Particularmente interessante é o seu tratado sobre o amorṬawq al-ḥamāma ('O colar da pomba'), onde a parte teórica é acompanhada por lembranças autobiográficas e anedóticas, com citações extensas de seus próprios versos.[19][14] Nele, o autor relata a existência de homossexualidade feminina e masculina na comunidade islâmica, em particular a andalusa, condenado tais práticas como pecado à luz dos textos religiosos, mas advogando contra a pena de morte. Declara-se contra a visão de que era uma condição irredímivel e merecedora da mais elevada punição, e sugere reduzir a punição a apenas dez chibatadas.[20]
Os seus pontos de vista controversos não foram bem aceites pela generalidade dos seus pares. A célebre queima pública de seus livros, emSevilha, pelo governanteAlmutadide,[22] inspirou um seu conhecido poema:
دعـوني من إحراقِ رَقٍّ وكـاغدٍ
وقولوا بعلمٍ كي يرى الناسُ من يدري
فإن تحرقوا القرطاسَ لا تحرقوا الذي
تضمّنه القرطاسُ، بـل هو في صدري
يـسيرُ معي حيث استقلّت ركائبي
وينـزل إن أنـزل ويُدفنُ فـي قبري
“
Deixai de prender fogo a pergaminhos e papéis,
e mostrai vossa ciência para que se veja quem é o que sabe.
↑Alves, Adalberto (2014).Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A. p. 69
↑Dias, Eduardo; Cavalheiro, Rodrigues (1945).Memórias de forasteiros aquém e além-mar: Portugal, África e Índia, séculos XII-XVI. Elementos bibliográficos. Lisboa: Livraria Clássica. p. 22
↑Coelho, António Borges.Comunas ou concelhos. Lisboa: Prelo. p. 44
↑A. R. Nykl. "Ibn Ḥazm's Treatise on Ethics".The American Journal of Semitic Languages and Literatures, Vol. 40, No. 1. (Oct., 1923), pp. 30–36.
↑abcdFiegenbaum, J. W. (1998).«Ibn Ḥazm». Britânica Online. Consultado em 23 de abril de 2022
↑abArnaldez, R.Ibn Ḥazm.Encyclopaedia of Islam, 2d Ed. Brill Online, 2013. Ref. 9 de janeiro de 2013
↑Islamic Desk Reference, p. 150. Ed. E. J. Van Donzel. Leiden: Brill Publishers, 1994.ISBN9789004097384
↑Kechichian, Joseph A.A mind of his own.Gulf News, 20 de dezembro de 2012.
↑Kalin, Ibrahim; Ayduz, Salim(ed.),The Oxford Encyclopedia of Philosophy, Science, and Technology in Islam, Volume 1, p. 328
↑ab O papel dominante que a cidade de Huelva desempenha atualmente em sua província homônima data apenas do início do século XIX; a província inclui Niebla, situada a menos de 30km a noroeste, hoje um pequeno assentamento rural. NaIdade Média, no entanto, era o contrário: Labla (Niebla) era um centro urbano de primeira categoria administrativa (kūra), do qual dependia a menor e menos importante Huelva (Ūnba/Wilba). Isso explica o fato de Niebla ainda possuir o mais impressionante patrimônio arquitetônico islâmico da província - em particular a muralha da cidade - enquanto não há restos monumentais preservados em Huelva. V. García-Sanjuán, Alejandro.Ibn Ḥazm and the territory of Huelva: personal and family relationships.In Adang, Camilla; Fierro, Maribel; Schmidtke, Sabine,Ibn Ḥazm of Cordoba - The Life and Works of a Controversial Thinker]. Leiden/Boston: Brill, 2013, p. 51.