Movatterモバイル変換


[0]ホーム

URL:


Saltar para o conteúdo
Wikipédia
Busca

Iemanjá

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Iemanjá
Iemanjá
Traje de Iemanjá fabricado peloJanail Peixoto noMuseu Nacional das Culturas Mundiais.
Yemanjá .Yemonjá .Yemọjá .Yemayá
AtributosMãe dos peixes, divindade dafertilidade, maternidade e das águas dos rios. Protetora das crianças e idosos. Padroeira dospescadores.
Símbolosabebé prateado,[1]alfange,agadá (espada),obé (espada), peixe, couraça de guerra,adê (coroa com franjas de miçangas),[2]idés (braceletes ou pulseiras de argola), pedras do mar e conchas
SincretismoNossa Senhora da Conceição, emPernambuco eSão Paulo
Nossa Senhora da Glória, noRio de Janeiro
Nossa Senhora dos Navegantes, naBahia e noRio Grande do Sul
Nossa Senhora do Cabo, emLuanda e noBengo[3]
É reverenciada noCandomblé,Santeria,Umbanda,Xangô de Pernambuco,Batuque,Xambá,Culto Tradicional de Ifá,Regla de Ocha,Omolocô,Terecô,Vodu haitiano eVodu da Luisiana.
Parte dasérie sobre
Candomblé
Ofá, símbolo de Oxóssi

Iemanjá (Yemọjá naNigéria,Yemayá emCuba ou aindaDona Janaína noBrasil; ver seçãoNome e Epítetos) é oorixá dosebás, divindade da fertilidade originalmente associada aos rios e desembocaduras. Seu culto principal estabeleceu-se emAbeocutá após migrações forçadas, tomando como suporte orio Ogum de onde manifesta-se em qualquer outro corpo de água. Também é reverenciada em partes daAmérica do Sul,Caribe eEstados Unidos. Sendo identificada nomerindilogum pelosOdusirossum,[2][4]Ossá[5] eOgundá,[6] é representada materialmente pelo assentamento sagrado denominadoIbá de Iemanjá. Manifesta-se em iniciados em seus mistérios (eleguns) através de incorporação ou transe.

Celebrada emIfé como filha deOlocum a divindade dos mares, essa simbiose lendária foi enaltecida no processo dadiáspora africana resultando na assimilação de Iemanjá dos atributos da água salgada, sendo o motivo para a sua associação aos mares no Novo Mundo. Com o sincretismo de outras divindades e de influências europeias, foi imbuída de inúmeros atributos e poderes em uma grande variedade de cultos. O seu arquétipo maternal consolidou-se sobretudo comoMãe de todos os Orixás. Iemanjá nas palavras de D. M. Zenicola, "representa o poder progenitor feminino; é ela que nos faz nascer, divindade que é maternidade universal, a Mãe do Mundo".[7]

No Brasil considerado o orixá mais popular festejado com festas públicas, desenvolveu profunda influência nacultura popular, música, literatura e na religião, adquirindo progressivamente uma identidade consolidada peloNovo Mundo conforme pode ser observado em suas representações nos mais diversos âmbitos que em sua imagem reuniram as "três raças". Figura naDona Janaína uma personalidade à parte, sedutora, sereia dos maresnordestinos, com cultos populares simbólicos e acessíveis que muitas vezes não expressam necessariamente umaliturgia. Nessa visão, segundo T. Bernardo Iemanjá "(...)é mãe e esposa. Ela ama os homens do mar e os protege. Mas quando os deseja, ela os mata e torna-os seus esposos no fundo do mar".[8]

Nome e Epítetos

[editar |editar código-fonte]
Estátua de Iemanjá na Praia de Camburi,Vitória,Espírito Santo

"Iemanjá", nome que deriva dacontração da expressão emiorubáYèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes") ou simplesmenteYemọjá em referência a um rio homônimo cultuado nos primórdios do culto desteorixá.[9][10][11] NaNigéria,Yemọjá pronuncia-se com o som de "djá" na última sílaba.[12][nb 1] A versão lusófona amplamente mais aceita no âmbito acadêmico é Iemanjá, por vezes também assume a grafia deYemanjá onde a letra inicial alude a origem do nome. Isso também observa-se no caso deYemayá naSanteria emCuba. Noodu Ogundá é chamada de Mojeleu (Mọjẹlẹwu), esposa de Oquerê, rei de Xaqui.[6] Também é conhecida comoAleyo na mesma região deEbadó, Aietoró, Igã e Ocotó.[13] EmTrindade e Tobago é chamada de Emanjá (Emanjah) ou Amanjá (Amanjah), e Metre Sili ou Agué Toroió (Agué Toroyo) naRepública Dominicana.[14]

O seu nome na cultura popular brasileiraDona Janaína aMãe d'água é associado por alguns autores a uma origemindígena[15][16][17] mas não evidenciam seu significado ou grupo linguístico. Noguarani existeJara, pronúncia correta deIara, significando, segundo M. A. Sampaio, "senhor, senhora, dono, dona, proprietário, proprietária. Não quer dizer 'senhora das águas'.Para esse termo, seriaY-jara: Y- água;jára, senhor ou senhora."[18] Tal alusão à figuramitológica brasileira deIara justificaria dois títulos em comum,Mãe d'Água eSereia, e sua origem explica por que é tratada por "Dona".[nb 2] Lenz, H. Goldammer em seu dicionário detupi e guarani identifica Janaína como corruptela deja nã inã, que significaria "costuma ser semelhante ao solitário" ou "Rainha do Mar" em uma tradução livre do Tupi.[19] Odicionário Houaiss registra a explicação da composição do nome por Olga Cacciatore como de origemiorubá:iya, "mãe" +naa, "que" +iyin, "honra".[20] M. C. Costa, em um artigo referente, localiza sua origem nodiminutivo deJana, expressão portuguesa paraAnjana, ser mitológico ligado àsXanas, uma espécie defada ouninfa da mitologiaasturiana que vive nos rios, fontes e mananciais.[20] Já outro nomeInaê é segundo Édison Carneiro apenasaférese deJanaína com mais um "ê"eufônico.[21]

Iemanjá também assume diversosepítetos e títulos em sua grande variedade de cultos. Segue uma lista incompleta, excluindo-se também qualidades eavatares (ver seçãoQualidades e Avatares):Ayaba ti gbe ibu omi, rainha que vive na profundeza das águas;[22]Ibu gba nyanri, regato que retém a areia; Oloxum (Olosun), regato vermelho;Ibu Alaro, regato negro (anil);Olimọ, dona da folha depalmeira;Onilaiye, dona do mundo;[23]Onibode Iju, guardiã da floresta; mãe de Minihun (Iya ominihun), em referência aminihun que é o nome que se dá às crianças que acredita-se concebidas graças a Iemanjá;[24]Ayaba lomi o, rainha na água;[25] Iá Ori, mãe da cabeça[26]Rainha do Mar,Sereia.[27] Outras referências como Aiocá ou Princesa de Arocá parecemcorruptelas de Abeocutá, cidade principal do culto de Iemanjá.[28][29]

Mito

[editar |editar código-fonte]
Iemanjá amamentando osIbejis, início doséculo XX,Museu Afro Brasil

Muitos atributos e códigos morais de Iemanjá podem ser verificados em suas cantigas eoriquis,[30] tradições orais entre osiorubás,[31] seusitãs ou mitos e demais tradições também se preservaram de mesmo modo,[nb 3] estando segundo R. Ogunleye suscetíveis às limitações da memória e à extinção de saberes com a morte dos que a preservam.[32] Com a perda de muitos de seu culto durante as guerras sofridas pelosebás, que resultaram na suamigração para uma nova região,[13] não é espantoso que seus mitos originais só aludam ao suporte de seu culto na nova localidade, orio Ogum e não seu predecessor como adiante verificamos.

