De acordo com o ensinamento da igreja sobre a universalidade e com oCredo Niceno, as autoridades ortodoxas orientais insistiram que o nome completo da igreja sempre incluísse o termo "Católica", como em "Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa".[27][28][29]
O nome oficial da Igreja Ortodoxa é a "Igreja Católica Ortodoxa".[3][4][5][30] É o nome pelo qual a igreja se refere a si mesma[31][32][33][34][35][36] e que é emitido em seus textos litúrgicos oucanônicos.[37][38] Os teólogos ortodoxos orientais referem-se à igreja como "católica".[39][40] Este nome e variantes mais longas contendo "católico" também são reconhecidos e referenciados em outros livros e publicações de escritores ortodoxos seculares ou não orientais.[41][42][43][44][45][46] Ocatecismo de Philaret (Drozdov) de Moscou publicado no século XIX é intitulado:O Catecismo Mais Longo da Igreja Ortodoxa, Católica e Oriental[47] (emrusso: Пространный христианский катехизис православныя, кафолическия восточныя Церкви).
Desde os tempos antigos até o primeiro milênio, ogrego foi a língua compartilhada mais prevalente nas regiões demográficas onde oImpério Bizantino floresceu, e o grego, sendo a língua na qual oNovo Testamento foi escrito, era alíngua litúrgica primária da igreja. Por esta razão, as igrejas orientais às vezes eram identificadas como "gregas" (em contraste com aigreja "romana" ou "latina", que usava uma tradução latina da Bíblia), mesmo antes do Grande Cisma de 1054. Depois de 1054, "grego ortodoxo" ou "grego católico" marcava uma igreja como estando em comunhão com Constantinopla, assim como "católica" marcava a comunhão com aIgreja Católica.[48]
Em húngaro, a igreja ainda é comumente chamada de "grega oriental" (emhúngaro: Görögkeleti). Essa identificação com o grego, porém, tornou-se cada vez mais confusa com o tempo. Os missionários trouxeram a Igreja Ortodoxa para muitas regiões sem gregos étnicos, onde a língua grega não era falada. Além disso, as lutas entre Roma e Constantinopla para controlar partes dosudeste da Europa resultaram na conversão de algumas igrejas à Igreja Católica, que então também usou "greco-católico" para indicar o uso continuado dos ritos bizantinos. Hoje, apenas uma minoria de adeptos ortodoxos orientais usa o grego como língua de adoração.[49][50]
Até aoséculo XI, os cristãos da Igreja Ortodoxa e daIgreja Católica Romana têm uma história comum, que começa com a instituição do cristianismo porJesus de Nazaré e sua difusão por seus discípulos, que, como o relatado no livro bíblico dosAtos dos Apóstolos,[51] espalharam-se a partir da cidade de Jerusalém, fundando a primeira comunidade denominada cristã emAntioquia e depois se espalhando, ainda pelos mesmos, pelaEuropa Ocidental,Oriente Médio,Ásia eNorte da África. Por volta doséculo IV, aCristandade já chegara às mais diversas regiões, apesar das perseguições movidas por poderes tradicionalmente pagãos, e diversas escolas exegéticas haviam se desenvolvido, como aEscola de Antioquia e aEscola Catequética de Alexandria. A ortodoxia cristã, no entanto, era ameaçada por diversas doutrinas consideradasheréticas, como oarianismo, onovacianismo e oadocionismo, além das muitas seitasgnósticas. Em 313, no entanto, oÉdito de Milão finalmente instituiu a liberdade religiosa noImpério Romano, o que foi seguido por uma progressiva cristianização do Império a partir da conversão do imperadorConstantino no ano de 324. Foi então convocado oPrimeiro Concílio de Niceia, que buscou a unificação da Cristandade, a solidificação dos preceitos da fé cristã, oanátema das principais heresias da época e a composição de um credo comum ortodoxo, oCredo Niceno.[52]
Neste Concílio, estabeleceu-se que em cada província civil do Império Romano o corpo dosbispos deveria ser encabeçado pelo bispo da capital provincial (obispo metropolita), mas reconheceu a autoridade super-metropolitana já exercida pelos bispos deRoma,Alexandria eAntioquia. Além disso, decretou que o bispo de Jerusalém tivesse direito a honra especial, embora não a autoridade sobre outros bispos.[53][54] Quando a residência doimperador romano e osenado foram transferidos paraConstantinopla, em 330, o Bispo de Roma perdeu influência nas Igrejas orientais, em benefício do Bispo de Constantinopla. Ainda assim, Roma continuou a ter uma autoridade ecumênica especial devido à sua ligação tradicional com oapóstolo Pedro e seu passado como capital doImpério Romano.[55]
Uma série de dificuldades estimulou um progressivo distanciamento entre Roma e os demais patriarcados. Primeiramente, a quebra da unidade política. Com a divisão doImpério Romano em 395 e a queda doImpério Romano do Ocidente em 476, Oriente e Ocidente deixaram de estar sob o mesmo governo. Noséculo VI, o imperadorJustiniano I empreendeu uma série de campanhas militares na parte ocidental ocupada pelos germânicos e que resultou na conquista dapenínsula itálica, mas que foi posteriormente perdida noséculo VIII com a progressiva penetração doslombardos. Mais tarde, com a ascensão doIslamismo, as trocas econômicas e os contatos por via marítima entre oImpério Bizantino, delíngua grega, e o Ocidente, de língualatina, se tornaram mais difíceis, e a unidade cultural entre os dois mundos deixou paulatinamente de existir. Noséculo VIII, Roma colocou-se sob a proteção doImpério Carolíngio, o que criou uma situação em que as Igrejas emRoma e emConstantinopla estavam no seio de dois impérios distintos, fortes e autossuficientes, cada qual com sua própria tradição e cultura.
