| Álvaro Lins | |
|---|---|
| Nome completo | Álvaro de Barros Lins |
| Nascimento | |
| Morte | 4 de junho de1970 (57 anos) |
| Nacionalidade | |
| Cônjuge | Heloísa Ramos Lins |
| Ocupação | Advogado,jornalista,professor ecrítico literário |
| Prêmios | Prémio Jabuti 1961 |
| Magnum opus | Ensaio sobre Camões e a epopeia como romance histórico: os Lusíadas de Luís de Camões |
Álvaro de Barros LinsGCC •GCL (Caruaru,14 de dezembro de1912 —Rio de Janeiro,4 de junho de1970) foi umadvogado,jornalista,professor ecrítico literáriobrasileiro, membro daAcademia Brasileira de Letras. Casado com Heloísa Ramos Lins, com quem teve dois filhos.
Filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins, Álvaro Lins fez o curso primário em sua cidade natal, mudando-se para cursar o secundário no Colégio Salesiano e no Ginásio Padre Félix, ambos noRecife.
Interessado por política desde cedo, fez campanha pelaAliança Liberal e conheceuJoão Neves da Fontura, um dos mais eloquentes oradores da caravana da aliança peloNordeste. Entusiasmou-se com arevolução de 1930 que instalou um governo provisório chefiado porGetúlio Vargas, porém, já no ano seguinte acompanhou o início da conspiração paulista contra a perpetuação de uma ameaça de governo discricionário. Ainda em 1931, ingressou naFaculdade de Direito da Universidade do Recife e no ano seguinte assinou manifesto de solidariedade em apoio ao movimento em prol da constitucionalização do país iniciado por João Neves da Fontoura, que teve suas últimas consequências na eclosão darevolução em São Paulo em julho do mesmo ano.[1]
Também em 1932, a convite dopadre Félix Barreto, professor de letras, passou a lecionar História da Civilização no Ginásio do Recife.[1] Em novembro do mesmo ano, na capital pernambucana, juntamente com outros jovens daFaculdade de Direito de Recife, comoAntônio de Andrade Lima Filho, foi um dos signatários doManifesto integralista de Recife, um dos primeiros documentos ligados aoIntegralismo, movimentonacionalista que havia sido lançado porPlínio Salgado um mês antes.[2] Nessa época, como representante do Diretório de Estudantes, escreveu sua primeira obra, intituladaA universidade como escola de homens públicos, lida nacerimônia de abertura doano letivo de 1933.[1]
Bacharelou-se em 1935. No período de 1932 a 1940, foi também professor degeografia geral e dehistória da civilização em várias escolas da cidade.
Em outubro de 1934, convidado pelo entãointerventor e, mais tarde,governador de Pernambuco,Carlos de Lima Cavalcanti, assumiu o cargo de Secretário do Governo Estadual. Fez parte, em 1936, da chapa doPartido Social Democrático (PSD) dePernambuco, para concorrer a uma vaga naCâmara dos Deputados. Contudo, o golpe que instaurou oEstado Novo interrompeu as eleições e Álvaro Lins deixou a Secretaria do Estado em novembro de 1937 e esqueceu seus planos políticos.
Firmou-se, a partir daí, nojornalismo, exercendo-o no Diário da Manhã de Pernambuco, no período de 1937 a 1940, onde foiredator ediretor. Transferindo-se para oRio de Janeiro, iniciou a fazer crítica literária, gênero que lhe deu fama nacional. Ali, foi jornalista do Diário de Notícias, Diários Associados, entre 1939 e 1940, e redator-chefe do Correio da Manhã, de 1940 a 1956. Em 1952 partiu paraPortugal para lecionar a disciplina Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras daUniversidade de Lisboa. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista luso-brasileiraAtlântico[3].
Regressando ao Brasil em agosto de 1954, por causa da crise desencadeada pelosuicídio de Getúlio Vargas, reassumiu o jornalismo e acátedra deLiteratura Brasileira no Colégio Pedro II.