Os primeiros registros literários de seus mitos assim, como de alguns outros orixás, foram prejudicados por diversos equívocos. A. B. Ellis a ela associa uma gênese incestuosa influenciada por P. Baudin e repetida diversas vezes por autores como R. E. Dennett, Stephen Septimus Farrow, Olumide Lucas eR. F. Burton influenciados uns pelos outros,[33] e ecoada no Brasil porArthur Ramos eNina Rodrigues.[34]P. Verger inicialmente influenciado por tais mitos já alertava que os mesmos não eram mais conhecidos ou possível de se verificar na costa daÁfrica[35] e posteriormente conclui tratar-se de uma série de equívocos e os rebate duramente em obras posteriores.[36] Essas influências ocidentais imprecisas refutadas por Verger aderiram na interpretação de Iemanjá em sua associação com a gênese do mundo, sendo objeto de estudo assim retomado por diversos autores que veem em Iemanjá unida a Aganju (apresentado como irmão e marido) e posteriormente violada pelo filho,[37][38][39] uma síntese dacosmogonia iorubá, passando a figurar como "mãe de todos os orixás" tal como apresentado por Poli[40] ou culminando na visão poética de Prandi com Iemanjá ajudando pessoalmente Olodumarê na construção do mundo.[41]

Para Poli, mesmo a concepção de Iemanjá que vislumbramos na obra de Verger é uma divindade já sincrética, como podemos conferir em sua associação aIeuá e também Ieiemouô.[42][43] Tal confusão não é grave no seu culto no Brasil por exemplo, onde Iemanjá tornou-se em uma nova interpretação segunda esposa deOxalá[44] -uma concepção dos mesmos de Obatalá-, formando o casal da criação.[45] Alguns autores, comoL. Cabrera em sua memorável explanação e abordagem sobre Iemanjá eOxum, abordaram essa visão dadiáspora centrada no seu novo contexto social, cultural e histórico, como é o caso de Cuba na análise da pesquisadora, não preocupando-se em um resgate propriamente a partir da origem.[46]

No Novo Mundo, também observa-se uma moralização de sua figura em associação ao sincretismo com figuras docristianismo,[47] segundo Sousa Junior: "O exemplo mais ilustrativo disso é a perda de características guerreiras em detrimento da exacerbação de elementos como virgindade, pureza e docilidade, ideais por excelência da figura daVirgem Maria (...)",[45] quando não em determinados momentos assume os aspectos da sensualidade em demasia, de amante, confundida na figura deIara mesclada com assereias europeias.[48][49] como podemos verificar naDona Janaína da obra de Jorge Amado ou das canções deDorival Caymmi (ver seçãoIemanjá e a Música Popular Brasileira), ou mesmo no culto deLá Sirène ouMami Uata noCaribe (ver seçãoSincretismo).

Seus mitos permaneceram relacionados as águas, muito embora o orixá possa ter passado dos rios aos mares como observamos noBrasil e emCuba, seja em substituição de cultos de divindades esquecidas no processo de diáspora como o deOlocum[nb 4] que foi substituído no panteão afro-brasileiro por Iemanjá,[50] ou o estreitamento demasiado dessas duas divindades de mesma família, como observamos cunhado na figura de Iemanjá Olocum (Yemayá Olokun)[51] explorada por Cabrera.[52]

Origens

[editar |editar código-fonte]

Ògùn ó Yemonja, Ògùn ó Yemonja e lódò e lódò.

Sà wè a Ògùn ó Yemonja.

Ìyá àwa sé wè, Yemonja dò ó rere Yemonja.

Ìyá àwa sé wè, Yemonja dò ó rere Yemonja.


O rio Ogum é de Iemanjá, o rio Ogum é de Iemanjá. Ela tem o rio, tem o rio que escolhemos para nos banharmos, o rio Ogum é de Iemanjá, mãe, vamos nos banhar, Iemanjá que o rio esteja bom, Iemanjá.

Ori Olocum (Cabeça de Olocum), bronze descoberto emIfé por Leo Frobeniu

Iemanjá, em seu culto original, é um orixá associado aos rios edesembocaduras, àfertilidade feminina, à maternidade e primordialmente ao processo de gênese doAiê (mundo) e a continuidade da vida (emi. Também é regente da pesca, e do plantio e colheita deinhames.[53]P. Verger, em seu livroDieux d'Afrique,[54] registra: "é o orixá das águas doces e salgadas dosebás, uma naçãoiorubá estabelecida outrora na região entreIfé eIbadã, onde existe ainda orio Iemanjá. As guerras entre nações iorubás levaram os ebás a emigrar na direção oeste, paraAbeocutá, no início doséculo XIX. (...)O rio Ogum, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá."[55] Após a guerra entre os ebás e osdaomeanos, sobraram poucas pessoas desse culto, tendo em vista a dispersão ou mesmo prisão destes pelos inimigos.[13] Segundo R. Ogunleye, "Não está claro se o rioOgun precedeYemoja ou seYemoja trouxe o rioOgun a existir para que ela pudesse criar um quartel-general como um assento de seu governo. Seja qual for o caso, o rioOgun tem vindo a ser aceito pelos iorubás como o "quartel-general" deYemoja. De seu trono lá, ela se manifesta em qualquer outro corpo de água".[56] A referência da guerra e da fuga dos ebás reflete-se em sua mitologia.

Os principais relatosmitológicos de Iemanjá se desenrolam com osorixás primordiais da criação iorubá do mundo. Evidenciou-se na segunda metade doséculo XX um consenso entre autores de que Iemanjá é filha da divindade soberana dos mares e oceanosOlocum (esta última uma divindade feminina em Ifé e masculina noBenim), sendo esse vínculo celebrado nacidade deIfé, considerado como berço da civilizaçãoiorubá.[57][58][59][60][61][62] R. Ogunleye alude sua origem também a partir deOlorum (Olodumarê), divindade doOrum.[63] Se constata então como filha da união mitológica conturbada de Olocum e Olorum e irmã deAgué-Xalugá.[64] Olocum pelo caráter instável e destrutivo foi atada ao fundo do oceano em seus domínios após uma tentativa dedilúvio frustrada por Olorum,[65] E. L. Nascimento menciona, ao referir-se ao temor aos aspectos antissociais ou negativos dos Orixás femininos, "Iemanjá, igualmente,[nb 5] representa em seu aspecto perigoso a ira do mar, a esterilidade e a loucura".[66] Não obstante, é muito frequente referências a natureza benéfica de Iemanjá,L. Cabrera assim defende: "Sem deformar essa definição encantadora e irrefutável, podemos imaginar Iemanjá emanada de Olocum, com seu poder e suas riquezas, mas sem as características tremebundas que o associam mais à morte do que à vida, como sua manifestação feminina -Iemanjá é muito maternal - e benéfica".[67][nb 6] Na cosmologia e gênese de A. B. Ellis influenciada por P. Baudin é filha da união deObatalá comOdudua numa manifestação feminina.[68][69]

P. Verger aponta sua primeira união comOrumilá, o orixá dos segredos (essa união é amplamente celebrada no culto de ifá afro-cubano com diferentesitãs registrados por L. Cabrera, mas é negada porW. Abimbọla),[70] relação que pouco durou uma vez que Orumilá a expulsa e acusa de quebrar oeuó que proíbe o acesso de mulheres aosOdus e o manuseio dos objetos sagrados deIfá.[71][72][73] L. Cabrera registra: "Orumilá teve de assistir a uma reunião de dezesseisawós, convocada por Olofi.[nb 7] Ela ficou em casa e a todos que iam consultar seu marido, em vez de dizer-lhes que esperassem sua volta, ela fazia passar adiante e adivinhava para eles. (...)quando este voltou, todos lhe pediam quem Iemanjá olhasse para eles. Orumilá explicava que as mulheres não podem jogar Ifá. Eles iam embora... e não voltavam mais".[72]