Além do anteriormente citado, a situação de afastamento ensejou uma escalada de divergências doutrinárias entre Oriente e Ocidente (em particular, a inclusão no sexto século, pelaIgreja Latina, dacláusula Filioque (significa "e do filho" e indicava que oEspírito Santo procedia tanto dopai como doFilho), noCredo niceno-constantinopolitano, consideradaherética pelos ortodoxos) e a adoção gradativa de rituais diferentes entre si. Ao mesmo tempo, acentuou-se a pretensão, por parte de Roma, de exercer uma autoridade incontestada sobre todo o mundo cristão, enquanto que Constantinopla aceitava somente que Roma tivesse uma posição de honra. O atrito entre Cristandade latina e grega se intensificou com a cristianização doImpério Búlgaro, quando missionários daFrância Oriental, da Alemanha e doImpério Bizantino chocaram-se na região, deflagrando disputas, por exemplo, quanto à linguagem dos ofícios e ao uso doFilioque, que mesmo ainda não utilizado em totalidade pelaIgreja Latina, já fora introduzido pelos francos e alemães.[52][62]
AHagia Sophia, a maior igreja do mundo e basílica patriarcal deConstantinopla por quase mil anos, mais tarde convertida emmesquita, depois em museu e depois de volta a uma mesquita
O mesmo Patriarca Fócio foi conhecido por ter tomado esforços massivos para a cristianização dos eslavos enviando os jovens missionáriosCirilo eMetódio para aGrande Morávia no ano de 862, a pedido de seu próprio soberano, o DuqueRastislau. Para isto, os irmãos codificaram alíngua eslava eclesiástica com base no dialeto que aprenderam dos eslavos deSalônica, compondo para tal oalfabeto glagolítico (baseado em seu conhecimento anterior de múltiplos sistemas de escrita) e traduziram aBíblia e livros litúrgicos dorito bizantino para o idioma. Após a morte de Cirilo, Metódio e Rastislau, no entanto (os três hoje venerados como santos tanto na Igreja Ortodoxa quanto naIgreja Católica Romana),Zuentibaldo I, provavelmente por pressão do clerofranco, perseguiu seus discípulos (chamados cirilo-metodistas), que foram presos, escravizados ou exilados para aBulgária, onde seguiram sua missão evangélica sob a liderança de SantosClemente de Ocrida eNaum de Preslava, em que compensaram a expulsão do clero grego fornecendo ofícios em eslavônico.[65][66][52] Os cirilo-metodistas ainda se expandiriam rapidamente para aSérvia (que já era considerada um país cristão por volta de 870, com a conversão deMutímero e outros nobres)[67] e àRússia de Quieve.
Esta parte do clero franco que expulsara os missionários cirilo-metodistas de língua eslavônica da Morávia aderia à chamadaheresia trilíngue, ouheresia pilaciana, que dizia só ser possível adorar a Deus emhebraico,grego ou latim.[66][68]
Todas as supracitadas tensões acumuladas fatalmente levaram à ruptura entre as igrejas, em 1054, com a excomunhão mútua entre autoridades da Igreja Católica Ocidental e da Igreja Ortodoxa (Grécia,Rússia e outras terras eslavas, além deAnatólia,Cáucaso,Síria,Egito, etc., incluindo áreas onde muitos dos cristãos já pertenciam aIgrejas Ortodoxas Orientais). A essa divisão a historiografia ocidental chamaCisma do Oriente ouCisma do Oriente e do Ocidente, ou simplesmenteGrande Cisma.
