AAgência Espacial Europeia (emfrancês:Agence spatiale européenne -ASE; eminglês:European Space Agency -ESA) é uma organização intergovernamental dedicada àexploração espacial, com 22 estados-membros, incluindoPortugal. Fundada em 1975 e com sede emParis, naFrança, a ESA tem uma equipe de mais de duas mil pessoas, com um orçamento anual de cerca de 4,28 mil milhões deeuros, ou 5,51 mil milhões dedólares (2013).[2]
Após aSegunda Guerra Mundial, muitos cientistas europeus deixaram aEuropa Ocidental para trabalhar nosEstados Unidos. Embora o crescimento económico dos anos 1950 tenha possibilitado que países da Europa Ocidental investissem em investigação e especificamente em atividades relacionadas com o espaço, os cientistas europeus perceberam que projetos exclusivamente nacionais não seriam capazes de competir com os das então duassuperpotências principais, Estados Unidos eUnião Soviética. Em 1958, apenas alguns meses após o choque doSputnik, Edoardo Amaldi e Pierre Auger, dois membros proeminentes da comunidade científica da Europa Ocidental naquela época, reuniram-se para discutir a fundação de umaagência espacial europeia comum. A reunião teve a participação de representantes científicos de oito países.[3][4]
As nações da Europa Ocidental decidiram então ter duas agências diferentes, um para o desenvolvimento de um sistema de lançamento, aELDO (Organização Europeia de Desenvolvimento de lançamento), e a precursora da Agência Espacial Europeia, aESRO (Organização Europeia de Investigação Espacial). A última foi estabelecida em 20 de março 1964, por um acordo assinado em 14 de junho de 1962. De 1968 a 1972, a ESRO lançou sete satélites de investigação.[3][4]
A ESA, na sua forma atual, foi fundada na Convenção da ESA em 1975, quando a ESRO foi fundida à ELDO. A ESA tem 10 Estados-membros fundadores:Bélgica,Dinamarca,França,Alemanha,Itália,Países Baixos,Espanha,Suécia,Suíça eReino Unido.[5] Estes assinaram a Convenção da ESA em 1975 e depositaram os instrumentos de ratificação em 1980, quando a Convenção entrou em vigor. Durante este intervalo a agência já funcionava na prática.[1] A ESA lançou a sua primeira grande missão científica em 1975, aCOS-B, uma sonda espacial de monitorização das emissões deraios gama no universo.[3][4]
ESA fez uma parceria com aNASA noIUE, primeirotelescópio de altaórbita do mundo, que foi lançado em 1978 e operou com sucesso por 18 anos. Uma série de projetos na órbita da Terra se seguiram e, em 1986, a ESA começou aGiotto, a sua primeira missão no espaço profundo, para estudar os cometasHalley eGrigg-Skjellerup.Hipparcos, uma missão de mapeamento deestrelas, foi lançada em 1989 e na década de 1990 as missõesSOHO,Ulysses e oTelescópio Espacial Hubble foram todos feitos em conjunto com a NASA. Entre as missões científicas recentes em cooperação com a NASA estão asonda espacialCassini-Huygens, para a qual a ESA contribuiu através da construção da Huygens, o módulo de aterragem emTitã.[3][4]
Como a sucessora da ELDO, a ESA também construiufoguetões para cargas científicas e comerciais. OAriane 1, lançado em 1979, levou cargas úteis, principalmente comerciais, para a órbita terrestre em 1984. Os próximos dois desenvolvimentos do foguetão Ariane foram estágios intermédios no desenvolvimento de um sistema de lançamento mais avançado, oAriane 4, que funcionou entre 1988 e 2003.[3][4]
No espaço comercial, inicia na década de 1990. Embora oAriane 5 tenha sofrido uma falha no seu primeiro voo, desde então está firme no mercado e fortemente competitivo, com 56 lançamentos bem-sucedidos até setembro de 2011. O lançamento do veículo sucessor do Ariane 5, oAriane 6 já está em a fase de definição e está previsto para entrar em serviço nos anos 2020.[3][4]
O início do novo milénio viu a ESA se tornar, juntamente com agências comoNASA,JAXA,ISRO,CSA eRoscosmos, um dos principais participantes da investigação científica espacial. Embora a ESA tenha confiado na cooperação com a NASA nas décadas anteriores, como aEstação Espacial Internacional, especialmente na década de 1990, circunstâncias alteradas (como restrições legais duras à partilha de informações pelos militares dos Estados Unidos) levaram a decisões de confiar mais em si mesma e na cooperação com aRússia.[6]
A Agência Espacial Europeia é uma organização intergovernamental composta por 22 Estados-membros, entre os quaisPortugal.[7] Os países participam em diferentes graus nos programas espaciais obrigatórios (25% do total das despesas em 2008) e nos opcionais (75% do total das despesas em 2008).[8]
O orçamento de 2008 ascendeu de 3 mil milhões de euros para 3,6 mil milhões de euros em 2009.[9] EM 2014, o orçamento total da organização foi de 4,1 mil milhões de euros.[10] As línguas utilizadas são oinglês,francês,alemão,italiano,holandês eespanhol.[1]
