Ela surge em uma variedade pré-clássica chamada desânscrito védico, sendo o idioma doRigveda e dos demaisvedas, surgindo em torno de1500 a.C.;[7] de fato, o sânscrito rigvédico é uma das mais antigaslínguas indo-iranianas registradas.[8] Pesquisadores descobriram mais documentos ancestrais em sânscrito, do que há nas literaturas emlatim egrego antigo somadas.
Sânscrito é o idioma das escrituras clássicas das religiões surgidas no Nepal e na Índia. Assim como as grandes religiões doOcidente surgiram todas perto deJerusalém, noOriente as grandes religiões surgiram todas naÍndia e nos arredores dos rios que têm origem noHimalaia, como oGanges. Consequentemente, todas elas, que são ligadas pelos conceitos dekarma ereencarnação, utilizaram os textos ancestrais como base de suas doutrinas. Karma é uma palavra do sânscrito.
O nome do idiomasaṃskṛtam é o particípio passado passivo neutro do verbo{IAST|sam√kṛ} 'compor, arranjar, preparar', ele mesmo composto do prefixosam- 'com, junto de' e(s)kṛ- 'fazer, criar'. No uso moderno, esse adjetivo verbal passou a significar "culto", "refinado". A linguagem chamada desaṃskṛtā vāk "a língua refinada" tem sempre sido, por definição, um idioma elevado, usado para discurso religioso e instruído, e se opõe às linguagens faladas pelo povo, chamadasprácritas. Também é chamado dedevabhāṣā, 'língua dos deuses'. A mais antiga gramática do sânscrito conhecida é aAṣṭādhyāyī ("[gramática] de oito capítulos") dePāṇini, aproximadamente doséculo V a.C.. É essencialmente uma gramática descritiva, isto é, uma autoridade que descreve (ao invés de prescrever) o sânscrito, já que contém a descrição dos usos linguísticos de diferentes regiões da Índia, e as formas já em desuso, mas que ocorrem no sânscrito védico.
O sânscrito pertence à subfamíliaindo-iraniana da famíliaindo-europeia de línguas. Como tal, é parte do grupoSatem de línguas indo-europeias, que também inclui o troncobalto-eslávico.
Quando o termo surgiu na Índia, "sânscrito" não era considerado uma linguagem específica separada das outras, mas uma maneira particularmente refinada ou aperfeiçoada de se falar. O conhecimento de sânscrito era uma marca declasse social eeducação, e a linguagem era ensinada principalmente para membros de castas mais altas, através de análise profunda dos gramáticos sânscritos comoPāṇini.
O sânscrito, como a linguagem instruída da Índia antiga, assim existiu junto com osprácritos (vernáculos), que se tornariam, eventualmente, as indo-arianas modernas, tal como ohindi, onepali, oassamês, omarata, oconcani, ourdu, obengali etc.
Manuscrito doRigveda escrito no alfabetodevanagari.
Sânscrito, como definido porPāṇini, evoluiu da forma mais antiga, a "védica". Estudiosos geralmente distinguemsânscrito védico e sânscrito clássico ou "paniniano" como dialetos separados, ainda que sejam muito similares. Considera-se que o sânscrito clássico tenha descendido do sânscrito védico. O sânscrito védico é a linguagem dosVedas, uma extensa coleção de hinos, encantamentos e discussões religio-filosóficas que são os textos religiosos mais antigos da Índia e da religiãohindu. Linguistas modernos consideram os hinos doRigvedasaṃhitā os mais antigos, compostos por muitos autores ao longo dos séculos de tradição oral. O fim do período védico é marcado pela composição dasUpanishads, que formam a parte final do corpus védico nas compilações tradicionais. A hipótese atual sustenta que a forma védica do sânscrito sobreviveu até a metade do primeiro milênio AC. Foi por volta dessa época que o sânscrito começou a transição de língua materna para segunda língua, usada para a religião e instrução, marcando o começo do período clássico.[10]
Uma forma significante do sânscrito pós-védico é encontrada no sânscrito dosépicos hindus— oRamayana e oMahabárata. Os desvios da gramática dePāṇini nos épicos são geralmente considerados como sendo causados pela interferência dos prácritos, ou por "inovações",[11] e não por serem pré-paninianos." Estudiosos tradicionais de sânscrito chamam tais desvios deārṣa (आर्ष), ou "dosrishis", o título tradicional dos poetas antigos. Em alguns contextos havia ainda mais "pracritismos" (usos que vêm dos prácritos) que na forma própria do sânscrito clássico. Finalmente, há o "Sânscrito híbrido budista", que é, na verdade, umprácrito ornamentado com elementos sanscritizados. De acordo com Tiwari ([1995] 2004), houve quatro principais dialetos do sânscrito: opaścimottarī (do noroeste, também chamado de setentrional ou ocidental), omadhyadeśī (central, lit., "do meio do país"), opūrvi (oriental) e odakṣiṇī (meridional, surgido no período clássico). Os três primeiros são até mesmo registrados nosBrāhmaṇas védicos, de que o primeiro era considerado o mais puro (Kauṣītaki Brāhmaṇa, 7.6).