Elegum manifestada em Iemanjá durante um festival naNigéria

Posteriormente, Iemanjá foi casada com o AlafimOdudua[nb 8] criador do mundo e rei de Ifé, com a qual teve dez filhos. Alguns dos nomes enigmáticos de seus filhos parecem corresponder a orixás, Verger apresenta dois exemplos: "Òsùmàrè ègò béjirìn fonná diwó" (o arco íris que se desloca com a chuva e guarda o fogo nos seus punhos), e "Arìrà gàgàgà tí í béjirìn túmò eji" (o trovão que se desloca com a chuva e revela seus segredos).[57][71] Iemanjá, cansada da vivência na cidade de Ilê Ifé governada pelo marido, decide-se fugir para o Oeste, para a "terra do entardecer". Antes de viver no mundo, Iemanjá recebera, de Olocum, sempre precavida pois "não se sabe jamais o que pode acontecer amanhã", umavasilha contendo um preparado mágico com a recomendação de que, se algum caso extremo se sucedesse, Iemanjá o quebrasse no chão. Iemanjá, que já havia se instalado no entardecer da Terra, foi surpreendida pelo exército do alafim Odudua que estava a sua procura. Longe de se deixar capturar, quebrou a vasilha com o preparado conforme as indicações que recebera. O preparado mágico, ao tocar o chão, fez nascer, no mesmo lugar, um rio que levou Iemanjá novamente paraokun, os oceanos de Olocum onde foi acolhida.[71]

Outro mito sugere que foi casada com Oquerê, rei de Xaqui, cidade localizada ao norte deAbeocutá.[57][74] Este mito parece complementar suas andanças após a fuga de seucasamento com Alafim Odudua. O mito se inicia com Iemanjá se instalando emAbeocutá que seria a terra do entardecer do mito anterior, e o desfecho muito se assemelha, com a presença da vasilha com o preparado mágico de Olocum. Iemanjá que "continuava muito bonita", despertou o desejo de Oquê que lhe propôs casamento. A união se sucedeu com a condição que Oquerê em nenhuma situação expusesse o tamanho da imensidão de seus seios ao ridículo. Mas Oquerê certo dia bêbado retorna para casa e tropeça em Iemanjá que o recrimina, e este não tendo controle das faculdades ou emoções, grita ridicularizando-lhe os seios. Iemanjá foge em disparada ofendida com o feito de Oquerê, que lhe persegue. Em sua fuga, Iemanjá tropeça quebrando a vasilha que lhe foi entregue e dela nasce o rio que lhe ajudará a chegar até o mar. Oquerê não querendo permitir a fuga da mulher se transforma numa colina que lhe barra o caminho para qualquer direção. Iemanjá uma vez com sua rota até ooceano bloqueada, clama pelo mais poderoso de seus filhos,Xangô.[74][75]

Assim, Verger relata o seu desfecho: "(...)chegou Xangô com seuraio. Ouviu-se então: Cacará rá rá rá ... Ele havia lançado seu raio sobre a colina Oquerê. Ela abriu-se em duas e, suichchchch ... Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olocum. E aí ficou e recusa-se, desde então, a voltar em Terra".[74]

Evolução e Interpretações do Mito

[editar |editar código-fonte]
Detalhe da esculturaIemanjá deCarybé, onde é possível notar orixás representados dentro do seu ventre, comoXangô com seuoxê eOgum com suaespada.[76]Museu Afro-Brasileiro,Salvador,Bahia

Muito da interpretação de Iemanjá e de sua mitologia deve-se aos seus primeiros registros escritos como observa-se em P. Baudin e outros, o seu atributo deMãe de todos os orixás é oriundo do relato de sua união comAganju, da qual teria surgido o orixá Orungã, este último atraído pela mãe teria tentado possuí-la em um momento de ausência do pai. Da consumação do incesto ou da mera tentativa da mesma, sucedeu-se uma fuga da parte de Iemanjá, como noutros episódios, que horrorizada cai sobre a terra e de seus seios rasgados surgem dois lagos e sucede-se assim o parto coletivo de diversos orixás, juntamente doSol e daLua, porém este relato possui sérias inconsistências inclusive a menção a Olocum como o primeiro a nascer desse parto sendo que a sequência de nascimentos variam de um autor a outro e os desígnios dos orixás citados.[33] L. Cabrera ao relatar este mito a partir de depoimentos de alguns santeiros sobrepõe em uma mesma figura duas divindades distintas, Iemanjá e Iemu, a suaYemayá-Yemu esposa de Olorum que depois através de um Obatalá,Achupá, deu à luz os orixás e os dois astros anteriormente citados, esta abordagem é comparada pela autora a outra versão obtida de uma informante em exílio de Iemanjá casada com Aganju, que muito se assemelha ao relato dos autores P. Baudin, A. B. Ellis, R. E. Dennett, Stephen Septimus Farrow, Olumide Lucas e R. F. Burton; Cabrera em nota lança luz quanto a este mito tratar-se de uma variação do mito de Iemu verdadeira mãe deOgum e que o incesto teria sido praticado por este,[77] o mesmo é afirmado por Natalia Bolívar Aróstegui[78] e outros autores.[79][80]

Verger, que não observa os relatos de A. B. Ellis na costa da África, considera um visão equivocada e extravagante a de padre Baudin, e que só teria cruzado o Atlântico através de Ellis. O mesmo registra: "Durante a pesquisa que fiz a partir de 1948 nos meios não letrados destas regiões da África, nunca encontrei vestígios das lendas inventadas por Rev. Padre Baudin". Atualmente, R. Prandi, que rejeita a visão de Verger, defende que o mesmo mito é de grande conhecimento por parte dos praticantes do culto ao orixá na Bahia, com a observação que os mesmos não conservaram o nome de Orungã.[81] A visão de Prandi ignora a influência do acesso de religiosos a autores comoArthur Ramos, fortemente influenciado por T. J. Bowen e A. B. Ellis, e demais estudiosos que tentaram atuar como bastiões de resgate do que acreditavam ser aidentidade dos negros já perdida. Como destaca Roberto Motta, o papel doantropólogo "se transforma em doutor da fé, descobridor ou inventor da tradição e da memória",[82] esse aparecimento gradativo do mito entre os devotos é reforçado com a comparação de dois relatos de períodos distintos, pelo relato deNina Rodrigues em 1934: “É de crer que esta lenda seja relativamente recente e pouco espalhada entre os nagôs. Os nossos negros que dirigem e se ocupam do culto iorubá, mesmo dos que estiveram recentemente na África, de todo a ignoram e alguns a contestam”,[81] outra menção quanto ao desconhecimento generalizado do mito, mas o seu já aparecimento é a pesquisa do escritorJorge Amado que se utiliza da metáfora de Iemanjá e Orungã para seu livroMar Morto, o mesmo relata: "Não são muitos no cais que sabem da história de Iemanjá e de Orungã, seu filho."[83]

Outro atributo que lhe foi associado foi o poder sobre as cabeças e portanto sobre o destino. Na crençaiorubá, os aspectos que os seres humanos vivenciam em suas vidas são oriundos da escolha doori (cabeça) que aplica odestino. Nessa tradição crê-se que apósObatalá modelar os seres, Ajàlá fornece a cabeça.[84] Nas palavras de Abimbọla, "Ajàlá (outra existência sobrenatural que não é reconhecida como divindade) fornece o ori (cabeça) de sua loja de cabeças..."[85] S. Poli evidencia que Ajàlá "É esquecido e descuidado e devido a isto nem sempre as cabeças saem boas. Como resultado disso a maioria das pessoas escolhem por si mesmas as cabeças sem recorrerem aAjàlá e acabam assim por escolher cabeças ruins e imprestáveis", sendo devido a isso o motivo de serem necessários rituais como obori para estabelecer o equilíbrio que oori necessita.[84] NoBrasil a Iemanjá foi atribuída a tarefa da manutenção das cabeças, em especial no procedimento do bori tornando-se a Iá Ori ("Mãe das Cabeças"), a cerca dissoR. Prandi nos explica: "Ajàlá está esquecido noBrasil, tendo sido substituído por Iemanjá, a dona das cabeças, a quem se canta, no xirê, quando os iniciados tocam a cabeça com as mãos para lembrar esse domínio, e na cerimônia de sacrifício à cabeça (bori), rito que precede a iniciação daquela pessoa".[86]

Ilê Ori (casa de Ori), que contém o Ibo Ori, assentamento da cabeça, representação dentro doculto tradicional emNigéria. No Brasil, um recipiente de louça que se usa como fundamento para fazer bori é chamado de Ibá de Ori de Ori
Ritual paraOri ao lado de uma estátua de Iemanjá nocandomblé,Ilê Axé Ijino Ilu Oróssi,Bahia,Brasil

