Asredes sociais virtuais (em inglês,social networking services,SNS), também conhecido comomídia social ou simplesmente comorede social, são estruturas sociais digitais compostas por indivíduos, grupos ou organizações conectados por um ou múltiplos tipos de interdependência, que utilizam plataformas baseadas na internet para interação, compartilhamento de informações e construção de relacionamentos. A evolução dessas redes está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento dainternet e das tecnologias decomunicação digital.[1]
O desenvolvimento das redes sociais virtuais está intrinsecamente ligado à evolução das tecnologias digitais e das infraestruturas de comunicação. Desde as primeiras experiênciasonline, como as realizadas em ambientes de conexão discada e protocolos simples (Telnet,NNTP), o suporte tecnológico tem sido decisivo para permitir interações sociais em rede.
Nos anos 1990, o surgimento daWorld Wide Web, aliado a navegadores gráficos e linguagens comoHTML eJavaScript, viabilizou a criação de plataformas que permitiam a construção de perfis e páginas pessoais, como oGeoCities e oClassmates.com. A transição para conexões de banda larga, nos anos 2000, tornou as redes sociais mais multimídia, com a inclusão de imagens, vídeos e transmissões em tempo real.
A gestão do crescente volume de usuários e interações exigiu o avanço de sistemas de armazenamento e processamento de dados.Bancos de dados relacionais deram lugar a tecnologiasNoSQL, que oferecem maior escalabilidade e agilidade para lidar com grandes quantidades de informações.
A popularização dos dispositivos móveis, em especial com a chegada de sistemas comoAndroid eiOS, redefiniu o acesso às redes sociais virtuais. Recursos comogeolocalização, notificações e câmeras integradas tornaram as plataformas acessíveis em qualquer momento e lugar. Mais recentemente, o uso deinteligência artificial,algoritmos de recomendação ecomputação em nuvem ampliou ainda mais a sofisticação das redes. Essas tecnologias garantem a personalização do conteúdo exibido, a moderação de interações e a operação de plataformas com bilhões de usuários. Assim, a história das redes sociais está diretamente vinculada ao contínuo avanço tecnológico, que tornou possível a comunicação instantânea, em larga escala e por meio de diferentes formatos de mídia.[2][3]
As redes sociais virtuais transformaram radicalmente a forma como nos comunicamos, interagimos e compartilhamos informaçõesonline. Sua história reflete o avanço da tecnologia e a necessidade humana de conexão.
Infográfico que mostra a História das Principais Redes Sociais Virtuais
As origens das redes sociais virtuais podem ser rastreadas até as primeiras formas de comunicação online. Sistemas como os BBS (Bulletin Board Systems), populares nas décadas de 1970 e 1980, permitiam que usuários se conectassem a um servidor central para trocar mensagens e arquivos, formando comunidades online rudimentares[4]. AUsenet, surgida em 1979, estabeleceu um sistema de fóruns de discussão distribuídos globalmente, organizados por tópicos, o que fomentou a interação entre pessoas com interesses em comum formando comunidades digitais antes mesmo daWorld Wide Web. Já na década de 1980, oInternet Relay Chat (IRC) possibilitou a comunicação textual síncrona em canais temáticos, popularizando a comunicação em tempo real através de salas de bate-papo[5].
A transição para o conceito mais próximo das redes sociais virtuais modernas ocorreu na década de 1990, com o surgimento de plataformas que permitiam a criação de perfis pessoais e a explicitação de conexões entre usuários. OGeoCities, lançado em 1994, oferecia espaço para usuários criarem páginas da web agrupadas por temas ("vizinhanças"), promovendo um senso de comunidade.[6] Em 1995, oClassmates.com focou na conexão entre ex-colegas de escola e faculdade, baseando-se em círculos sociais já existentes.[7] No mesmo ano, oThe Globe também surge, oferecendo ferramentas para os usuários publicarem conteúdo pessoal e interagirem. No entanto, é a Six Degrees, de 1997, que é frequentemente citada como a primeira rede social no formato que se popularizaria, permitindo a criação de perfis e a adição de amigos e visualizar as conexões, baseando-se na teoria dosseis graus de separação.[8] Também neste ano, oICQ populariza as mensagens instantâneas. No ano 2000, oFotolog ganha popularidade. Embora não seja uma rede social no sentido estrito, era focada no compartilhamento de fotos e interação através de comentários, prenunciando o apelo visual de plataformas futuras.
