Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
jornal Público
Vamos falar um bocadinho do nojo?! Vamos, pois.
Anda toda a gente a cavalgar a onda. Sem informação, sem um pingo de empatia, sem um esgar de humanidade. Só cavalgar. Mas vocês são quem, o D. Quixote? Assim montados são mais a Cicciolina.
Por mim, tudo bem. Façam-no. Aliás, por mim, expulsem-nos a todos. Deixem só ficar os reformados ingleses, holandeses e alemães. Mas daqui a três, quatro, cinco anos, pio calado. Nem um ai sobre falta de mão-de-obra, sobre o colapso da Segurança Social, nem um sus sobre a estagnação total. Calem-se só.
Não há uma frase sobre os direitos e deveres de quem vem para cá fazer vida, trabalhar. Há, sim, o discurso punitivo, o “extraterrestre ilegal”. Eu tenho vergonha desta merda, porque havia gente no bidonville, amontoado, cheios de merda até ao pescoço, foram de cá para lá sem nada, eram empurrados, guetizados, ilegais.
Tornamo-nos nisto quando? Quando é que passamos de “adoramos receber pessoas e queremos uma economia dinâmica, saudável e direitos e deveres para todos nós, em comunhão” para “estes ilegais vão todos para uma prisão e vamos expulsar não sei quantos porque sim”. Não há uma estratégia que tenha dois pilares assentes: os Direitos Humanos/Direito ao Trabalho. É populismo, populismo, populismo. Eu estimava bem que se fodessem todos. Lido com imigrantes todos os dias, conheço casos e casos… irem atrás dos pobres desgraçados? Ide atrás dos proprietários que, sem vergonha, põem 12 num quarto. Ide atrás dos que, nas fronteiras, os empurram por meia dúzia de euros. Ide atrás desses, não dos pobres moços que, esmagadora maioria, vêm trabalhar e fugir da merda.
É o velho playbook. E já tinha sido assim anteriormente: se os extremistas ditam o discurso, os moderados vão, aos poucos, colhendo partes do discurso. No fim, vencem sempre os extremistas. Até o PS já começa a mudar a narrativa… é sofrível, porque são só palavras, não há estratégia, não há visão. E as acções que existem, são do mais medieval que este século nos trouxe.
E há a outra, sempre a outra, nos dias que escorrem. “Os imigrantes vêm para cometer crimes”; “Se há mais imigrantes, há mais crimes”. O aproveitamento. A tentativa de ligação entre uma coisa e outra. Estão aqui pessoas que não são daqui? Estão, como sempre estiveram, mais ou menos milhar. Dentro desses grupos, haverá pessoas que possam vir a cometer crimes? Obviamente. Estamos esquecidos das máfias romenas e ucranianas do início do milénio? Estamos, parece-me. Tal como fora de Portugal estão portugueses que comentem crimes.
Não qualquer ligação entre criminalidade e imigração. Já mostraram os números, já falaram a sério, já foram prostrados ao máximo na tentativa de fazer valer a ciência. E nunca chega, continuam a tentar ligar os dois assuntos… porque isto é como na economia, “o importante é ter crença, se tiveres crença torna-se realidade”. Felizmente, não é assim que a realidade funciona.
Enquanto isso, Portugal tem um problema por resolver gigante, porque o crime com mais relevância por cá, o crime da violência doméstica, vai passando pelos pingos da chuva. E cresce a olhos vistos. Uns números de umas mulheres mortas todos os anos, os alertas e etc e rola a bola. E a violência doméstica sobre homens também, flagelo bem escondido debaixo de qualquer tapete, porque isto de ser homem e admitir-se que se é vítima, capa, pois que capa. A culpa é sempre do árbitro. Mais: multiplicam-se os avisos sobre as infiltrações de grupos extremistas nas forças de segurança e do crescimento desses movimentos na sociedade portuguesa; sobre o primeiro tópico, todos assobiam, fizeram-se umas operações de cosmética e está feito, siga a marcha; quanto ao segundo, o governo decide esconder o que está no RASI, sabe-se lá porquê, ninguém pergunta porquê, o VAR concorda.