S. Epega defende o culto de Iemanjá como Iá Ori justificando o porquê dessa atribuição, ela relata:

"Quando Iemanjá veio doOrum [mundo ancestral] para oAiê [planeta Terra], ao chegar descobriu que cada orixá já tinha seu domínio na terra dos homens, e nada havia sobrado para ela. Queixou-se aOlodumarê [deus criador], que disse a ela ser seu dever cuidar da casa de seu maridoObatalá [rei das roupas brancas], de sua comida, de sua roupa, de seus filhos. Iemanjá se revoltou. Ela não tinha vindo do Orum para oAiê para ser dona de casa e doméstica. E tanto falou, tanto reclamou, que Obatalá foi ficando perturbado, até que finalmente enlouqueceu. Ao ver seu marido[nb 9] nesse estado, Iemanjá pensou na atitude que Olodumarê iria ter com ela quando chegasse do Orum. E procurou os melhores frutos, o óleo mais claro e encorpado, o peixe mais fresco, oInhame mais bem pilado, um arroz bem branco, os maiores pombos brancos, oobi mais novo, o melhoratare,ekuru acabado de cozinhar,ori muito bom, osibim mais claros,orobô macio, água muito fria, e com isso tratou a cabeça de Obatalá. Ele foi melhorando com os ebós, e um dia ficou completamente curado. Olodumarê chegou do Orum para visitar Obatalá. Falou a Iemanjá que havia visto tudo o que acontecera, e deu-lhe os parabéns por ter curado tão bem a cabeça de seu marido. Dali para frente, Iemanjá iria ajudar os homens que fizessem más escolhas deori [destino, força vital], a melhorar suas cabeças, com uma oferenda determinada pelooráculo de Ifá, através deOrumilá [deus do destino dos homens].[87]

Curiosamente emCuba onde não há referência a posse desse atributo por Iemanjá,L. Cabrera consegue resgatar o seguinte mito:

"No começo do mundo, osOrixás e homens confabularam contra Iemanjá, que entrava na terra, a varria continuamente com suas ondas e a todos impunha respeito. Olorum disse a Obatalá: 'Vá ver de que acusam Iemanjá.'Eleguá, que ouviu a ordem recebida por Obatalá, disse a Iemanjá: 'Consulte-se comIfá para que você confunda todos os seus inimigos.'Iemanjá seguiu o conselho deEleguá, consultouIfá e este indicou que ela fizesse umebó (sacrifício) de carneiro. Obatalá chegou aIlê-Ifé, a aldeia dosorixás e dos homens e, enquanto todos falavam, Iemanjá saiu do mar e avançou até o grandeOrixá, mostrando-lhe a cabeça do carneiro. Obatalá pensou: 'É a única que tem cabeça!',e confirmou seu poder e grandeza."[72]

Noutra versão, Iemanjá se encontra com Olorum na reunião por ele imposta aosOrixás e lhe presenteia com a cabeça de um carneiro e este ao perceber que ela era a única dos presentes a homenageá-lo diz: "Awoyó Orí dorí e". "Cabeça você traz, cabeça você será". A justificativa do mito seria que Iemanjá é "cabeça que pensa por si mesmo" e a autora não apresenta maiores justificativas para entendermos a simbologia nele expressa, no entanto R. Prandi e A. Vallado justificam esse relato como referência da tutela dosoris por parte de Iemanjá.[86][88] L. Cabrera ao escrever sobre um mito que menciona Iemanjá novamente casada comAganju evidencia Obatalá como dono das cabeças, atributo queAganju sem sucesso teria tentado tomar para si.[72]

Olukunmi Omikemi Egbalade, sumo-sacerdote do culto a Iemanjá emIbadã, em entrevista, afirma não só a função do orixá em formar as cabeças juntamente a Obatalá, como seu papel de levar água para cuidar dos recém-nascidos modelados pelo último.[89] A. Apter ao explorar o aspecto político de seu culto em Aiedê, em especial quanto a descrição do ritual dacabaça realizado pela sua alta sacerdotisa, escreve: "Yemojafrutificando acabaça representa o útero da maternidade, a cabeça do bom destino, a coroa do rei, a integridade da cidade, mesmo o encerramento cosmológico do céu e da terra",[90] o que não é discrepante com a afirmativa deS. Epega, "(...)no ritual de bori [bo ori - louvar a cabeça],Yemoja sempre é saudada com a cantiga; 'Ori ori ire,Yemoja ori orire,Yemoja' (Cabeça cabeça boa,Yemoja coloca boa sorte na cabeça,Yemoja)", ficando evidente algum aspecto doorixá quanto a cabeça.[87]

Altar de Iemanjá em templo emTrinidad (Cuba), com insígnias dosol e dalua

Outro atributo ou símbolo muito utilizado e presente na interpretação de Iemanjá é alua.R. Prandi relata que Iemanjá teria criado alua para salvar o sol de extinguir-se, ele registra:

"Orum, o Sol andava exausto. Desde a criação do mundo ele não tinha dormido nunca. Brilhava sobre a Terra dia e noite. Orum já estava a ponto de exaurir-se, de apagar-se. Com seu brilho eterno, Orum[nb 10] maltratava a Terra. Ele queimava dia após dia. Já quase tudo estava calcinado e os humanos já morriam todos. Os Orixás estavam preocupados e reuniram-se para encontrar uma saída. Foi Iemanjá quem trouxe a solução. Ela guardara sob a saia alguns raios de Sol. Ela projetou sobre a Terra os raios que guardara e mandou que o Sol fosse descansar, para depois brilhar de novo. Os fracos raios de luz formaram um outro astro. O Sol descansaria para recuperar suas forças e enquanto isso reinaria Oxu, a Lua. Sua lua fria refrescaria a Terra e os seres humanos não pereceriam no calor. Assim, graças a Iemanjá, o Sol pode dormir. À noite, as estrelas velam por seu sono, até que a madrugada traga outro dia."[86]

Em sua associação aos mares, Iemanjá através dalua e suas fases juntamente com a força do vento, que agita as águas, controlaria as marés.[91] P. Iwashita ao discutir o arquétipo da maternidade e feminino afirma que "Por sua vez o mais importante símbolo para aAnima é alua, por causa da relação entre as suas diferentes fases e o ciclo menstrual na mulher."[92] Azevedo Filho em uma análise, justifica que pelas suas "diversas fases, que descrevem o ciclo contínuo de aniquilamento/regeneração, a lua se tornou, sem dúvida, o símbolo maior das variações no (do) tempo(...) Correlacionada portanto com Iemanjá, a lua representa ainda a zona noturna, inconsciente, obscura da psique humana, pulsões adormecidas, mas que revivem nos sonhos, nas fantasias e no desejo impossível, ao contrário do sol(...)."[93]

Essa analogia entre alua e os ciclos comaniquilamento/regeneração, é notável no mito registrado porL. Cabrera que relata a vingança de Iemanjá contra a humanidade que teria conspirado contra o seu primogênito, que foi sentenciado a morte e executado. Iemanjá tomada de ira (aqui consegue absorver as características e o objetivo deOlocum, mas com grande êxito), teria destruído aprimeira humanidade, habitando nesse mito o contraste entre origem e destruição.[72][86]

Mito e Política

[editar |editar código-fonte]
Ver artigo principal:Guelede
MáscaraGuelede daNigéria, Museu de Arte de Birmingham
MáscaraGuelede com corpo, noMuseu do Brooklyn

