que destrói os mundos). Essas três divindades em conjunto chamam-seTrimúrti. De acordo com essa religião, o espírito nunca morre e qualquer ser humano ressuscita depois que morre, sendo reencarnado ora em homem, ora em animal. Dessa forma, por meio de reencarnações, as pessoas vão ganhando perfeição espiritual até a sua chegada aoNirvana, um estado de perfeição pelo qual é identificado o homem com o deus Brama. Assim, a religião motivava as pessoas à aceitação passiva de sua condição social como um estado natural, porque depois que morriam, teriam a chance de renascimento numa casta superior se fossem benévolos[37] quando vivos.[37] Mas estavam expostos à perigosa descida para a condição de párias ou animais se fossem malévolos.[37]
De suas raízes naÍndia, os ensinamentos do Buda se espalharam pelo mundo, como essa escultura deAmitaba pertencente à Dinastia Tang, encontrada na Hidden Stream Temple Cave,Longmen Grottoes
Noséculo VI a.C., a solução deBuda, um iluminado, um membro da nobreza doNepal, que não contentava-se com os preceitos bramanistas, era a criação de uma religião reformada, como credo pregador das pessoas iguais a Deus, sem distinguir castas.[37]
A casa e o conforto de Buda foram abandonados, para a mudança de vida e para a pregação de um novo tipo de religião. Penitenciou nos bosques, vestiu-se como ummendigo, sua barba e seu cabelo foram cortados e ele meditou profundamente.[37]
Por seis anos passou sua vida distante de todos,jejuando emeditando, até que um dia, com sentimento e visão muito claras, percebeu a vida como condutora para a liberdade e para o fim do mundo. Voltando a conviver com os homens, iniciou a pregação sem distinguir casta, sendo ensinado que ódio não é vencido com o ódio mas com o amor e apenas quem descobrir que a riqueza e os grandes sucessos podem ser renunciados terá a chance de encontrar a tranquilidade e a paz na alma e penetrará noNirvana. A quantidade de adeptos do budismo era grande, em principal nas classes de menor riqueza, porém, fortaleceu-se em grande quantidade depois que morreu Buda. A religião foi estendida pela Ásia inteira, na sua chegada até oJapão. Atualmente é a religião professada por 3 milhões de asiáticos.[37]
Perto doIII milênio a.C., contemporâneo às civilizações orientais e do Egito que desenvolveram-se na época, a ilha de Creta foi uma região receptora de certos povos, que provavelmente vieram da Ásia Menor. Creta localizava-se bem no Mediterrâneo Oriental, próximo à Grécia e à Ásia Menor. Os primeiros povos que habitavam essas terras originaram a civilização egeia, chamada assim porque desenvolveu-se ao redor do mar Egeu. Como a maior parte da população formava-se de pescadores e marinheiros, foram chamados depovo do mar.[38]
Dentro da civilização cretense há três estágios:civilização egeia (inicial),civilização cretense e civilização minoica (período mais desenvolvido). A civilização cretense foi a de maior tranquilidade do que as civilizações do oriente. Inicialmente, os cretenses se preocupavam com a agricultura (vinha, oliva) e, depois eles foram dedicados ao comércio marítimo com as demais ilhas do mar Egeu, com aÁsia e com o Egito.[38]
Noséculo XIX, o arqueólogo inglês Evans foi o descobridor de traços e vestígios da grandiosidade dos palácios que datam de1 900 a.C.. Esses traços e vestígios eram restantes das cidades deCnossos eFesto. Esses palácios com decoração de quartos, além de oficinas, redes de água e esgoto, lugares para fins administrativos eram a demonstração de que os cretenses eram altamente civilizados e socialmente organizados.[38]
Por volta de1 750 a.C., talvez um terremoto, ou mesmo um vulcão explosivo, destruiu verdadeiramenteCreta, de modo que os palácios reais de Faistos e Cnossos soterraram-se. Porém, acima dessas ruínas, por volta de1 600 a.C., oMinos foi o rei construtor do esplendor dos demais palácios e Cnossos foi transformada na capital da ilha de Creta.[39]
Opalácio de Cnossos, que o reiMinos construiu, era grande e seus cômodos compreendidos eram salas do trono, teatro para espetáculos, torneios e touradas. A construção, entre 4 e 5 andares, dispunha de 1 300 divisões para a maior diversidade de fins. Servia-se de um imenso pátio central com cerca de 10 000 m². Sua quantidade de habitantes era maior que cem pessoas, sendo compreendidas a família real, funcionários e servos.[39]
Os reis-sacerdotes do palácio deCnossos eram os soberanos daquele edifício governamental. O de maior importância entre eles foi o rei Minos, que, segundo a lenda, seu pai era Zeus, o deus que lhe inspirava para ser o governante do povo como sábio e justo.[39]
O maior atrativo religioso era aDeusa-Mãe, que considerava-se a deusa que protegia a fecundidade, a maternidade, a terra e os homens. Era também a senhora que protegia os animais, e a ela consagravam-se os pássaros, leões e serpentes.[39]
Homenageando a Deusa-Mãe, os cretenses eram os organizadores de um grande número de festas, jogos, torneios, touradas em que os rapazes eram habilmente exibidos em exercícios que ofereciam perigo, ginásticas. Os cretenses eram os toureadores de touros, mas sem a matança desse bovídeo ruminante da classe dos mamíferos, porque esses animais eram considerados como entes sagrados.[39]
O período minoico teve papel de destaque no mais alto progresso da ilha deCreta. Eram comuns as relações de comércio com os demais povos que habitavam o mar Mediterrâneo. Os cretenses, naquele tempo, foram os utilizadores de um sistema de pesos e medidas sob inspiração dos egípcios e mesopotâmicos. Para os cretenses, as moedas de cobre eram de valores diferenciados para a sua utilização nas transações comerciais. As moedas, geralmente, mostravam um labirinto desenhado.[39]
Houve parada brusca dessa civilização, em1 400 a.C., provavelmente porque ela foi destruída. Naquele tempo, osaqueus, que vieram da Grécia, invadiram a ilha de Creta.[39]
A vida levada pelo povocretense era de muita alegria e festividade. Tanto os homens quanto as mulheres possuíam dedicação em grande parte do seu tempo para jogar, exercitar o corpo ao ar livre,bater com os punhos, lutar com osgladiadores, correr, realizar torneios, desfilar e tourear.[40]
A dança, que se acompanhava de cantos e sons, era um diferente passatempo predileto que os cretenses possuíam.[40]
Frequentavam teatros ao ar livre, que ficavam nos pátios dos palácios em um grande número de vezes.[40]
Os alimentos eram armazenados em grandes potes ou vasos que eram tão altos quanto um ser humano. Esses vasos, ao mesmo tempo que os cretenses armazenavam, eram também objetos que decoravam, porque possuíam uma rica decoração.[40]
Foram os inventores de um sistema peculiar de escrita, com gravação em argila. A inspiração de parte dessa escrita veio doshieróglifos egípcios.[40]
Ganharam fama pelos labirintos que construíram, com um grande número de salas e corredores. Ganhou popularidade o labirinto de Cnossos, o qual quem construiu foi o arquitetoDédalo, a pedido do reiMinos.[40]
A artecretense era muito fantástica, viva e delicada.[40] Os artistas possuíam talento de representação do momento em que um touro esteve furioso[40] ou em que um polvo se movimentava suavemente. Os artesãos eram trabalhadores na cerâmica, no ouro, na prata, no bronze, com os quais eram feitas belas peças e objetos de adorno.[40]
Possuíam grande desenvolvimento na pintura. Os pintores procuravam se inspirar na natureza, nos pássaros, nas flores, na vida à beira-mar. Os gregos somente superavam os cretenses na arte.[41]
AGrécia é uma península que os maresJônico,Egeu eMediterrâneo banham. Localiza-se a oeste da Ásia Menor (atualTurquia). Olitoral grego tem grandes recortes, constituindo numerosos portos naturais. Os mares, pelos quais é circundada a Grécia, pontilham-se de ilhas e ilhotas conhecidas por serem naturalmente belas.[42]
Era uma região com grande diferença daquelas que os povos orientais habitavam, os quais passavam a vida na fertilidade das planícies margeadas pela grandeza dos rios, ao passo que os gregos, ocupantes de uma área de grandes montanhas,[42] precisavam dedicar-se ao trabalho árduo em um solo de pouca riqueza e muitapedregosidade para conseguir suaagricultura de subsistência.[42]
Como a terra era empobrecida, nas diminutas áreas de cultivo eram formados agrupamentos humanos (diminutas comunidades) que uma grande variedade de acidentes geográficos, como montanhas e colinas separavam umas das outras.[42]
Uma série de povos arianos e indo-europeus foram os invasores da região grega e as sociedades dominadoras dos habitantes dos povosneolíticos. Os povos mais importantes que invadiram a Grécia Antiga foram osaqueus, osdórios, osjônios e oseólios.[42]
Os aqueus invadiram uma grande variedade de cidades (Tirinto,Micenas,Troia). Como dividiam-se em tribos, eram organizados em pequenos reinos (cidades-estados). Por volta de1 500 a.C., já eram fortemente organizados para a guerra, o que lhes possibilitou a dominação da ilha deCreta, e na região foi instalada uma base militar e marítima dos aqueus. Foram transformados em soldados da marinha e foram os fundadores de uma grande variedade de colônias nas ilhas do mar Egeu. De 1280 até1 270 a.C., os aqueus declararam por uma dezena de anos uma guerra à cidade de Troia, alvo de destruição e incêndio, sendo então dominada. Até meados doséculo XIX, pensava-se que aGuerra de Troia era uma história fantasiosa[42] de autoria do poeta gregoHomero e que a cidade jamais tivesse que existir. Porém, em 1871, o alemãoHeinrich Schliemann, em trabalhos arqueológicos, foi o descobridor de nove cidades que sofreram destruição, umas juntamente às demais, e entre elas foi encontrado o tesouro do reiPríamo (rei de Troia), daí a comprovação da verdadeira existência de Troia.[42]
O poeta Homero foi o autor de ambos os célebres livros de poesias: a Ilíada e a Odisseia.[42] Essas obras acabaram sendo transformadas em documentos de importância para se estudar a civilização grega daquela época, nosmodus vivendi, costumes, usos da terra, organização social, política, cultura e educação.[42]
AIlíada é a narração da história da cidade de Troia e a guerra, com a totalidade de seus heróis (comoUlisses eAquiles) e suas aventuras. Após ficarem duramente cercados por uma dezena de anos, os gregos conseguiram ser os vencedores da resistência troiana, sendo os inventores de um grande cavalo feito de madeira, com soldados que se esconderam dentro, julgando ser um presente dos deuses. Depois que os troianos festejaram e beberam, houve a saída dos gregos do cavalo e a cidade foi dominada. Daí a origem da expressão "presente de grego".[42]
AOdisseia é a narração do aventureiro Ulisses, um dos heróis que lutaram na Guerra de Troia, quando voltou para a ilha de Ítaca, onde era rei. Quando retornou de viagem, passou por proezas, como sentir-se livre dos gigantes de um único olho na testa (osciclopes), ser resistente às sereias encantadas (atrativo dos marinheiros para o fundo do mar) e sentir-se livre do terror da bruxa Circe, feiticeira dos seus marinheiros.[42] A deusaPalas Atena foi a divindade protetora do herói viajante, sendo possível o retorno de Ulisses a seu reino, onde o viajante foi esperado pela esposaPenélope por muitos anos.[42]
Essas obras foram transformadas em clássicos como fontes para se estudar a história e como base para educar os jovens gregos por séculos,[42] porque eram publicações literárias realçadoras[42] dos valores da bondade, da coragem, da justiça, do amor filial e da luta pelos direitos.[42]
Na época em que viveu Homero, a sociedade era constituída de pequenas comunidades que nada mais eram que o grupo dos membros de uma família que eram obedientes a um chefe (opater familias, família patriarcal). Eram agricultores e pecuaristas; os bens e a terra eram pertencentes à comunidade. (Não existia a propriedade privada.)[42]
Os genos progrediram, foram desunidos e apareceu uma forma diferente de comunidade de maior amplitude, que constituía uma unidade territorial, política, econômica e social. Chamava-se pólis, uma cidade-estado, livre das demais, com governo próprio e economicamente autossuficiente. A pólis se compunha de três partes essenciais:[42]
