Abdulrazak Gurnah (Zanzibar,20 de dezembro de1948)[1] é um escritortanzaniano.
Refugiado na Inglaterra nos anos 1960 e escrevendo principalmente em inglês, foi laureado com oPrêmio Nobel de Literatura de 2021.[2][3] A temática de refugiados é a base de todo seu trabalho.[4]
Abdulrazak nasceu em 1948 no entãoSultanato de Zanzibar, hoje parte da Tanzânia.[5][6] Obrigado a fugir da Tanzânia aos 18 anos devido à perseguição a cidadãos árabes durante a Revolução de Zanzibar, Abdulrazak chegou à Inglaterra, em 1968, como refugiado.[7]
Ingressou na Christ Church College, uma faculdade emCanterbury, mas cujos diplomas eram concedidos pelaUniversidade de Londres.[8] PelaUniversidade de Kent obteve mestrado e doutorado, este último com a teseCriteria in the Criticism of West African Fiction,[9] defendida em 1982.[6] De 1980 a 1983, Abdulrazak lecionou naUniversidade Bayero, emCano, naNigéria e foi professor de Inglês e Literaturas Pós-coloniais da Universidade de Kent até se aposentar recentemente.[7]
Abdulrazak editou dois volumes deEssays on African Writing e publicou artigos sobre escritores pós-coloniais contemporâneos, comoSalman Rushdie eZoë Wicomb. É editor deA Companion to Salman Rushdie (Cambridge University Press, 2007). Desde 1987, é editor daWasafiri, uma revista literária britânica trimestral que cobre a literatura contemporânea internacional.[10] Fez parte do juri de vários prêmios literários, incluindo o Prêmio Caine de Escrita Africana[11] e oBooker Prize.[12]
Abdulrazak mora noReino Unido.[13][14]
Boa parte de seu trabalho se passa no leste daÁfrica e quase todos os seus livros, exceto um, tem um protagonista nascido em Zanzibar.[15] Segundo o crítico literário Bruce King, os personagens africanos de Abdulrazak fazem parte de um mundo maior e em mudanças. Seus personagens são alienados, indesejados e, portanto, são, ou se sentem, vítimas ressentidas.[16] Segundo Felicity Hand, os livros de Abdulrazak trabalham a alienação e a solidão que a emigração pode produzir e as questões de busca da alma que ela suscita sobre identidades fragmentadas e o próprio significado de "casa", principalmenteAdmiring Silence,By the Sea eDesertion. Seus personagens, em geral, não têm sucesso no exterior após sua migração, usando ironia e humor para responder à sua situação.[17]
Em 2006, Abdulrazak foi eleito para aRoyal Society of Literature.[18] Em 7 de outubro de 2021, ele foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, "por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes."[3][4]
Romances
- Memory of Departure (1987)
- Pilgrims Way (1988)
- Dottie (1990)
- Paradise (1994) — no Brasil,Paraíso, tradução de Caetano W. Galindo, Companhia das Letras, 2023; em Portugal,Paraíso, tradução de Eugénia Antunes, Cavalo de Ferro, 2022.
- Admiring Silence (1996)
- By the Sea (2001) — no Brasil,À beira-mar, tradução de Jorio Dauster, Companhia das Letras, 2022; em Portugal,Junto ao mar, tradução de Eugénia Antunes, Cavalo de Ferro, 2022.
- Desertion (2005) — em Portugal,Desertor, tradução de Eugénia Andrade, Cavalo de Ferro, 2023.
- The Last Gift (2011)
- Gravel Heart (2017)
- Afterlives (2020) — no Brasil,Sobrevidas, tradução de Caetano W. Galindo, Companhia das Letras, 2022; em Portugal,Vidas seguintes, tradução de Eugénia Antunes, Cavalo de Ferro, 2022.
Contos
- My Mother Lived on a Farm in Africa (2006)
Referências
- ↑«Abdulrazak Gurnah». British Council. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑«Nobel Literature Prize 2021: Abdulrazak Gurnah named winner». BBC. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑ab«The Nobel Prize in Literature 2021». Nobel Prize. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑ab«Abdulrazak Gurnah, romancista tanzaniano, ganha Prêmio Nobel de Literatura 2021». G1. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑Loimeier, Manfred (2016). «Gurnah, Abdulrazak».Metzler Lexikon Weltliteratur: Band 2: G–M. [S.l.]: Springer. pp. 82–83.ISBN 978-3-476-00129-0
- ↑abKing, Bruce (2004).The Oxford English Literary History.13. Oxford: Oxford University Press. 336 páginas.ISBN 978-0-19-957538-1
- ↑abAlison Flood (ed.).«Abdulrazak Gurnah wins the 2021 Nobel prize in literature». The Guardian. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑Hand, Felicity. «Abdulrazak Gurnah (1948–)».The Literary Encyclopedia(PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑Erskine, Elizabeth (1989).Annual Bibliography of English Language and Literature for 1986.61. [S.l.]: Maney Publishing. 588 páginas.ISBN 0-947623-30-2
- ↑«Abdulrazak Gurnah». Wasafiri. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑«Kenyan wins African writing prize». BBC News. 16 de julho de 2002. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑«Abdulrazak Gurnah on being appointed as Man Booker Prize judge». University of Kent. 26 de outubro de 2016. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑Alex Marshall e Alexandra Alter (ed.).«Abdulrazak Gurnah Is Awarded the Nobel Prize in Literature». The New York Times. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑«U.K.-based Tanzanian writer Abdulrazak Gurnah wins Nobel Prize in Literature». Associated Press. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑Bosman, Sean James (26 de agosto de 2021). «Abdulrazak Gurnah».Rejection of Victimhood in Literature by Abdulrazak Gurnah, Viet Thanh Nguyen, and Luis Alberto Urrea. [S.l.]: Brill Publishers.ISBN 978-90-04-46900-6.doi:10.1163/9789004469006_003
- ↑King, Bruce (2006). «Abdulrazak Gurnah and Hanif Kureishi: Failed Revolutions».The Contemporary British Novel Since 1980. Nova York: Palgrave Macmillan. pp. 85–94.ISBN 978-1-349-73717-8.doi:10.1007/978-1-349-73717-8_8
- ↑Hand, Felicity (2015).«Searching for New Scripts: Gender Roles in Memory of Departure».Critique: Studies in Contemporary Fiction.56 (2): 223–240.ISSN 0011-1619.doi:10.1080/00111619.2014.884991. Consultado em 7 de outubro de 2021
- ↑«Abdulrazak Gurnah».Royal Society of Literature. Consultado em 7 de outubro de 2021