P. Verger, ao discutir os aspectos políticos do culto dosorixás na sociedadeiorubá, relata: "O lugar ocupado na organização social pelo Orixá pode ser muito diferente se trata de uma cidade onde se ergue um palácio real, Afim (àáfin), ocupado por um rei, aladé, tendo direito a usar uma coroa, adé, com franjas de pérolas, ocultando-lhe a face ou onde existe um palácio, ilê Olojá, a casa do senhor do mercado de uma cidade cujo chefe é um balé que só tem direito a uma coroa mais modesta chamada acoró. Nesses dois casos, o Orixá contribui para reforçar o poder do rei ou do chefe. Esse Orixá está praticamente à sua disposição para garantir e defender a estabilidade e a continuidade da dinastia e a proteção de seus súditos". Oorixá protetor de uma dinastia é amplamente celebrado pela mesma, sendo suas festividades tanto uma confirmação religiosa quanto política, como por exemplo, o festival deOxum pelos soberanos de Oxobô.[71] A respeito do aspecto político do culto de Iemanjá, A. Apter citando o festival de Aiedê registra que sua alta sacerdotisa que cuida da cabeça do regente, é quem habilita o indivíduo do rei e revitaliza seu corpo político, "Como qualquer símbolo dominante, ela abraça uma extensão de significados que vão desde bênçãos normativas e explícitas ('ela traz crianças e riqueza, ele mantém o rei saudável') para implícitas, temas proibidos de divisão e de derramamento de sangue, e é este último polo que é poderoso e profundo". Toda a integridade do governo, da sua legítima sucessão e da autoridade do regente é dependente do apoio de Iemanjá sua protetora e de suas sacerdotisas, que detém do poder de deposição de seu rei, assim como do mal destino, de ocasionar uma fissão política e pôr fim ao equilíbrio cósmico. "Tais temas negativos raramente são expressos em público, mas eles representam, porém, um repertório de interpretações potenciais que, sob certas condições, pode ser invocado para mobilizar a oposição contra ostatus quo. O profundo conhecimento do ritual real envolve realmente o rei no sacrifício e renascimento, em que seus ícones de poder pessoal e autoridade real são literalmente desmontados e remontados por sacerdotes e sacerdotisas autorizados," conclui A. Apter.[90]P. Verger menciona que o seu cortejo em Ibará, "vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olubará, o rei de Ibará."[71] Sobre esta ainda estreita relação entre o culto de Iemanjá e a realeza de Ibará, Omari-Tunkara registra: "Fiquei surpresa ao notar o elevado respeito do rei para a tradicionalReligião iorubá e para a adoração deYemọjá, apesar do fato de que era educado ocidentalmente e um professo, devoto cristão".[57] Todas essas menções reforçam a influência de seu culto sobre as regiões deAbeocutá e suas dinastias.

Sobre o temor do poder da ancestralidade feminina reverenciada em Iemanjá, legitimada em sua própria mitologia, Omari-Tunkara explica: "Existem várias referências na literatura sobre osiorubás na África Ocidental para o papel de Iemanjá comoAjé ou Iami - nossa mãe (ou bruxa no pensamento ocidental). De acordo com Peter Morton-Williams (1960), Iemanjá é a mãe da feitiçaria. Em um estudo clássico,Deuses Negros e Reis, Thompson cita dois sacerdotes de alto escalão que enfatizam a estreita ligação de Iemanjá eGuelede, uma sociedade dedicada à apaziguar Iami: 'Guelede é a adoração de Iemanjá, deusa do mar e rio. As máscaras de Guelede representam ela e seus descendentes do sexo feminino', e Iemanjá é proprietária de Guelede'."[57]

Umitã deIfá justifica essa ligação de Iemanjá com aSociedade Guelede. Ela não podia ter filhos e consultou oOráculo de Ifá, que a aconselhou a oferecer sacrifícios e dançar com imagens de madeira em sua cabeça e tornozeleiras de metal em seus pés. Depois de realizar este ritual, ela ficou grávida. Seu primeiro filho era um menino, apelidado de "Efe" (humorista); a máscaraEfe enfatiza música e brincadeiras por causa da personalidade de seu homônimo. O fruto do segundo parto de Iemanjá era uma menina, apelidada de "Guelede" porque ela era obesa como sua mãe. Também como sua mãe, Guelede adorava dançar. Depois de terem se casado, nem Guelede ou a parceira de Efe podiam ter filhos. OOráculo de Ifá sugeriu que tentassem o mesmo ritual que tinha trabalhado com Iemanjá. Tão prontamente Efé e Guelede realizaram esta dança ritualística- com imagens de madeira em suas cabeças e tornozeleiras de metal sobre seus pés- eles começaram a ter filhos. Esses rituais desenvolvidos noGuelede de dança mascarada foi perpetuada pelos descendentes de Efe e Guelede. Esta narrativa é uma das muitas histórias que explica a origem do Guelede.[94]

Outros Episódios

[editar |editar código-fonte]

Em alguns mitos, Iemanjá teria sido mulher deOgum,[95] acompanhando-o em suas inúmeras campanhas de guerra com porte do facão (obé), mas insatisfeita com seu casamento com oorixá da guerra quis livrar-se dele. O mito registrado porL. Cabrera se inicia com a afirmativa que naqueles tempos quando Icu, a Morte, levava a vida de alguém não lhe sepultavam o corpo, e Iemanjá sabendo disso planejou tirar proveito. Fingiu tão bem as características e a rigidez da morte, que foi amortalhada pelo marido que a levou aos pés deIrocô, a grande árvore, conforme os costumes. MalOgum retira-se do local em luto, o amante de Iemanjá surge para libertá-la das amarras da mortalha, e ambos fogem juntos.[72]

Passado algum tempo, Iemanjá voltou a vender seus bolos,olelé eekrú no mercado ao qual estava habituada. Achamadina sua filha comOgum, ao visitar o mercado em certa ocasião para comprar produtos vê sua mãe vendendo suas frituras como se estivesse viva, tomada pelo espanto corre até o pai em sua casa que não dá credibilidade alguma ao seu relato, dizendo: "Sua mãe éEgungum".[nb 11] Passados alguns dias, Achamadina retorna novamente ao mercado, enquanto Iemanjá estava distraída com as tarefas sua filha observou-a bem e dessa vez ficou totalmente convencida, sua mãe estava viva, não tratava-se de umEgum. Indo novamente ao mercado, desta vez acompanhada do pai Ogum que, entre surpresa e fúria ao se deparar com Iemanjá viva, arrasta-lhe pelo braço até a presença deOlorum, que ordenou que, daquele dia em diante, os mortos seriam sepultados no seio da terra.[72]

Outras menções relacionando-a a guerra lhe associam um caráter implacável. Em outro relato, teria arrancado a cabeça deOgum com um único golpe de espada,[nb 12] uma vez que este demonstra um comportamento covarde durante uma campanha bélica não bem-sucedida, assustando-se durante o sono até mesmo com barulho de sapos ou rãs.[72]

Há um outro relato deinfidelidade de Iemanjá quando casada com Ogum nasanteria, tendo por amanteObaluaiê. O envolvimento amoroso de ambos teria sido descoberto peloscães de Ogum, sempre fiéis.[72][96] Noutras menções, ambos são, também, casados,[95] no Brasil no entanto evidenciou-se um vínculo maternal entre Iemanjá e Obaluaiê, orixá das doenças e da cura, que teria sido criado como filho adotivo por ela após este ter sido abandonado por sua mãeNanã, por ter nascido com o corpo coberto de feridas.[97][98] Obaluaiê perdoaria a mãe biológica mais tarde, mas sem jamais abandonar Iemanjá que o criou.[99] R. Prandi relata um mito que justificaria o título de Obaluaiê comoSenhor das Pérolas (Jeholu) e a posse sobre este tesouro como presente de Iemanjá ao filho.[86]

É também relatada uma união de Iemanjá com Erinlé (Odé Inlé), orixá caçador de elefantes considerado andrógino, que segundo Verger é cultuado num rio homônimo emIjexá.[71][72][95] Como, no Brasil, Erinlé confunde-se comOxóssi, como manifestações de um mesmo princípio[100] e este último é considerado filho de Iemanjá[101] o assunto parecetabu, até verificarmos que Oxóssi ou Odé é de fato filho de Iá Apaocá, a jaqueira, e não da primeira.[102][103]

Arquétipo

[editar |editar código-fonte]
eleguns emManifestação de Iemanjá nocandomblé, noIlê Axé Ijino Ilu Oróssi: a de verde é Asessu e a de azul, Açabá