aacrópole: a porção de maior elevação,[42] funcionando-se comofortaleza e onde estavam situados os templos para cultuar os deuses e governar a cidade-estado.[42]
aágora: a praça mais importante, onde o povo encontrava-se reunido para a discussão dos problemas que preocupavam a comunidade e ao pequeno comércio.[42]
A Grécia era uma imensa região que um grande número de cidades-estados independentes constituíam, mas que, apesar disso, eram as unidades administrativas conservadoras de alguma unidade, porque eram unidades políticas falantes de uma mesma língua e eram crentes nos mesmos deuses. O sistema político era uma monarquia, onde o rei assumia as atribuições de chefe de guerra.[42]
Uma imensa cidade-estado foi formada no sul doPeloponeso, entre asmontanhas abertas para a fertilidade da planície da Lacônia, que orio Eurotas percorre. Seus fundadores foram osdórios, cujas funções eram a violência e a guerra e a cidade era totalmente dedicada à guerra. Seu governo eraaristocrático,i.e., uma elite era uma classe detentora do poder e suas ordens eram ditadas ao povo. Suas leis, de acordo com a tradição, são originárias das ideias de um lendário legislador que se chamavaLicurgo.[42]
existiamdois reis (um chefe militar e outro religioso -diarquia).[42]
umConselho de Anciãos (aGerúsia, formada por 28 elementos com idade superior a 60 anos de idade).[42]
aÁpela(uma assembleia popular reunida a cada mês para a discussão e aprovação de leis que os anciãos propunham).[42]
oséforos(que eram cinco magistrados que uma assembleia elegia por um ano e que se encarregavam da fiscalização do cumprimento das leis e da vigilância da educação dos jovens).[42]
O exército espartano, em grande número e com bom treinamento do seu contingente, defendia apólis.[42]
Osesparciatas eram ogrupo de domínio, proprietários das terras de melhor qualidade. Seu dever era a contribuição de despesas públicas e em caso de negação da contribuição, perdiam privilégios como punição.[42]
Osperiecos estavam numa situação de intermédio; suas possibilidades eram: ter terras e comercializar; possuíam direitos civis, porém, não gozavam de direitos políticos.[42]
Oshilotas eram trabalhadores das terras na condição de pessoas sem liberdade, o governo era o seu proprietário, não gozavam de direitos nem civis nem políticos.[42]
Os espartanos viviam totalmente para as atividades militares e guerreiras. Já, na idade dos sete anos, entregava-se a criança ao governo. Esta era a autoridade política e social indicadora de instrutores para a educação da arte militar. Entre os sete e catorze anos treinava-se a criança para uma disciplina com rigidez, com pouca alimentação para a leveza, esperteza e resistência à fome. Submetia-se a provas físicas de dureza, ia aos campos, onde o seu dever era o aprendizado da caça, da luta, do roubo e da matança, ou seja, seu dever era o aprendizado de sua própria defesa.[42]
Aos dezessete anos, era um jovem praticante de um exercício (Kriptia=gruta) em que o seu dever era a captura e matança de escravos que soltavam-se nasflorestas.[42]
Seus deveres eram pouca fala e sua expressão com pequeno número de palavras, fato pelo qual foi recebido nome delaconismo (da palavraLacônia, região espartana). Na idade dos vinte e um anos, já era umhoplita (soldado) que possuía perfeição e capacidade de defesa dapátria.[42]
De um modo geral, casava-se aos 30 anos, sendo que, antes dessa idade, somente permitia-se a coabitação. Aos sessenta anos recebia a aposentadoria do exército e era possível a sua participação no Conselho de Anciãos (Gerúsia).[42]
Esse tipo de educação militar, o treino para viver com dureza e desconforto, era uma disciplina criadora de um ambiente social muitotenso, conflitante e desafeto.[42]
Osesparciatas não se importavam com a acumulação debens materiais, riquezas, metais preciosos e possuir coisas confortáveis e cômodas. Embora desprezavam a riqueza, estiveram à procura da produção do que necessitavam para a manutenção da sociedade. O tipo de vida desse povo era o fechamento da sociedade em si mesma, sem mudar e sem progredir, e os espartanos não aceitavam bem os estrangeiros.[42]
O destino das mulheres era pior que o dos homens. Colocavam-se as mulheres numa posição inferior. Não era possível a continuidade da educação dos filhos depois dos sete anos, submetiam-se ao pai quando solteiras e aos maridos depois que casaram, não eram indivíduos participantes da vida política e suas atividades sociais eram poucas. Não eram confortadas pelos afetos familiares, como as mulheres de Atenas, e se obrigavam à prática de exercícios físicos e esportes para a manutenção de uma boa forma física a fim de serem um gênero humano gerador de bons soldados para a pátria. Não permitia-se o celibato para as mulheres, ou seja, possuíam o dever de casamento e de possuírem filhos fortalecidos.[42]
Os espartanos acusavam as mulheres sem desejo de casamento de criminosas contra a pátria. Os espartanos, propriamente ditos, eliminavam as crianças nascidas com defeitos físicos que impedissem os mais jovens de serem bons soldados.[42]
Doséculo VIII aoVII a.C., osesparciatas foram uma classe social adotante de uma política expansionista e conquistadora das cidades vizinhas, sendo reduzidos os vencidos à escravidão. Desse modo, foram a classe social dominadora deMessina,Arcádia, Hélade,Argólida. No fim doséculo VI a.C., a maioria doPeloponeso é transformada numa liga militar, comandada pelos espartanos. Estes ganharam fama como soldados de excelência, que guerreavam por um grande amor à pátria.[42]
Na região da Ática, a pólis de Atenas localizava-se bem perto do mar Egeu, razão pela qual lhe foram dados certos privilégios no comércio marítimo, tornando desenvolvidas suas características de cidade aberta ao mundo.[42]
O solo empobrecido e a água em falta favoreceu o abandono da agricultura por seus numerosos habitantes e a dedicação ao artesanato e ao comércio. Os jônios, que conquistaram a região da Ática, foram misturados com os primitivos donos da terra e concederam a vida para a população de maior labor e genialidade da Grécia.[42]
O porto de Pireu, que os gregos construíram há uma pequena distância de Atenas, foi transformado num dos maiores centros comerciais do mundo antigo e o de maior importância da Grécia. Tudo isso veio ser um fator multiplicador das riquezas, estimulador da inteligência, fortalecedor do espírito de independência e do amor pela liberdade.[42]
Atenas ganhou fama como o berço dademocracia. Mas, antes da sua chegada a esse ponto, passou por um grande número de fases na sua organização política e social.[42]
Nos primeiros tempos, o chefe que governava as cidades-estados foi um rei (monarquia). Nos séculos VII eVI a.C., osgrandes fazendeiros foram os destruidores do sistema monárquico e passaram a ser os implantadores de um sistema que germinou a futura democracia.[42]
A classe econômica era numerosamente privilegiada, o que descontentou e revoltou os mercadores, pescadores, marinheiros,artesãos e pequenos proprietários. Esse povo batalhava pela existência de leis escritas e justas que protegessem os direitos de qualquer cidadão.[42]
Então, a solução doseupátridas foi o encarregamento do legisladorDrácon (620 a.C.) da elaboração de leis escritas, que receberam a denominação de leis draconianas. Eram leis com rigidez, dureza, severidade e com punição mortal a quem fosse desobediente. Mas essas leis eram maiormente favorecedoras para os nobres do que para as camadas mais baixas da população, que continuaram preocupadas e foram as classes sociais exigentes em leis que defendessem seus direitos. Depois que as camadas populares protestaram e manifestaram por mais ou menos trinta anos, apareceu um novolegislador, no ano de594 a.C., que a classe dominante também escolheu, para a elaboração de novas leis e uma reforma social. Esse legislador foiSólon, que acabou ganhando confiança dos ricos por sua riqueza também e dos pobres por sua honestidade. Desse modo, as leis de Sólon conseguiram alguma estabilidade, paz e justiça social por uma série de anos. Sólon reformava a sociedade com equilíbrio.[42]
Solón dividiu a sociedade em quatro classes sociais (pentacosiomediminus, cavaleiros, zeugitas, tetas). Essa divisão de classes baseava-se na renda (riqueza) de cada um dos quatro. E quanto mais as pessoas enriqueciam, gozavam de direitos e deveres.[42]
Constituição de Sólon
Um grande número de mudanças políticas e sociais foi trazido pelas reformas de Sólon. Ele concedeu abertura política para formar novos partidos políticos. Porém, uma parte da população (estrangeiros, pequenos camponeses, pobres e escravos) marginalizou-se da vida social, de modo que permaneceram as revoltas populares. Nesse clima agitado, um nobre com ambição, chamadoPisístrato, no ano560 a.C., tirou proveito da situação e golpeou o governo, sendo estabelecido um novo regime político que se chamavatirania (tirano é aquele que eleva-se ao poder por meios que não constam na constituição).[42]
Com Pisístrato, Atenas foi uma cidade pacífica e próspera. A cidade foi transformada num grande centro industrial e comercial.[42] Depois que Pisístrato morreu. o governo foi passado a seus filhos, que deram continuidade à política exercida pelo pai.[42]
No ano de508 a.C., um nobre que se chamavaClístenes elegeu-searconte e foi o governante de Atenas, em atenção à vontade popular e em consolidação dademocracia.[42]
Uma reforma social foi feita por Clístenes, sendo dada maior participação política às pessoas de baixa renda, foi dividida a população em dez tribos e as terras em dez partes igualmente para elas. Cada tribo possuía 50 representantes naBulé, sendo totalizados os 500 membros formadores do mais importante órgão do governo.[42]
Discutiam-se os problemas em assembleias (eclésias) populares. Clístenes foi o estabelecedor da lei doostracismo, que exilava por dez anos o cidadão, pelo qual fossem cometidos erros de gravidade ou fosse ameaçada a democracia. Clístenes deu maior abertura política e participação popular nas decisões do governo. Daí o apelido de Clístenes: "Pai da Democracia".[42]
O ateniense possuía uma grande ligação à família. A casa era reinada pela mulher, enquanto o homem era dedicado às tarefas fora do lar. Unia-se a família pela força dos laços religiosos e por cultuar os familiares que morreram. Veneravam-se estes em altares no interior das residências.[42]
Depois de casada, a mulher passou a ser o cônjuge adotante da religião do marido. Sepultavam-se os mortos e, certas vezes, queimavam-se. Em um grande número de vezes, protegiam-se os túmulos com esculturas feitas de pedras ou monumentos. Quanto à educação, era dada mais atenção à educação dos rapazes.[42]
Quase a totalidade dos elementos do sexo masculino eram seres humanos aprendizes da leitura e da escrita, porque estas eram julgadas qualidades preciosas para a formação de um bom cidadão. Não existiam escolas públicas, mas eram de escolha dos pais as escolas particulares e os professores que lhe agradavam.[42]
As crianças aos sete anos eram matriculadas na escola e elas eram seres humanos aprendizes da música, considerada de importância para elevar o espírito. Até os quatorze anos, eram indivíduos aprendizes da escrita, da literatura (principalmente os poemas de Homero) e do cálculo. Após os quatorze anos, se desejassem permanecer estudando, eram dedicados àginástica. Nos ginásios, eram os indivíduos praticantes de quaisquer dos esportes e participavam dosJogos Olímpicos, como lançamento de disco, luta, pugilismo, corrida e salto. Essa educação esportiva objetivava, inclusive, a preparação do jovem para o serviço militar.[42]
Os jovens não eram pessoas livres para a escolha de seus pares, porque as famílias arrumavam os casamentos. O tipo de família era patriarcal, na qual a mulher submetia-se ao homem. Os homens vestiam uma túnica de grande comprimento, que se parece com aquela que os árabes ainda usam atualmente. O vestuário feminino consistia numa roupa de grande comprimento, tipo camisolão.[42]
