Osafares (emafar:ዐፋር;romaniz.:qafár ouʿāfār; emamárico:አፋር;āfār; emárabe:عفار) são os integrantes de umgrupo étnicocuchítico que habita oChifre da África, principalmente oDeserto de Danakil, na região (kililoch) deAfar, naEtiópia, assim como partes daEritreia e doDjibuti. Totalizam 1 276 374 indivíduos na Etiópia (cerca de 1,73% do total da população do país), dos quais 108 488 habitam cidades, de acordo com ocenso de 2007.[1] Também compõem mais de um terço da população do Djibuti.
São também conhecidos comoDanakil, nome usado especificamente para se referir aos afares do norte, enquanto os afares do sul são conhecidos comoAdel (ouAdal), de maneira análoga ao antigoSultanato de Adal.
Alíngua afar, que faz parte do ramocushítico dafamília linguísticaafro-asiática, é falada por todo o território habitado pelo grupo étnico; como os afares são, no entanto, tradicionalmentepastoresnômades, seu idioma também está presente em outras regiões.
Os afares se converteram aoislã noséculo X, após estabelecerem contato com mercadoresárabes vindos dapenínsula Arábica.
A menção mais antiga registrada aos afares foi feita noséculo XIII, pelo escritor árabeibne Saíde, que relatou que eles habitavam a área em torno doporto deSuaquém, estendendo-se a sul, até Mandebe, perto deZeilá.[2] Foram também mencionados com frequência, nos registros etíopes, primeiro por ter ajudado oimperadorÁmeda-Sion I numa campanha no território depois dorio Awash, e um século depois, quando auxiliaram o imperadorBaida-Mariam I em sua campanha contra um povo vizinho, osdobe'a.[3] No fim doséculo XVII surgiu oSultanato de Aussa, dominando por umprimus inter pares dos soberanos afares.
Em 1975 aFrente de Liberação Afar iniciou uma revolta, sem muito sucesso, liderada por um antigosultão afar. ODerg estabeleceu aRegião Autônoma de Assabe (atualAssabe, naEritreia), embora ainda assim alguns focos de insurreição tenham continuado a existir até o início da década de 1990. No Djibuti um movimento similar foi iniciado ao longo da década de 1980, culminando naInsurgência Afar de 1991.
Embora alguns afares tenham migrado para cidades e adotado umestilo de vida urbano, a maioria permaneceu como pastores nômades, criandogadobovino,ovino ecaprino nodeserto. Durante a estação das secas, a maioria acampa nas margens dorio Awash.Camelos são usados como meio de transporte pelos afares, enquanto migram de uma fonte deágua a outra. Com a chegada da estação das chuvas, em novembro, a maior parte dos afares volta então para territórios mais altos, evitando as enchentes e osmosquitos.
Uma casa típica afar consiste de uma espécie detenda, conhecida comoari, feita com varas demadeira cobertas portapetes; camas feitas com os mesmos tapetes e madeiras também são usadas. Cadaburra, "acampamento", consiste de dois ou maisari, e é de responsabilidade das mulheres. Os afares complementam sua dieta de leite e carne com produtos que obtêm vendendo osal que escavam do deserto, além de leite e peles de animais, nos mercados deSenbete eBati.
Politicamente, a sociedade afar se organiza emsultanatos, formados por sua vez por diversasaldeias, chefiadas por umdardar. Tradicionalmente a sociedade se divide em famílias (clãs), e em classes: osasaimara, "vermelhos", formam aclasse dominante, enquanto osadoimara, "brancos", são a classe trabalhadora.
Acircuncisão é praticada tanto em garotos quanto garotas. Um jovem é julgado por sua bravura ao suportar a dor do ato, e após ser circuncisado por escolher a garota que desejar como sua esposa (geralmente alguém de seu próprio círculo étnico).
Os afares possuem uma relação forte com o seu meio ambiente e a vida selvagem da região, partilhando a terra e seus recursos com os animais e tentando não lhes fazer mal. Este comportamento teria sido responsável pela preservação de animais em sério risco de extinção, como o burro selvagem africano (Equus africanus), que se tornou extinto em ecossistemas mais vulneráveis.
A cultura afar apresenta alguns hábitos exclusivos em termos de vestimenta:
- Mulheres casadas tradicionalmente vestem um lenço negro chamado deshash oumushal.
- O principal item do vestuário de homens e mulheres é osanafil, uma pano vestido na cintura. As mulheres o tingem de marrom (embora hoje em dia utilizem de diversas cores), enquanto os homens não pintam os seus.
Referências
- ↑"Census 2007", first draft, Table 5.
- ↑Pankhurst, Richard,The Ethiopian Borderlands (Lawrenceville: Red Sea Press, 1997), p. 60
- ↑Pankhurst,Borderlands, pp. 61-67, 106f.
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