Menino do Lapedo, ouCriança do Lapedo, é a denominação dada aoesqueleto de uma criança com cerca de 4 anos de idade, datado de cerca de 24 500 anos, encontrado, em1998, no Abrigo do Lagar Velho doVale do Lapedo, na região deLeiria.[1][2][3]
O esqueleto da Criança do Lapedo foi descoberto, em 28 de novembro de 1998, no decurso de uma expedição ao Abrigo do Lagar Velho, para estudar algumaspinturas rupestres descobertas anteriormente.[4]
A reconstituição da época demonstra que o lugar do enterramento correspondia a um cone de acumulação desedimentos, rodeado pela ribeira do Sirol e uma possívelexsurgência na paredecalcária. Para enterrar a criança, tinha sido escavada uma pequena fossa e queimado um ramo de pinheiro. A criança foi embrulhada numamortalha tingida comocre vermelho (daí a tonalidade vermelha do solo na sepultura) e estendida na fossa, de costas e ligeiramente inclinada para a parede do abrigo. Junto ao pescoço foi ainda recolhida uma concha tingida a ocre, que deveria fazer parte de um colar, e quatro dentes deveado na cabeça, que poderiam fazer parte de uma espécie detouca. A criança foi ainda enterrada com oferendas de carne de veado.
Oesqueleto mede cerca de 90 centímetros e não estava totalmente intacto: a mão, o antebraço e o pé esquerdos tinham sido deslocados, ou por um animal a escavar na toca, ou no ato da descoberta; o crânio, o ombro e o braço direitos foram esmagados durante o processo deterraplenagem do local. Acaixa torácica, acoluna vertebral, acintura pélvica, as pernas, o braço esquerdo e o pé direito estavam intactos e na posição original.[1][2]
A relevância deste esqueleto, com cerca de 24 500 anos, dá-se pelo facto de o fóssil ser de uma criança que teria nascido do cruzamento de umHomo neanderthalensis e umHomo sapiens, o que revela que espécies diferentes dehumanos poderiam ter-se cruzado entre si e gerar descendentes. Com a Criança do Lapedo pode-se sugerir que os Neandertais desapareceram, não por extinção, mas sim por interação entre eles e os cro-magnons e uma absorção do mesmo.
Hoje ainda continuam as investigações arqueológicas e antropológicas ao esqueleto, bem como as discussões da sua origem: se de facto resultou da mistura das duas espécies, ou se na verdade pertence a uma delas.
É proposta a tese de que oHomo sapiens ao deslocar-se da África à Europa peloEstreito de Gibraltar tenha provocado a extinção doHomo neanderthalensis ao se propagarem a partir daPenínsula Ibérica. Ainda que tal esqueleto reforce a teoria de que essas duas espécies de hominídeos tenham-se cruzado entre si, gerando descendentes, há divergências na datação da extinção dos Neandertais, cujos vestígios mais recentes datam de cerca de 28 mil anos, enquanto o da criança possui cerca de 24,5 mil anos. Dessa forma, as fontes arqueológicas não evidenciam concretamente nenhuma explicação plausível, gerando polémicas oriundas das discrepâncias relacionadas às visões dos pesquisadores.[1][2][5]
O esqueleto da Criança do Lapedo e os artefatos arqueológicos associados estão em depósito noMuseu Nacional de Arqueologia.
No Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho é possível ver uma réplica do esqueleto, bem como uma reconstrução do rosto do menino feita pelo antropólogo norte-americano Brian Pierson.[6]
O esqueleto foi classificado em 2021 como bem de interesse nacional, sendo-lhe atribuída a designação de tesouro nacional.[3]
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