Durante o período clássico grego aconteceram guerras dentro e fora da península e acultura grega se desenvolveu e se resplandeceu. Os gregos realizavam guerras externas contra ospersas. As guerras internas devem-se à disputa entreEsparta eAtenas naquela época, que lutavam para hegemonizar (dominar) as outras pólis.[43]
Os gregos e persas guerreavam entre si devido às concorrências comerciais e porque ambos os povos desejavam a expansão de seu domínio acima dos povos vizinhos. Os povos eram uma ameaça aocomércio e à vidapolítica de uma grande variedade de cidades gregas.[43] Primeiro, dominaram a cidade de Mileto, que se revoltou e com ajuda solicitada à Atenas. As tropas de Atenas foram movimentadas contra os persas, originando assim a guerra.[43]
Em490 a.C., a grandearmadapersa, sob o comando deDario I, desceu de sua embarcação naÁtica, na planície deMaratona. Conduzidos porMilcíades, osatenienses foram os combatentes dos adversários nos seus pontos fracos, num ataque relâmpago.[43]
Os persas não chegaram nem mesmo a usar suas mãos e seus braços com a intenção de pegar em armas, porque os atenienses já dominaram os inimigos.[43]
Em485 a.C., no estreito deSalamina, os gregos derrotaram novamente os persas, sob o comando deXerxes I, cujo pai foiDario I. O ataque dos persas, com melhor preparação, se deu por terra e por mar. Osgregos, desta vez, dispunham de melhor exército, por fazerem uma coligação de cidades contra o inimigo, incluindo Esparta. Os persas chegaram a atacar pelo norte, invadiram os valentesespartanos sob a liderança deLeônidas e dirigiram-se ao sul, no local do incêndio deAtenas. Parecia que a Grécia foi derrotada, mas os gregos foram reorganizados e a esquadra persa foi atraída para o estreito de Salamina, local de favorecimento dos pequenos barcos gregos e da dificultação dos grandes navios persas.[43]
Os persas de Xerxes possuíam ainda contra si, as grandes armaduras dos soldados que brigavam por questões monetárias, enquanto o imenso patriotismo movia os gregos. Sob a liderança de Temístocles, os gregos exterminaram os persas, que deixaram seus navios.[44]
Com o fim das guerras entre gregos e persas, ascidades gregas voltaram para seus interesses políticos, sociais e econômicos locais. Com a vitória deAtenas nos conflitos militares, os atenienses consideravam-se a salvação de toda aGrécia. Diante da possibilidade de novos ataques, Atenas propôs uma aliança das cidades, para se defenderem. Assim, foi criada aLiga de Delos, com a participação de mais de 300 cidades (com exceção deEsparta, que ficou de fora), tendo como sede a ilha deDelos, que centralizariam os tesouros e outros bens.[45]
Diante dessa união, osespartanos, invejosos, reagiram criando aLiga do Peloponeso, reunindo várias cidades. Isso acabou causando um conflito bélico entre as duas confederações com duração de 27 anos - e trégua de seis anos nominadaPaz de Nícias. O conflito terminou com a derrota de Atenas. Então, cidades gregas aliaram-se à cidade deTebas, dominando os espartanos e sobressaindo-se no comando político sobre os gregos por algum tempo. Com isso, a Grécia acabou enfraquecida e no ano338 a.C. acabou sendo dominada pelo reiFilipe II da Macedônia.[45]
Péricles discursava muito bem. Era grande entendedor de arte militar. Como político, era habilidoso e prudente. Era governante de Atenas entre 461 a429 a.C. (aproximadamente trinta anos). Como governante era um príncipe, sempre concordando com o povo, muito respeitoso com o político.[45]
Péricles frequentava assiduamente o teatro e possuía grande amor às artes. Estava em busca da transformação de Atenas na capital cultural do mundo antigo. Seu período de governo foi esplendoroso. Esse período passou a chamar-seIdade de Ouro da Grécia.[45]
Ademocracia ficou cada vez mais forte e as classes de baixa renda ganharam o direito de participação ativa na política. No parágrafo abaixo, é recomendável uma leitura de um trecho de um discurso proferido por Péricles a respeito do seu governo:[46]
Temos uma forma de governo que causa inveja aos povos vizinhos. Não imitamos os outros e servimos de exemplo aos outros. Quanto ao nome, este governo é chamado de 'democracia' porque não é uma administração para o bem de algumas pessoas e sim para servir toda a comunidade. Diante das leis, todos gozam de igual tratamento. E a consideração de cada um vem não do partido, mas dos méritos demonstrados no serviço da comunidade. Temos medo de conseguir cargos públicos por meios ilegais. Amamos o belo, mas na justa medida, e amamos a cultura do espírito, mas sem desprezar outros valores.
Péricles contribuiu para o desenvolvimento maravilhoso das artes, dasletras e dafilosofia. O projeto de Péricles destinado ao desenvolvimento das artes e dacultura era audacioso. Aspólis vizinhas enciumaram-se, mas com elas não havia nenhum impedimento para que crescessem.[47]
Péricles foi o primeiro a incentivar quaisquer das modalidades de expressão artística. Ornamentaram-se as acrópoles e construíram-se vastos monumentos.[47]
Foi nessa época que em Atenas apareceu um grande número de talentos nos setores de arte e cultura, fazendo com que a cidade destacasse e assentasse suahegemonia.[47]
Aarte grega era muito vistosa por ter proporções harmoniosas, por ser equilibrada e serena. Mistura totalmente a inspiração da fantasia e a realidade. Os gregos consideravam esse tipo de arte que inspirou os artistas ao longo dos tempos.[47]
Os gregos eram construtores de palácios,tribunais, teatros e templos que ganharam fama. O monumento de maior fama que os gregos construíram naAcrópole de Atenas foi oPartenon. Define-se o Partenon como um templo que homenageia a deusaPalas Atena, padroeira da cidade.[47]
O Partenon é o templo grego de maior fama. Causa admiração por ter proporções imensas, elegantes e harmoniosas. Não foi obra de um único autor, mas de uma grande variedade de artistas. Entre os artistas merece destaqueFídias. Há numerosas esculturas de Fídias como decoração do templo.[48]
O Partenon se transformou em igreja cristã noséculo VI e em mesquita turca em 1450 d.C. A permanência desse templo colossal durou até oséculo XVII, sem que quase ninguém tivesse posto o dedo. Naquela época, um desastre foi sofrido pelo prédio: os armamentos provocaram a explosão do templo. Isso porque os turcos que exerceram o domínio de Atenas eram guardiães de seus armamentos que ficavam armazenados no templo, o que representava um perigo para a sua segurança. Passou por restaurações, porém, em 1812, os ingleses levaram a beleza de suas esculturas que são encontradas noBritish Museum, emLondres.[48]
Aarquitetura grega ganhou fama também pela tipologia das colunas que se usavam nas construções. Havia colunas com lavor artístico em estilodórico,jônico ecoríntio.[48]
As obras que os gregos esculpiam deixam à amostra formas e expressão naturais,idealismo, alegria e companheirismo. Os escultores que os antigos mais conheciam foramFídias,Miron ePraxísteles.[48]
São também conhecidas asCariátides. As Cariátides são colunas que formam mulheres. São seis esculturas de jovens bonitas[49] de mármore que vieram deCária, Ásia Menor, onde havia lindas mulheres.[49] Elas são encontradas notemplo Erechthion, em Atenas.[49]
As pinturas dos gregos eramharmoniosas, elegantes e vivas. Infelizmente, há poucos vestígios da pintura grega e o que nos chegou foram principalmente vasos com decoração muito boa e outras peças feitas por ceramistas. As pinturas apareciam na superfície de tecidos, pedras e madeira. Seu costume era a reprodução feita de cerâmica com cenas que ocorriam no cotidiano.[49]
Os teatros gregos eram grandes construções que serviam de atrações para muitas pessoas por ocasião de festas religiosas e populares, principalmente as festas que homenageavam a deusaAtena eDionísio (deus do vinho). Nessas ocasiões, os gregos compareciam a imensos espetáculos (que representavam comédias e tragédias).[49]
As representações dos gregos eram peças com os elementos de essência que o teatro tem atualmente: atores, diálogo e cenário.[48]
Os maiores autores de peças teatrais foram:Ésquilo,Sófocles,Eurípedes. Destaque na comédiaAristófanes, cuja sátira preconceituosa referia-se aos costumes da época. Os temas favoritos ligavam-se às cenas da cidade, à religião e àmitologia.[49]
A acústica dos teatros era muito boa. Havia riqueza e grande variedade dos trajes. Ocoro acompanhava os atores. O coro era composto de um grupo de cantores e dançarinos, além de umaorquestra. Esses cantores e dançarinos eram utilizadores de máscaras que se chamavam depersonas. Essas máscaras representavam o caráter dos personagens com aumento do volume de voz. Por essa razão, aqueles que participam das narrações que ocorrem no teatro, na literatura e no cinema dos dias de hoje, receberam o nome de "personagens". A possibilidade das mulheres era de assistir aos espetáculos, mas de não trabalhar como atrizes. A representação dos personagens era somente dos homens.[50]
Péricles se convenceu de que era importante a franquia de ingressos do teatro a qualquer pessoa.[50]
A religião grega, foi, na antiguidade, a de maior aproximação entre os deuses e os homens. Era uma religião antropomórfica, ou seja, os deuses eram semelhantes aos homens, com suas qualidades e defeitos. Com uma característica diferente: seu poder e sua imortalidade. Cultuavam-se as divindades nos lares, nos templos e nas festividades religiosas.[51]
O culto era uma tradição. Como se fazia no interior das casas, o fogo sagrado era acendido, os gregos ofereciam e sacrificavam os animais. A religião vinculava com união as pólis entre si. Os oráculos representavam os deuses (eram porta-vozes dos deuses). Ganhavam fama nos oráculos de Delfos, Olímpia, Epidauro e Delos. Populares e também políticos iam fazer uma consulta aos oráculos nos templos.[51]
Uma forma de costume grego de homenagem aos deuses eram os jogos e as competições esportivas. Os de maior fama foram os Jogos Olímpicos, que realizavam-se no Monte Olimpo homenageando Zeus, que de acordo com a crença, era habitante desse monte, acompanhando outros deuses. Realizaram-se as primeiras Olimpíadas em776 a.C. e, desde então, a cada quatro anos.[51]
Na religião grega havia um grande número demitos elendas que servem como explicação de como o mundo, os próprios deuses e os homens originaram-se. Não existia um livro sagrado, uma vez que os poetas e artistas alteravam com frequência a religião, que passava por tradição oral de geração em geração.[51]
Para os gregos, o mundo começaria comNix (a noite) eÉrebo (seu irmão), que via-se como o inferno, ou seja, a segunda parte das trevas, com sua existência noCaos (que era o grande vazio inicial). Pouco a pouco Nix e Érebo foram separados, foram afastados cada vez mais, até que Nix foi transformado numa esfera, encurvado e, como um ovo, foi partido e fez nascerEros (o amor). As duas partes da casca do ovo inicial foram afastadas, e uma foi transformada na abóbada celeste e a segunda num achatamento de disco que é a Terra. O céu passou a se chamarUrano e a terraGaia. Depois que o céu e a terra se casaram, iniciaram-se as novas gerações divinas.[51]
Zeus: considerava-se chefe dos deuses. Sua morada era omonte Olimpo. Ele provocava chuvas, e era o senhor dos ventos e dos trovões. Se casava com Hera, que os gregos cultuavam como a padroeira dos casamentos e das futuras mães.[51]
Apolo: Seu pai eraZeus, cujo filho era o deus que protegia a beleza, a arte, a música, as curas e as adivinhações.
Afrodite: Irmã deApolo, seu pai eraZeus. Deusa que protegia a beleza e o amor. Era nascida das espumas marinhas.
Hermes: Seu pai eraZeus, cujo filho trazia mensagem aos deuses. Protegia os viajantes, os comerciantes e os oradores.
Dionísio: Seu pai eraZeus, cujo filho habitualmente acompanha-se de um cortejo de demônios masculinos e femininos (sãoAs Bacantes).