Afinal, o primeiro-ministro até é honesto e trabalhador, a Spinumviva é uma empresa como qualquer outra, obviamente; e receber dinheiro da Solverde não é nada estranho, mas foquemo-nos é nas obras lá da casa, que isso é que entretém o luso-trolha, mais uma denunciazita datada lá das casas do líder da oposição, porque o que é relevante é mesmo o betão, o ferro e o tijolo. A política que se foda e a ética resolve-se num campo de golfe. E é para o que estamos. Importamos uns truques lá do circo-mor e vamos rindo e cantando, de eleição em eleição. E na rua? Na rua as pessoas falam sobre o ódio, odeiam com as palavras que lhes ensinaram na TV, mas seguem a vida, naturalmente, convivendo com o imigrante lá do trabalho com relativa empatia, enquanto lá no café repetem que “os imigrantes são todos beneficiados e cometem crimes!”. Deixaria um conselho: não se preocupem tanto com a imigração. Precisamos de quem venha, seja por que motivo, obviamente com regras, porque isto é um Estado; e com solidariedade para com quem foge de atrocidades. Preocupem-se em fazer retornar os emigrantes, principalmente os mais jovens, os que partiram, plot twist, não porque pagavam muitos impostos, mas porque não tinham oportunidades cá e ganhavam mal… e por isso tornaram-se imigrantes também. Seria mais sensato do que o ódio.
Digo e repito: badamerda. Estamos todos nas lonas, o debate está nas lonas e agora ainda temos de levar com os Sérgios Sousas Pintos a dizerem coisinhas comezinhas e irrelevantes para masturbarem o próprio ego, vejam lá… batemos mesmo no fundo.
O monte é negro.
Tristeza.
No fundo? Não, ainda falta, ainda nem estamos a travar, e isto se os nossos amigos não continuarem a enterrar a eurolândia e o ocidente, ou escalar conflitos sem perceber a sua fragilidade. Ainda nem começaram a deixar de vir estudantes, engenheiros, e profissionais de saúde, mas podemos ver como vai correr do outro lado do mar.
O crime de violência doméstica não cresce. Há meia dúzia de anos havia 40 mulheres mortas por ano, atualmente há 25. As mortas não mentem: são menos de ano para ano.
Ainda bem que esclarece este ponto. Realmente as mortas não mentem. E unas míseras 25 mulheres mortas às mãos de, possivelmente, bons pais de família, bons maridos e homens com H grande, não é significativo.
Não escrevi que 25 mulheres mortas por ano seja pouco significativo. O que é claro é que 25 é menos que 40. Portanto, este número sugere que a violência doméstica esteja a diminuir.
A violência doméstica não se mede pelo número de mortes. Penso que o número de denúncias aumenta, até pelo confinamento, mas o número de denúncias também não é o número de crimes.
Que pobre país, tão mal frequentado!
Não sei de que “proprietários” fala o João Maio quando diz que empurram 12 imigrantes para um quarto. Nenhum proprietário obriga nenhum imigrante a viver assim. Os imigrantes é que não conseguem arranjar melhor e mais barata forma de se alojarem do que essa. Mas isso não é culpa de proprietário nenhum.
Tem toda a razão. Aliás, tais proprietários pensam fazer uma exposição ao governo para que sejam criadas condições para que os malandros dos imigrantes – que em vez de arranjarem habitação condigna com o excelente salário que auferem preferem gastar o guito em aifones -, passem a alojar-se em estabelecimentos com ar condicionado e serviço de quartos. O resultado é que não descansam e no dia seguinte não produzem o que deviam na reduzida jornada de 12 horas de trabalho.
A beleza do regime neoliberal é que não há culpados de coisa nenhuma, só ganham com isso, fazem lobby, e enchem os espaço mediático para que continue a rumar para a acumulação de tal bonança.
Contra o populista popularucho:
https://www.publico.pt/2017/09/01/politica/opiniao/em-defesa-de-um-populismo-1783959
Mais choradeira, má-língua e treta!
Antes campos de internamento do que pagar hospedagem em pensões e soltar o pessoal como turistas pagos.