A tabela seguinte lista todos os estados-membros e os membros associados, com as datas de ratificação da Convenção ESA e contribuições ao orçamento da ESA em 2015:[2]
A ESA possui uma frota deveículos de lançamento em serviço com os quais compete em todos os setores do mercado de lançamentos. A frota da ESA consiste em três projetos principais de foguetões:Ariane 5,Soyuz-2 eVega. Os lançamentos de foguetes são efetuados pelaArianespace, que conta com 23 acionistas representantes da indústria que fabrica o Ariane 5 e também doCNES, noCentro Espacial de Kourou naGuiana Francesa. Como muitos satélites de comunicação têm órbitas equatoriais, os lançamentos a partir da Guiana são capazes de levar cargas úteis maiores para o espaço do que os espaçoportos em latitudes mais altas. Além disso, oslançamentos equatoriais dão à nave espacial um 'empurrão' extra de quase 460 m/s devido à maiorvelocidade de rotação da Terra no equador em comparação com os polos próximos à Terra, onde a velocidade de rotação se aproxima de zero.[14]
O foguetãoAriane 5 é o principal lançador da ESA. Ele está em serviço desde 1997 e substituiu oAriane 4. Duas variantes diferentes estão em uso. A versão mais pesada e usada, o Ariane 5 ECA, tem capacidade para dois satélites de comunicação de até dez toneladas emGTO. Este falhou durante o seu primeiro voo de teste em 2002, mas desde então fez 82 voos consecutivos com sucesso até uma falha parcial, em janeiro de 2018. A outra versão, o Ariane 5 ES, foi usada para lançar oVeículo de Transferência Automatizado (ATV) para aEstação Espacial Internacional (ISS) e será usado para lançar quatro satélites de navegaçãoGalileo.[15][16]
Em novembro de 2012, a ESA concordou em construir uma variante atualizada chamada Ariane 5 ME (Mid-life Evolution) que aumentaria a capacidade de carga útil para 11,5 toneladas para GTO e apresentaria um segundo estágio reiniciável para permitir missões mais complexas. O Ariane 5 ME estava programado para voar em 2018, mas o projeto foi abandonado em favor doAriane 6, que deve substituir o Ariane 5 na década de 2020.[17] Os lançadoresAriane 1,2,3 e4 da ESA foram aposentados.
Soyuz-2 (também chamado de Soyuz-ST ou Soyuz-STK) é um lançador de carga útil médio russo (ca. 3 toneladas métricas para GTO) que foi colocado em serviço ESA em outubro de 2011.[18][19] A ESA celebrou umajoint venture de 340 milhões de euros com aAgência Espacial Federal Russa sobre o uso do lançadorSoyuz. Segundo o acordo, a agência russa fabrica peças de fogetões Soyuz para a ESA, que são enviadas para a Guiana Francesa para montagem.[6]
A ESA beneficia porque ganha um lançador de carga útil média, complementando a sua frota e economizando nos custos de desenvolvimento. A Rússia beneficia por ter acesso ao local de lançamento de Kourou. Devido à sua proximidade com o equador, o lançamento de Kourou em vez deBaikonur quase duplica a carga útil da Soyuz para GTO (3,0 toneladas contra 1,7 toneladas).[14]
A Soyuz foi lançada pela primeira vez de Kourou em 21 de outubro de 2011 e colocou com sucesso dois satélitesGalileo em órbita 23 222 quilómetros de altitude.[18]
OVega é o foguetão transportador da ESA para pequenos satélites. Desenvolvido por sete membros da ESA liderados pelaItália, é capaz de transportar uma carga útil com uma massa entre 300 e 1500 kg a uma altitude de 700 km, paraórbita polar baixa. Seu lançamento inaugural de Kourou foi em 13 de fevereiro de 2012.[20] A Vega começou a exploração comercial completada em dezembro de 2015.[21]
O foguetão tem três estágios de propulsão sólida e umestágio superior depropulsão líquida (o AVUM) para inserção orbital precisa e a capacidade de colocar cargas úteis em órbitas diferentes.[22][23]
Uma versão maior do lançador Vega, Vega-C está em desenvolvimento e o primeiro voo é esperado em junho de 2021. A nova evolução do foguetão incorpora um amplificador de primeiro estágio maior, o P120C substituindo o P80, um Zefiro atualizado (estágio de foguetão) segundo estágio, e o estágio superior AVUM +. Esta nova variante permite cargas úteis únicas maiores, cargas úteis duplas, missões de retorno e capacidades de transferência orbital.[24]
Bonnet, Roger; Manno, Vittorio (1994).International Cooperation in Space: The Example of the European Space Agency (Frontiers of Space).Harvard University Press.ISBN0-674-45835-4.
Johnson, Nicholas (1993).Space technologies and space science activities of member states of the European Space Agency.OCLC29768749 .
Peeters, Walter (2000).Space Marketing: A European Perspective (Space Technology Library).ISBN0-7923-6744-8.
Zabusky, Stacia (1995 and 2001).Launching Europe: An Ethnography of European Cooperation in Space Science. ISBN B00005OBX2.
Harvey, Brian (2003).Europe's Space Programme: To Ariane and Beyond.ISBN1-85233-722-2.