Nocontexto islâmico, Jesus (transliterado como Issa) é considerado um dos mais importantesprofetas deDeus e o Messias.[22] Para os muçulmanos, Jesus foi aquele que trouxe as escrituras e é filho de uma virgem, mas não é divino, nem foi vítima de crucificação. Ojudaísmo rejeita a crença de que Jesus seja o Messias aguardado, argumentando que não corresponde às profecias messiânicas doTanaque.
Umjudeu contemporâneo de Jesus possuía um único nome, por vezes complementado com o nome do pai ou cidade de origem.[23] Ao longo doNovo Testamento, Jesus é denominado "Jesus de Nazaré" (Mateus 26:71), "Filho de José" (Lucas 4:22) ou "Jesus, filho de José de Nazaré" (João 1:45). No entanto, emMarcos 6:3, em vez de ser chamado "filho de José", é referido como "o filho de Maria e irmão deTiago, deJosé, deJudas e deSimão". O nome "Jesus", comum em várias línguas modernas, deriva do latim "Iesus", umatransliteração dogregoἸησοῦς (Iesous).[24] A forma grega é uma tradução doaramaicoישוע (Yeshua), o qual deriva dohebraicoיהושע (Yehoshua).[25][26] Aparentemente, o nomeYeshua foi usado na Judeia na época do nascimento de Jesus.[27] Os textos do historiadorFlávio Josefo, escritos durante oséculo I emgrego helenístico, a mesma língua do Novo Testamento,[28] referem pelo menos vinte pessoas diferentes com o nome Jesus (i.e.Ἰησοῦς).[29] A etimologia do nome de Jesus no contexto do Novo Testamento é geralmente indicada como "Javé é a salvação".[30]
Desde os primórdios do cristianismo os cristãos se referem a Jesus como "Jesus Cristo".[31] A palavraCristo tem origem no gregoΧριστός (Christos),[24][32] o qual é uma tradução do hebraico מָשִׁיחַ (Masiah), e que significa "o ungido" e é geralmente traduzido comoMessias.[33][34] Jesus é denominado pelos cristãos de "Cristo", uma vez que acreditam que ele é o Messias esperado, profetizado naBíblia Hebraica. Embora originalmente se tratasse de um título, ao longo dos séculos o termo "Cristo" foi sendo associado a um apelido — parte de "Jesus Cristo".[35][36] O termo "cristão", que significa "aquele que professa a religião de Cristo", tem sido usado desde oséculo I.[37][38]
A maior parte dos académicos concorda que Jesus foi um judeu daGalileia, nascido por volta do início do primeiro século,[nota 1] e que morreu entre os anos 30 e36 d.C.[nota 2] naJudeia.[39][40] O consenso académico é que Jesus foi contemporâneo deJoão Batista e foi crucificado por ordem do governador romanoPôncio Pilatos, que governou entre 26 e36 d.C..[19] Grande parte dos académicos sustentam que Jesus viveu na Galileia e na Judeia e que não pregou ou estudou em qualquer outro local.[41]
Os evangelhos oferecem diversas pistas no que diz respeito ao ano de nascimento de Jesus.Mateus 2:1 associa o nascimento de Jesus ao reinado deHerodes, o Grande, que morreu cerca de4 a.C., enquanto queLucas 1:5 menciona que Herodes reinava pouco antes do nascimento de Jesus,[42][43] embora este evangelho também associe o nascimento com ocenso de Quirino, que decorreu dez anos mais tarde.[44][45]Lucas 3:23 declara que Jesus tinha cerca de trinta anos de idade no início do seu ministério; ministério esse que, de acordo comAtos 10:37, foi precedido pelo ministério de João, queLucas 3:1 afirma ter começado no 15º ano do reinado deTibério (28 ou29 d.C.).[43][46] Ao comparar os relatos do evangelho com dados históricos e usando vários outros métodos, a maior parte dos académicos determina a data de nascimento de Jesus entre 6 e4 a.C..[46][47]
Os anos do ministério de Jesus foram estimados usando diversas abordagens diferentes.[48][49] Uma delas aplica as referências emLucas 3:1,Atos 10:37 e as datas do reinado de Tibério, que são conhecidas com precisão, para determinar a data de início em28-29 d.C..[50] Outra abordagem usa a declaração emJoão 2:13-20, que afirma que no início do ministério de Jesus oTemplo de Jerusalém se encontrava no seu 46º ano de construção; sabendo que a reconstrução do templo foi iniciada por Herodes no 18º ano do seu reino, estima-se que a data seja27-29 d.C..[48][51] Outro método usa a data damorte de João Batista e o casamento deHerodes Antipas comHerodíade, com base no testemunho deJosefo, relacionando-os comMateus 14:4 eMarcos 6:18.[52][53] Dado que a maior parte dos investigadores data o casamento em28-35 d.C., isto determina a data do ministério entre 28 e29 d.C..[49]
Têm sido usadas várias abordagens diferentes para estimar o ano dacrucificação de Jesus. A maior parte dos académicos concorda que ele morreu entre os anos 30 e33 d.C..[6][54] Os evangelhos declaram que o evento ocorreu durante o governo de Pilatos, que governou a Judeia entre 26 e36 d.C.[55][56][57] A data para aconversão de Paulo (estimada entre 33 e36 d.C.) é o limite superior para a data de crucificação. As datas da conversão de Paulo e do ministério podem ser determinadas através da análise das epístolas de Paulo e do Livro dos Atos.[58][59] DesdeIsaac Newton que os astrónomos tentam estimar a data precisa da crucificação através da análise do movimento lunar e do cálculo das datas históricas doPessach, um festival com base nocalendário hebraicolunissolar. As datas mais aceites a partir deste método são 7 de abril de30 d.C. e 3 de abril de33 d.C. (ambasjulianas).[60]
Os evangelhos canónicos são constituídos por quatro narrativas, cada uma escrita por um autor diferente. O primeiro a ser escrito foi o Evangelho segundo Marcos (entre 60 e75 d.C.), seguido pelo de Mateus (65-85 d.C.), o de Lucas (65-95 d.C.) e o de João (75-100 d.C.).[69] Eles muitas vezes diferem em termos de conteúdo e cronologia dos eventos.[70]
Três deles, Mateus, Marcos e Lucas, são conhecidos comoevangelhos sinópticos, a partir do gregoσύν (syn "junto") eὄψις (opsis "óptica").[71][72][73] São semelhantes em conteúdo, composição da narrativa, linguagem e estrutura dos parágrafos.[71][72] Os académicos geralmente concordam que é impossível encontrar qualquer relação direta entre osevangelhos sinópticos e o Evangelho segundo João.[74] Enquanto que a sequência de alguns eventos da vida de Jesus, como obatismo,transfiguração, crucificação e interação com os apóstolos, são partilhados por todos os evangelhos sinópticos, alguns eventos, como a transfiguração, não aparecem no Evangelho de João, que também difere noutros temas, como aLimpeza do Templo.[75]
A maior parte dos académicos concorda que os autores de Mateus e Lucasusaram Marcos como fonte ao escrever os seus evangelhos. Mateus e Lucas partilham também outro conteúdo que não se encontra em Marcos. Para explicar esta situação, muitos académicos acreditam que para além de Marcos, os dois autores recorreram a outra fonte — denominadaFonte Q.[76]
De acordo com o ponto de vista da maioria, os evangelhos sinópticos são as fontes primárias de informação histórica sobre Jesus. (Sanders 1993, p. 73) No entanto, nem tudo o que está nos evangelhos é considerado verídico em termos históricos. (Sanders 1993, p. 3) Entre os elementos cuja autenticidade histórica é posta em causa estão anatividade, aressurreição, aascensão, alguns dosmilagres e oJulgamento no Sinédrio.[77][78][79] Os pontos de vista nos evangelhos variam entre descriçõesinerrantes da vida de Jesus[80] a descrições que não dão qualquer informação histórica da sua vida.[81]
No geral, os autores do Novo Testamento mostraram pouco interesse numa cronologia absoluta da vida de Jesus ou em sincronizar os episódios da sua vida com a história secular do seu tempo.[82] Tal como evidenciado emJoão 21:25, os evangelhos não pretendem fornecer uma lista exaustiva dos eventos na vida de Jesus.[83] As narrativas foram escritas fundamentalmente como documentos teológicos no contexto docristianismo primitivo, sendo as cronologias considerações secundárias.[84] Uma das principais manifestações de que os evangelhos são documentos teológicos e não crónicas históricas é o facto de dedicarem mais de um terço do texto a apenas sete dias, nomeadamente à última semana de Jesus em Jerusalém, conhecida comoPaixão.[85] Embora os evangelhos não forneçam detalhes suficientes para satisfazer a exigência de historiadores contemporâneos no que diz respeito a datas precisas, é possível obter deles uma visão genérica da história de vida de Jesus.[86][82][84]