Tentou-se restabelecer a união noSegundo Concílio de Lyon (em 1274) e noConcílio de Florença (em 1439). Foram feitas pressões para um restabelecimento da comunhão neste segundo, ainda que canonicamente contestáveis e recebidas com oposição por personalidades como SãoMarcos de Éfeso, mas a união acabou se desfazendo com aQueda de Constantinopla. Algumas comunidades ortodoxas fatalmente entrariam em comunhão em períodos diferentes, juntas formando parte dasIgrejas Católicas Orientais.
Em 1453, Constantinopla cai para oImpério Otomano, que fatalmente toma quase todos osBálcãs. OEgito era tomado pelo islamismo desde oséculo VIII, mas a Ortodoxia ainda era forte naRússia, que passaria a ser referida comoTerceira Roma.[70] O Patriarca de Constantinopla tinha autoridade administrativa sobre osrumes do Império Otomano, que permitia certa liberdade de culto no Império. NoImpério Russo, aIgreja Ortodoxa Russa era uma instituição desconectada do Estado até 1666, com a deposição do Patriarca Nikon (conhecido pelas reformas que levaram ao cisma dosvelhos crentes), influenciada porAleixo I.
Sob o jugo otomano, os cristãos ortodoxos, organizados sob omillet romano, experienciaram um congelamento da antes florescente atividade missionária, além de eventuaismártires e uma hierarquia crescentemente corrompida em decorrência das pesadas taxações impostas pelos otomanos.[52] Oberat, a aprovação dosultão para o ocupante do posto dePatriarca Ecumênico, por exemplo, era frequentemente vendido àquele que oferecesse mais dinheiro, e muitos patriarcas foram depostos e restituídos por questões financeiras: dos 159 patriarcas que ocuparam o trono durante o período otomano, apenas 21 tiveram mortes naturais enquanto exerciam o pontificado, enquanto 105 foram retirados pelos turcos, 27 abdicaram (frequentemente porcoação externa) e 6 sofreram mortes violentas.[71] Por outro lado, o poder do Patriarca de Constantinopla teve sua máxima extensão histórica com a subjugação de outros povos ortodoxos sob domínio turco, com o restante da Tetrarquia, ainda que canonicamente autocéfala, tendo extrema influência turca, e as Igrejas daBulgária eSérvia gradualmente passando para domínio direto de Constantinopla. Adicionalmente, a estrutura deimperium in imperio dosmilletler permitiu que as identidades locais ortodoxas fossem preservadas através dos séculos, de forma que a partir do início doséculo XIX algumas culturas fossem restauradas comoestados-nações independentes.[52]
A Catedral de Cristo Salvador reconstruída, atualmente a segunda igreja ortodoxa mais alta
Noséculo XVIII, a Igreja Ortodoxa volta a estar presente noHemisfério Ocidental, com a chegada de missionários russos aoAlasca em 1867, então parte doImpério Russo. Mesmo no atual estado norte-americano de Alasca, 12,5% da população se declara ortodoxa.[72] Em 1721,Pedro I abole o Patriarcado e transforma a Igreja em uma instituição estatal, o que só é interrompido com aRevolução de Outubro. O ressurgimento da posição, no entanto, não duraria muito, com o Patriarcado sendo extinto pelogoverno comunista após a morte do PatriarcaTikhon. Em 1943, no entanto, o Patriarcado foi reinstituído porJoseph Stalin. Ainda haveria perseguições sobKhrushchev, que chegou a fechar 12 mil igrejas. Menos de 7 mil permaneciam ativas à altura de 1982.[73] Hoje, de acordo com dados de 2016, a Igreja Ortodoxa Russa dispõe de cerca de 35 milparóquias pelo mundo.[74]
Com oateísmo de Estado dos regimescomunistas que se implantaram em nações com presença ortodoxa como naEuropa Oriental, regiões asiáticas daUnião Soviética eChina, a Igreja Ortodoxa sofreu fortemente com perseguição e censura, o caso mais drástico provavelmente sendo o daAlbânia deEnver Hoxha, declarada oficialmente ateísta e tendo suaigreja nacional fechada entre 1967 e 1992.[75] Em outros países, no entanto, como naRomênia, a Igreja teve relativa liberdade, apesar do forte controle por parte dapolícia e de experiências como as tentativas delavagem cerebral de crentes na prisão dePiteşti, o que por fim seria rigorosamente punido pelo Estado.