Posidão: Irmão deZeus (seus pais eramCronos eReia), sua esposa era Afrodite. É o deus que protegia os mares. Seus filhos eram monstros.[51]
Os gregos foram veneradores de alguns semideuses (ou heróis).[51] Os de maior importância foramHércules,Édipo,Teseu,Jasão ePerseu. Hércules ganhou fama por ser forte. Foram submetidos pelos deuses a uma grande variedade de provas: foram, por ele, todas superadas. Hércules batalhou apenas com um arco e uma clava. As provas ficaram de conhecimento como osDoze Trabalhos de Hércules, entre os quais: o estrangulamento deLeão da Nemeia, a morte daHidra de Lerna, a captura em vida doJavali de Erimanto, a libertação de Teseu dos infernos, etc.[51]
Édipo era filho deLaio, rei de Tebas, e deJocasta. De acordo com o oráculo deDelfos, seus destinos eram o assassinato de seu pai e o casamento com sua mãe. Para não ocorrer a tragédia, Laio deixou o filho no ponto mais alto do monte Citéreo, furando os pés e amarrando-o de cabeça para baixo. Depois que os pastores acharam, eles o criaram e, já adulto, de acordo com o destino, seu pai foi assassinado (sem tomar conhecimento). Como recompensa do decifrador do enigma da esfinge atormentadora de Tebas,[51] foi casado com arainha (que era sua mãe). Chegaram desgraças sobre a cidade e foi revelado pelo oráculo a Édipo que tudo era culpa dele, pois era casado com a própria mãe. Depois que Édipo descobriu a verdade, sua mãe foi suicidada e os próprios olhos dele foram furados e vagou pelo mundo.[51]
Umafalange macedônia: uma tropa de soldados a pé, armados com lanças, andando na formação apertada
AMacedônia foi organizada militarmente pelo reiFilipe II, ganhando poder. Este rei, quando era jovem, esteve como prisioneiro na cidade grega deTebas, onde foi aprendiz de alguma coisa da arte militar deEsparta.[52]
Na sua volta à Macedônia, a percepção de Filipe II era de que as cidades gregas estavam se enfraquecendo, sendo de fácil conquista. E, com esta finalidade, orei macedônio foi o reformador do exército, sendo o introdutor da ilustrefalange macedônia, que formou uma grande inovação nos campos de batalhas (que os romanos limitaram futuramente).[52]
Filipe II foi o conquistador daGrécia no ano338 a.C. Foi morto dois anos depois e seu filhoAlexandre Magno tomou posse aos vinte anos de idade. Alexandre, jovem conquistador e glorioso, unificou gregos e macedônios lutando comumente contra os persas. Em sangrentas batalhas invadiram os persas e alargaram oImpério Macedônio até aÍndia. Os soldados, cansados, não queriam continuar e Alexandre volta, mas, doente com febre, é morto naBabilônia. Então, dividiu-se o seu grande império entre seus três mais importantes generais.[52]
O maior merecimento de Alexandre Magno foi fundir as culturas dos povos vencidos, à procura do estímulo de casamentos entre vencedores e vencidos, e foi o promotor da igualdade de tratamento entre todos os povos que dominou. Essa combinação da cultura grega com a cultura dos povos orientais foi chamada dehelenismo.[52]
Alexandre e seus sucessores foram os fundadores de numerosas cidades para a difusão dacultura grega. Construíram-se à maneira das cidades gregas, com as condições de necessidade para o desenvolvimento da cultura. Entre estas cidades, foram de importânciaAlexandria (noEgito),Antioquia (naTurquia) ePérgamo (naÁsia Menor). Alexandria, além de seufarol, que se considera uma das sete maravilhas do mundo antigo, possuía uma enorme biblioteca com uma quantidade superior de 700 mil livros onde sábios de qualquer parte vinham para o aumento de seus conhecimentos.[53]
Afilosofia grega era vista como um meio de compreensão do mundo e do homem e uma tentativa de explicação da razão de ser de todas as coisas. Largaram as explicações mitológicas e religiosas e recorreram à razão e à ciência para a explicação dos mistérios de existência do mundo, do ser humano, os valores morais, a alma e a felicidade.[54]
Sócrates: Considerado o fundador da filosofia moral ocidental, não deixou nenhum texto escrito, tendo sua vida e seus pensamentos registrados principalmente por Platão eXenofonte. Foi condenado à morte acusado de impiedade (descrença nos deuses) e corrupção da juventude, evento detalhado naApologia e no final de Fédon.
Platão: Um dos mais importantes filósofos da humanidade, seu professor foi Sócrates e seu aluno foi Aristóteles. Sua grande obra foi o livroA República. Foi o fundador de uma famosa escola nominadaAcademia (nome que derivou deAcademo, que era seu amigo e dono do terreno).[54]
Aristóteles: Teve grande influência de Platão e um de seus grandes alunos foiAlexandre Magno da Macedônia. Era um espírito pesquisador dedicado a uma grande variedade de assuntos:biologia,política,moral,lógica,psicologia,religião. Foi o fundador de uma escola com o nome deLiceu, chamado assim por ser vizinho do templo de Apolo Lício.[54]
Houve demais filósofos participantes de demais correntes filosóficas, como ossofistas, que consideravam que a verdade não pode ser conhecida, portanto, tudo tem validade;cínicos, que desprendiam-se dos bens materiais e apegavam-se aos valores espirituais; osepicuristas, que consideravam que o objetivo da vida é a busca dos prazeres; osestoicos que a felicidade está na aceitação das coisas como elas ocorrem, resignando e mesmo sendo obrigado a sofrer.[54]
AItália é uma península ao sul daEuropa, que invade o mar Mediterrâneo em direção àÁfrica. É cercada pelos maresJônico,Tirreno eAdriático. A Itália é montanhosa, tendo os Alpes ao norte e sendo percorrida de norte a sul pela cadeia dosmontes Apeninos. Olitoral costeiro italiano não é favorável ànavegação. Esse fator geográfico fez com que os primitivos povos da Itália se dedicassem aopastoreio e à agricultura.[55]
A Itália foi invadida por vários povos, como a denominação geral deitaliotas, que se subdividiam emsabinos,latinos,samnitas eúmbrios. Habitavam inicialmente a Itália central.[55]
Também os cartagineses, vindos do norte da África (Cartago), fundaram suas colônias ao sul da Itália (naSicília, naSardenha e naCórsega) e mantiveram relacionamento comercial e cultural com os italiotas.[55]
De acordo com a lenda,Roma foi fundada em753 a.C. porRômulo, que foi criado por umaloba junto de seu irmão Remo
De acordo com alenda, a cidade de Roma foi fundada em753 a.C. porRômulo, na região doLácio.[56]
O poeta romanoVirgílio, em seu livroEneida, narra que um bravo combatente da guerra de Troia, chamadoEneias, fugiu para a região do Lácio, e entre seus colocados num cesto nas águas correntes dorio Tibre. O cesto parou numa das margens e as crianças foram recolhidas pelos pastores e amamentadas por umaloba. Quando grandes, fundaram Roma, que teveRômulo como primeiro rei. Na realidade, as escavações arqueológicas demonstraram que já tinha existido no local uma aldeia de pastores há uns milênios antes de Cristo.[56]
Fundada ou não pelos gêmeos, o certo é que esta cidade (Roma) dominou povos vizinhos e se tornou a principal cidade doLácio. Conta-se que logo no início a cidade precisava de mais habitantes, e os romanos de Rômulo resolveram raptar numa festa muitas filhas dos sabinos (rapto das sabinas). Assim, ossabinos foram o primeiro povo a se unir aos romanos.[56]
Latinos esabinos tiveram quatro reis que se alternaram, sendo dois romanos e dois sabinos. Depois desses reis, os romanos foram dominados, noséculo VII a.C., por um povo mais adiantado, osetruscos, que estavam conquistando povos vizinhos. Três reis etruscos governaram Roma.[56]
Os etruscos, de origem desconhecida, ocuparam grande parte daItália. Eram um povo de civilização adiantada, mas, infelizmente, pouco conhecemos de sua cultura, por falta dedocumentação e porque a sua escrita ainda não foi decifrada.[56]
Eram hábeis marinheiros, desenvolveram técnicas de trabalho com metais, como bronze, ferro, ouro e prata. Formaram cidades-estados e chegaram a formar uma forte confederação. Tiveram bom relacionamento comercial e cultural comfenícios e cartagineses. Mas encontraram forte resistência de sólidas colônias gregas daMagna Grécia.[56]
Os patrícios eram os proprietários das terras, do gado, tinham muitos direitos e participavam ativamente do governo.[57]
Os plebeus formavam aquela parte dapopulação que não tinha origem nobre, com pouca participação política, que se dedicava aos mais variados afazeres nocampo, noartesanato e no comércio. Com o decorrer do tempo, osplebeus lutaram por melhores condições sociais e conseguiram dos patrícios maior participação napolítica e mais direitos comocidadãos.[57]
Os clientes formavam uma camada intermediária entre os patrícios e os plebeus. Eles viviam na dependência dos patrícios. A maioria dessa classe era formada portrabalhadores agrícolas, que dependiam dos grandesproprietários rurais. Havia também nesta classe os estrangeiros, osfilhos ilegítimos, os libertos. O cliente recebia a terra para cultivar e algumas cabeças de gado, tinha proteção contraviolências e defesa nos tribunais. Em troca desses favores, os clientes deviam prestar o serviço militar, ajudar os patrícios na vidapolítica e seguir suas ordens.[57]
Os escravizados, inicialmente em número pequeno, foram empregados nos serviços mais pesados. O patrão tinha sobre os escravizadosdireito de vida e morte, podendo vendê-lo ou libertá-lo. Tornavam-se escravizados os prisioneiros de guerra, os que não podiam pagar suas dívidas ou os que desertavam do exército.[57]
O rei exercia o governo com auxílio dosenado e dasassembleias romanas. O senado era um conselho de anciãos (senes =anciãos) que o rei consultava sobre os mais importantes problemas a serem resolvidos. As assembleias eram formados depatrícios, que se reuniam em 30 cúrias, cada uma com seu representante. Aassembleia curiata podia declarar guerra, aprovar ou vetar asleis propostas.[57]
A monarquia teve fim no reinado deTarquínio, o Soberbo, por causa de uma revolta popular. Roma havia se tornado, por volta de500 a.C., a cidade mais importante doLácio. A população aumentava, os problemas sociais e políticos se tornavam difíceis e o rei se mostrava autoritário (tirania).[57]
Os patrícios resolveram dar umgolpe de Estado, tomaram o poder e proclamaram arepública, que era uma forma de governo democrático. República vem deres publica, que significa "coisa do povo").[57]
Inicialmente, naRepública Romana havia muitaaristocracia (os poderes políticos eram de exclusividade dos nobres). Depois, seu caráter era maisdemocrático, no qual participava aplebe no poder.[57]
Foi feita pelos republicanos adivisão de poderes. Anteriormente, os poderes tiveram maior concentração nas mãos do chefe de Estado da monarquia, ou seja, o rei. O caráter doscargos passou a ser temporário.[57]
O poder era dividido em três órgãos legislativos:[57]
Senado;
Magistraturas;
Assembleias populares.
O senado era um conselho de anciãos (no começo 300, posteriormente 600), que ospatrícios escolhiam. Tinham como função o recebimento deembaixadas de outros países, o tratamento com países do exterior, a nomeação degovernadores provinciais, o controle da administração pública e a criação dodecretos-leis (ossenatus consultus = decisões tomadas).[58]
Devido aos elementos que muito experientes e autoritários, oSenado romano foi por muito tempo o principal órgão governamental da República Romana. Ummagistrado exercia apresidência do senado. O magistrado podia ser umcônsul, umpretor ou mesmo umtribuno.[58]
As magistraturas eram cargos de importância que os patrícios exerciam. Para a evitar abusos no poder, os patrícios exerciam as magistraturas apenas por um ano. Havia dois ou mais magistrados para cada cargo.[58]
Osenado aconselha osmagistrados, controle e administração pública. Cargo vitalício.
Oscônsules, eleitos em número de 2, presidiam o Senado e os comícios em tempo de paz, propunham leis, comandavam o exército e indicavam um ditador em tempos de guerra.
