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Angelo Agostini

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Angelo Agostini

Angelo Agostini em fotografia de Joaquim Insley Pacheco.
Nascimento8 de abril de1843
LocalVercelli,Sardenha-Piemonte (atualItália)
Morte28 de janeiro de1910 (66 anos)
LocalRio de Janeiro,Brasil
Nacionalidadebrasileiro (nascido italiano)
Área(s) de atuaçãoCartunista,caricaturista,ilustrador,jornalista edesenhista
Gênero(s)Sátira política,humor,crônica visual
Trabalhos de destaqueAs Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte,As Aventuras de Zé Caipora,Revista Illustrada
PrêmiosNome doPrêmio Angelo Agostini

Angelo Agostini (Vercelli,8 de abril de1843Rio de Janeiro,28 de janeiro de1910) foi um desenhista, ilustrador, jornalista e caricaturista ítalo-brasileiro que é considerado o artista gráfico mais importante doSegundo Reinado e um dos pioneiros dashistórias em quadrinhos em escala mundial.[1] Sua vasta obra, produzida ao longo de mais de quatro décadas, constitui uma crônica satírica e crítica da sociedade e da política brasileira, abrangendo desde aGuerra do Paraguai até a consolidação daRepública Velha.[2]

Agostini foi o fundador de periódicos icônicos como oDiabo Coxo e, principalmente, aRevista Illustrada, que se tornou uma das mais influentes e longevas publicações doImpério do Brasil. Em suas páginas, combateu ferozmente aescravidão e oclero, além de criticar a monarquia e o próprio imperadorD. Pedro II.[3] É creditado pela criação daquela que é considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das mais antigas do mundo,As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte, publicada a partir de30 de janeiro de1869.[4]

Sua vida pessoal foi tão turbulenta quanto sua carreira política, marcada por um relacionamento com a pintoraAbigail de Andrade que escandalizou a sociedade da época e o forçou a um breve exílio na Europa.[5] Seu legado é celebrado anualmente com oPrêmio Angelo Agostini e oDia do Quadrinho Nacional, estabelecido na data de sua publicação pioneira.

Biografia

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Primeiros anos e formação na Europa

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Angelo Agostini nasceu emVercelli, uma comuna na região doPiemonte, então parte doReino da Sardenha. Ainda na infância, mudou-se paraParis com sua mãe, a cantora líricaRaquel Agostini, onde viveu sua adolescência e iniciou seus estudos artísticos.[1] Este período na capital francesa, um dos maiores centros culturais e políticos do século XIX, foi fundamental para sua formação intelectual e artística, colocando-o em contato com a efervescente tradição dacaricatura e da imprensa satírica europeia, notadamente a francesa, que tinha emHonoré Daumier um de seus maiores expoentes.[2]

Em1859, aos dezesseis anos, acompanhou sua mãe que viajava ao Brasil para uma turnê de canto, desembarcando emSão Paulo.[1]

Chegada ao Brasil e a imprensa paulistana

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A carreira de Agostini como cartunista teve início em São Paulo, em1864, com a fundação do jornalDiabo Coxo.[6] Lançado em 1º de outubro, foi o primeiro periódico ilustrado da cidade e contava com a colaboração textual do poeta, advogado e ardoroso abolicionistaLuís Gama. A publicação era notória por seu humor afiado e suas críticas à realidade local, mirando a política, os costumes e as figuras da elite paulistana. Apesar da repercussão, a revista teve vida curta, sendo encerrada em1865.[7]

Em1866, Agostini lançou um novo desafio à conservadora sociedade paulista: o jornalCabrião. Ainda mais combativo, o periódico intensificou os ataques ao clero, à monarquia e às elites escravocratas. Suas charges eram consideradas tão provocadoras que a sede do jornal chegou a ser depredada por grupos conservadores, e Agostini sofreu perseguições. OCabrião consolidou sua fama de polemista, mas, pressionado financeira e politicamente, também foi descontinuado em1867.[8]

Consolidação no Rio de Janeiro

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Após o fechamento doCabrião, Agostini mudou-se para oRio de Janeiro, então capital do Império. Na corte, encontrou um ambiente cultural e político mais dinâmico, onde seu talento floresceu. Começou a colaborar com importantes periódicos, comoO Mosquito eA Vida Fluminense.[2]