Segundo R. Fonseca, o trato dos mitosiorubás na concepção dearquétipo pode nos auxiliar na interpretação dos modelos sociais, históricos ou místicos, que neles evidenciam-se.[104] Na visão de Omari-Tunkara, "muitos traços de personalidades das deusas estão em conformidade com os atributos míticos de Iemanjá e suas variantes e, portanto, Iemanjá pode ser considerada um arquétipo."[57] Tal arquétipo pode ser elucidado como a visão primordial do feminino esculpida na "Grande Mãe".[105] S. Poli, focando nos padrões de comportamento faz uma comparativa do código moral de Ieiemouó (Yeyemowo) com Iemanjá, e conclui que não é possível negar que pode-se observar "(...)que vemos muito de mulheres que conhecemos ou mesmo de nossas mães neste mito", sendo que "Muito provavelmente por esse motivo tenha se tornado tão popular e amado entre nós na diáspora."[84] Para A. Vallado, Iemanjá representa o arquétipo da mulher zelosa e generosa.[88] Na interpretação de R. Fonseca, "Iemanjá nos fala de um precioso arquétipo feminino: o da mulher-mãe, daquela que concebe, alimenta e abriga os seus filhos. Esta mulher é fecunda e, por ser condescendente e conciliadora, ela é sistematicamente usurpada". Numaanálise mais profunda, expõe:

"A relação de Iemanjá com os homens, nas lendas mais antigas, é a de distância física. Ela está sempre farta dos esposos, sempre fugindo deles ou, no mínimo, eles estão ausentes. Não há relatos ancestrais de amores ardentes e sensuais e seus companheiros aparecem apenas como os pais materiais de seus filhos, embora ela habitualmente conceba sozinha a sua prole. A relação de Iemanjá com os seus companheiros é de a parceria, de amizade, de comunhão e não de amor sexual. (...)Quanto ao último elemento das lendas de Iemanjá, podemos dizer que os seios da mulher contêm um duplo simbolismo. Primeiramente eles representam o princípio feminino, inequivocamente, a mãe, personificada em Iemanjá. Por outro lado, os seios femininos também materializam a proteção, o refúgio, o lugar de repouso. Na ideologia mortuária iorubá, morrer nas águas significa regressar à origem, ao conforto e abrigo do corpo sagrado da Mãe. Durante os duros séculos de escravidão moderna, a imagem da mãe, à qual osnagô imaginavam regressar após a morte, era a da Mãe África, o berço da cultura iorubá."[104]

Essa primeira interpretação dosorixás a partir dapsicologia analítica credita-se aP. Verger, que explora a ligação do povo de santo a uma identidade cultural definida por seres ancestrais,[104] essa ligação ocorre, de acordo comR. Prandi, porque

"Os iorubás acreditam que homens e mulheres descendem dos orixás, não tendo, pois, uma origem única e comum, como no cristianismo. Cada um herda do orixá de que provém suas marcas e características, propensões e desejos, tudo como está relatado nos mitos. Os orixás vivem em luta uns contra os outros, defendem seus governos e procuram ampliar seus domínios, valendo-se de todos os artifícios e artimanhas, da intriga dissimulada à guerra aberta e sangrenta, da conquista amorosa à traição. Os orixás alegram-se e sofrem, vencem e perdem, conquistam e são conquistados, amam e odeiam. Os humanos são apenas cópias esmaecidas dos orixás dos quais descendem."[86]

Nas palavras de Omari-Tunkara,

"O retrato composto de Iemanjá é de uma pessoa que é obstinado alternadamente, produtiva, inflexível, adaptativa, protetora, apaixonada, corajosa, altiva, e às vezes arrogante; possui um grande senso de posição e hierarquia de comando e respeito; é justa, mas formal; é uma amiga dedicada e frequentemente coloca amizades para teste; acha difícil perdoar uma ofensa e raramente esquece o erro. (...)É preocupada com os outros, é maternal, e séria. Apesar do fato de que a vaidade não é um traço saliente caracterizando Iemanjá, seus iniciados[filhos] amam o luxo, a ostentação de têxteis azul-e-branco ou verde-mar, e joias caras. Eles preferem estilos de vida suntuosos mesmo quando suas circunstâncias cotidianas não permitem-lhes tal luxo."[57]

L. Cabrera também escreve sobre a suntuosidade dos filhos de Iemanjá mesmo quando pobres.[72]

Culto

[editar |editar código-fonte]

Para R. Ogunleye, um ponto importante para a compreensão do cultoreligião iorubá a Iemanjá é a observação quanto a sua pureza moral e ritual. Seu culto na Nigéria compreende diversas categorias, como o diário (privado), regular (celebra dias especiais que lhe são consagrados), especial, solicitado mediante determinadas situações ou ocorrências e anual como os seus festivais em Ibará eIbadã.[56]

Abeocutá à distância comrio Ogum ao fundo, final doséculo XIX
Ibá de Iemanjá naSanteria,Cuba
Ibá de Iemanjá no terreiro decandomblé doIlê Axé Ijino Ilu Oróssi,Brasil

O culto diário ou regular, é uma prática realizada pelo devoto em sua própria residência no santuário particular. Consiste em práticas em geral simples, que podem ocorrer na faixa da manhã como maneira de desejarbom dia aoorixá, e fazer-lhe oferendas comoobis e com o mesmo repartido conferir através de um simples ritual se a procedência do dia será ou não boa. O culto regular tende a ser mais elaborado que o primeiro, ocorrendo a cada cinco dias, inclui a visitação ao templo por parte de uma comunidade de devotos, com arrumação do santuário, oferendas, sacrifícios e outros ritos litúrgicos. Segundo R. Ogunleye, "Neste ponto, a alta sacerdotisa (Iaji) vai assumir, levando-os em oração ritual para deusa. Durante este tempo, ela vai oferecer sacrifícios à deusa. Isso inclui milho processado (Ebó), farinha de feijão branco (ecuru), caracóis, cana-de-açúcar, enozes de cola. Depois disso, ela vai fazer petições com os nomes dos fiéis para oorixá. Em seguida, eles se separaram e arrematam a noz de cola (obi). Se tudo estiver bem pelo presságio, todos ficam felizes e todos eles dançam na presença deYemoja".[56]

O culto especial ou ocasional pode ocorrer pelos mais diversos motivos, inclusive por solicitação de Iemanjá para uma pessoa específica ou família. Serve como base para pessoas que desejam adentrar em novos empreendimentos ou iniciativas, para bençãos às crianças, como também solicitar prosperidade, vitória em causas ou sobre inimigos e qualquer outra situação ou adversidade na vida.[56][106] A última forma de culto é o Odum Iemanjá (Odun Yemojá), a festividade anual, "É uma ocasião para regozijo e gratidão. o que distingue adoração durante o festival anual é o programa elaborado conectado com a celebração. As pessoas vêm no seu melhor e dar o seu melhor. A celebração ocorre normalmente no santuário de Iemanjá. As ofertas são principalmente para ação de graças, e as refeições constituem uma oportunidade para a comunhão entre a deusa e seus 'filhos'", explica Ogunleye.[56]

Diversas representações na arte e em práticas rituais em sua homenagem são alguns dos componentes mais comuns dos sistemas religiosos derivados da sociedadeiorubá em outras partes daAmérica do Sul,Estados Unidos, e noCaribe. Neste contexto, a veneração de Iemanjá é transcultural e internacional. NoBrasil e além, o carisma de Iemanjá ultrapassou as fronteiras que demarcam religião, classe social, etnia e raça para abraçar todos.[57]

Iemanjá sendo uma divindade possuidora de grande popularidade noBrasil e emCuba é celebrada com grandes festas públicas, entre as quais se destacam o presente de Iemanjá na praia doRio Vermelho naBahia no dia 2 de fevereiro, e a festa no dia 8 de dezembro juntamente as festividades deNossa Senhora da Conceição noBrasil. EmCuba, suas festividades ocorrem no dia daVirgem de Regla, em 8 de setembro.[71]

Segundo Omari-Tunkara, "Na Bahia, objetos de arte sacra, dança, rituais, e o transe são os meios fundamentais utilizados para comungar com os deuses e manipular o sagrado", Iemanjá assim como muitosorixás é representada por diversos objetos, comidas, ritmos, e músicas.[57] É representada materialmente nocandomblé esanteria peloIbá de Iemanjá,[107]P. Verger menciona "Seu axé é assentado sobre pedras marinhas e conchas, guardadas numa porcelana azul. (...)Fazem-lhe oferendas de carneiro, pato e pratos preparados à base de milho branco, azeite, sal e cebola".[71]