Os evangelhos incluem diversos discursos de Jesus em ocasiões específicas, como oSermão da Montanha e oDiscurso de adeus. Também incluem mais de trintaparábolas ao longo da narrativa, muitas vezes sobre temas relacionados com os sermões.[87] Os milagres realizados por Jesus ocupam grande parte dos evangelhos. Em Marcos, 31% do texto é dedicado aos seus milagres.[88] As descrições dos milagres são muitas vezes acompanhadas por registos dos seus ensinamentos.[89][90]
Jesus nos Evangelhos Sinópticos
Jesus no Evangelho de João
Começa com o batismo ou com o nascimento virginal de Jesus.[91]
Começa com acriação, sem a história do nascimento de Jesus.[91]
O batismo de Jesus por João Batista é mencionado.[91]
O batismo de Jesus é pressuposto, mas não é mencionado.[91]
Jesus ensina principalmente em parábolas e aforismos.[91]
Jesus ensina principalmente em discursos longos e envolventes.[91]
Jesus é bastante mencionado falando em nome dos pobres e dos oprimidos.[91]
Não menciona muito Jesus falando em nome dos pobres e dos oprimidos.[91]
As narrativas da genealogia e da natividade de Jesus no Novo Testamento só aparecem nos evangelhos de Lucas e Mateus, sendo estas as principais fontes de informação sobre o tema. Fora do Novo Testamento, existem documentos mais ou menos contemporâneos de Jesus e dos evangelhos, mas poucos são os que esclarecem detalhes biográficos da sua vida.[86] Mateus começa o seu evangelho com a genealogia de Jesus (Mateus 1:1), antes de narrar o seu nascimento. Identifica a ascendência de Jesus atéAbraão através deDavid.Lucas 3:22 discute a genealogia depois de descrever o batismo de Jesus, no qual uma voz celestial se dirige a Jesus e o identifica como o Filho de Deus.Mateus 3:23 determina a ascendência de Jesus desde "José, filho de Eli", até "Adão, filho de Deus".[94]
A natividade é um elemento proeminente no Evangelho de Lucas, correspondente a 10% do texto e três vezes mais longo do que o texto da Natividade de Mateus.[95] A narração de Lucas dá ênfase a acontecimentos anteriores ao nascimento de Jesus e foca-se emMaria, enquanto que Mateus narra acontecimentos posteriores ao nascimento e se foca emJosé.[96][97][98] Ambos os textos afirmam que Jesus é filho de José e da sua noiva Maria e que nasceu emBelém, e ambos apoiam a doutrina donascimento virginal de Jesus, segundo a qual Jesus foi concebido de forma milagrosa peloEspírito Santo no ventre de Maria enquanto ainda era virgem.[99][100][101]
EmLucas 1:31, o arcanjoGabriel diz a Maria que ela irá conceber e carregar uma criança chamada Jesus por obra do Espírito Santo.[97][99] Estando noivo de Maria, José fica preocupado com a sua gravidez (Mateus 1:19-20), mas no primeiro dos seustrês sonhos, um anjo assegura-lhe que não tenha medo de casar com Maria, uma vez que a criança foi concebida pelo Espírito Santo.[102] Quando se aproxima o momento do parto, Maria e José viajam deNazaré até à casa de José em Belém para se registarem no censo ordenado pelo imperador romano. É aí que Maria dá à luz Jesus. Uma vez que não encontraram vaga na estalagem, o recém-nascido é colocado numa manjedoura (Lucas 2:1-7). Um anjoanuncia o nascimento a alguns pastores, que se deslocam a Belém para ver Jesus e posteriormente divulgar a notícia (Lucas 2:8-20). Depois deapresentarem Jesus no Templo, a família regressa a Nazaré.[97][99] EmMateus 1:1-12,três reismagos do Oriente levam ofertas ao recém-nascido como oRei dos Judeus. Herodes toma conhecimento do nascimento de Jesus e, pretendendo vê-lo morto,ordena a execução de todas as crianças do sexo masculino de Belém. No entanto, um anjo avisa José no seu segundo sonho, o que leva a família afugir para o Egito, de onde mais tarde regressaria para se fixar em Nazaré.[102][103][104]
Os evangelhos de Lucas e Mateus situam a casa de infância de Jesus na cidade de Nazaré na Galileia. José, o marido de Maria, está presente na descrição dos episódios da infância de Jesus, embora posteriormente não lhe seja feita qualquer referência.[105] Os livros do Novo Testamento de Mateus e Marcos e aepístola aos Gálatas mencionam osirmãos e irmãs de Jesus. No entanto, a palavra grega "adelfos" nestes versos pode também ser traduzida por "parente", em vez do mais comum "irmão".[106] A contradição manifesta entre a existência de irmãos e a doutrina davirgindade perpétua de Maria levou a que alguns dos primeiros teólogos tivessem argumentado que se tratavam de filhos de José, fruto de um casamento anterior, ou que o texto se referia a primos, e não a irmãos. Estas interpretações encontram-se hoje em dia refutadas entre o meio académico contemporâneo.[107][108]
Originalmente escrito emgrego helenístico, o Evangelho de Marcos refere emMarcos 6:3 que Jesus era umτέκτων (tekton), enquanto queMateus 13:55 refere que ele próprio era filho de umtekton.[109] Embora tradicionalmentetekton seja traduzido por "carpinteiro",tekton é um termo bastante genérico, da mesma raiz que está na origem de "técnico" e "tecnologia", e que pode ser aplicado a construtores de objetos nos mais diversos materiais e até mesmo a construtores.[110][111] Para além das narrações do Novo Testamento, a associação de Jesus à carpintaria é constante em tradições dos séculos I e II.Justino (m. c.165 d.C.) escreveu que Jesus fabricava arados e gadanhos.[112]
Todas as narrativas do batismo de Jesus nos evangelhos são antecedidas por informações sobre o ministério de João Batista.[114][115][116] Em todas, João é retratado a pregar a penitência e arrependimento para remissão dos pecados e a encorajar a oferta deesmolas aos pobres (Lucas 3:11) enquanto batiza os crentes norio Jordão, nas proximidades dePereia, por volta da época em que Jesus inicia o seu ministério. O Evangelho de João (João 1:28) refere inicialmente "Betânia" e posteriormente (João 3:23) na margem oposta.[117][118]
Nos evangelhos, refere-se que João tinha vindo a anunciar (Lucas 3:16) a chegada de alguém mais poderoso que ele,[119][120] o que também é referido porPaulo de Tarso (Atos 19:4).[64] EmMateus 3:14, durante o encontro com Jesus, João afirma "Eu preciso de ser batizado por ti", embora seja persuadido por Jesus a ser ele a batizá-lo.[121] Depois de o fazer e de Jesus emergir das águas, o céu abre-se e ouve-se uma voz celestial: "Este é o meu Filho amado, de quem me agrado" (Mateus 3:17). O Espírito Santo desce então até Jesus na forma de uma pomba.[119][120][121] Este é um de dois eventos descritos nos evangelhos nos quais uma voz celestial chama a Jesus "Filho", sendo a outra a Transfiguração.[122][123]
Após o batismo, os evangelhos sinópticos descrevem a Tentação de Cristo, na qual Jesus resiste a tentações doDiabo enquanto jejua por quarenta dias e noites nodeserto da Judeia.[124][125] O batismo e tentação de Jesus servem de preparação para o seu ministério público.[126] O Evangelho de João não menciona nenhum dos eventos, embora inclua um testemunho de João no qual ele vê o Espírito a descer sobre Jesus (João 1:32).[120][127]
Os evangelhos apresentam o ministério de João Batista enquanto precursor do ministério de Jesus. Iniciado com o seu batismo, Jesus dá início ao seu ministério nas áreas rurais da Judeia, perto do rio Jordão, com cerca de trinta anos de idade (Lucas 3:23). Jesus viaja, prega e realiza milagres, completando o ministério durante aÚltima Ceia com os seus discípulos em Jerusalém.[116]
No início do ministério, Jesusdesigna doze apóstolos. Em Mateus e Marcos, apesar de Jesus ser breve no pedido, descreve-se que os primeiros quatro apóstolos, que eram pescadores, imediatamente consentiram e abandonaram as suas redes e embarcações (Mateus 4:18-22,Marcos 1:16-20). Em João, os primeiros dois apóstolos de Jesus são descritos como tendo sido discípulos de João Batista. Ao ver Jesus, João denomina-oCordeiro de Deus. Ao ouvir isto, os dois apóstolos seguem Jesus.[128][129] Para além dos Doze Apóstolos, o início da passagem doSermão da Planície identifica como discípulos um grupo muito maior de pessoas (Lucas 6:17). Ainda emLucas 10:1-16, Jesus enviasetenta ou setenta e dois discípulos em pares para preparar cidades para a sua visita. São-lhes dadas instruções para aceitar hospitalidade, curar os doentes e espalhar a palavra de que se aproxima o Reino de Deus.[130]