Ospretores cuidavam da justiça, com funções parecidas com a de nossosministros de hoje. Cuidavam do governo dos territórios.
Oscensores faziam o censo dos cidadãos para as listas eleitores ou para a cobrança deimpostos, de acordo com a riqueza de cada um. Controlavam a moral (oscostumes) dos cidadãos (entregavam ao Senado as listas com os nomes dos cidadãos de maus costumes ou indignos). Escolhiam os senadores entre os chefes das melhores famílias patrícias.
Osquestores, encarregados das finanças, cuidavam do tesouro público, dos impostos, dos pagamentos.
A assembleia da plebe e osTribunos da Plebe eram os defensores daplebe. Podiam propor leis e vetar leis que fossem contra os direitos do povo. Não podiam se ausentar de Roma e as portas de suas casas deviam estar sempre abertas ao povo.
Oditador era um magistrado especial, eleito por 6 meses apenas nos momentos de crise e de guerra. Nessa temporada, reunia poderes absolutos.[59]
As assembleias populares, também chamadas comícios, eram três:[60]
Comícios Curiatos;
Comícios Tributos;
Comícios Centuriatos.
Essas assembleias populares tinham grande força de decisãopolítica sobre assuntos importantes, como a guerra e apena de morte. Elegiam os representantes que iriam ocupar os cargos damagistratura.[60]
Ospatrícios eram aclasse dominante, tinham as melhores terras, privilégios e direitos políticos. Eram grandes as diferenças sociais entre a classe dos patrícios e plebeus. Osplebeus, pequenos agricultores, artesãos e comerciantes,eram eleitores, mas não podiam ser eleitos. Eram obrigados ao serviço militar, mas no caso de vitória não tinham direito de receber do governo as partilhas de terras (ager publicus) e não podiam casar com pessoas da classe patrícia.[60]
Além do mais, como pequenosproprietários, tinham de abandonar por longo tempo suas propriedades para servir ao exército e quando voltavam não recebiam apoio doEstado para se refazerem dos prejuízos, sendo muitas vezes obrigados a contrair dívidas com ospatrícios. Muitos se arruinavam de vez, passando à condição deescravos.[60]
Por esses e outros motivos, durante dois séculos houve rivalidades e lutas entrepatrícios eplebeus, até que os patrícios reconheceram vários direitos para aplebe.[60]
No início das lutas, pelo ano494 a.C., os plebeus chegaram a formar um exército e se retiraram para o monte Sagrado (perto de Roma), onde pretendiam fundar uma cidade independente. Recusaram-se a defender Roma nas guerras contra outros povos que a estavam ameaçando.[60]
O forte do exército romano era formado porsoldadosplebeus e, assim, ospatrícios foram obrigados a negociar com eles para que voltassem a Roma. Concederam a eles o direito de terem seus tribunos (os tribunos da plebe) para defenderem seus direitos e terem voz ativa nas decisões políticas.[60]
Os tribunos da plebe eram invioláveis, isto é, não podiam ser presos pelosenado. Mas osdireitos de patrícios e plebeus ainda não eram iguais, pois as leis romanas não eram escritas (eram orais) e os patrícios é que interpretavam as leis nos tribunais, geralmente a seu favor. Os plebeus exigiramleis escritas, ameaçando de novo se retirar para o Monte Sagrado. Os patrícios enviaram à Grécia legisladores para estudar as leis gregas. O resultado foi que as leis romanas foramescritas em doze tábuas de bronze (Lei das Doze Tábuas).[60]
Mas os plebeus perceberam que quase nada mudou, pois as leis escritas eram as mesmas de antes, que os colocavam numaposição de inferioridade diante dos patrícios (o poder nas mãos dospatrícios,escravidão por dívida e proibição decasamento entre as duas classes).[60]
Diante de novas pressões daplebe, foi criada alei Canuleia, em445 a.C., permitindo os casamentos mistos entre patrícios e plebeus. A próxima conquista da plebe foi aLei Licínia Sextia. Essa lei proibia aescravidão por dívida e determinava a distribuição das terras com mais critério. Dava também aos plebeus o direito de serem eleitos para oconsulado.[61]
Daí por diante, os plebeus foram conseguindo o direito de participação política em vários cargos, mas isso fez com que a plebe se dividisse em plebe rica e plebe pobre, pois as campanhas políticas eram caras e os cargos não eram remunerados. Com o tempo, uma parte dos plebeus adquiriu condições elevadas e se misturou com os patrícios, enquanto a camada mais pobre continuou simplesmente aplebe romana.[61]
Tibério Graco: Eleito tribuno da plebe no133 a.C., propôs umareforma agrária. Cadaproprietário de terra estatal (ager publicus) não podia receber mais de 500jeiras de terra e o restante devia ser dividido entre os camponesespobres. Em torno de suasideias formou-se umpartido que podemos chamar dedemocrático. Essa tentativa de redistribuição de terras era uma ideia corajosa, mas difícil de se realizar, porque logo encontrou oposição dos grandesproprietários de terras, que dominavam osenado. Os inimigos de Tibério provocaram um tumulto e aproveitaram a ocasião para assassina-lo juntamente com mais de trezentos senadores que o apoiavam. Seus corpos foram jogados norio Tibre.[61]
Caio Graco: Alguns anos depois, o programa de Tibério foi seguido por seu irmãoCaio Graco, eleito tribuno em123 a.C. Caio eraorador convincente e apaixonado e um dos grandespolíticos de Roma. Fez a '"lei dos grãos de trigo"', para qual deveriam ser vendidos apreço bem baixo dos grãos de trigo, de modo a favorecer ospobres, para que oalimento não lhes faltasse. Logo após, exigiu a aplicação dalei agrária, que já havia sido aprovada por seu irmão Tibério. Fundou colônias, onde os camponeses podiam obter a distribuição de terras para trabalhar e sobreviver. Como seu irmão, foi assassinado num tumulto provocado por seus inimigos.[61]
Espártaco: No ano73 a.C., um grupo de gladiadores da cidade deCápua se rebelou. À frente deles estava um valoroso escravo de nomeEspártaco. Sob sua liderança, milhares deescravos se revoltaram.[61] Nessa época, havia mais escravos naItália que homens livres. Eram comuns asrevoltas de protesto e muitosplebeus arruinados migravam para Roma, onde recebiam do governopão e circo para controlar a situação.[61] Espártaco desafiou o exército romano e pretendia atravessar osAlpes, levando seus seguidores fora daItália e libertá-los. Entre eles, porém, houve discórdia e foram facilmente abatidos pelo exército romano. Ao fim de desesperada batalha naApúlia, caiu valorosamente à frente de 60 mil companheiros que lutavam pela liberdade. Outros 6 000escravos foram capturados e sacrificados, alguns sacrificados ao longo daestrada deCápua e Roma (Via Ápia -71 a.C.).[61]
Concluída aunificação da Itália, os romanos se voltaram para as conquistas do Mediterrâneo, como Cartago, Grécia e suas colônias, Egito, Síria eJudeia. Os romanos chamavam os cartagineses de "punis",palavra grega que significa fenícios, daí o nome de "guerras púnicas". De fato, segundo a tradição, Cartago foi fundada por mercadores fenícios vindos da cidade deTiro por volta de814 a.C.. Aposição geográfica de Cartago era formidável. Na encruzilhada das rotas ocidentais e orientais do Mar Mediterrâneo, os seus portos movimentavam intenso comércio. Cartago expandiu-se tornando-se uma colônia que fundou várias outras colônias em seu redor, mais além noGibraltar e naEspanha, comoSagunto, onde se exploravam minas de prata. A expansão e o progresso de Cartago causaram inveja aos romanos, que começaram a bloquear o comércio cartaginês noMediterrâneo. Houve três guerras entre Roma e Cartago.[62]
Foram 23 anos de lutas, e tudo começou quando os romanos tomaram uma boa parte daSicília, que era de domínio cartaginês. O Senado romano mandou uma potente frota com mais de 100 navios. Oexército romano não estava habilitado a combater no mar, mas tinha espírito prático e firmeza.[63]
Oscartagineses, sob o comando do generalAmílcar Barca, após anos de lutas, deixaram a Sicília para os romanos. Perderam a guerra e foram obrigados a pagar alta quantia em dinheiro. Nos anos seguintes, os romanos dominaram as ilhas Sardenha e Córsega, que passaram a fazer parte do mundo romano. Depois dessas vitórias no mar, os romanos resolveram invadir o território africano para invadirCartago.[63]
Foram 16 anos de lutas. Morto Amílcar, assumiu o comando seu filhoAníbal Barca, que planejou atacar os romanos não mais por mar e sim, desta vez, por terra. O plano de Aníbal era atacar a Itália vindo pela Espanha e atravessando osAlpes. Organizou poderoso exército com trinta mil soldados e dezenas de elefantes adestrados. Chegando à Itália, teve uma primeira vitória emTrébia e daí marchou para Roma. O Senado nomeouCipião para organizar a defesa contra o invasor. Cipião atacou Cartago, obrigando Aníbal deixar a Itália e defender seu povo. Mas foi vencido emZama, perto de Cartago, no ano202 a.C..[63]
Foram quatro anos de lutas, que terminaram com a destruição de Cartago. Sem domínio marítimo nem comercial, os cartagineses, mesmo assim, continuavam a preocupar os romanos. No Senado romano, o censorCatão insistia em seus discursos que "Cartago devia ser destruída", pois sempre representava uma ameaça. Por fim, os romanos se decidem a destruir totalmente Cartago e proibir qualquer tentativa de reconstruir a cidade. Isso ocorreu no ano de146 a.C., quandoCartago passou a ser uma simplesprovíncia romana na África.[63]
Vencida Cartago, os romanos se lançaram à conquista doMediterrâneo oriental, dominando a Grécia, o Egito, a Síria e aJudeia. E se tornaram senhores absolutos do Mediterrâneo, que passaram a chamar deMare Nostrum (Nosso Mar).[64]
Após asGuerras Púnicas e as outras conquistas, grandes dificuldades se abateram sobre Roma:[64]
considerável aumento do número de escravos;
lutas internas pelo poder;
dificuldades administrativas;
altos impostos pelo governo.