O início dos anos 2000 marcou uma fase de rápida expansão e diversificação das redes sociais virtuais. Plataformas comoFriendster (2002) eMySpace (2003) ganharam grande popularidade, especialmente nos Estados Unidos e Ásia, oferecendo ferramentas para personalização de perfil e interação social. O MySpace permitia a personalização intensa de perfis e se tornando um espaço importante para músicos e artistas divulgarem seus trabalhos. Em 2004, o lançamento doOrkut, deOrkut Büyükkökten, que se tornaria extremamente popular noBrasil e naÍndia, conhecido por suas comunidades. No mesmo ano,Mark Zuckerberg lança oFacebook, inicialmente restrito a estudantes deHarvard e que viria a se tornar a maior rede social do mundo. OFlickr (2004) se estabeleceu como uma plataforma importante para compartilhamento e organização de fotos. No mesmo ano, oLinkedIn é lançado, focado em conexões profissionais. É o carro-chefe da categoria rede social virtual para perfil de trabalho. É muito popular entreHeadHunters e Analistas de RH que utilizam a Internet para busca e prospecção de candidatos a estágio e/ou emprego.[7]
A evolução continuou com a introdução de novos formatos e focos. OYouTube (2005) revolucionou o compartilhamento de vídeos, adicionando uma camada social através de comentários, inscrições e compartilhamento. OTwitter, atual X (2006) surge como uma plataforma demicroblogging, focada em mensagens curtas e rápidas, introduzindo o conceito dehashtags etrending topics.[7]
A década de 2010 foi marcada pela consolidação damobile-first e pela ascensão de plataformas com forte apelo visual e focadas na mobilidade: OInstagram, lançado em outubro de 2010, inicialmente para iOS, com foco total no compartilhamento de fotos e, posteriormente, vídeos curtos, introduzindo filtros e ferramentas de edição simples. Rapidamente ganha enorme popularidade, impulsionado pelo crescimento dossmartphones. OSnapchat, surgido em julho de 2011, inovou com o conceito de mensagens e conteúdos efêmeros, além de introduzir filtros e lentes de realidade aumentada.[7]
Paralelamente, plataformas com foco em mensagens ganharam novos recursos sociais, evoluindo para "super aplicativos" em algumas regiões. Entre as plataformas de mensagens que evoluíram para integrar funções sociais e comunitárias destacam-se oWhatsApp e oTelegram, lançados respectivamente em 2009 e 2013. O WhatsApp foi criado porJan Koum eBrian Acton[9] e posteriormente adquirido pelo Facebook Inc. (atualMeta Platforms) em 2014. Já o Telegram foi desenvolvido pelos irmãosNikolai Durov ePavel Durov[10] , fundadores da rede social russaVKontakte.[11] Embora ambos tenham surgido com o objetivo principal de facilitar a troca de mensagens instantâneas, suas trajetórias revelam diferenças marcantes. O WhatsApp tornou-se amplamente difundido globalmente como ferramenta de comunicação pessoal e profissional, caracterizando-se pela interface simples, foco em privacidade com criptografia de ponta a ponta e integração com contatos telefônicos. Por sua vez, o Telegram se destacou ao oferecer recursos avançados, como canais públicos, grupos com capacidade para milhares de membros,bots e suporte a múltiplos dispositivos, priorizando flexibilidade e funcionalidades para comunidades e usuários avançados.[12] É conhecida por sua resistência à controles governamentais.[13] Ambas as plataformas, no entanto, ampliaram seu escopo inicial e incorporaram gradualmente características sociais, como listas de transmissão, reações, enquetes e espaços para compartilhamento multimídia, configurando-se como exemplos emblemáticos da transformação de aplicativos de mensagens em "super aplicativos" e espaços de socialização online.[14][15][16][17]
Distribuição de usuários entre redes sociais virtuais, 2024. Estimativas baseadas em dados disponíveis até 2024. Fonte dos dados estatísticos: Digital 2024 Global Overview Report (We Are Social, Meltwater, Kepios)
OWeChat (微信) (2011) desenvolvido pela empresa tecnológica chinesa Tencent, domina o cenário digital na China. Embora tenha começado como um serviço de mensagens instantâneas similar ao WhatsApp, o WeChat evoluiu rapidamente para integrar uma vasta gama de funcionalidades que abrangem diversos aspectos da vida digital dos usuários, como mensagens e chamadas, momentos, que é parecido a um feed de notícias ou mural, onde os usuários podem compartilhar fotos, vídeos e atualizações de status com seus contatos, WeChat Pay, um sistema de pagamento móvel extremamente popular na China, mini programas, que são pequenos aplicativos que rodam dentro do próprio WeChat que vão desde jogos e notícias até serviços de transporte, delivery de comida, compras e muito mais, contas oficiais, que permite que empresas, mídias e figuras públicas criem perfis para interagir com seguidores, publicar conteúdo e oferecer serviços. Inclui recursos como compartilhamento de localização, busca por pessoas próximas ("Agitar" e "Olhar ao Redor"), e integração com diversos outros serviços. Tornou-se indispensável na vida digital chinesa.