O ponto culminante do culto aoorixá ocorre com os seusiaôs oueleguns mediante a possessão, onde "Iemanjámanifesta-se em seu adoxu ou Olorixá (termos genéricos para todos os iniciados capazes de experimentar o transe da possessão;médiuns)". Uma vez iniciado o processo de transe, entende-se todos os atos e comportamentos do elegum como sendo originados de seuorixá.[57] Segundo Rouget, "A possessão é caracterizada pelo fato de que, durante o transe, o sujeito é entendido como ganhador de uma diferente personalidade: a da divindade, do espírito, do gênio ou do ancestral - pelo qual podemos usar o termo geral 'divindade' - que toma posse do sujeito, substituindo-se a ele, e atuando agora no lugar do sujeito (...) por um período maior ou menor, o sujeito torna-se a própria divindade. Ele é deus. Podemos chamar essa possessão no stricto sensu da palavra".[108][109]

Durante esses fenômenos, oorixá manifestado apresenta-se respondendo corporalmente a canções que lhe são próprias entoadas por dirigentes do culto, e seguindo os ritmos que são de sua preferência, portam objetos que lhe são característicos, além de emitir pequenos gritos Ilá que lhe identificam conforme verificamos no estudo de R. S. Barbara, sendo que Iemanjá pode rir às gargalhadas[nb 13] ou gemer, como se estivesse chorando.[110] SegundoBastide, as danças religiosas na concepção africana "constituem a evocação de certos episódios da história dos deuses. São fragmentos de mitos, e o mito deve ser representado ao mesmo tempo que falado, para adquirir todo o poder evocador."[111] Para R. S. Barbara a função da dança dentro da ritualística docandomblé é múltipla, sendo mimética e litúrgica, entendendo como mimética o ato de imitar os movimentos típicos doorixás e litúrgica por sinalizar e suturar todos os momentos do ritual até a expressão e manifestação mística doorixá, onde forma e conteúdo unem-se numa única dimensão, o próprioorixá..[112]

A dança de Iemanjá reflete em maior parte sua personalidade ligada à maternidade, e seu elemento natural fluídico, aágua,[113] apresentando movimentos evocativos as ondas marinhas e de distribuição que representam, nas palavras de M. Augras, "germinação constantemente renovada".[114] Seu ritmo predileto é o jincá, que significa "ombros", indicando danças reais de caráter mais lento e que estimulam respeito.[115]P. Verger nos diz, "Na dança, suasiaôs imitam o movimento das ondas, flexionando o corpo e executando curiosos movimentos com as mãos, levadas alternadamente à teste e à nuca, cujo simbolismo não chegamos a identificar. Manifestada em suasiaôs, Iemanjá segura um abano de metal branco e é saudade com gritos de: 'Odô Ìá!!!'(Mãe do rio)".[71]R. Prandi e M. Zenicola identificam que os movimentos não entendidos por Verger sejam referência ao seu domínio sobre oOri noBrasil.[86] F. Eramo acrescenta: "O ritmo é também parecido com o ritmo dos oceanos, e Iemanjá dança parecendo acariciar as ondas do mar. Além da leveza e ondulação da água, Iemanjá representa a fertilidade através de sua dança. Ela movimenta apélvis aodançar, símbolo da reprodução e germinação. Ao se olhar no espelho, ela representa a beleza, mas uma beleza calma e pacífica. Nas festas públicas observadas, os filhos de santo que incorporam Iemanjá dançavam com muita leveza, calma e sutileza".[116] M. Zenicola relata outros movimentos curiosos: "Outro movimento é estender as mãos em posição que lembra estar implorando, ou melhor, esmolando por caridade e amor", e prosseguindo na sua análise afirma: "Na dança de Iemanjá não existem movimentos grandes, ampliados ou mesmo em alta velocidade, possivelmente como reflexo das características doorixá; os gestual das mãos lembra carícias na água, elemento do qual faz parte, empurrando-a para trás do corpo. Seu deslocamento é suave, ligeiramente contido, como se flutuasse ou caminhasse dentro daágua".[110] Nasanteria apresenta danças vigorosas e com o dramatismo da influência dadançaespanhola.

Durante suas manifestações, costuma utilizar diversos objetos ou ferramentas na cor prata, entre as quais se destaca oadé (coroa),abèbè (leque de metal com ou sem espelho),obé (espada, alfange ou faca) entre outros.[57]

Sincretismo

[editar |editar código-fonte]
Representação deMami Uata por Schleisinger

Iemanjá, na cultura dadiáspora, é, sobretudo, umadivindade sincrética, reunindo, em si, os diferentes atributos de outros orixás femininos das águas. Sua figura embasada no arquétipo daGrande-Mãe é promovida aGrande-Deusa, em especial pelo fato de que, no Brasil, tratando-se da divindade mais cultuada da Bahia, com grande prestígio popular, encontra seu par emNossa Senhora da Conceição (noRio Grande do Sul,Nossa Senhora dos Navegantes), ou mais especificamente naVirgem Maria, o que, segundo Verger, teria ocasionado uma equivalência de importância dentro do panteão iorubá, tornando-a a única do mesmo com um sincretismo iconográfico acabado.[71][84][117][118][119][120][121][122] Tal sincretismo ocorreu devido ao culto entusiasmado dos orixás disfarçados de santos do catolicismo pelos escravos nassenzalas.[123] A assimilação católica também observa-se em Cuba com o culto da Virgem de Regla, todavia vale ressaltar que em tal mimetismo em que o orixá se camuflou em uma divindade católica o mesmo não se corrompeu, nas palavras de Stella e M. Loddy, "Iemanjá é Iemanjá na Bahia, em Cuba ou no mais sincrético terreiro de umbanda".[72][124] O mesmo sincretismo é um aspecto distintivo da cultura brasileira até a atualidade.[123] No Brasil, seu culto também confundiu-se com o culto daMãe-d'água, aIara, o que justifica sua representação por vezes comosereia.[119][125] Essa associação à sereia contrasta evidentemente com o lado maternal de Iemanjá na concepção africana, e em especial com a Virgem Maria pela demasiada sensualidade, mas não obstante também aparece noVodu da Louisiana eVodu haitiano, onde Iemanjá é associada àLá Sirène eMami Uata, espíritos das águas.[121][126][127] Essa aglutinação com tais divindades evidencia-se na afirmativa de S. Otero e T. Falola que "Iemanjá eOxum fazem parte de uma rede global deespíritos da água que muitos estudiosos, especialmente Henry John Drewal, trouxeram sob a égide Mami Uata. Seja emSerra Leoa,Congo,Togo, em Ibo na Nigéria, [como]Lasiren no Haiti,Santa Marta Dominadora na República Dominicana (...)os espíritos (divindades, energias, forças cósmicas) compartilham algumas semelhanças notáveis".[128] EmCandomblés da Bahia E. Caneiro confunde Iemanjá com uminquice doCandomblé bantuDandalunda, apresentando esta como um dos nomes da primeira, essa identificação das duas divindades costuma aparecer com certa frequência.[21][129]

Qualidades e Avatares

[editar |editar código-fonte]

Segundo A. Vallado, "qualidade" é o termo que designa as múltiplas invocações ouavatares de um mesmo orixá. Também é, por vezes, chamado de "caminho", como observamos no esclarecimento apresentado por L. Cabrera de que "não existe mais do que uma única Iemanjá, uma só, com sete caminhos".[72][88] Muitas dessas qualidades parecem tratar-se de outras divindades, como explora S. Poli, o que também se apoia em E. Ramos com a tese de assimilação dos orixás de povos subjugados ao orixá patrono do povo conquistador em conflitos naÁfrica. Também pode ocorrer em referência a uma determinada localidade ou o segmento de um mesmo orixá mas com pequena diferenciação, o que individualiza esse como sendo uma qualidade.[84][130]

  • Yemowô ou Yeyemowo

Na África, é mulher de Oxalá, sendo citada por Verger como sendo qualidade de Iemanjá. S. Poli, no entanto, a apresenta como divindade distinta.[71][84]