Com as conquistas,Roma se tornou uma potência mundial e a sociedade romana sofreu profundas transformações. De um lado, os nobres, os cavaleiros, latifundiários e novos ricos criaram novas formas de riqueza, fundadas na especulação comercial, financeira e nas conquistas e posses de terras. De outro lado, os pequenos camponeses, clientes e parasitas se tornaram ainda mais pobres.[64]
Asclasses sociais se distanciavam cada vez mais. Os ricos tinham em mãos o poder e a maioria das terras. Os pequenoscamponeses perdiam suas terras, que eram doadas aos oficiais que voltavam vitoriosos das conquistas. Outros se endividavam e perdiam tudo. Desse modo, Roma começou a receber uma enorme população de desempregados e falidos que reclamavam do governo moradia e comida. As autoridades romanas passaram a controlar os ânimos e a situação distribuindo gratuitamente alimentação e preenchendo o tempo vazio dos desocupados oferecendo muita diversão (pão e circo).[64]
Osescravos, considerados coisas e provenientes de guerras e dívidas, em número maior do que o dos homens livres, eram quem executava todos os tipos de serviços e sustentava o restante da população. Em número superior, tentaram até várias rebeliões, sendo a mais importante liderada porEspártaco.[64]
Essas diferenças sociais, as dificuldades administrativas e as lutas internas pelo poder vão levar aRepública romana a um enfraquecimento e decadência, finalizando com a volta ao sistema do Império.[64]
Além das lutas dos irmãosGraco (Tibério e Caio) por reformas agrárias e melhorias sociais, a República romana foi agitada por lutas internas pelo poder e lutas entreclasses sociais.[64]
Em106 a.C.,Caio Mário, um general vitorioso nas conquistas militares, tornou-se cônsul por seis vezes consecutivas e reuniu em torno de si um forte partido democrático. Mário e o seu partido apoiavam as reformas populares e promoviam leis que eram contrárias aos interesses da aristocracia.[64]
A aristocracia, sentindo-se prejudicada, procurou organizar-se e reforçar o partido dos nobres. No ano88 a.C., um general bem-sucedido, foi eleito cônsul. Sila, um aristocrata, toma a liderança do seu partido. Em83 a.C., estoura uma guerra social entre os partidários de Mário e Sila. Várias cidades em volta de Roma apoiaram as reformas sociais de Mário, mas foram dominadas pelas tropas de Sila em violentos combates. Por fim, Sila domina a situação e se proclama ditador perpétuo.[64] Entre as suas reformas estão: aumento do número de senadores, diminuição do poder dos tribunos da plebe, premiação de muitos soldados com terras confiscadas e organização de uma lista de adversários políticos ou pessoais que deveriam ser assassinados ou desterrados.[65]
No ano79 a.C. Sila se retira da política e o poder passa a ser disputado pelos partidos durante vários anos. Nessa época, aRepública Romana não teve paz. Além das lutas por conquistas externas, surgiram problemas de fome,carestia edesemprego. Entre os políticos que disputavam o poder, três fizeram uma aliança para governar o mundo romano.[66]
Estátua de Júlio César no Fórum Imperial, Roma, Itália. Trata-se de uma obra moderna, em bronze
Formou-se o que se chamou deprimeiro triunvirato (três no poder), formado porPompeu,Crasso eJúlio César. Cada um passou a administrar uma parte do grande domínio romano: Pompeu ficou em Roma, Crasso foi para o Oriente e César ficou com o governo dasGálias. Crasso morreu em combate no Oriente (53 a.C.). Júlio César, ambicioso e já com grande popularidade em Roma, ganhou a desconfiança do Senado romano, que passou a apoiar Pompeu. Mas César marchou sobre Roma e dominou as tropas de Pompeu, que fugiu para o Egito, onde foi assassinado. César tornou-se então senhor absoluto do poder, ditador vitalício e aspirava também ao título de rei.[66]
No curto espaço de tempo do seu governo, César realizou um grande programa de reforma:[66]
diminuiu o poder do Senado e reuniu os poderes nas próprias mãos.[67]
O Senado Romano, sentindo-se muito diminuído nos seus poderes e temendo que César voltasse ao sistema de realeza, conspirou contra a sua vida. No dia 15 de março de44 a.C., em pleno Senado, conspiradores cercaram o ditador e o apunhalaram. Entre os assassinos estava Bruto, filho adotivo de César.[67]
Mas as coisas não aconteceram como o senado esperava, isto é, mais poder para os senadores e para a aristocracia. De fato, um grupo de políticos assumiu o poder, formando osegundo triunvirato, comMarco Antônio,Otaviano eLépido, no ano43 a.C..[67]
Como no primeiro triunvirato, os líderes dividiram o domínio romano: Otávio ficou com o Ocidente, Marco Antônio com o Oriente e Lépido com a África.[67]
Lépido acabou sendo afastado da política e os dois outros entraram em choque. Marco Antônio, apaixonado porCleópatra (rainha do Egito), prometeu-lhe territórios da República romana. O Senado romano autorizou Otávio a declarar guerra a Marco Antônio e Cleópatra. Marco Antônio, vencido, suicidou-se e Otávio assumiu como senhor absoluto de Roma. Terminava a República romana e tinha início o Império, no ano27 a.C..[67]
Com ele teve fim a república e iniciou-se oImpério Romano, em27 a.C..Augusto governou até o ano14 d.C.. O período do seu governo foi considerado um ponto alto do Império Romano. Foi nessa época que nasceuJesus Cristo, personagem de extrema importância para a tradição cristã, e cujo nascimento serviu de base para nova contagem de tempo na História.[68]
Seu governo foi marcado pela paz, pela ordem, pela prosperidade econômica e intelectual. Augusto eCaio Cílnio Mecenas, um rico cidadão romano, auxiliaram financeiramente muitos artistas, como os poetasVirgílio,Horácio,Ovídio e o historiadorTito Lívio. Augusto ampliou as fronteiras do império e embelezou a cidade de Roma.[68]
O senado lhe deu o título deaugusto, que quer dizer "divino". Com a morte de Augusto, assumiu seu filho adotivoTibério.[68]
DesdeAugusto até o ano395 d.C., vários imperadores administraram o Império Romano. Inicialmente houve quatro famílias (dinastias) de imperadores: adinastia júlio-claudiana (14-69), adinastia flaviana (69-96), adinastia antonina (96-192), adinastia severa (192-235). De 235 a 284, houve um período de anarquia militar, em que se sucederam 26 imperadores. Daí até 395 d.C., governaramDiocleciano,Constantino,Juliano eTeodósio I. Este, no ano 395, dividiu o Império Romano entre seus dois filhos, ficandoHonório com o Ocidente (capital Roma) eAcádio com o Oriente (capital Constantinopla). O último imperador do Ocidente foiRômulo Augusto, deposto pelos bárbaros de Odoacro no ano 476. Tal evento significou a queda do Império Romano do Ocidente e marca o fim da Idade Antiga e começo daIdade Média.[69] OImpério Romano do Oriente ainda durou mil anos, terminando no ano de 1453, quando os turcos otomanos dominaram a cidade deConstantinopla, acabando definitivamente o Império Romano e tendo início aIdade Moderna.[68]
Tibério (14-37): Sucedeu Augusto. Foi bom administrador, melhorou as finanças e deu continuidade às obras de Augusto. Perseguiu os inimigos e tornou-se antipático ao povo, que gritava nas ruas: "Vamos jogar Tibério no Tibre". Acabou assassinado.[70]
Cláudio (41-54): Colocado no poder pela poderosaguarda pretoriana. Homem culto, deixou obras escritas. Fez bom governo. Mandou matar sua mulher Messalina e casou com Agripina, que o envenenou para pôr no trono seu filho Nero.[70]
Vespasiano (69-79): Era honesto, trabalhador, inteligente e autoritário. Com ele iniciou-se um longo período de paz e prosperidade no Império. Deu emprego a grande número de proletários aproveitados nas grandes construções e estradas. Mandou construir o famosoColiseu, em Roma.[70]
Trajano (98-117): De famíliaromanizada daHispânia, Trajano fez ótima administração, diminuindo os impostos e mesmo assim aumentando os rendimentos do governo. Estabeleceu o crédito agrícola, deu assistência aos pobres. Embelezou a cidade com obras públicas, como oFórum de Trajano, uma das mais belas construções do mundo romano.[70]
Calígula (37-41): Assumiu apoiado pelo povo e pelo Senado. Sofria de desequilíbrio mental, chegando mesmo a levar seu cavalo Incitatus ao Senado e nomeá-Io senador. Obrigou os judeus a adorarem sua imagem. Acabou assassinado.[70]
Nero (54-68): Filho de Agripina. Muito jovem no poder, fez inicialmente boa administração. Muito cedo deu vazão a seus instintos perversos. Mandou matar a mãeAgripina, o irmão e todos aqueles que criticassem suas loucuras. Em 64, houve um incêndio em Roma atribuído a Nero. Mas ele acusou os cristãos pelo fato, mandando matar grande número deles. Acabou abandonado por todos, fazendo-se matar por um escravo.[71]
Tito (79-81): Filho deVespasiano, combateu uma revolta dos judeus ainda no governo do pai. Pacífico e generoso, foi apelidado de "Delícias do Gênero Humano". Teve seu curto governo marcado por desgraças: incêndio em Roma, uma peste e a erupção do Vesúvio, que soterrou de lava as cidades dePompeia eHerculano.[71]
Adriano (117-138): Imperador pacífico e culto. Amante da cultura helenística, ele sabia escrever, era poeta e cantor. Costumava viajar e resolver pessoalmente os problemas das províncias. Manteve a unidade do império e construiu umamuralha de 100 km para dificultar a penetração de povos bárbaros vindos do Norte.[71]
Constantino (312-337): Um dos mais importantes imperadores romanos, Constantino fez ótima administração e reconstruiu Bizâncio comoConstantinopla para ser a nova capital do império. Em 313, com oÉdito de Milão, deu liberdade de culto religioso aos cristãos.[71]
Os romanos, como a maioria dos povos antigos, erampoliteístas. Eles eram originariamente um povo de pastores e camponeses e, portanto, voltados ao culto e adoração das forças da natureza. Entre as divindades ligadas à agricultura, estavamSaturno (protetor dos plantios),Flora (protetora das flores), Pamona (protetora dos frutos e colheitas) eCeres (deusa da fecundidade dos campos). Dentro das casas, os romanos tinham um altar próprio para o culto aos familiares e antepassados, chamados deuses lares. Os cultos eram familiares ou públicos.[72] O culto doméstico era celebrado pelopater familias e o culto público pelopontífice máximo, pelos sacerdotes e sacerdotisas. Em Roma, ficaram famosas as sacerdotisas chamadasvestais, virgens que dedicavam parte de sua vida ao culto da deusa Vesta, protetora de Roma.[73]
Em contato com outras culturas, os romanos importaram vários deuses, principalmente da Grécia, que receberam nomes latinos. Veja, a seguir, um quadro de correspondência entre as divindades gregas e romanas.[73]
Os romanos eram supersticiosos, procuravam ver o futuro e o destino através da análise do voo dos pássaros, de suas vísceras e das forças da natureza. OEstado dava grande importância aos deuses e atos religiosos, que recebiam proteção do própriosenado.[73]
No governo do imperador Augusto, nasceuJesus Cristo, que fundou ocristianismo, uma religião que em pouco tempo atraiu milhares de seguidores fervorosos. A nova religião trazia novos valores morais, como o amor e o respeito ao próximo de qualquer condição social, e prometia aos bons uma recompensa numa vida após a morte, pois a alma era imortal. Os imperadores viram o culto aos seus deuses enfraquecer e notaram na nova religião uma ameaça ao próprio império (porque para os cristãos os deuses não tinham valor e o imperador era simplesmente um mortal, não uma pessoa divina). Assim, desencadearam uma violenta perseguição aos cristãos, que preferiam morrer estraçalhados nos circos e arenas a renunciar à fé em Jesus Cristo. NoColiseu, enorme praça de espetáculos, os pagãos se divertiam lançando centenas de homens, mulheres e crianças para serem devorados vivos pelas feras. Foi a chamada "época dos mártires", entre elesSão Pedro eSão Paulo, que foram mortos por crucificação e decapitação, respectivamente.[73]
Os cristãos formaram comunidades locais, denominadas Igrejas, sob a autoridade pastoral de um bispo. O bispo de Roma, sucessor do apóstolo Pedro, exercia o primado sobre todas as Igrejas. A vida cristã estava centralizada em torno daEucaristia e o repúdio dognosticismo[74] foi a grande vitória doutrinal daprimitiva Igreja.[75]
Durante três séculos o Império Romano perseguiu oscristãos, porque a sua religião era vista como uma ofensa ao Estado, pois representava outrouniversalismo e proibia os fiéis de prestaremculto religioso ao soberano imperial. Durante a perseguição, e apesar dela, o cristianismo propagou-se pelo império. Neste período os únicos lugares relativamente seguros em que se podiam reunir eram ascatacumbas, cemitérios subterrâneos. O cristianismo teve de se converter numa espécie de sociedade secreta, com os seus sinais convencionais de reconhecimento. Para saber se outra pessoa era cristã, por exemplo, desenhava-se um peixe, pois a palavra gregaichtys (peixe) era o anagrama da fraseIesos Christos Theou Hyios Soter (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador).[76]
As principais e maiores perseguições foram as deNero, noséculo I, a deDécio no ano 250, a deValeriano(r 253–260) e a maior, mais violenta e última a deDiocleciano entre 303 e 304, que tinha por objetivo declarado acabar com o cristianismo e a Igreja. O balanço final desta última perseguição constituiu-se num rotundo fracasso. Diocleciano, após ter renunciado, ainda viveu o bastante para ver os cristãos viverem em liberdade graças aoÉdito de Milão, iniciando-se aPaz na Igreja. A perseguição de Diocleciano ou "grande perseguição" foi a última e talvez a mais sangrentaperseguição aos cristãos noImpério Romano.