A Vida Fluminense e o pioneirismo deNhô Quim

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Foi nas páginas deA Vida Fluminense que Agostini publicou sua obra mais revolucionária. Em30 de janeiro de1869, veio a lume o primeiro capítulo deAs Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte. A série narrava, em quadros sequenciais com texto em formato de legenda, as peripécias de umcaipira (personagem rural) que se muda para a cidade grande e se espanta com os costumes e a corrupção da corte.[4]

A obra é considerada a primeira história em quadrinhos do Brasil e uma das mais antigas do mundo, antecipando em mais de duas décadas o famosoThe Yellow Kid norte-americano. Agostini utilizou recursos gráficos inovadores para a época, estabelecendo uma narrativa visual contínua que satirizava a sociedade urbana através do olhar ingênuo do protagonista. A série foi publicada de forma irregular e posteriormente interrompida pelo artista, sendo retomada brevemente por outro desenhista.[4]

Revista Illustrada: Apogeu e combate político

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ARevista Illustrada, de Angelo Agostini, periódico republicano, retratavaAntônio Conselheiro de forma caricatural, com séquito de bufões armados com velhosbacamartes, tentando "barrar" a República.

Em1 de janeiro de1876, Agostini fundou aRevista Illustrada, seu projeto mais ambicioso e duradouro. A revista tornou-se um marco editorial e a principal plataforma para suas campanhas políticas. Por meio de litografias de página inteira e charges corrosivas, Agostini liderou uma incansável campanha pelaabolição da escravatura. Suas imagens que denunciavam a brutalidade do sistema escravista tiveram enorme impacto na opinião pública.[9]

Além da causa abolicionista, a revista criticava aGuerra do Paraguai, ironizava a figura do ImperadorD. Pedro II — frequentemente retratado como um velho sonolento e alheio aos problemas do país — e defendia ideais republicanos. ARevista Illustrada circulou por mais de duas décadas, testemunhando a queda do Império e os primeiros anos da República.[3]

A Criação deZé Caipora

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NaRevista Illustrada, em1883, Agostini criou outro personagem icônico:As Aventuras de Zé Caipora. Diferente de Nhô Quim, Zé Caipora era um personagem mais fantástico, um caçador azarado que vivia em conflito com os animais da floresta, os quais sempre levavam a melhor. As histórias, mudas e de grande dinamismo visual, foram um sucesso estrondoso.[10] Em1886, a série foi reunida e publicada em formato de álbum, o que alguns pesquisadores consideram a primeirarevista em quadrinhos com um personagem fixo lançada no Brasil. O personagem seria retomado por Agostini anos mais tarde em outras publicações, comoO Tico Tico.[10]

Vida pessoal e o exílio em Paris

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Da esquerda para a direita:Angelina Agostini (filha de Angelo Agostini, então com 5 anos), a mãe dos Bernardelli, uma senhora desconhecida, o filho de Angelo Agostini, Angelo Agostini,Félix Bernardelli eEliseu Visconti -Paris - 1893 .

O relacionamento com Abigail de Andrade

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No Rio de Janeiro, Agostini, já casado com Leopoldina, envolveu-se em uma relação amorosa com sua aluna de desenho,Abigail de Andrade. Nascida emVassouras, Abigail era uma artista talentosa e promissora, sendo a única mulher a receber a medalha de ouro na Exposição Geral de Belas Artes de1884, um feito notável para uma mulher no século XIX.[11]

O relacionamento extraconjugal e a gravidez de Abigail em1888 causaram um grande escândalo na sociedade conservadora da corte imperial. Pressionados pela opinião pública e pelo preconceito, o casal foi forçado a deixar o Brasil. Em outubro de 1888, eles partiram paraParis com a filha recém-nascida,Angelina Agostini.[5]

Tragédia na Europa e retorno

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A vida em Paris foi marcada por tragédias. Em abril de1889, nasceu o segundo filho do casal, também chamado Angelo. No entanto, o bebê morreu pouco tempo depois, vítima de tuberculose. A perda abalou profundamente Abigail, que, já enfraquecida pela doença, faleceu no ano seguinte, em1890, com apenas 26 anos.[5]

Arrasado, Angelo Agostini retornou ao Rio de Janeiro com a filha Angelina, que, seguindo os passos dos pais, se tornaria uma pintora reconhecida.[12]

Últimos anos e legado

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De volta ao Brasil, Agostini retomou sua carreira com vigor. Em1895, fundou a revistaDon Quixote, que circulou até1906. Colaborou ativamente com a revista infantilO Tico Tico, onde retomou as histórias deZé Caipora, que foram publicadas até dezembro de 1906.[13] Trabalhou também para as revistasO Malho e para o jornalGazeta de Notícias, entre outros, mantendo sua produção crítica até o fim da vida.