Mais recentemente, o formato de vídeo curto ganhou proeminência global com o Douyin (抖音), desenvolvido pela ByteDance e lançado na China em setembro de 2016, com uma versão internacional, oTikTok. Essas plataformas utilizam algoritmos avançados para personalizarfeeds de conteúdo, impactando significativamente o consumo de mídia e a cultura digital. O Douyin opera independentemente e possui recursos e conteúdo adaptados especificamente para o mercado chinês, incluindo funcionalidades de e-commerce mais integradas e diferentes tipos de interação em transmissões ao vivo. O TikTok (Musical.ly renomeado) tornou-se um fenômeno global, especialmente entre o público mais jovem.[7]
As redes sociais continuam a evoluir, com a integração de novas tecnologias como realidade aumentada, inteligência artificial e funcionalidades voltadas para comércio eletrônico, além da contínua adaptação às mudanças nos hábitos de consumo de conteúdo e interação social na era digital, refletindo a diversidade de interesses (nichos).[18]
Camboriú - SC,(02/05/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro (2019-2022) durante transmissão de Live para redes sociais.
As redes sociais virtuais têm desempenhado um papel significativo na esfera política brasileira, influenciando a comunicação entre representantes e representados, a mobilização social e a formação da opinião pública. Pesquisadores brasileiros têm explorado diversas facetas dessa interação, destacando tanto as oportunidades quanto os desafios que essas plataformas apresentam para a democracia.[19]
Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, Jakson Alves de Aquino e Edna Miola analisaram o uso do Twitter por parlamentares brasileiros durante a Legislatura 2011–2015. O estudo revelou que a adoção da plataforma está associada a fatores como idade, escolaridade e experiência política dos deputados, indicando que as redes sociais são utilizadas como ferramentas estratégicas de comunicação política.[20][21][22] Já Rafael Cardoso Sampaio destaca que, embora as redes sociais ofereçam oportunidades para a participação política, elas também apresentam desafios, como a disseminação de desinformação e a polarização do debate público. Em seus estudos, Sampaio enfatiza a necessidade de políticas públicas que promovam a educação digital e a regulação das plataformas para fortalecer a democracia.[23] André Marenco, em sua obra "Os Eleitos: Representação e Carreiras Políticas em Democracias", discute como as redes sociais impactam as trajetórias políticas e a representação democrática, ressaltando a importância de compreender as dinâmicas digitais na formação de lideranças políticas.[24]
Com a popularização das redes sociais virtuais e a crescente utilização de dispositivos móveis como tablets e smartphones, consumidores passaram a manter contato constante com marcas e empresas. Esse cenário transformou profundamente a forma como omarketing é concebido e praticado, desafiando estratégias tradicionais e impondo novas dinâmicas de interação e comunicação.
A revolução tecnológica tornou técnicas demarketing convencionais menos eficazes e mais dispendiosas. A segmentação do marketing tradicional mostrou-se limitada e a mensuração de resultados, pouco ágil. Em contraste, omarketing digital e, em especial, omarketing nas redes sociais virtuais, passou a permitir segmentação mais refinada e avaliação em tempo real dos impactos e resultados das campanhas.