Em 5 de abril de 1955, aos 42 anos, foi eleito por unanimidade para se tornar o quarto ocupante da cadeira 17 daAcademia Brasileira de Letras, vaga após a morte deEdgar Roquette-Pinto, sendo recebido pelo acadêmicoJoão Neves da Fontoura em 7 de julho de 1956.

Como jornalista, participou ativamente da luta para garantir a posse deJuscelino Kubitschek napresidência da República, em 1956. Nessa época, trabalhando ainda no Correio da Manhã, deixou de lado a crítica literária para assumir a direção política dojornal. Convidado por Juscelino, chefiou aCasa Civil do presidente entre janeiro e novembro de 1956, saindo do cargo para se tornarembaixador do Brasil em Portugal. Ainda nesse ano, recebeu a maior condecoração brasileira: aGrã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Em 1957, recebeu a maior condecoração portuguesa, aGrã-Cruz da Ordem de Cristo, e conduzido a se tornar membro daAcademia das Ciências de Lisboa.
Algum tempo após a chegada de Álvaro Lins a Lisboa, opresidente de PortugalFrancisco Higino Craveiro Lopes realizou uma visita ao Brasil, estabelecendo os termos dos atos de regulamentação doTratado de Amizade e Consulta entre Brasil e Portugal. Considerando o acordo "lesivo aos interesses do Brasil", sua posição entrou em choque contra aditadura salazarista e a defesa docolonialismo por ela.
A 1 de Agosto de 1958, a própria esposa de Lins assistiria à queda dum detido do terceiro andar da sede daPolícia Internacional e de Defesa do Estado, a polícia política portuguesa de então, situada na Rua de António Maria Cardoso, nº 22, ao Chiado (Lisboa).[4]
O impasse se tornou insustentável no início de 1959, na ocasião da aceitação doasilo político por parte doItamaraty do líder oposicionista português, generalHumberto Delgado, ato que não foi reconhecido pelo governo de Portugal, um "flagrante desacato", nas palavras de Álvaro Lins, ao próprio Juscelino Kubitschek.
Com a sensação de ter sido abandonado pelo seu presidente, sem poder contar com ele "para desagravá-lo e desafrontar a representação do Brasil emLisboa", o embaixador Álvaro Lins protestou ainda mais veementemente quando Juscelino aceitou o convite de uma comissão portuguesa que desembarcou no Brasil para participar dos festejos henriquinos na condição de coanfitrião e cochefe de Estado português, e solicitou que Portugal concedesse asilo ao refugiado ditadorFulgêncio Batista, deposto narevolução cubana de 1959.
Algum tempo depois, enviou uma carta rompendo política e pessoalmente com o presidente Juscelino Kubitschek, acusando-o de "cumplicidade com as ditaduras, de maneira particular com a dePortugal, a doParaguai e a daRepública Dominicana" e repudiando seu "compromisso com a ditadura salazarista". Em outubro de 1959, Álvaro Lins foi exonerado da embaixada de Portugal, devolvendo antes de deixar o posto em Lisboa a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo que havia recebido três anos antes.
Álvaro Lins foi o presidente da 1.ª Conferência Inter-americana da Anistia para osExilados e Presos Políticos daEspanha e de Portugal, sediada naFaculdade de Direito de São Paulo, em 1960, e diretor do Suplemento Literário do Diário de Notícias entre março de 1961 e junho de 1964. Em 1962, chefiou a delegação brasileira ao Congresso Mundial da Paz, ocorrido emMoscou. Aposentando-se do jornal em 1964, Álvaro Lins dedicou seus últimos anos a escrever livros.
A 30 de Dezembro de 1957 foi agraciado com a Grã-Cruz daOrdem Militar de Cristo dePortugal e a 28 de Dezembro de 1994 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz daOrdem da Liberdade dePortugal.[5]
| Precedido por Edgar Roquette-Pinto | 1955 — 1970 | Sucedido por Antônio Houaiss |
| Precedido por Paulo de Lira Tavares | Ministro chefe do Gabinete Civil da Presidência da República 1956 | Sucedido por Victor Nunes Leal |