Em 303, oimperadorDiocleciano e seus colegasMaximiano,Galério eConstâncio Cloro emitiram uma série deéditos em que revogavam os direitos legais doscristãos e exigiam que estes cumprissem aspráticas religiosas tradicionais. Decretos posteriores dirigidos aoclero exigiam osacrifício universal, ordenando a realização de sacrifícios às divindades romanas. A perseguição variou em intensidade nas várias regiões do império: as repressões menos violentas ocorreram naGália eBritânia, onde se aplicou apenas o primeiro édito; enquanto as mais violentas se deram nas províncias orientais. Embora as leis persecutórias tenham indo sendo anuladas por diversos imperadores nas épocas subsequentes, tradicionalmente o fim das perseguições aos cristãos foi marcado peloÉdito de Milão deValério Licínio eConstantino, o Grande.[77]
A grande perseguição não logrou controlar o crescimento da Igreja. Em 324, Constantino era o único governante do império e o cristianismo era agora a religião por ele mais favorecida. Embora a perseguição tenha resultado nas mortes de 3 000 cristãos — de acordo com estimativas recentes.[78]
O mais importante legado que os romanos deixaram para a humanidade foram suas conquistas no campo dodireito.[73] Nodireito romano encontram-se as raízes do direito e da legislação dos países modernos.[79] Assim como osgregos deixaram ao mundo a filosofia e a arte de organizar o pensamento, osromanos deixaram para a humanidade a ciência do direito. O direito é fundamental para garantir a ordem, o relacionamento social, a liberdade e os bens.[80]
Os romanos tinham espírito prático e não desenvolveram as artes à maneira dos gregos, espíritos mais sensíveis. Sobressaíram-se na arquitetura. Grandes estádios, circos e anfiteatros, como oColiseu, que era uma construção circular, com uma arena no centro e alojamentos para atores, gladiadores e feras, com condições até de acumular água para batalhas navais. Nos circos havia competições de carros puxados por cavalos, como as bigas e quadrigas. Construíramaquedutos, para levar água potável a longas distâncias. O aquedutoAqua Claudia, por exemplo, levava água para Roma numa distância de 69 km. Construíram-se grandes e belíssimastermas para banhos públicos ou particulares. Edifícios públicos como o fórum, palácios, templos e casas artisticamente construídas. Famosas também foram as enormes colunas, como a deTrajano, em Roma. A engenharia e a arquitetura romanas deixaram obras de alto valor arquitetônico, como pontes, arcos e pórticos.[80]
Acredito que os outros povos são mais hábeis que nós para dar ao bronze o sopro da vida e fazer sair do mármore figuras vivas. Outros, ainda, saberão melhor investigar e medir com o compasso os movimentos do céu e o curso dos astros. Mas tu, romano, sabes como impôr aos povos o teu império. Tuas verdadeiras artes são ditar leis e administrar as nações, poupar os vencidos e dominar os soberbos
A civilização maia foi umacultura mesoamericanapré-colombiana, notável por sualíngua escrita (único sistema deescrita donovo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito noVelho Mundo), pela sua arte,arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. Inicialmente estabelecidas durante operíodo pré-clássico (1 000 a.C. a250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a se desenvolver durante todo o período pós-clássico, até achegada dos espanhóis. No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo. A civilização maia divide muitas características com outras civilizações daMesoamérica, devido ao alto grau de interação e difusão cultural que caracteriza a região. Avanços como aescrita,epigrafia e ocalendário não se originaram com os maias; no entanto, sua civilização se desenvolveu plenamente. A influência dos maias pode ser detectada em países comoHonduras,Guatemala,El Salvador e na região central doMéxico, a mais de 1 000 km da área maia. Muitas influências externas são encontrados na arte e arquitetura Maia, o que acredita-se ser resultado do intercâmbio comercial e cultural, em vez de conquista externa direta. Ospovos maias nunca desapareceram, nem na época do declínio no período clássico, nem com a chegada dosconquistadoresespanhóis e a subsequentecolonização espanhola das Américas. Hoje, os maias e seus descendentes formam populações consideráveis em toda a área antiga maia e mantêm um conjunto distinto de tradições e crenças que são o resultado da fusão das ideologias pré-colombianas e pós-conquista (e estruturado pela aprovação quase total aocatolicismo romano). Muitaslínguas maias continuam a ser faladas como línguas primárias ainda hoje; oRabinal Achí, uma obra literária nalíngua achi, foi declarada umaobra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pelaOrganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 2005.
Um relevo de estuque de Palenque retratando Upakal K'inich
Nos séculos VIII e IX, a cultura maia clássica entrou em decadência, abandonando a maioria das grandes cidades e as terras baixas centrais. A guerra, doenças, inundações e longas secas, ou ainda a combinação destes fatores, são frequentemente sugeridos como os motivos da decadência.[carece de fontes?]
Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia: cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas. Teoriza-se também com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a elite urbana nas terras baixas centrais.
Os estados maias pós-clássicos também continuaram prosperando nos altiplanos do sul. Um dos reinos maias desta área,Quiché, é o responsável pelo mais amplo e famoso trabalho de historiografia e mitologia maias, o "Popol Vuh".
Ainda que as cidades maias estivessem dispersas na diversidade da geografia da Mesoamérica, o efeito do planejamento parecia ser mínimo; suas cidades foram construídas de uma maneira um pouco descuidada, como ditava atopografia e declive particular. A arquitetura maia tendia a integrar um alto grau de características naturais. Por exemplo, algumas cidades existentes nas planícies depedra calcária no norte do Iucatã se converteram em municipalidades muito extensas enquanto outras, construídas nas colinas das margens dorio Usumacinta, utilizaram os declives e montes naturais de sua topografia para elevar suas torres e templos a alturas impressionantes. Ainda assim prevalece algum sentido de ordem, como é requerido por qualquer grande cidade.[81]
No começo da construção em grande escala, geralmente se estabelecia um alinhamento com as direções cardinais e, dependendo do declive e das disponibilidades de recursos naturais como água fresca (poços oucenotes), a cidade crescia conectando grandes praças com as numerosas plataformas que formavam os fundamentos de quase todos os edifícios maias, por meio de calçadas chamadassacbeob (singularsacbe).
No coração das cidades maias existiam grandes praças rodeadas por edifícios governamentais e religiosos, como aacrópole real, grandes templos de pirâmides e ocasionalmente campos dejogo de bola.[81] Imediatamente para fora destes centros rituais estavam as estruturas das pessoas menos nobres, templos menores e santuários individuais. Entretanto, quanto menos sagrada e importante era a estrutura, maior era o grau de privacidade. Uma vez estabelecidas, as estruturas não eram desviadas de suas funções nem outras eram construídas, mas as existentes eram frequentemente reconstruídas ou remodeladas.
As grandes cidades maias pareciam tomar uma identidade quase aleatória, que contrasta profundamente com outras cidades da Mesoamérica comoTeotihuacán em sua construção rígida e quadriculada.[81]
Ainda que a cidade se dispusesse no terreno na forma em que a natureza ditara, se punha cuidadosa atenção à orientação dos templos e observatórios para que fossem construídos de acordo com a interpretação maia das órbitas das estrelas. Afora os centros urbanos constantemente em evolução, existiam os lugares menos permanentes e mais modestos do povo comum.
O desenho urbano maia pode descrever-se singelamente como a divisão doespaço em grandes monumentos e calçadas. Neste caso, as praças públicas ao ar livre eram os lugares de reunião para as pessoas.[81] Por esta razão, o enfoque no desenho urbano tornava o espaço interior das construções completamente secundário. Somente no período pós-clássico tardio, as grandes cidades maias se converteram emfortalezas que já não possuíam, a maioria das vezes, as grandes e numerosas praças do período clássico.
A base econômica dos maias era a agricultura, principalmente do milho, praticada com a ajuda da irrigação, utilizando técnicas rudimentares e itinerantes, o que contribuiu para a destruição de florestas tropicas nas regiões onde habitavam, desenvolveram também atividades comerciais cuja classe dos comerciantes gozavam de grandes privilégios.[82]
Como unidade de troca, utilizavam sementes de cacau e sinetas de cobre, material que empregavam também para trabalhos ornamentais, ao lado do ouro, da prata, do jade, das conchas do mar e das plumas coloridas. Entretanto, desconheciam as ferramentas metálicas.[82]
Os maias cultivavam o milho (três espécies), algodão, tomate, cacau, batata e frutas. Domesticaram o peru e a abelha que serviam para enriquecer sua dieta, à qual somavam também a caça e a pesca.[82]
É importante observar que por serem os recursos naturais escassos não lhes garantindo o excedente que necessitavam a tendência foi desenvolverem técnicas agrícolas, como terraços, por exemplo, para vencer a erosão.[82] Os pântanos foram drenados para se obter condições adequadas ao plantio. Ao lado desses progressos técnicos, observamos que o cultivo de milho se prendia ao uso das queimadas.[82] Durante os meses da seca, limpavam o terreno, deixando apenas as árvores mais frondosas.[82] Em seguida, ateavam fogo para limpá-lo deixando o campo em condições de ser semeado. Com um bastão faziam buracos onde se colocavam as sementes.
Dada a forma com que era realizado o cultivo a produção se mantinha por apenas dois ou três anos consecutivos. Com o desgaste certo do solo, o agricultor era obrigado a procurar novas terras.[82] Ainda hoje a técnica da queimada, apesar de prejudicar o solo, é utilizada em diversas regiões do continente americano.[82]
As Terras Baixas concentraram uma população densa em áreas pouco férteis. Com produção pequena para as necessidades da população, foi necessário não apenas inovar em termos de técnicas agrícolas, como também importar de outras regiões produtos como o milho, por exemplo.
O comércio era dinamizado com produtos como o jade, plumas, tecidos, cerâmicas, mel, cacau e escravos, através das estradas ou de canoas.[82]
O sistema deescrita maia (geralmente chamadahieroglífica por uma vaga semelhança com a escrita doantigo Egito, com o qual não se relaciona) era uma combinação de símbolosfonéticos eideogramas. É o único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo.[81]
As decifrações da escrita maia têm sido um longo e trabalhoso processo. Algumas partes foram decifradas no final doséculo XIX e início do XX (em sua maioria, partes relacionadas com números, calendário e astronomia), mas os maiores avanços se fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se aceleraram daí em diante de maneira que atualmente a maioria dos textos maias podem ser lidos quase completamente em seus idiomas originais. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos oscódices maias logo após a conquista.
Assim, a maioria das inscrições que sobreviveram são as que foram gravadas em pedra e isto porque a grande maioria estava situada em cidades já abandonadas quando os espanhóis chegaram.
Os livros maias, normalmente tinham páginas semelhantes a um cartão, feitas de um tecido sobre o qual aplicavam uma película de cal branca sobre a qual eram pintados os caracteres e desenhadas ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas entre si pelas laterais de maneira a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para guardar e desdobrada para a leitura.[carece de fontes?]
Atualmente, restam apenas três destes livros e algumas outras páginas de um quarto, de todas as grandes bibliotecas então existentes. Frequentemente, são encontrados, nas escavações arqueológicas, torrões retangulares de gesso que parecem ser restos do que fora um livro depois da decomposição do material orgânico.
Nosso conhecimento do pensamento maia antigo representa só uma minúscula fração do panorama completo, pois dos milhares de livros nos quais toda a extensão dos seus rituais e conhecimentos foram registrados, só quatro sobreviveram até os tempos modernos (como se toda a posteridade soubesse de nós, baseados apenas em três livros de orações e "El Progreso del Peregrino)
Os maias (ou seus predecessoresolmecas) desenvolveram independentemente o conceito dezero (de fato, parece que estiveram usando o conceito muitos séculos antes do velho mundo), e usavam um sistema de numeração de base.
As inscrições nos mostram, em certas ocasiões, que trabalhavam com somas de até centenas de milhões. Produziram observações astronômicas extremamente precisas; seusdiagramas dos movimentos daLua e dosplanetas se não são iguais, são superiores aos de qualquer outracivilização que tenha trabalhado seminstrumentos óticos. Ao encontro desta civilização com os conquistadores espanhóis, o sistema decalendários dos maias já era estável e preciso, notavelmente superior aocalendário gregoriano.