A linguagem Sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda estrutura; mais perfeita que oGrego, mais copiosa que oLatim, e mais precisamente refinada que ambas, ainda compartilha com ambos uma forte afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de gramática, que não pode ter sido criada por acidente; é, na verdade, tão forte, que nenhumfilólogo poderia examinar as três sem acreditar que tenham nascido deuma fonte comum, que, talvez, nem exista mais.[12]
A prática de transcrever os caracteres sânscritos para a escrita em alfabeto latino chama-setransliteração. Há várias normas vigentes para a transliteração de outras escritas, como odevanāgarī, para o alfabeto latino.
A transliteração acadêmica, a mais usada na tradução dos textos clássicos para o ocidente, é aIAST (sigla em inglês para "International Alphabet of Sanskrit Transliteration", "alfabeto internacional de transliteração do sânscrito"), que usadiacríticos.
AtranscriçãoITRANS tem sido muito usada nainternet, e é encontrada em vários sites produzidos na Índia, pelo fato de não usarem diacríticos - que não existem na ortografia do inglês, a língua usada em computação. Em lugar deles, dobra-se a letra ou usam-se maiúsculas para indicar a diferença de pronúncia. Isto é possível pelo fato de odevanāgarī não possuir letras maiúsculas.
A transcriçãoHarvard-Kyoto também é muito utilizada. Foi criada pelaUniversidade de Harvard e pela Universidade deKyoto como sistema de transliteração emASCII para o sânscrito e outras línguas que utilizam odevanāgarī. É utilizada predominantemente em e-mails e textos eletrônicos.
A maior influência do sânscrito sentiu-se nas línguas que se desenvolveram a partir do seu vocabulário e base gramatical. O sânscrito é valorizado como repositório de escrituras e a língua das preces hindus, especialmente entre as elites indianas. Comparável ao que é olatim para as línguas europeias e ochinês clássico para as línguas da Ásia Oriental, a influência do sânscrito tem sido grande na maioria das línguas indianas.
Apesar de as preces nas línguas vernáculas serem comuns, os mantras em sânscrito são recitados por milhões de hindus e a maioria das atividades dos templos são conduzidas inteiramente em sânscrito, muitas vezes na forma védica. Nas línguas indianas modernas, enquanto ohindi e ourdu tendem a ser mais fortemente influenciados pelopersa e peloárabe, obengali, oassamês, oconcani e omarata mantêm um vocabulário com uma ampla base no sânscrito. O hino nacional,Jana Gana Mana, é escrito numa forma literária de bengali (conhecido comoshuddha bhasha), sanscritizado de modo a ser reconhecível, mas ainda arcaico para o ouvido moderno.
A música nacional indianaVande Mataram, que foi originalmente um poema composto porBankim Chandra Chattopadhyay tirado do seu livroAnandamath, está igualmente numa forma altamente sanscritizada de bengali. Omalaiala, otélugo e ocanará também combinam uma grande quantidade de vocabulário baseado no sânscrito.
A língua portuguesa também incorporou algumas palavras oriundas do sânscrito, comomarajá (demaha raja, "grande rei),rajá (deraja, "rei"),ioga (deioga),carma (dekarmam),darma,samádi (do termo sânscrito para "êxtase") etc.[13]
O censo indiano de 1991 referiu 49 736 falantes fluentes de sânscrito. Desde os anos 1990, os esforços para reviver o sânscrito falado têm aumentado. Muitas organizações, como a Samskrta Bharati, realizam conferências de sânscrito falado para popularizar a língua. O Departamento Central de Educação Secundária na Índia tornou o sânscrito uma terceira língua (apesar de ser uma opção para a escola adoptá-la ou não, sendo a outra escolha a língua oficial do estado) nas escolas que coordena. Nestas escolas, a aprendizagem do sânscrito é uma opção entre o 5º e o 8º anos. Isto é verdade para a maioria das escolas, incluindo mas não estando limitado às escolas missionárias cristãs, também afiliadas ao Departamento Central de Educação Secundária, especialmente nos estados onde a língua oficial é o hindi. O Sudharma, o único jornal diário em sânscrito, tem sido publicado a partir de Mysore, na Índia, a partir do ano de 1970.
O sânscrito é, além disso, falado como língua materna pela população da aldeia deMattur, noKarnataka. As pessoas de todas ascastas aprendem o sânscrito a partir da infância e conversam usando a língua.
Monier-Williams Dictionary Monier-Williams, dicionário sânscrito-inglês, (e vice-versa) versão por busca de palavra. Usa a transliteração HK (Harvard-Kyoto).
↑Traduzido do inglês:The Sanskrit language, whatever be its antiquity, is of a wonderful structure; more perfect than theGreek, more copious than theLatin, and more exquisitely refined than either, yet bearing to both of them a stronger affinity, both in the roots of verbs and in the forms of grammar, than could possibly have been produced by accident; so strong, indeed, that nophilologer could examine them all three, without believing them to have sprung fromsome common source, which, perhaps, no longer exists.
↑FERREIRA, A. B. H.Novo dicionário da língua portuguesa.2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. 1 830 p.
A Practical Grammar Of The Sanskrit Language Arranged With Reference To The Classical Languages Of Europe For The Use Of English Students -Monier Monier-Williams (1846)[1]
Gramáticas
W. D. Whitney,Sanskrit Grammar: Including both the Classical Language and the Older Dialects
W. D. Whitney,The Roots, Verb-Forms and Primary Derivatives of the Sanskrit Language: (A Supplement to His Sanskrit Grammar)