Os ensinamentos de Jesus são muitas vezes analisados em termos depalavras eobras.[89][140] Aspalavras incluem uma série de sermões, assim como parábolas que aparecem ao longo de toda a narrativa dos evangelhos sinópticos (o Evangelho de João não inclui parábolas). Asobras contemplam os milagres e outras ações realizadas durante o ministério de Jesus.[89] Embora os evangelhos canónicos sejam a principal fonte dos ensinamentos de Jesus, as epístolas paulinas oferecem alguns dos primeiros registos escritos.[61]
O Evangelho de João apresenta os ensinamentos de Jesus não apenas enquanto sermões, mas também como revelação divina. João Batista, por exemplo, afirma emJoão 3:34: "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida." EmJoão 7:16 Jesus afirma: "A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou", o que confirma emJoão 14:10: "Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras".[141]
O Reino de Deus é um dos elementos chave dos ensinamentos de Jesus no Novo Testamento.[142] Jesus promete a inclusão no reino de todos aqueles que aceitarem a sua mensagem. Chama as pessoas a renegar os seus pecados e a dedicarem-se completamente a Deus.[23] Jesus pede aos seus seguidores que nãodescartem a Lei, embora haja quem considere que ele próprio a tenha infringido, por exemplo na questão dosabath[23] (vejaCríticas aos fariseus). Por isso, quando questionado sobre qual seria o principal mandamento, Jesus responde:«Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro egrande mandamento.» (Mateus 22:37–38); continuando:«E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas.» (Mateus 22:39–40). Entre os diversos ensinamentos de Jesus sobre ética estãoamar os inimigos, reprimir o ódio e a luxúria, eoferecer a outra face (Mateus 5:21-44).[143]
As cerca de trinta parábolas dos evangelhos correspondem a cerca de um terço dos ensinamentos escritos de Jesus.[144][145] As parábolas na narrativa aparecem com sermões mais longos e em locais diferentes.[146] Muitas vezes apresentam elementos simbólicos e fazem a ponte entre os universos físico eespiritual.[147][148] Entre os temas mais comuns das parábolas estão a bondade e generosidade de Deus e os riscos da transgressão.[149] Algumas das parábolas, como a doFilho Pródigo (Lucas 15:11), são relativamente simples, enquanto outras, como aParábola da Semente (Marcos 4:26-29), são de difícil compreensão.[150]
Nos textos dos evangelhos, Jesus dedica grande parte do seu ministério à realização de milagres, especialmente curas.[151] O conjunto dos quatro textos regista cerca de 35 ou 36 milagres.[152] Os milagres podem ser classificados em duas categorias principais: milagres de cura e milagres de natureza.[153] Os milagres de cura englobam curas para doenças físicas,exorcismos e ressurreições dos mortos.[154] Os milagres de natureza demonstram o domínio de Jesus sobre a natureza, entre os quais atransformação de água em vinho, o caminhar sobre as águas e a acalmia de uma tempestade. Jesus afirma que os seus milagres têm origem divina. Quando os seus oponentes o acusam de praticar exorcismos com o poder de Satanás, príncipe dos demónios, Jesus responde que os pratica pelo "Espírito de Deus" (Mateus 12:28) ou "Dedo de Deus" (Lucas 11:20).[23][155]
Em João, os milagres de Jesus são descritos como sinais, realizados com o intuito de demonstrar a sua missão e divindade.[156][157] No entanto, nos sinópticos, quando lhe é pedido que dê alguns sinais miraculosos para demonstrar a sua autoridade, Jesus recusa.[156] Ainda nos evangelhos sinópticos, é frequente a multidão reagir com deslumbramento e pressioná-lo para curar os doentes. Pelo contrário, o Evangelho de João indica que Jesus nunca foi pressionado pela multidão, e que esta muitas vezes respondia aos milagres com confiança e fé.[158] Uma característica comum em todos os milagres de Jesus no texto dos evangelhos é que eram feitos de livre vontade e nunca por pedido ou a troco de qualquer forma de pagamento.[159] Os episódios que contemplam descrições dos milagres de Jesus muitas vezes também incluem ensinamentos, enquanto os próprios milagres envolvem determinado elemento de ensino.[89][90] Muitos dos milagres ensinam a importância da fé. Nacura dos leprosos e naressurreição da filha de Jairo, por exemplo, é dito aos beneficiários que a sua cura se deveu à sua fé.[160][161]
A cerca de metade do texto de cada um dos três Evangelhos, dois episódios relacionados entre si marcam um ponto de charneira na narrativa: a confissão deSão Pedro e a Transfiguração de Jesus.[135][162] Ambos têm lugar perto deCesareia de Filipe, ligeiramente a norte do mar da Galileia, durante o início da viagem final para Jerusalém que termina na Paixão e Ressurreição de Jesus.[163] Estes eventos marcam o início da revelação progressiva da identidade de Jesus aos seus discípulos e a sua previsão do seu próprio sofrimento e morte.[122][123][135]
A Confissão de Pedro começa com um diálogo entre Jesus e os seus discípulos emMateus 16:13,Marcos 8:27 eLucas 9:18. Em Mateus, Jesus pergunta aos discípulos: "E vós, quem dizeis que eu sou?". São Pedro responde "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".[163][164][165] Jesus responde: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus." Com esta bênção, Jesus afirma que os títulos que Pedro lhe atribui são revelados de forma divina, desta forma declarando inequivocamente ser tanto Cristo como o Filho de Deus.[166][167]
O texto da Transfiguração aparece emMateus 17:1-9,Marcos 9:2 eLucas 9:28-36.[122][123][135] Jesus leva Pedro e dois apóstolos para uma montanha sem nome, onde se "transfigurou diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o Sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz".[168] Uma nuvem brilhante aparece à sua volta, ouvindo-se uma voz celestial: "Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o." (Mateus 17:1-9).[122] A Transfiguração confirma que Jesus é o Filho de Deus (tal como no seu batismo), e o pedido "escutai-o" identifica-o como mensageiro e porta-voz de Deus.[169]
Última semana: traição, prisão, julgamento e morte
A descrição da última semana de vida de Jesus, frequentemente chamada semana de Páscoa, ocupa cerca de um terço da narrativa nos evangelhos canónicos,[85] tendo início com a descrição da entrada triunfal em Jerusalém e terminando com a Crucificação.[114][138] A última semana em Jerusalém é a conclusão da jornada que Jesus iniciou na Galileia e que atravessou Pereia e a Judeia.[138] Pouco antes da entrada em Jerusalém, o Evangelho de João inclui aRessurreição de Lázaro, a qual aumenta a tensão entre Jesus e as autoridades.[138]
Nos quatro evangelhos canónicos, a entrada final de Jesus em Jerusalém tem lugar durante o início da última semana da sua vida, poucos dias antes daÚltima Ceia, marcando o início da narrativa da Paixão.[170][171] Marcos e João identificam o dia da entrada em Jerusalém como sendo domingo, enquanto que Mateus indica que foi uma segunda; Lucas não indica o dia.[95][172][173] Depois de deixar Betânia, Jesus monta num burro em direção a Jerusalém. Pelo caminho, a população estende à sua frente capas e pequenos ramos, ao mesmo tempo que canta parte dosSalmos 118:25-26.[95][172][173] A multidão em ânimo que saudava Jesus ao entrar em Jerusalém ajudou a aumentar a animosidade contra ele por parte das instituições locais.[138]
Nos três evangelhos sinópticos, à entrada em Jerusalém segue-se a Purificação do Templo, durante a qual Jesus expulsa oscambistas do templo, acusando-os de o terem tornado um covil de ladrões através das suas atividades comerciais. Este é o único relato de todos os evangelhos em que Jesus recorre a força física.[174][175]João 2:13 inclui uma narração semelhante decorrida muito mais cedo, pelo que existe debate entre académicos sobre se a passagem se refere ao mesmo episódio.[174][175] Os sinópticos descrevem uma série de parábolas e sermões bastante conhecidos, como oTostão da Viúva ou aProfecia da Segunda Vinda, que decorreram ao longo dessa semana.[95][173]