Gaste-se dinheiro em segurança de fronteiras e em consulados e selecção e recrutamento de imigrantes que faça algum sentido.
Viva a versão fantasiosa dos gulags, então.
É sempre projecção.
Veja lá, pode ter uma tatuagem, tshirt, ou post que o homem não goste. Ou simplesmente ter o mesmo nome ou morada parecida. É a vida, siga para o gulag.
“Não há uma frase sobre os direitos e deveres de quem vem para cá fazer vida, trabalhar”, Há uma, base por onde se deve começar, que é legalidade. Entrar legalmente no país, permanecer legalmente no país, cumprir os deveres e usufruir dos direitos como qualquer cidadão. Não é chegar e atropelar tudo e todos em nome dos direitos humanos, que muitas vezes são esquecidos para os que cá nasceram e de nunca cá saíram, mas são largamente usados para justificar ilegalidade e restantes problemas que a entrada desordenada dos imgrantes criam.
E é bom que se tenha o bom senso de ver que não podemos dar aos que vêm o que não temos para nós.
De certeza que quem chega e permanece legalmente e trabalha, não tem mais problemas que qualquer um que cá nasceu e nunca de cá saiu, ou seja, não é discriminado que é o que é correto.
Mas a imensa maioria dos imigrantes estão cá legalmente! Que julga o Luís?
Além da sofreguidão de um estado que se vai desmantelando, assim é, quando os recursos chegam a eles. Mesmo quando devia haver compaixão.
Estranho é que quem não quer que fujam insista nas bombas, golpes de estado, e imperialismo económico. Nos países de origem e nos vizinhos.
Entre os dois passados sábados, estive em Toronto. Efectivamente. No Verão do maldito ano de 2024, de férias no Canadá, também fora a Toronto, mas soubera-me a pouco. Muito pouco. Assim, aproveitei a presença no New Sounds, oh yeah, para me estrear na Queen Books da Queen e também na Type Books e na She […]
Os Aliados encheram para receber as comemorações dos cinquenta e um anos da Revolução.
Viva Abril, viva a Liberdade.
Fotografias: João L. Maio
o Polígrafo continua a achar queAntónio Costa é presidente da Comissão Europeia.
A sério? As pessoas? Talvez. Políticos?Olhe que não.
deve entender-se do ponto de vistametafórico e nãoliteral.
“Confrontos no 25 de Abril: rapaz de 13 anos identificado entre os agressores da extrema-direita.”
mas não foi elequem introduziu oteto.
O que será “um golo de grande *espetacularidade“? Efectivamente,foi um golo espectacular. De grande espectacularidade seria mau. De grande *espetacularidade, então, teria sido péssimo. Felizmente, do ponto de vista estético, foi espectacular.
Então a “rapper do PS”, Eva RapDiva, improvisou sobre a guerra da Ucrânia,pérolas como “Esses gajos que se matem” e “Estou-me a cagar para a Guerra da Ucrânia”?…
Já dizia o Jorge Coelhone do Contra Informação, com ar de tragédia: “Os independentes são muito imprevisíveis…“
Isto vai dar barulho, muitobarulho, imensobarulho. Eiso decreto de Trump ea opinião do excelente (excelentíssimo) Daniel J. Olson.
… anunciada por Luís Montenegro, já deve estar a ser vista por Ventura como uma nova oportunidade para voltar anegociar a entrada do Chega para o Governo. Quiçá, desta vez, com testemunhas.
…Portugal é o país da OCDE em que um cidadão tem maior dificuldade económica em comprar casa, e, ao mesmo tempo, tenha tanto governante no negócio imobiliário.
Alternativa 1: Situo-mepoliticamente entre o passodoblismo e o snobismo (Ary dos Santos).
pergunta Esteves Cardoso. Eu ajudo: “entre Cila e Caríbdis”.
Magnitude do sismo sentido em Lisboa:
– 4,2.
Anos de presidência de Pinto da Costa:
– 42.
Desde1993 que uma vírgula não causava tanta curiosidade.
(*) Título dedicado ao nossoValada.
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