Itamar Vieira Junior | |
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Nome completo | Itamar Rangel Vieira Junior |
Nascimento | 6 de agosto de1979 (45 anos) Salvador,Bahia,Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Prémios | Prémio LeYa (2018),Prêmio Jabuti (2020 e 2024),Prêmio Oceanos (2020) |
Gênero literário | romance,conto |
Magnum opus | Torto Arado (2019) |
Itamar Vieira Junior (Salvador,6 de agosto de1979) é umescritor brasileiro. É autor do romanceTorto Arado, ganhador dos prêmiosLeYa de 2018,Jabuti de 2020,Oceanos de 2020 eMontluc Rèsistance et Liberté de 2024.[1][2][3]
Nascido em Salvador em 1979, residiu na adolescência no estado dePernambuco, e mais tarde na cidade deSão Luís, noMaranhão. Graduou-se emGeografia pelaUniversidade Federal da Bahia (UFBA), sendo o primeiro aluno receptor da BolsaMilton Santos, dedicada a jovens negros de baixa renda. Temmestrado edoutorado pela mesma universidade. No mestrado, pesquisou o tema daespeculação imobiliária na cidade de Salvador, e sua tese de doutorado em Estudos Étnicos e Africanos é um estudo sobre a formação decomunidades quilombolas naChapada Diamantina, interior do estado daBahia.[4]
Recebeu um prêmio da Câmara Brasileira de Jovens Escritores, em 2008, por um romance com influências de Clarice Lispector intituladoParaíso.[4] Em 2012, publicou o livro de contosDias e, em 2017,A oração do carrasco, também coletânea de contos, que finalista na mesma categoria do60.º Prêmio Jabuti (2018).[5]
Em 17 de outubro de 2018, oPrémio LeYa foi atribuído ao seu romance “Torto Arado”,[6][2] que também recebeu oPrix Montluc Résistance et Liberté de literatura, em 2024.[7] O livro teve direitos de tradução vendidos para vários países, entre os quais: Itália, México, Peru, Eslováquia, Bulgária, Croácia, França, Alemanha e Estados Unidos.[4]
Itamar também éservidor público doINCRA, órgão estatal responsável pela condução dareforma agrária noBrasil. Como tal, já recebeu ameaças de mortes e outras violências por sua atuação para uma divisão mais equânime da terra e sua proximidade com povosquilombolas.[8]
Itamar Vieira Junior escreveu a primeira versão do romanceTorto Arado aos 16 anos. Ambientado numa propriedade rural, contava a história de duas irmãs e era dividido em quatro partes, uma para cada estação do ano. Segundo o autor, esse primeiro texto se perdeu. A versão definitiva foi escrita após a defesa de sua tese de doutorado, inspirada nas experiências vividas durante as pesquisas na Chapada Diamantina, entre as populações quilombolas.[4] Narra a história de uma família pobre que vive numa fazenda, em condições análogas à escravidão. É dividido em três partes, cada uma delas narrada por uma mulher negra: as irmãs Belonísia e Bibiana, e uma figura mítica, a "encantada" Santa Rita Pescadeira[9] que representa a resistência de forças ancestrais.[10]
O júri doPrémio LeYa, presidido pelo poetaManuel Alegre, justificou a concessão por unanimidade do prêmio “pela solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal. Sendo um romance que parte de uma realidade concreta, em que situações de opressão quer social quer do homem em relação à mulher, a narrativa encontra um plano alegórico, sem entrar num estilo barroco, que ganha contornos universais. Destaca-se a qualidade literária de uma escrita em que se reconhece plenamente o escritor”.[6] Apoeta angolanaAna Paula Tavares, membro do júri, realçou “a capacidade do autor de manter o nível da narrativa” do livro vencedor, exaltando a sua “elegância poética que se mantém do princípio ao fim”. E complementa: “As personagens fortes são as femininas, e ele consegue manter essa firmeza, esse recorte, essa violência, a violência exercida sobre as mulheres e das mulheres, entre elas. Está muito bem visto e escrito”, afirmou.[11]