A Última Ceia é a última refeição que Jesus partilha com os seus doze apóstolos em Jerusalém antes da sua crucificação. A Última Ceia é mencionada nos quatro evangelhos canónicos, sendo também referida naPrimeira Epístola aos Coríntios de Paulo (Coríntios 11:23).[62][63][178] Durante a refeição,Jesus prevê que um de seus apóstolos o trairá.[179] Apesar de cada apóstolo ter afirmado que não o iria trair, Jesus reitera que o traidor seria um dos presentes.Mateus 26:23-25 eJoão 13:26-27 identificam especificamente Judas como traidor.[62][63][179]
Nos sinópticos, Jesus reparte o pão pelos discípulos ao mesmo tempo que diz: "Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim." Depois fá-los beber vinho por um cálice, dizendo: "Este cálix é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós." (Lucas 22:19-20).[62][180] O sacramento cristão daEucaristia baseia-se neste evento.[181] Embora o Evangelho de João não inclua uma descrição doritual do pão e do vinho durante a Última Ceia, a maior parte dos académicos concorda que oDiscurso do Pão da Vida (João 6:58-59) possui um carácter eucarístico e se relaciona com as narrativas dos evangelhos sinópticos e com os textos de Paulo sobre a Última Ceia.[182]
Em todos os evangelhos, Jesus prevê quePedro negará que o conhece por três vezes antes de o galo cantar na manhã seguinte.[183][184] Em Lucas e João, a profecia é feita durante a Ceia (Lucas 22:34,João 22:33). Em Mateus e Marcos, a profecia é feita após a Ceia, sendo também profetizado que Jesus será abandonado por todos os seus discípulos (Mateus 26:31-34,Marcos 14:27-30).[185] O Evangelho de João oferece o único relato de Jesus alavar os pés dos discípulos antes da refeição.[103] João também inclui um longo sermão de Jesus, preparando os discípulos (agora sem Judas) para a sua partida. Os capítulos 14 a 17 do Evangelho de João são conhecidos porDiscurso de despedida e são uma fonte significativa de conteúdoscristológicos.[186][187]
Após a Última Ceia, Jesus dá um passeio para rezar, acompanhado pelos discípulos. Mateus e Marcos identificam o local como sendo ojardim do Getsémani, enquanto Lucas o identifica como sendo oMonte das Oliveiras.[185][188] Judas aparece no jardim acompanhado por uma multidão, entre a qual se encontram clérigos judaicos, anciãos e pessoas armadas.Judas beija Jesus para o identificar à multidão, que então oprende.[185][189] Tentando impedi-los, um dos discípulos de Jesus empunha uma espada para cortar a orelha de um homem.[185][189] Lucas afirma que Jesus cura a ferida por milagre, enquanto João e Mateus afirmam que Jesus critica o ato violento, ao mesmo tempo que incentiva os discípulos a não resistir à prisão. EmMateus 26:52 Jesus afirma: "Todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão".[185][189] Após a prisão de Jesus, os seus discípulos escondem-se e Pedro, quando interrogado,por três vezes nega conhecer Jesus.[185] Após a terceira negação ouve-se o galo cantar e Pedro, ao se lembrar da profecia, chora em amargura.[183]
Depois de ser preso, Jesus é levado para oSinédrio, um corpo jurídico judaico.[190] O texto dos evangelhos difere nos detalhes dos julgamentos.[191] EmMateus 26:57,Marcos 14:53 eLucas 22:54, Jesus é levado para a casa do sacerdoteCaifás, onde é espancado durante a noite. De manhã cedo, os clérigos e escribas levam Jesus ao tribunal.[189][192][193]João 18:12-14 afirma que Jesus é levado primeiro aAnás, sogro de Caifás, e depois ao sumo sacerdote, sem menção ao Sinédrio.[189][192][193]
Durante os julgamentos, Jesus pouco fala, não articula nenhuma defesa e responde de forma vaga às questões dos clérigos, o que leva um oficial a esbofeteá-lo. EmMateus 26:62, a falta de resposta de Jesus leva a que Caifás lhe pergunte: "Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?".[189][192][193] EmMarcos 14:61 o sumo sacerdote pergunta a Jesus: "És Tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?" Jesus responde "Eu o sou", e em seguida profetiza a vinda do Filho do Homem.[23] Esta provocação faz com que Caifás se irrite e rasgue a própria túnica, acusando Jesus de blasfémia. Em Mateus e Lucas, a resposta de Jesus é mais ambígua.[23][194] EmMateus 26:64 responde: "Tu o disseste", e emLucas 22:70 diz: "Vós dizeis que eu sou".[195][196]
Ao levar Jesus para otribunal de Pilatos, os anciãos pedem ao governador que julgue e condene Jesus, acusando-o de se proclamar o Rei dos Judeus.[193] O uso do termo "rei" é essencial na discussão entre Jesus e Pilatos. EmJoão 18:36 Jesus declara: "O meu reino não é deste mundo", mas não nega inequivocamente ser o Rei dos Judeus.[197][198] EmLucas 23:7-15 Pilatos apercebe-se de que Jesus é um galileu, estando portanto na jurisdição de Herodes.[199][200] Pilatos envia Jesus a Herodes para ser julgado,[201] mas este mantém o silêncio face às perguntas de Herodes. Herodes e os seus soldados escarnecem Jesus, vestem-lhe um manto luxuoso para o fazer parecer um rei, e o levam de volta a Pilatos,[199] que reúne os anciãos e anuncia que não considera este homem culpado.[201]
De acordo com um costume da época, Pilatos permite que a multidão escolha um prisioneiro para ser libertado. Dá a escolher entre Jesus e um assassino chamadoBarrabás. Persuadida pelos anciãos (Mateus 27:20), a multidão escolhe libertar Barrabás e crucificar Jesus.[202] Pilatos escreve um sinal onde se lê: "Jesus Nazareno Rei dos Judeus",[203] abreviado paraINRI nas representações do tema, para ser afixado na cruz de Jesus (João 19:9),[204] e em seguidaflagela e envia Jesus para ser crucificado. Os soldados colocam-lhe na cabeça umacoroa de espinhos, ridicularizando-o como Rei dos Judeus, e espancando-o antes de o levarem para oCalvário[205] para ser crucificado.[189][193][206]
A crucificação de Jesus é descrita nos quatro evangelhos canónicos. Depois dos julgamentos, Jesus é levado para o Calváriocarregando a cruz. O caminho que se pensa ter sido usado é conhecido porVia Dolorosa. Os três evangelhos sinópticos indicam queSimão de Cirene foi obrigado pelos romanos a ajudar Jesus.[207][208] EmLucas 23:27-28 Jesus diz às mulheres no meio da multidão que o segue para não chorarem por ele, mas por si próprias e pelas suas crianças.[207] No Calvário, oferecem a Jesus um preparadoanalgésico. De acordo com Mateus e Marcos, Jesus recusa.[207][208]
Os soldados crucificam Jesus e removem a sua roupa. Acima da sua cabeça na cruz estava a inscrição de Pilatos, "Jesus Nazareno Rei dos Judeus",[203] ridicularizado por soldados e pessoas que passavam a pé. Jesus é crucificado entredois ladrões condenados, um dos quais ataca Jesus, enquanto outro o defende.[207][209] Os soldados romanos partem as pernas a ambos os ladrões, uma técnica usada para acelerar a morte na cruz, mas não chegam a partir as de Jesus, uma vez que este já se encontra morto. EmJoão 19:34,um soldado perfura Jesus com uma lança, de cuja ferida brota água.[209] EmMateus 27:51-54, quando Jesus morre, a cortina pesada do Templo volve-se e um terramoto abre os túmulos. Aterrorizado pelo evento, umcenturião romano afirma que Jesus era de facto o Filho de Deus.[207][210]
No mesmo dia,José de Arimateia, com a permissão de Pilatos e a ajuda deNicodemus,remove o corpo de Jesus da cruz, envolve-o em roupas lavadas e enterra-o num túmulo de pedra talhada.[207] EmMateus 27:62, no dia seguinte os judeus pedem a Pilatos para o túmulo ser selado com uma pedra e vigiado, de modo a assegurar que o corpo aí permaneça.[207][98]
O texto do Novo Testamento sobre a ressurreição de Jesus afirma que no primeiro dia da semana após a crucificação (geralmente interpretado como sendo o domingo), o seu túmulo é descoberto vazio e que os seus discípulos o encontram ressuscitado dentre os mortos. Os discípulos chegam ao túmulo de manhã cedo e encontram um ou dois seres (homens ou anjos) vestidos com túnicas brancas.Marcos 16:9 eJoão 20:15 indicam que Jesusaparece primeiro aMaria Madalena, eLucas 24:1 afirma que ela é uma dosmirróforos (natradição oriental) ou dasTrês Marias (na ocidental).[66][211]