Com a queda das ditaduras comunistas daEuropa Oriental, começando pelaAlbânia em 1976 e depois por uma queda abrupta de todas as restantes entre 1989 e 1992, as jurisdições da Igreja Ortodoxa oprimidas por estes regimes começaram a tomar mais liberdade. Em 2007, aIgreja Ortodoxa Russa no Exterior, que se separara doPatriarcado de Moscou após o PatriarcaSérgio de Moscou, naprisão, jurar aliança ao Estado comunista, restaurou a comunhão.[76] Em 2016, emCreta, foi congregado um Concílio Pan-Ortodoxo, como planejado desde osanos 60.
A Igreja Ortodoxa é uma comunhão de igrejasautocéfalas (ou autodirigidas), com oPatriarca Ecumênico de Constantinopla reconhecido como tendo o status deprimus inter pares. O patriarca de Constantinopla tem a honra de primazia, mas seu título é apenas o "primeiro entre iguais" e não tem autoridade real sobre outras igrejas além da Constantinopolitana e estabelece prerrogativas interpretadas pelo patriarca ecumênico,[77][78][79][80] embora às vezes o ofício do patriarca ecumênico tenha sido acusado depapismoConstantinopolitano ouOriental.[81][82][83]
A Igreja Ortodoxa consideraJesus Cristo o cabeça e a igreja o seu corpo. Acredita-se que a autoridade e a graça de Deus são transmitidas diretamente aosbispos ortodoxos e aoclero por meio daimposição de mãos — uma prática iniciada pelos apóstolos, e que esse vínculo histórico e físico ininterrupto é um elemento essencial da verdadeira igreja (Atos 8:17, 1 Tim 4:14, Hebreus 6:2). Os ortodoxos afirmam que a sucessão apostólica requer fé apostólica, e os bispos sem fé apostólica, que estão em heresia, perdem seu direito à sucessão apostólica.[84] As igrejas ortodoxas se diferenciam de outras igrejas cristãs pela prática de "ritual e liturgia… rica em mistério e simbolismo", semelhante a seus pontos de vista sobre ossacramentos.[85]
Abaixo, a lista das jurisdições que formam a Igreja Ortodoxa, com algumas das respectivas Igrejas autônomas e exarcados. Os quatro primeiros são osantigos patriarcados, que carregam a tradição dapentarquia. Os cinco seguintes são osnovos patriarcados, posteriormente reconhecidos pelo Patriarca de Constantinopla. As seis últimas igrejas são autocéfalas, mas não têm seus líderes reconhecidos como patriarcas. As que não têm notas referentes a seu reconhecimento estão em plena comunhão.[88][89][90][91][92]
Outra ruptura parcial de comunhão ocorre entre Antioquia e Jerusalém desde abril de 2014, em virtude da discordância sobre qual das duas teria jurisdição sobre oCatar.[103]
Percentage distribution of Eastern Orthodox Christians by country
As estimativas mais confiáveis atualmente disponíveis indicam um número de adeptos ortodoxos orientais em cerca de 220 milhões em todo o mundo,[11] tornando a Igreja Ortodoxa a segunda maiorcomunhão cristã do mundo depois daIgreja Católica.[104]
De acordo com o Anuário de Demografia Religiosa Internacional de 2015, a população cristã ortodoxa era de 4% da população global em 2010, caindo de 7,1% em 1910. O estudo também encontrou uma diminuição em termos proporcionais, com os cristãos ortodoxos orientais representando 12,2 % da população cristã total do mundo em 2015, em comparação com 20,4% um século antes.[105] Um relatório de 2017 doPew Research Center alcançou números semelhantes, observando que a Igreja Ortodoxa teve um crescimento mais lento e menos propagação geográfica do que ocatolicismo e oprotestantismo, que foram impulsionados pelo colonialismo e pela atividademissionária em todo o mundo.[106]
O cristianismo ortodoxo é a religião que mais cresce em certospaíses ocidentais, principalmente através da migração de mão-de-obra daEuropa Oriental e, em menor grau, da conversão.[118] AIrlanda dobrou sua população cristã ortodoxa entre 2006 e 2011.[118][119][120] AEspanha e aAlemanha têm as maiores comunidades da Europa Ocidental, com cerca de 1,5 milhão cada, seguidas pelaItália com cerca de 900 mil e aFrança com entre 500 mil e 700 mil. Nas Américas, quatro países têm mais de 100 mil cristãos ortodoxos orientais:Canadá,México,Brasil eEstados Unidos; todos, exceto o último, tinham menos de 20 mil na virada do século XX.[121] Os EUA viram sua comunidade mais do que quadruplicar desde 1910, de 460 mil para 1,8 milhão em 2017,[121] consequentemente, o número de paróquias ortodoxas orientais tem crescido, com um aumento de 16% entre 2000 e 2010.[122]