As marcas perderam o controle absoluto sobre sua comunicação e sobre a forma como são percebidas. Nas redes sociais virtuais, consumidores se tornaram protagonistas ativos no processo comunicativo. Para manter sua relevância e alcançar seu público-alvo, as marcas passaram a produzir conteúdos mais relevantes, pertinentes e alinhados às necessidades e desejos dos usuários, além de novos valores culturais comosustentabilidade social,ambiental e organizacional. Essa transformação está diretamente associada ao conceito deearned media ("mídia conquistada"), no qual a visibilidade decorre do engajamento orgânico e não apenas de estratégias pagas.[25]
As redes sociais virtuais passaram a representar uma nova forma de exploração das relações entre empresas e consumidores. Diferentemente de outros meios, omarketing realizado nesses ambientes é mais pessoal e interativo. No entanto, exige competências específicas para sua gestão, como o conhecimento sobre comunidades virtuais, conexões e dinâmicas próprias desses ambientes digitais.
Omarketing e a comunicação passaram a ocorrer por meio de múltiplos canais e por vias bidirecionais, com marcas e consumidores estabelecendo diálogos constantes. As redes sociais online se tornaram, assim, plataformas estratégicas para interação e fidelização de clientes. Funcionando de forma contínua — 24 horas por dia, 365 dias por ano —, elas possibilitam que empresas e usuários permaneçam permanentemente conectados e informados sobre produtos e opiniões.
Exemplos práticos dessa interação são evidentes em processos como o lançamento de produtos.[26] Marcas podem utilizar enquetes e pesquisas rápidas entre seus seguidores para obter opiniões sobre novos itens, ajustando suas ofertas conforme as reações e preferências indicadas. Esse tipo de sondagem, viabilizado pelas redes sociais virtuais, representa um modelo de estudo de mercado ágil e de baixo custo.
Além das funções de comunicação e pesquisa de mercado, as redes sociais virtuais consolidaram-se como plataformas de vendas[27]. Ferramentas como oMarketplace doFacebook e a loja doInstagram permitem que empresas comercializem diretamente seus produtos. Este movimento ampliou o papel das redes sociais virtuais no ambiente comercial.[28]
Em 2023, o estudo NuvemCommerce 2024, realizado pelaNuvemshop, indicou que 59,5% das pequenas e médias empresas virtuais utilizaram oInstagram como principal meio de criação de conteúdo digital e divulgação de suas lojas virtuais[29]. Na sequência, aparecem oWhatsApp (39%), oFacebook (38%) e oTikTok (22%). Esses dados ilustram a importância crescente das redes sociais virtuais como canais estratégicos para a promoção, comercialização e manutenção do relacionamento com clientes em um ambiente digital cada vez mais dinâmico e competitivo.
↑PESSOA, Camila de Paula. A desinformação nas redes sociais e seus impactos na democracia brasileira.Revista de Sociologia e Política, v. 26, n. 68, p. 45–60, 2018.
↑MARQUES, Francisco Paulo Jamil Almeida; AQUINO, Jakson Alves de; MIOLA, Edna. Parlamentares, representação política e redes sociais digitais: perfis de uso do Twitter na Câmara dos Deputados.Opinião Pública, v. 20, n. 2, p. 178–203, 2014. Disponível em:https://www.scielo.br/j/op/a/FwKK5gtccVg97DBbDZJXnYH/abstract/?lang=pt. Acesso em: 3 maio 2025.
↑SAMPAIO, Rafael Cardoso. Democracia Digital no Brasil: mapeamento e análises de artigos publicados em periódicos entre 1999–2018.ResearchGate, 2020. Disponível em:https://www.researchgate.net/publication/340582096. Acesso em: 3 maio 2025.
↑MARENCO, André.Os Eleitos: Representação e Carreiras Políticas em Democracias. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013.
↑Santos, Amanda de Jesus; et al. (2023). «A Influência do Marketing Digital nas Mídias Sociais».Revista Gestão Contemporânea.13 (1): 108-128|acessodata= requer|url= (ajuda) !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑Almeida, Janaysa Souza de (2020). «A Influência do Marketing Digital das Redes Sociais na Decisão de Compra dos Consumidores de Moda Guarabirenses». Instituto Federal da Paraíb|acessodata= requer|url= (ajuda)