Antes de ascender ao Céu, Jesusinstrui os discípulos a espalhar a palavra sobre os seus ensinamentos em todas as nações do mundo.Lucas 24:51 afirma que Jesus é então levado ao Céu. O relato da ascensão é elaborado emAtos 1:1-11 e mencionado emTimóteo 3:16. Nos Atos, quarenta dias depois da Ressurreição, quando os discípulos olham para cima, encontram Jesus elevado, tendo sido levado por uma nuvem.Pedro 3:22 afirma que Jesus foi levado para o Céu e é agora a mão direita de Deus.[66]
Os Atos dos Apóstolos descrevem várias aparições de Jesus em visões após a sua Ascensão.Atos 7:55 descreve uma visão vivenciada porSanto Estêvão pouco antes de morrer.[212] Na estrada paraDamasco, o apóstoloPaulo é convertido ao cristianismo depois da visão de uma luz ofuscante e de ter ouvido uma voz dizer: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (Atos 9:5).[213][214] EmAtos 9:10-18, Jesus instruiAnanias de Damasco a curar Paulo. É o último diálogo com Jesus citado na Bíblia até aoLivro da Revelação,[213][214] no qual um homem chamado João vivencia uma revelação de Jesus sobre osúltimos dias.[215]
Até aoIluminismo os evangelhos eram geralmente vistos como relatos históricos precisos, tendo a partir de então surgido interrogações sobre a sua fiabilidade por parte de académicos e a distinção clara entre o Jesus descrito nos evangelhos e o Jesus na História.[216] A partir doséculo XVIII começam a ter lugar três vertentes de pesquisa académica sobre o Jesus histórico, cada uma com diferentes características e com base em diferentes critérios de investigação, os quais são muitas vezes elaborados durante a investigação que os aplica.[217][218] Os académicos têm vindo a estudar e debater uma série de questões no que diz respeito ao Jesus histórico, como a sua existência, origem, fiabilidade histórica dos evangelhos e de outras fontes e um retrato preciso da figura histórica.
A teoria do mito de Cristo, que questiona a existência de Jesus e a veracidade dos relatos sobre ele, apareceu noséculo XVIII. Alguns dos apoiantes argumentam que Jesus é um mito inventado pelos primeiros cristãos,[220][221][222] salientando a inexistência de quaisquer referências escritas a Jesus durante a sua vida e a relativa escassez de referências fora do contexto cristão durante oséculo I.[223] Ao longo doséculo XX, académicos comoGeorge Albert Wells,Robert M. Price e Thomas Brodie têm apresentando vários argumentos que apoiam a teoria do mito de Cristo.[224][225][226] No entanto, na atualidade praticamente todos os académicos que estudam a Antiguidade concordam queJesus existiu e encaram determinados eventos, como o seu batismo e crucificação, como factos históricos.[7][227][228]Robert E. Van Voorst eMichael Grant afirmam que os investigadores bíblicos e historiadores clássicos veem as teorias da inexistência de Jesus como efetivamente refutadas.[16][17]
Em resposta ao argumento de que a inexistência de fontes contemporâneas significa que Jesus não existiu, Van Voorst afirmou que "tal como é do conhecimento de qualquer estudante de História", taisargumentos pelo silêncio são "particularmente perigosos"[229] e geralmente fracassam, a não ser que um facto seja conhecido pelo autor e relevante o suficiente para ser mencionado no contexto de um documento.[230][231]Bart D. Ehrman argumenta que embora Jesus tenha tido um enorme impacto em gerações futuras, o seu impacto na sociedade do seu tempo foi praticamente nulo. Seria portanto insensato esperar que existissem textos contemporâneos das suas ações.[232]
Ehrman refere que argumentos baseados na inexistência de evidências físicas ou arqueológicas de Jesus ou de quaisquer textos sobre ele são fracos, uma vez que também não existem tais evidências de "praticamente ninguém que tenha vivido durante oséculo I".[25] Teresa Okure escreveu que a existência de figuras históricas é estabelecida pela análise de referências que lhes sejam posteriores, e não por relíquias ou restos contemporâneos.[233] Diversos académicos referem o perigo de usar taisargumentos pela ignorância e geralmente consideram-nos inconclusivos ou falaciosos.[234][235][236]Douglas Walton afirma que argumentos pela ignorância são capazes de levar a conclusões apenas em casos onde se assume que toda a nossa base de conhecimento está completa.[237]
Entre as fontes fora do contexto cristão para determinar a existência histórica de Jesus está a obra dos historiadores doséculo IJosefo eTácito.[238][219][239]Louis H. Feldman, investigador de Josefo, afirmou que "poucos duvidaram da autenticidade" da referência de Josefo a Jesus no livro 20 deAntiguidades Judaicas, e tal facto é disputado apenas por um número muito reduzido de académicos.[240][241] Tácito refere-se a Cristo e à sua execução por Pilatos no livro 15 da sua obraAnais. Os académicos geralmente consideram que a referência de Tácito à execução de Jesus seja simultaneamente autêntica e de valor histórico enquanto fonte independente romana.[242]
Historicidade dos eventos
Osenador romano e historiadorTácito escreveu sobre a crucificação de Jesus emAnais, uma História do Império Romano durante o primeiro século.
A abordagem à reconstituição histórica da vida de Jesus varia entre as abordagens maximalistas doséculo XIX, nas quais os relatos dos evangelhos eram aceites como evidências fiáveis sempre que possível, e as abordagens minimalistas do início doséculo XX, nas quais era muito difícil qualquer coisa sobre Jesus ser aceite como histórica.[243] Na década de 1950, à medida que toma lugar a segunda procura pelo Jesus histórico, a abordagem minimalista vai desaparecendo até que, noséculo XXI, minimalistas como Price são uma pequena minoria.[244][245] Embora a crença na infalibilidade dos evangelhos não possa ser sustentada em termos históricos, muitos académicos desde a década de 1980 sustentam que, para além dos poucos factos que se considera serem historicamente válidos, há outros elementos da vida que Jesus que são "historicamente prováveis".[244][246][247] A pesquisa académica sobre o Jesus histórico moderna foca-se então na identificação dos elementos mais prováveis.[248][249]
A maior parte dos académicos contemporâneos considera que o batismo e a crucificação de Jesus são inequivocamente factos históricos.[7]James Dunn afirma que são factos quase universalmente aceites e que "se classificam tão alto na escalada dos factos históricos dos quais é impossível duvidar ou renegar" que são quase sempre o ponto de partida para o estudo do Jesus histórico.[7] Os académicos citam ocritério do embaraço, afirmando que os primeiros cristãos não teriam inventado a morte dolorosa do seu líder,[250] ou um batismo que pudesse implicar que Jesus teria cometido pecados dos quais se quisesse arrepender.[251][252] Os académicos usam uma série de critérios para julgar a autenticidade histórica dos eventos, como o critério de coerência, a confirmação por múltiplas fontes e o critério de descontinuidade.[253] A historicidade de um evento depende também da fiabilidade da fonte. Marcos, o primeiro evangelho a ser escrito, é geralmente considerado o mais fiável em termos históricos.[254] João, o último evangelho escrito, difere consideravelmente dos evangelhos sinópticos, sendo por isso considerado o menos fiável. Por exemplo, muitos académicos não consideram que a Ressurreição de Lázaro seja histórica devido, em parte, a ser apenas mencionada em João.[255]Amy-Jill Levine refere que existe algum consenso nos traços gerais da biografia de Jesus, e que a maior parte dos académicos concorda que Jesus foi batizado por João Batista, debateu com as autoridades judaicas o tema de Deus, curou algumas pessoas, ensinou através de parábolas, angariou seguidores e foi crucificado por ordem de Pilatos.[19]