ATurquia, que durante séculos teve uma das maiores comunidades ortodoxas, viu sua população cristã total cair de aproximadamente um quinto em 1914 para 2,5% em 1927.[123] Isso se deveu principalmente àdissolução do Império Otomano, que viu a maioria dos territórios cristãos se tornarem nações independentes. A população cristã restante foi reduzida ainda mais porgenocídios em larga escala contra as comunidadesarmênia,grega eassíria; subsequentesintercâmbios populacionais entre a Grécia e a Turquia[124] e a Bulgária e a Turquia; e emigração associada de cristãos para países estrangeiros (principalmente na Europa e nas Américas).[125] Hoje, apenas 0,2% da população da Turquia representa judeus ou várias denominações cristãs (320 mil).[126][108]
De forma geral, a Igreja Ortodoxa está fortemente associada aorito bizantino, ainda que este traga variações locais. Até o século XVII, havia consideráveis diferenças entre os ritos eslavos e os bizantinos, mas reformas do PatriarcaNikon de Moscou diminuíram tal variedade, aproximando drasticamente o uso pelaIgreja Ortodoxa Russa daquele encontrado em livros litúrgicos de procedência constantinopolitana, gerando recensão crescentemente introduzida em outras Igrejas eslavas em decorrência da influência russa sobre ortodoxos sob jugootomano.[127][128]
Esta medida, contudo, não privou a Igreja Ortodoxa de sua diversidade litúrgica original. AIgreja Ortodoxa Georgiana, por exemplo, preserva alguns traços de suas práticas anteriores à introdução do rito bizantino no país, como formas particulares deiconografia e cantopolifônico, crescentemente reforçadas por esta Igreja como forma de reafirmação nacional.[129][130] A instituição dosEdinoverie,velhos crentes admitidos na Igreja russa oficial a partir do século XVIII, reintroduziu as práticas pré-nikonianas na Igreja.[131] Ainda, o fenômeno daOrtodoxia de rito ocidental a partir do século XIX reabriu as portas para diversosritos romanos adaptados, estes não praticados por ortodoxos desde o fim do Mosteiro de Amálfion no século XIII, redutobeneditino noMonte Atos.[132]
A Igreja Ortodoxa é presente noBrasil tanto por imigrantes e seus descendentes quanto por comunidades inteiras debrasileiros convertidos. A primeira Divina Liturgia do país da qual se tem registro foi celebrada em 1897, com a primeira paróquia, aIgreja da Anunciação à Nossa Senhora, construída emSão Paulo em 1904 pelacomunidade sírio-libanesa e presidida pelo Arquimandrita Silvestros As-Seghir como vicariato patriarcal daIgreja de Antioquia. Em 1958, essa comunidade seria elevada aostatus de arquidiocese, comIgnatios Ferzli presidindo-a como o primeiro bispo residente no país.[133][134]
Apesar de toda aEuropa Ocidental ser clamada como território canônico próprio peloPatriarcado Ecuménico, existem em Portugal, além da presença da Igreja Grega sob o omofório deste Patriarca, aIgreja Ortodoxa Búlgara, aRussa e aRomena.[136] OXV Recenseamento Geral da População de Portugal contou 56 550 ortodoxos no país dentre a população com 15 anos ou mais, apesar de, como no caso do Brasil, fazer-se necessário atentar-se para grupos que não são parte da Igreja, como a ditaIgreja Católica Ortodoxa Lusitana.[137] Não há bispos residentes em Portugal em comunhão com o restante da Igreja, apesar de já ter havido no passado, antes de os bispos daIgreja Ortodoxa Polonesa no país separar-se do Sínodo.[138]
Há paróquias ortodoxas em Moçambique, todas no território eclesial daIgreja Ortodoxa Grega de Alexandria. Estas paróquias já estiveram, em momentos diferentes, sob a Metrópole deJoanesburgo e sob a Diocese doZimbábue, mas existe desde 2006 uma Diocese deMaputo, hoje ocupada pelo BispoJoão Tsaftarides.[139] A primeira paróquia ortodoxa no sul daÁfrica foi edificada no país, o Templo Sagrado da Santa Trindade, a partir de 1876. A maior parte dos ortodoxos do país é de origem grega, mas há nativos convertidos. O Censo de 2007 contabilizou apenas as maiores denominações religiosas no país, deixando de lado a população ortodoxa.[140]
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