Foram feitas coletas semanais com 10 armadilhas amarelas de água, 5 bacias foram colocadas nos pastos e 5 na mata. Essas armadilhas constavam de bacias amarelas de aproximadamente 30cm de diâmetro e 12 de altura onde era depositada um mistura de 2 litros de água, 2mL de detergente e 2mL de formal. Durante o período de janeiro a dezembro de 1998, coletaram-se 371 exemplares deTrichopria anastrephae em armadilhas amarelas de água. A maioria dos exemplares foram coletados durante o período quente e úmido. Este trabalho apresenta dados referentes a biologia e freqüência mensal deTrichopria anastraphae.
PALAVRAS-CHAVE:
Hymenoptera; Proctotrupoidea; Diapriidae; parasitóide; armadilhas.
Weekly collections were done using 10 yellow water traps, 5 placed at the pastures and 5 in the nearby native vegetation. These traps were made of yellow buckets measuring about 30 cm in diameter, 12cm in high and filled with 2 litres of water, 2mL of detergent and 2 mL of formaldehyde. From january to december 1998, 371 specimes of Trichopria anastrephae were collected in yellow watr traps. Most of the collected exemplares were during warm and humid wather. Data are provided on Biology and monthly frequency of Thichopria anastrephae.
KEY WORDS:
Hymenoptera; Proctotrupoidea; Diapriidae; parasitoid; traps.
Diapriidae é uma das maiores famílias de Hymenoptera Parasitica, pertencente à superfamília Proctotrupoidea (IORIATTI, 1995). É dividida em quatro subfamílias: Ambositrinae, Ismarinae, Belytidae e Dipriinae (GAULD & BOLTON, 1988). A maioria dos hospereiros pertencem às famílias de Cyclorrapha como: Muscidae, Tachinidae, Calliphoridae, Sarcophagidae, Tephiritidae e outros (SILVA, 1991; IORIATII, 1995). Muitos são endoparasitóides que se desenvolvem em pupas de Diptera, dentro dos pupários. A oviposição pode ocorrer na larva ou na pupa do hospedeiro (CROS, 1935;CLAUSEN, 1940;MORGANet al., 1990).
O objetivo desse estudo visa investigar a biologia da espécieTrichopria anastrephae, utilizando-se armadilhas Moericke em áreas de pastagem e mata nativa em Itumbiara, Goiás.
O experimento foi realizado na Fazenda de Agronomia, situada próxima às margens do rio Paranaíba, distante 5 quilômetros do centro de Itumbiara, GO. A fazenda possui um área de aproximadamente 12 alqueires, com um plantel d 45 cabeças de gado bovino leiteiro e é composta por 5 pastos. A mata é constituída por espécies típicas do cerrado (arbustivaarbóres), ocupando um área de 3 alqueires.
Foram realizadas coletas semanais com 10 armadilhas (armadilha de Moeriche), colocadas ao nível do solo e distribuídas ao acaso para amostrar áreas de vegetação nativa próximas às pastagens estudadas. Foi amostrada uma pastagem com aprioximadamente 300m2, situada a 50 metros da mata e constituída deBrachiaria brizantha (Hochst ex. A. Rich) (1919) Poaceae) (5 bacias foram colocadas nos pastos e 5 na mata-cerrado). Essas armadilhas constavam de bacias amarelas de aproximadamente 30cm de diâmetro e 12cm de altura onde se depositou um mistura de 2 litros de água, 2mL de detergente e 2 mL de formol. Os insetos atraídos pela cor amarela da baia foram coletados com uma peneira fina e fixados em álcool a 70% para posterior identificação, realizada com um microscópio esteroscópio, o que se fez de janeiro a dezembro de 1998.
Os exemplares coletados nas armadilhas foram identificados utilizando-se o trabalho deCOSTA LIMA (1940). A preferência dos machos e fêmeas pela pastagem ou pela mata foi verificada através do teste de Qui-quadrado, ao nível de 5% de significância.
As variações termo-pluviométricas em Itumbiara, GO, observadas de janeiro a dezembro de 1998, apresentaram dois períodos: um quente e úmido de outubro a março e outro frio e seco de abril a setembro (Fig., 1).
Durante o ano de 1998 foram coletados 332 espécimens deTrichopria anastrephae Costa Lima (Hymenoptera: Diapriinae): 173 indivíduos na pastagem (51,1%) e 159 na mata (47,95).COSTA LIMA (1940) descreveu pela primeira vez a espécieT. anastrephae, parasitóides de Tephritidae, obtida a partir de pupários deAnastrepha serpentina (Wiedemann) eAnastrepha sp. (Diptera: Tephritidae) encontradas em cajá-manga (Spondias dulcis), obtidos no Distrito Federal (DF).
O número de fêmeas (59,5%) foi maior que o de machos (40,5%) numa proposção de 14,4:1. Em São Carlos, SP,IORIATTI (1995) coletou 70 fêmeas e 95 machos, resultados diferente ao encontrado neste trabalho. As fêmeas apresentaram preferência pelas armadilhas expostas na mata, enquanto os machos, pela pastagem (χ2=1,10; GL=1; P<0,0001).
Trichopria anastrephae apresentou picos populacionais em março e novembro (Fig. 2). De modo geral houve declínio da população deT. anastrephae nos meses de agosto e setembro. Esse declínio deve ter sido determinado não só pela queda da temperatura, mas também pela umidade. SegundoMERRITT & ANDERSON (1977) a baixa umidade, determinada pela grande isolação, a alta temperatura e evaporação devem ser fatores que restringem a colonização de certas espécies de Hymenoptera parasitóides.
A marcante sazonalidade ocorrida com essa espécie, acompanha a periodicidade climática, pois os picos populacionais coincidiram com os períodos quentes e úmidos, exceto no mês de junho.Trichopria anastrephae é uma espécie generalista, muito comum no Brasil, ocorrendo geralmente um único parasitóide por pupário do hospedeiro (IORIATTI, 1995).