A investigação moderna sobre o Jesus histórico não produziu ainda um perfil unificado da figura histórica, devido em parte à diversidade de abordagens entre os académicos.[256]Ben Witherington afirma que "existem agora tantos retratos do Jesus histórico como existem pintores académicos".[257]Bart Ehrman eAndreas Köstenberger argumentam que, dada a escassez de fontes históricas, é difícil para qualquer académico construir um perfil de Jesus para além dos elementos básicos da sua biografia que possa ser considerado válido em termos históricos.[258][259] Os perfis de Jesus construídos muitas vezes diferem entre si e da imagem retratada nos evangelhos.[260][261]
Os perfis mais divulgados na investigação contemporânea podem ser agrupados segundo a forma principal como Jesus é retratado: se umprofeta apocalíptico, um curandeiro carismático, umfilósofo cínico, o verdadeiro Messias ou um profeta de mudanças sociais igualitárias.[262][20] Cada um destes tipos tem uma série de variantes, e alguns académicos rejeitam os elementos básicos de alguns perfis.[263] No entanto, os atributos descritos em cada um dos perfis por vezes sobrepõem-se, e os investigadores que discordam de alguns atributos por vezes concordam com outros.[264]
Língua, alfabetização, etnia e aparência
Doze representações de Jesus em diversas regiões. A representação da etnia de Jesus tem sido influenciada pelo contexto cultural.[265][266]
Jesus cresceu na Galileia, sendo nessa região que grande parte do seu ministério teve lugar.[267] Entre as línguas faladas na Galileia e Judeia durante oséculo I estão oaramaico,hebraico e grego, sendo o aramaico predominante.[268][269] A maior parte dos académicos concorda que, no início do século, o aramaico era alíngua-mãe de praticamente todas as mulheres na Galileia e Judeia.[270] A maior parte dos académicos apoia a teoria de que Jesus falava aramaico, podendo também ter falado hebraico e grego.[268][269][271] Dunn afirma que há um consenso substancial de que Jesus tenha pregado em aramaico.[272]
Os académicos estão divididos quanto a questão da alfabetização de Jesus porque é uma questão ambígua.[273] Alguns acham que ele provavelmente conhecesse o alfabeto e pudesse discernir algumas palavras, talvez até assinasse seu nome, mas não conseguiria ler e escrever.[274][275][276][277] Outros académicos acham que Jesus pudesse ler e, talvez, escrever, mas não com um nível de proficiência esperado de um escriba profissional.[278][279] Uma linha de evidência é contextual, se baseando em generalizações dos índices de alfabetização no Império Romano. Novamente a opinião dos académicos é muito variada. Desde a conclusão de que os índices eram baixos (5% ou menos),[280] até a conclusão de que os índices de alfabetização eram altos, principalmente entre homens judeus.[281]Craig A. Evans acredita que os mandamentos e tradições em textos judeus como aTorá[nota 7]; oTestamento de Levi[nota 8];Josefo emContra Apion[nota 9] que incentivam e atestam o estimulo ao estudo; e também o fato de Jesus ser chamado demestre ("rabi" em hebraico ou "raboni" em aramaico)[nota 10], pois provavelmente alguémiletrado não receberia esse título; além de outros fatores: "inclina a balança definitivamente em favor da conclusão de que Jesus era letrado".[273]
Os académicos modernos concordam que Jesus foi um judeu que viveu naPalestina durante oséculo I.[282] No entanto, no contexto contemporâneo o termo "judeu" ("Ioudaios" no grego do Novo Testamento) pode referir-se tanto à religião judaica, como à etnia judaica, como a ambas.[nota 11][284] Numa revisão do estado da arte do conhecimento contemporâneo, Levine escreve que toda a questão da etnia está "carregada de questões difíceis" e que "para além de reconhecer que «Jesus era judeu», raramente a investigação esclarece o que significa «ser judeu»".[285]
O Novo Testamento não fornece nenhuma descrição da aparência física de Jesus antes da sua morte, sendo na generalidade indiferente à questão da raça e nunca se referindo aos traços das pessoas que menciona.[286][287][288] O Livro do Apocalipse descreve numa visão as feições de Jesus glorificado (Revelação 1:13-16), mas a visão refere-se a Jesus numa forma divina, já depois da sua morte e ressurreição.[289][290] Provavelmente, Jesus assemelhar-se-ia a qualquer judeu seu contemporâneo e, de acordo com alguns investigadores, seria provável que fosse magro e de aparência musculada devido ao seu estilo de vida itinerante e ascético, com pele escura, cabelo curto, olhos castanhos e uma pequena barba.[291][292]James H. Charlesworth afirma que o rosto de Jesus era "provavelmente de tez escura e bronzeada" e que a sua estatura "pode ter sido de 1,65 a 1,70 m".[293]
Apesar da inexistência de vestígios arqueológicos que sejam indubitavelmente associados a Jesus, a investigação noséculo XXI tem-se interessado cada vez mais por recorrer à arqueologia de modo a obter maior compreensão do contexto socioeconômico e político da vida de Jesus.[294][295][296] Charlesworth afirma que hoje em dia poucos investigadores seriam capazes de ignorar algumas descobertas arqueológicas que fornecem dados sobre o quotidiano da Galileia e Judeia durante a época de Jesus.[296] Jonathan Reed afirma que a principal contribuição da arqueologia para o estudo do Jesus histórico é a reconstrução do seu mundo social.[297]
David Gowler afirma que o estudo interdisciplinar com recurso a arqueologia, análise textual e contexto histórico pode esclarecer determinados aspetos sobre Jesus na História.[298] Um exemplo são as investigações arqueológicas emCafarnaum, uma cidade bastante referida no Novo Testamento, mas da qual se fornecem poucos detalhes.[299] No entanto, as evidências arqueológicas recentes mostram que, ao contrário do que se acreditava, Cafarnaum era pequena e relativamente pobre, e nem sequer tinha umfórum ouágora.[298][300] Esta descoberta arqueológica apoia a perspectiva académica de que Jesus advogava a partilha de riqueza entre os mais desfavorecidos naquela região da Galileia.[298]
Perspetivas religiosas
À exceção dos seus próprios discípulos e seguidores, os judeus contemporâneos de Jesus rejeitavam a crença de que ele pudesse ser o Messias, tal como é ainda rejeitada hoje em dia pela grande maioria dos judeus. Ao longo dos séculos, Jesus tem sido tema de amplo debate e inúmeras publicações por parte de teólogos,concílios ecuménicos e reformistas. Asdenominações cristãs ecismas são muitas vezes definidas ou caracterizadas em função da descrição que apresentam de Jesus. Ao mesmo tempo, Jesus tem um papel proeminente entre crentes de outras religiões, como osmaniqueístas,gnósticos e muçulmanos.[301][302][303]
Jesus é a figura central do cristianismo.[304] Embora entre os cristãos haja diferentes pontos de vista sobre Jesus, é possível resumir as crenças partilhadas entre as principais denominações de acordo com os seus textos.[305][306][307] Os pontos de vista cristãos sobre Jesus têm origem em várias fontes, entre as quais os evangelhos canónicos ecartas do Novo Testamento, como asepístolas paulinas e os documentosjoaninos. Estes documentos resumem as crenças fundamentais sobre Jesus por parte dos cristãos, incluindo a sua divindade, humanidade e vida terrena, e que é Cristo e o Filho de Deus.[308] Apesar de partilharem grande parte das crenças, nem todas asdenominações cristãs concordam com todas as doutrinas, e existemvárias diferenças entre si em termos de crença e ensinamentos que persistiram ao longo dos séculos.[309]
O Novo Testamento afirma que a ressurreição de Jesus é o fundamento da fé cristã (Coríntios 15:12).[310] Os cristãos acreditam que pela sua morte e ressurreição, os seres humanos se podemreconciliar com Deus, sendo-lhes oferecidasalvação e a promessa devida eterna.[311] Recordando as palavras de João Batista a seguir ao batismo de Jesus, estas doutrinas por vezes denominam-no Cordeiro de Deus, por ter sido sacrificado para cumprir o seu papel enquanto servo de Deus.[312][313] Jesus é assim visto como onovo e último Adão, cuja obediência contrasta com adesobediência de Adão.[314] Os cristãos veem Jesus como um modelo de vida, sendo encorajados a imitar a sua vida focada em Deus.[304]