Angelo Agostini faleceu no Rio de Janeiro em 28 de janeiro de 1910.

Influência e reconhecimento póstumo

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Agostini é uma figura central para a história da imprensa, da arte e das histórias em quadrinhos no Brasil. Sua obra é um espelho crítico de um período de profundas transformações no país. Ele não apenas documentou, mas influenciou ativamente os debates sobre a abolição e a República. Como artista, desenvolveu uma linguagem gráfica única e foi pioneiro na criação de narrativas sequenciais que são a base dos quadrinhos modernos.

Homenagens

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O legado de Angelo Agostini é celebrado de duas maneiras principais no Brasil:

  • Dia do Quadrinho Nacional: Comemorado em30 de janeiro, a data foi instituída pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo (AQC-SP) em homenagem à data da primeira publicação deAs Aventuras de Nhô Quim, em 1869.[14]
  • Prêmio Angelo Agostini: Criado em1985 pela mesma AQC-SP, é um dos mais importantes e tradicionais prêmios dedicados aos quadrinhos no Brasil. Anualmente, premia os melhores artistas, roteiristas, publicações e personalidades da área, mantendo vivo o nome de seu patrono.[15]

Ver também

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Referências

  1. abcCentro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC).«Verbete biográfico: Angelo Agostini»(pdf). Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 15 de maio de 2023 
  2. abc«Angelo Agostini». Itaú Cultural. Consultado em 15 de maio de 2023 
  3. abSOUZA, Worney (2014).«Tão longe, tão perto: a representação do poder na Revista Illustrada (1876-1888)». Universidade Federal de Minas Gerais. Consultado em 15 de maio de 2023 
  4. abcRoberto Elísio dos Santos (2009).«Os primórdios dos quadrinhos no Brasil: o pioneirismo de Angelo Agostini»(pdf). XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Consultado em 15 de maio de 2023 
  5. abcLeira Menezes (8 de março de 2020).«Abigail de Andrade: a história da pintora que teve um destino trágico após escândalo no século 19». BBC Brasil. Consultado em 15 de maio de 2023 
  6. Camila Teixeira de Scarpino (2022).«O Diabo Coxo: a fundação da imprensa ilustrada em São Paulo»(pdf). Universidade de Brasília. Consultado em 15 de maio de 2023 
  7. Biblioteca Nacional do Brasil (1 de outubro de 2020).«Acervo da BN: O periódico Diabo Coxo, de Angelo Agostini». bndigital.bn.gov.br. Consultado em 15 de maio de 2023 
  8. Ronaldo de Oliveira Costa.«O Cabrião: Sátira e política na crise do Império»(pdf). Revista de História da Arte e da Cultura, UFES. Consultado em 15 de maio de 2023 
  9. Hebe Mattos, Carolina Vianna (2015).«Entre o preto e o branco, o amarelo: Angelo Agostini e os embates sobre raça e abolição nas páginas da Revista Illustrada»(pdf). Almanack, SciELO. Consultado em 15 de maio de 2023 
  10. abWaldomiro Vergueiro, Roberto Elísio dos Santos (2004).«As aventuras de Zé Caipora: a primeira HQ de sucesso do Brasil»(pdf). Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Consultado em 15 de maio de 2023 
  11. «Abigail de Andrade». Itaú Cultural. Consultado em 15 de maio de 2023 
  12. Ana Paula Cavalcanti Simioni (2020).«Angelina Agostini: A filha do caricaturista Angelo Agostini e da pintora Abigail de Andrade». MODOS: Revista de História da Arte. Consultado em 15 de maio de 2023 
  13. Uai Brasil.«A História dos Quadrinhos no Brasil». Consultado em 15 de maio de 2023 
  14. «Todo 30 de janeiro é Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos». SESC-RJ. 30 de janeiro de 2023. Consultado em 15 de maio de 2023 
  15. «A História do Prêmio Angelo Agostini». AQC-SP (via Facebook). Consultado em 15 de maio de 2023 

Bibliografia

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Ligações externas

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