Muitos consideram a arte maia daEra Clássica (200 a 900 d.C.) como a mais sofisticada e bela doNovo Mundo antigo. Os entalhes e relevos em estuque dePalenque e a estatuária deCopán são especialmente refinados, mostrando uma graça e observação precisa da forma humana, que recordaram aos primeiros arqueólogos da civilização do Velho Mundo, daí o nome dado à era.
Somente existem fragmentos da pintura avançada dos maias clássicos, a maioria sobrevivente em artefatos funerários e outras cerâmicas. Também existe uma construção emBonampak que temmurais antigos e que, afortunadamente, sobreviveram a um acidente desconhecido até hoje.
Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos.
Pouco se sabe a respeito das tradições religiosas dos maias: a sua religião ainda não é completamente entendida por estudiosos. Assim como osastecas e osincas,[83] os maias acreditavam na contagem cíclica natural do tempo. Os rituais e cerimônias eram associados a ciclos terrestres e celestiais que eram observados e registrados em calendários separados. Os sacerdotes maias tinham a tarefa de interpretar esses ciclos e fazer um panorama profético sobre o futuro ou passado com base no número de relações de todos os calendários. A purificação incluía jejum, abstenção sexual e confissão. A purificação era normalmente praticada antes de grandes eventos religiosos. Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a Terra, o céu e o submundo.
Os maias sacrificavam humanos e animais como forma de renovar ou estabelecer relações com o mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam a diversas regras. Normalmente, eram sacrificados pequenos animais, como perus e codornas, mas nas ocasiões muito excepcionais (tais como adesão ao trono, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real ou períodos de seca) aconteciam sacrifícios de humanos. Acredita-se que crianças eram muitas vezes oferecidas como vítimas sacrificiais porque os maias acreditavam que essas eram mais puras.
Os deuses maias não eram entidades separadas como os deuses gregos. Também não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de somente um deus regular, mas sim a adoração de vários deuses conforme a época e situação que melhor se aplicava para aquele deus
Aarquitetura maia abarca vários milênios; ainda assim, mais dramática e facilmente reconhecíveis como maias são as fantásticas pirâmides escalonadas do final do período pré-clássico em diante. Durante este período da cultura maia, os centros de poder religioso, comercial e burocrático cresceram para se tornarem incríveis cidades comoChichén Itzá,Tikal eUxmal. Devido às suas muitas semelhanças assim como diferenças estilísticas, os restos da arquitetura maia são uma chave importante para o entendimento da evolução de sua antiga civilização
Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de muitas dastecnologias avançadas que poderiam parecer necessárias a tais construções. Não há notícia do uso deferramentas demetal,polias ou veículos comrodas. A construção maia requeria um elemento com abundância, muita força humana, embora contasse com abundância dos materiais restantes, facilmente disponíveis.
Toda a pedra usada nas construções maias parece ter sido extraída depedreiras locais; com maior frequência era usada pedracalcária, que, ainda que extraída e exposta, permanecia adequada para ser trabalhada e polida com ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois.[carece de fontes?]
Além do uso estrutural de pedra calcária, esta era usada emargamassas feitas do calcário queimado e moído, com propriedades muito semelhantes às do atualcimento, geralmente usada para revestimentos, tetos e acabamentos e para unir as pedras apesar de, com o passar do tempo e da melhoria do acabamento das pedras, reduzirem esta última técnica, já que as pedras passaram a se encaixar quase perfeitamente. Ainda assim o uso da argamassa permaneceu crucial em alguns tetos de postes e vergas sobre portas e janelas (dintel).
Quando se tratava das casas comuns, os materiais mais usados eram as estruturas de madeira, adobe nas paredes e cobertura depalha, embora tenham sido descobertas casas comuns feitas de pedra calcária, senão total mas parcialmente. Embora não muito comum, na cidade deComalcalco, foram encontrados ladrilhos de barro cozido, possivelmente solução encontrada para o acabamento em virtude da falta de depósitos substanciais de boa pedra.
Todas as evidências parecem sugerir que a maioria dos edifícios foi construída sobre plataformas aterradas cuja altura variava de menos de um metro, no caso de terraços e estruturas menores, a até quarenta e cinco metros, no caso de grandes templos e pirâmides. Uma trama inclinada de pedras partia das plataformas em pelo menos um dos lados, contribuindo para a aparência bi-simétrica comum à arquitetura maia. Dependendo das tendências estilísticas que prevaleciam na área e época, estas plataformas eram construídas de um corte e um aterro de entulhos densamente compactado. Como no caso de muitas outras estruturas, os relevos maias que os adornavam, quase sempre se relacionavam com o propósito da estrutura a que se destinavam. Depois de terminadas, as grandes residências e os templos eram construídos sobre as plataformas. Em tais construções, sempre erguidas sobre tais plataformas, é evidente o privilégio dado ao aspecto estético exterior em contra-ponto à pouca atenção à utilidade e funcionalidade do interior.
Parece haver um certo aspecto repetitivo quanto aos vãos das construções nos quais os arcos (como curvas) são raros, mas frequentemente retos, angulados ou imbricados, tentando mais reproduzir a aparência de uma cabana maia, do que efetivamente incrementar o espaço interior. Como eram necessárias grossas paredes para sustentar o teto, alguns edifícios das épocas mais posteriores utilizaram arcos repetidos ou uma abóbada arqueada para construir o que os maias denominavampinbal, ou saunas, como a do Templo da Cruz emPalenque. Ainda que completadas as estruturas, a elas iam-se anexando extensos trabalhos de relevo ou pelo menos reboco para aplainar quaisquer imperfeições. Muitas vezes sob tais rebocos foram encontrados outros trabalhos de entalhes e dintéis e até mesmo pedras de fachadas. Comumente a decoração com faixas de relevos era feita em redor de toda a estrutura, provendo uma grande variedade de obras de arte relativas aos habitantes ou ao propósito do edifício. Nos interiores, e notadamente em certo período, foi comum o uso de revestimentos em reboco primorosamente pintados com cenas do uso cotidiano ou cerimonial.
Há sugestão de que as reconstruções e remodelações ocorriam em virtude do encerramento de um ciclo completo do calendário maia de conta larga, de 52 anos. Atualmente, pensa-se que as reconstruções eram mais instigadas por razões políticas do que pelo encerramento do ciclo do calendário, já que teria havido coincidência com a data da assunção de novos governantes.
Não obstante, o processo de reconstrução em cima de estruturas velhas é uma prática comum. Notavelmente, a acrópole deTikal, parece ser a síntese de um total de 1 500 anos de modificações arquitetônicas.
Construções notáveis
Ruínas de construções maias no México
Plataformas cerimoniais
Estas eram comumente plataformas de pedra calcária com muros de menos de quatro metros de altura onde se realizavam cerimônias públicas e ritos religiosos. Construídas nas grandes plataformas, eram ao menos realçadas com figuras talhadas em pedra e às vezestzompantli ou uma estaca usada para exibir as cabeças das vítimas geralmente os derrotados nos jogos de bola mesoamericanos.
Grandes e geralmente muito decorados, os palácios geralmente ficavam próximos do centro das cidades e hospedavam a elite da população. Qualquer palácio real grande ou ao menos que tivesse várias câmaras ou erguido em vários níveis, tem sido chamado de acrópole. Tais construções consistiam em várias pequenas câmaras ou pelo menos um pátio interno, parecendo propositadas a servirem de residência a uma pessoa ou pequeno grupo familiar decorada como tal.
Os arqueólogos parecem estar de acordo em que muitos palácios são também o lugar de muitas tumbas mortuárias. EmCopán, debaixo de 400 anos de remodelações posteriores, se descobriu a tumba de um de seus antigos governantes e a acrópole de Tikal parece ter sido o lugar de vários sepultamentos do final do período pré-clássico e início do clássico.
Existe, no entanto, alguns arqueólogos que afirmam serem os palácios locais não muito prováveis para a morada da elite governante, uma vez que tais moradas mostram-se demasiadamente infestadas de morcegos e um tanto quanto desconfortáveis; sugerindo - assim - ser uma espécie de mosteiro ou quartéis para as comunidades sacerdotais. Nessa linha de pensamento, contudo, caímos em uma outra rua sem saída: não existem comprovações da existência de ordens eclesiásticas ou monásticas nos tempos clássicos. Concluir, portanto, que fossem moradas das classes governamentais - neste contexto - é a solução mais viável; o que não impede a existência de diversas teorias sobre a origem e a função de tais palácios.
Grupos E
Os estudiosos têm denominado de "Grupo E" à frequentemente encontrada formação de três pequenas construções, sempre situadas a oeste das cidades, tratando-se de um intrigante mistério a sua recorrência.
Estas construções sempre incluem pelo menos uma pequena pirâmide-templo a oeste da praça principal que tem sido aceita como observatório devido ao seu preciso posicionamento em relação ao Sol, quando observado da pirâmide principal nos solstícios e equinócios. Outras teses sugerem que sua localização reproduz ou pelo menos se relaciona com a história da criação do universo segundo a mitologia maia, posto que vários de seus adornos a ela, frequentemente, se referem.
Com frequência os templos religiosos mais importantes se encontravam em cima das pirâmides maias, supostamente por ser o lugar mais perto do céu. Embora recentes descobertas apontem para o uso extensivo de pirâmides como tumbas, os templos raramente parecem ter contido sepulturas. A falta de câmaras funerárias indica que o propósito de tais pirâmides não é servir como tumbas e se as encerram isto é incidental.
Pelas íngremes escadarias, se permitia aos sacerdotes e oficiantes o acesso ao cume da pirâmide onde havia três pequenas câmaras com propósitos rituais. Os templos sobre as pirâmides, a mais de 70 metros de altura, como emEl Mirador, de onde se descortinava o horizonte ao longe, constituíram estruturas impressionantes e espetaculares, ricamente decoradas. Comumente possuíam uma crista sobre o teto, ou um grande muro que, teorizam, poderia ter servido para a escrita de sinais rituais para serem vistos por todos.
Como eram ocasionalmente as únicas estruturas que excediam a altura da selva, as cristas sobre os templos eram minuciosamente talhadas com representações dos governantes que se podiam ver de grandes distâncias. Debaixo dos orgulhosos templos estavam as pirâmides que eram, em última instância, uma série de plataformas divididas por escadarias empinadas que davam acesso ao templo.
Os maias foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos celestes, especialmente da Lua e de Vênus.
Muitos de seus templos tinham janelas e miras demarcatórias (e provavelmente outros aparatos) para acompanhar e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados, quase sempre relacionados comKukulcán, são talvez os mais descritos como observatórios pelos mais modernos guias turísticos de ruínas, mas não há evidências que o seu uso tinha exclusivamente esta finalidade.
Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de miras que indicam que observações astronômicas também foram feitas dali.
Um aspecto do estilo de vida mesoamericano é o seu jogo de bola ritual e seus campos ou estádios, que foram construídos por todo o império maia em grande escala.
Estes estádios normalmente situavam-se nos centros das cidades. Tratava-se de espaços amplos entre duas laterais de plataformas ou rampas escalonadas paralelas, em forma de "I" maiúsculo direcionado para uma plataforma cerimonial ou templo menor. Tais campos foram encontrados na maioria das cidades maias, exceto nas menores.
↑abcdefCANTELE, Bruna Renata (1989).História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 144
↑abcdCANTELE, Bruna Renata (1989).História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 145
↑CANTELE, Bruna Renata (1989).História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 145-146
↑abcdefgCANTELE, Bruna Renata (1989).História dinâmica antiga e medieval: 7ª série. São Paulo: IBEP. p. 146
↑Ognosticismo, que constituía uma verdadeira escola intelectual - apresentava-se como sendo uma sabedoria superior, apenas ao alcance de uma elite minoritária de iniciados, o representante mais notável deste corrente foi Marcião, que fundou uma pseudo-igreja, que procurava imitar a Igreja cristã na sua organização e liturgia - vide ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993.
↑ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993, pgs. 23/27.
↑WOHL, Louis de. Fundada sobre a rocha, história breve da Igreja. Tradução de Teresa Jalles - Lisboa: Rei do Livros, 1993, pgs.46/47.