A corrente dominante dojudaísmo rejeita a proposta de Jesus ser Deus, um mediador de Deus, ou parte de uma Trindade.[319] Argumenta que Jesus não é oMessias por não ter nem realizado as profecias messiânicas doTanach, nem apresentar as qualificações pessoais do Messias.[320] Jesus não teria cumprido as profecias por não ter construído oTerceiro Templo (Ezequiel 37:26-28), não ter feito regressar os judeus a Israel (Isaías 43:5-6), não ter trazido a paz mundial (Isaías 2:4) nem ter unido a humanidade sob o Deus de Israel (Zacarias 14:9). De acordo com a tradição judaica, não houve qualquer profeta apósMalaquias,[321] que enunciou as profecias noséculo V a.C..[322] Um grupo denominadojudaísmo messiânico considera Jesus o Messias, embora seja disputado se este grupo corresponde ou não a uma seita do judaísmo.[323]
A crítica do judaísmo a Jesus é de longa data. O Novo Testamento afirma que Jesus foi criticado pelas autoridades judaicas do seu tempo. Osfariseus eescribas criticavam Jesus e os seus discípulos por não respeitarem aLei de Moisés, por não lavarem as mãos antes das refeições (Marcos 7:1-23,Mateus 15:1-20) e por apanharem cereais durante osabat (Marcos 2:23,Marcos 3:6).[324] OTalmude, escrito e compilado entre os séculos III eV d.C.,[325] inclui narrativas que alguns consideram ser relatos de Jesus. Numa dessas narrativas,Yeshu ha-nozri ("Jesus, o Cristão") é executado por um tribunal judaico por promover idolatria e praticar magia.[326] Há um amplo espectro de opiniões entre académicos no que respeita a estas narrações.[327] A maioria dos historiadores contemporâneos consideram que este material não oferece qualquer informação do Jesus histórico.[328] A "Mishné Torá", uma obra delei judaica escrita porMaimónides em finais doséculo XII, afirma que Jesus é uma "força de bloqueio" que "faz com que a maioria do mundo peque e sirva outro deus que não o verdadeiro".[329]
Oislão considera Jesus ("Issa") um mensageiro de Deus (Alá) e o Messias ("al-Masih") enviado para guiar astribos de Israel (bani isra'il) através de novas escrituras, o Evangelho ("Injil").[22][330] Os muçulmanos não reconhecem a autenticidade do Novo Testamento e acreditam que a mensagem original de Jesus foi perdida, sendo mais tarde reposta porMaomé.[331] A crença em Jesus, e em todos os outros mensageiros de Deus, faz parte dos requisitos para ser ummuçulmano.[332] OAlcorão menciona o nome de Jesus vinte e cinco vezes, mais do que o próprio Maomé,[333][334] e enfatiza que Jesus foi também um ser humano mortal que, tal como todos os outros profetas, foi escolhido de forma divina para divulgar a mensagem de Deus.[335] No entanto, o islão considera que Jesus nem é a encarnação nem o Filho de Deus. Os textos islâmicos sublinham a noção estrita demonoteísmo ("tawhid") e proíbem a associação de elementos a Deus, o que seria considerado idolatria.[336] O Alcorão afirma que o próprio Jesus nunca alegou ser divino,[337] e profetiza que durante ojulgamento final, Jesus negará ter alguma vez alegado tal (Alcorão 5:116).[338] Tal como todos osprofetas do islão, Jesus é considerado um muçulmano, acreditando-se que tenha pregado que os seus seguidores deveriam prosseguir um modo de vida correto, conforme ordenado por Deus.[339][340]
O Alcorão não menciona José, mas descreve aAnunciação a Maria ("Mariam"), na qual um anjo a informa de que daria à luz Jesus ao mesmo tempo que permaneceria virgem. O nascimento virginal é descrito como milagre realizado pela vontade de Deus.[341][342][343] O Alcorão (21:91 e 66:12) afirma que Deus soprou o Seu Espírito a Maria enquanto era ainda casta.[341][342][343] No islão, Jesus é denominado "Espírito de Deus" por ter nascido através da ação do Espírito,[341] embora essa crença não inclua a doutrina daSua preexistência, como acontece no cristianismo.[344][345]
Os muçulmanos acreditam que Jesus foi o últimoprofeta enviado por Deus para guiar os Israelitas.[346] Para o auxiliar no seu ministério entre os judeus, Deus teria dado permissão a Jesus para realizar milagres.[337][347] Jesus é visto como precursor de Maomé e os muçulmanos acreditam que previu a sua chegada.[335][348] Os muçulmanos negam que Jesus tenha sido crucificado, que tenha ressuscitado dos mortos ou que se tenhasacrificado pelos pecados da Humanidade.[337] De acordo com a tradição muçulmana, Jesus não foi crucificado, mas foi erguido fisicamente por Deus para o Paraíso.[337][348] AComunidade Ahmadi acredita que Jesus foi um mortal que sobreviveu à sua própria crucificação e morreu de causas naturais aos 120 anos emCaxemira.[349][350] A maior parte dos muçulmanos acredita que Jesus regressará à Terra pouco depois doJuízo Final para derrotar oAnticristo ("dajjal").[22][348]
Outras perspetivas
Nosincretismo das religiões africanas com o catolicismo, no Brasil, a imagem de Jesus foi associada noCandomblé aoorixáOxalá, o maior de todos no panteão desta religião; o sincretismo também vale para a imagem de "Jesus Menino", equivalente à personificação de Oxalá quando jovem, emOxaguiã.[351]
Afé bahá'í considera Jesus umamanifestação de Deus, um conceito para profetas,[352] e aceita Jesus enquanto Filho de Deus.[353] Seus textos confirmam muitos, mas não todos, os aspetos do Jesus retratado nos evangelhos. Os crentes acreditam no nascimento virginal e na crucificação,[354][355] mas interpretam a ressurreição e os milagres de Jesus como meramente simbólicos.[353][355]
Naperspetiva espírita, Jesus é o modelo humano de perfeição, segundo dizAllan Kardec emO Livro dos Espíritos.[360] Para a doutrina espírita, Jesus veio com a missão divina de cumprir a lei, que fora anteriormente revelada por Moisés (primeira e segunda revelações); ele, contudo, não disse tudo, e foi completado pela "terceira revelação": oEspiritismo.[361] Kardec examina a natureza do Cristo nasObras Póstumas, onde é taxativo: afirma que as discussões sobre a natureza corpórea do Cristo teriam sido as causas dos principais cismas da Igreja, e que isso refutaria todos os fundamentos para o dogma da divindade de Jesus, razão pela qual a crença na "Trindade" não tem qualquer embasamento no Espiritismo.[362]
ATeosofia, a partir da qual derivam muitos textosnew age,[363] refere-se a Jesus como Mestre Jesus e acredita que Cristo, depois de várias reencarnações, ocupou o corpo de Jesus.[364] Acientologia reconhece Jesus (a par de outras figuras religiosas como Zaratustra, Maomé e Buda) como parte da sua herança religiosa.[365][366] Nognosticismo, hoje em dia uma religião praticamente extinta,[367] Jesus foi enviado do reino divino para oferecer o conhecimento secreto essencial para a salvação (gnose). A maior parte dos gnósticos acreditavam que Jesus era um humano que foi possuído pelo espírito de Cristo no momento do batismo. O espírito abandonou o corpo de Jesus durante a crucificação, porém mais tarde ressuscitou o corpo do mundo dos mortos. No entanto, alguns gnósticos eramdocéticos, acreditando que Jesus não teve qualquer corpo físico, apenas aparentando ter um.[368] Omaniqueísmo, uma seita gnóstica, aceitava Jesus enquanto profeta, a par deSiddhartha Gautama eZaratustra.[369][370]
Oateísmo rejeita a divindade de Jesus, embora muitos ateus tenham sobre ele uma perspetiva positiva;Richard Dawkins, por exemplo, refere-se a Jesus como um excelente mestre de moral, afirmando em seu livroThe God Delusion que Jesus é uma figura louvável pois sua ética não é derivada da escritura bíblica.[371]
Entre os críticos de Jesus estãoCelso noséculo II ePorfírio, o qual escreveu uma obra em quinze volumes na qual criticava o cristianismo no seu todo.[372][373] Noséculo XIX,Nietzsche foi um dos mais críticos em relação a Jesus, cujos ensinamentos considerava serem antinaturais no que diz respeito a tópicos como a sexualidade.[374] Já noséculo XX,Bertrand Russell escreveu emWhy I Am Not a Christian que Jesus "claramente não era assim tão sábio como outras pessoas foram, e com certeza não era superlativamente sábio".[375]
A destruição total que se seguiu aocerco de Jerusalém pelos romanos em70 d.C. fez com que os artigos sobreviventes da Judeia do primeiro século se tornassem extremamente raros e com que praticamente não existam registos da história do judaísmo na última parte doséculo I e ao longo de todo oséculo II.[376][377][nota 13]Margaret M. Mitchell afirma que emboraEusébio de Cesareia relate que os primeiros cristãos tenham deixado Jerusalém para se instalar emPela pouco antes da sua destruição, deve-se aceitar que não tenham chegado até nós artigos cristãos em primeira mão sobreviventes do período inicial da Igreja de Jerusalém.[379] No entanto, ao longo da história do cristianismo são várias as alegações derelíquias atribuídas a Jesus, às quais estão sempre associadas dúvidas e controvérsias. Noséculo XVI, o teólogoErasmo de Roterdão escreveu de forma satírica acerca da proliferação de relíquias e dos edifícios que poderiam ser construídos com a quantidade de madeira que se alegava ter pertencido àcruz usada durante a Crucificação.[380] De igual modo, enquanto os teólogos debatem se Jesus foi crucificado com três ou quatro pregos, por toda a Europa continuam a ser veneradas as relíquias de pelo menos trintapregos da cruz.[381] Algumas relíquias, como os alegados vestígios dacoroa de espinhos, são visitados apenas por um reduzido número de peregrinos, enquanto outras, como oSudário de Turim (o qual está associado com a devoção católica aprovada daSanta Face de Jesus) são veneradas por milhões de pessoas,[382] entre as quais os papasJoão Paulo II eBento XVI.[383][384] Não existe consenso académico sobre a autenticidade de qualquer relíquia atribuída a Jesus.[385][nota 14]
Apesar da falta de referências na Bíblia ou de registos históricos, a representação de Jesus ao longo dos séculos tem assumido diversas formas e características, muitas vezes influenciada pelo contexto cultural, político e teológico.[265][266][287] Ao longo doséculo I, não existiu praticamente qualquer arte figurativa na Judeia romana, dada a adesão rigorosa àquilo que é indicado por um dosDez Mandamentos: "Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma" (Êxodo 20:4-6). No entanto, a partir doséculo III a interpretação deste mandamento passa a ser mais tolerante, o que proporciona o aparecimento das primeiras representações figurativas nasinagoga de Dura Europo e uma das primeiras representações de Jesus naigreja de Dura Europo, ambas datadas de um período anterior a 256.[388] No entanto, é nascatacumbas romanas que se encontra o mais significativo espólio sobrevivente até aos nossos dias.[389]
A Oriente, aiconoclastiabizantina, que nos séculos VIII e IX proibiu o uso da figura humana em temas religiosos, foi um fator de resistência ao progresso artístico.[265] ATransfiguração foi um dos principais temas na arte cristã oriental, e qualquer monge que se iniciasse na pintura deícones deveria fazer prova da sua mestria com um ícone sobre esse tema.[390] ORenascimento colocou em destaque uma série de artistas que se focaram em representações de Jesus, entre os quaisGiotto eFra Angelico.[265] AReforma Protestante trouxe consigo movimentos que defendiam a abolição da representação gráfica de figuras religiosas, embora a proibição total tenha sido rara e as objeções tenham diminuído após oséculo XVI. Embora evitem imagens de grande dimensão, hoje em dia poucos protestantes se opõem a representações de Jesus em livros.[391][392] Por outro lado, o uso de representações de Jesus é defendido pelos líderes religiosos católicos eanglicanos[393][394][395] e é um elemento-chave na tradição Ortodoxa oriental.[396][397]
↑abcJohn Meier afirma que o ano de nascimento de Jesus é cerca de7/6 a.C.[1] Por outro lado,Karl Rahner afirma que o consenso entre historiadores éc. 4 a.C.[2] Sanders é favorável a4 a.C. e aponta o consenso geral para essa data.[3] Finegan aponta como provávelc. 3/2 a.C., em função de tradições do cristianismo primitivo.[4]
↑abcA maior parte dos historiadores estima que Jesus foi crucificado no ano 30 ou no33 d.C.[6]
↑James D.G. Dunn afirma que os episódios dobatismo e crucificação de Jesus são consensuais e universalmente aceites enquanto factos históricos pelos historiadores contemporâneos, sendo praticamente impossível duvidar ou negar a sua existência, pelo que muitas vezes são o próprio ponto de partida para a investigação científica doJesus histórico.[7]Bart D. Ehrman refere que a crucificação de Jesus sob a ordem dePôncio Pilatos é o elemento biográfico de Jesus sobre o qual há maior certeza.[8] John Dominic Crossan e Richard G. Watts afirmam que a crucificação de Jesus demonstra o mesmo nível de certeza como qualquer outro facto histórico consensual.[9] Paul R. Eddy e Gregory A. Boyd referem que a confirmação da crucificação fora dos meios cristãos está seguramente determinada.[10]
↑Os cristãos acreditam que Maria concebeu o filho através do milagre doEspírito Santo. Os muçulmanos acreditam que concebeu o filho de forma milagrosa por ordem de Deus. Segundo as perspectivas religiosas, José foi quem desempenhou o papel de pai no mundo físico.
↑Numa revisão em 2011 do estado da arte da investigação contemporânea,Bart Ehrman escreveu: "Com certeza existiu, já que praticamente qualquer investigador clássico competente concorda, seja ou não cristão".[12] JáRichard A. Burridge afirma: "Há aqueles que argumentam que Jesus é produto da imaginação da Igreja e que nunca houve qualquer Jesus. Devo dizer que não conheço nenhum académico de renome que ainda afirme isso".[13]Robert M. Price não acredita que Jesus tenha existido, mas reconhece que o seu ponto de vista é contrário à maioria dos académicos.[14] James D.G. Dunn chama às teorias da inexistência de Jesus "uma tese completamente morta",[15] eMichael Grant (um classicista) escreveu em 1977: "em anos recentes, nenhum académico sério se aventurou a postular a não historicidade de Jesus, e os poucos que o fazem não tiveram qualquer capacidade de contrariar as evidências no sentido contrário, muito mais abundantes e fortes.[16]Robert E. Van Voorst declara que os académicos bíblicos e historiadores clássicos encaram as teorias da inexistência de Jesus como completamente refutadas[17]
↑"Ensinai os filhos também as letras, para que tenham entendimento durante toda sua vida, ao ler sem cessar a Lei de Deus",13.2
↑"Acima de Tudo, orgulhamo-nos da educação de nossos filhos, considerando uma tarefa essencial da vida a observação de nossas leis e de praticas piedosas nelas baseadas as quais herdamos"(1.60) e "[A lei] ordena que [os filhos] sejam instruidos, desde tenra idadem nas letras e no conhecimento de nossa leis e que lhes ensinemos os feitos de nossos antepassados" (2.204).
↑Para exemplos de "rabi" (ver Marcos 9.5, 11.21; 14.45). Para exemplos de "raboni" (ver Marcos 10.51; Jo 20.16). Para exemplos de "mestre" (ver Mateus 8.19; 9.11; 12.38; Marcos 4.38; 5.35; 9.17; 10.17,20; 12.14;19,32; Lucas 19.39; João 1.38; 3.2).
↑O Novo Testamento afirma em três passagens diferentes que Jesus era judeu ("Ioudaios" no grego do Novo Testamento), embora o próprio Jesus nunca se refira a si como tal. EmMateus 2:, os Reis Magos referem-se a Jesus como "Rei dos Judeus" (basileus ton ioudaion). É também referido como judeu emJoão 4: pelasamaritana no poço, no momento em que abandona a Judeia, e pelos romanos durante o episódio da Paixão, em todos os quatro evangelhos, os quais usam a frase "Rei dos Judeus".[283]
↑Posteriormente aoperíodo apostólico, decorreram na Igreja primitiva vários debates acesos e muitas vezes politizados sobre vários temas relacionados entre si. A cristologia era um dos pontos principais destes debates, sendo debatida em cada um dosprimeiros sete concílios ecuménicos.
↑Flávio Josefo afirma emA Guerra dos Judeus (escrito cinco anos depois do cerco, em75 d.C.) que Jerusalém fora de tal forma destruída que quem ali chegasse dificilmente acreditaria que alguma vez fora habitada.[378] E após o que restava ter sido convertido no assentamento romano deÉlia Capitolina, foi impedida a entrada aos Judeus.[377]
↑Existem conclusões bastantes polarizadas sobre oSudário de Turim.[386] De acordo com o antigo diretor da revistaNature,Philip Ball, "é justo afirmar que, apesar dos exames definitivos realizados em 1988, o estatuto do Sudário de Turim é mais turvo do que nunca. A própria natureza da imagem e como foi fixada no tecido permanecem um mistério profundo".[387]
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