  • Iemanjá Açabá

Açabá,Iyásabáé,Ayabá ou simplesmenteSabá é a mais velha que foi casada comOrumilá e o desafiou, sua palavra sempre é acatada porIfá. É considerada perigosíssima, ela é manca e lhe é característico utilizar de uma correntinha de prata no tornozelo, é descrita por Verger como estando sempre fiando algodão.[71][72]Roger Bastide a confunde como qualidade mais nova e a Ogunté credita o porte de mais velha.[131]

  • Iemanjá Asessu

Também conhecida por Sessu, é muito voluntariosa e respeitável, sendo a mensageira deOlocum vai no esgoto e latrinas, sendo particularmente muito séria. Apresenta certos problemas psicológicos como esquecimento. Recebe suas oferendas na companhia doseguns, come pato.[71][72][88]

  • Iemanjá Ogunté

É a que foi casada com Ogum Alabedé (Ògún Alagbedé) ou Alaguedé e mãe deExu, Ogum Acorô (Ògún Akoro) e Ibo (Igbo).[132] Vallado menciona que, diferentemente de Sessu, ela não apaziguaOgum, participando das guerras diretamente com ele, conforme retratado nos mitos registrados por L. Cabrera. Possuindo espírito guerreiro, "é uma temível amazona", violenta, muito severa e rancorosa. Apresenta-se como jovem senhora com imponência e ar desafiador, portando uma espada. Vive na mata virgem e gosta de dançar com um majá (serpente que vive nas matas em Cuba) envolto nos seus braços. Respeitável feiticeira, lhe pertencem oscorais e amadrepérola.[72][88][133] Devido a sua ligação com Ogum, gosta de arroz com feijão preto, ao invés de arroz simples.[134]

Festivais

[editar |editar código-fonte]

Nigéria

[editar |editar código-fonte]
  • Ibadã
Procissão de Iemanjá emIbadã,Nigéria

EmIbadã capital do estado deOyo permanecem cultos e celebrações de Iemanjá como deusa padroeira, sendo reverenciada no antigo templo conhecido como Popô-Iemanjá. Em seu cortejo anual celebram-se quatro aspectos que para A. Folarin enfatizam a importância doorixá e de sua liturgia, "Ela simboliza o poder da maternidade e princípios feminino, ela é a geradora do panteão do mundoiorubá; escultura tradicional que descreve ela geralmente mostra seios e quadril voluptuosos, retratando mulheres de poder e graça. A segunda é a função sociológica que gera durante a época festiva. O terceiro é o fervor espiritual ou cosmológico que transparece na celebração. Geralmente, há esse sentimento de transcendência, abrindo o coração e a mente para o mais alto ser espiritual. A quarta e mais importante é que ela é reverenciada muito bem como uma deusa da fertilidade".[135]

Seu templo, construído com barro de acordo com a arquitetura tradicionaliorubá, é descrito por A. Folarin como rodeado com uma varanda de colunas de madeira esculpidas epolicromadas em vigorstacatto, e suas paredes são decoradas com motivos de peixes,samambaias, lírios de água, tartarugas ecaracois. O cortejo que compreende três dias de cantos edança tem, como ponto culminante, o momento em que a estátua de Iemanjá em madeira é levada em uma notávelprocissão de seu templo Popô-Iemanjá para o palácio real de Olubadã, onde ocorrem danças por alguns minutos, e a procissão segue para Ojá-Obá onde uma multidão em júbilo aguarda a sua chegada, entoando cânticos em honra doorixá. A. Folarin também enaltece que a multidão tomada pela euforia grita e dança em honrada mãe de todos com a saudação "Iyá O!".[135]

Representações

[editar |editar código-fonte]
Pintura a óleo de Iemanjá pelo artista Marcelo Jorge

EmÁfrica, Iemanjá é senhora de traços negros com formas bem evidenciadas e seios muito volumosos, por vezes representada grávida.R. F. Burton menciona: "Ela é representada por um pequeno ídolo com a pele de um amarelo desbotado. Tem os cabelos azuis, usa contas brancas e uma roupa listrada".[136] P. Baudin e outros autores também nos apresentam a mesma descrição.[33] Omari-Tunkara é primorosa em sua descrição: "Suas imagens contemporâneas são esculturas em madeira pintada a esmalte que geralmente retratam uma mulher com seios muito grandes amamentando um ou mais filhos e, muitas vezes cercada por outras crianças. As esculturas figuram o papel de Iemanjá como mãe carinhosa, protetora, vigilante e agente defertilidade. Um colar especial composto por várias vertentes de pequenasmiçangas de cristal claro atadas por dois ou três contas maiores em vermelho, branco e azul veneziano serve como um símbolo de Iemanjá em Ibará e está representado nas esculturas que se conformam em grande estilo para o cânoneiorubá típico."[57]S. Epega escreve: "Suas estátuas enfatizam o aspecto da maternidade. Ela é uma mulher tranquila, com grande ventre túrgido, seios imensos, pés bem plantados no chão, pondo as mãos sobre crianças". Essaiconografia, segundo Agbo Folarin, muito se assemelha às representações das tradicionaisMáscaras-Epa de festejos tradicionais daNigéria.[87][135] Não há menções antigas de sua representação como peixe da cintura para baixo.[137]

Representação sincretizada com umasereia europeia

No Brasil nos âmbitos populares ocorreu uma aproximação entre a figura africana e a sereia europeia branca, com seus atributos de sedução e cantos enfeitiçadores, já confundida com aIara, aMãe d'Água. Até oséculo XIX encontramos representações de Iemanjá naBahia como uma senhora, expondo seus grandes seios, não aludindo em nada a figura mitológica da sereia, no entanto neste mesmo século já nos é possível reconhecer representações que, fundem os atributos doorixá com a figura europeia.[137]

Dessas representações, explica R. Antonio, "descendem os orixás deCarybé e Cravo júnior - embora Carybé que mais interessante, em termos estéticos, seja odesenhista, senhor donanquim, conciso e elegante, tendendo a uma espécie de figurativismo quase-abstracionista. De outra parte, também ogeometrismo trazidos pelos escravos - as formas abstratas ligadas direta ou indiretamente aos cultos religiosos - permanece vivo na criação plástica brasileira."[137] Da influência deAngola temos também atributos de Quianda, L. C. Cascudo critica: "Quianda é a sereia marítima. Vive nas águas salgadas ao redor deLuanda e por toda orla doAtlântico angolano(...) Quianda é vista como uma pessoa humana, peixe grande e brilhante, sombra, ou unicamente a presença sensível mas invisível. Jamais como vemos no peji dos candomblés daBahia; mulher até a cintura, peixe da cinta para baixo, odesinat in piscem mulier formosa superne, deHorácio. As serias angolanas são sempre pretas e as daBahia sempre brancas, louras, olhos azul, espantosa reversão inexplicável para os descendentes de africanos escravos que pintavam de escuro as imagens dos Santos católico preferidos."[138]

Esse sincretismo de ideias e artístico que observa-se por exemplo na escultura de Carybé, também é bem visível nas representações de qualquer ponto deSalvador,[137] em oposição com a representação distinta daumbanda, especialmente nos estados daRegião Sudeste do Brasil, que nos apresenta uma mulher de pele branca, com longos cabelos negros e lisos e roupa azul.[88]

Referindo-se a essa nova manifestação da figura de Iemanjá, escreve Verger: "Ela é representada como uma espécie de fada, com a pele cor de alabastro, vestida numa longa túnica, bem ampla, de musselina branca com uma longa cauda enfeitada de estrelas douradas; surgindo das águas, com seus longos cabelos pretos esvoaçando ao vento, coroada com um diadema feito de pérola, tendo no alto uma estrela-do-mar. Rosas brancas e estrelas douradas, desprendidas de sua cauda, flutuam suavemente no marulho das ondas. Iemanjá aparece magra e esbelta, com pequenos seios e o corpo imponentemente encurvado."[71]

Representação popular de Iemanjá difundida pelaUmbanda

Alguns autores atribuem que essa adaptação tenha surgido dosincretismo religioso com a figura deNossa Senhora, já que, para os baianos, Iemanjá está ligada aNossa Senhora da Conceição.[139] Essa forma de representação persistiu em especial com ateledramaturgia, como nanovelaPorto dos Milagres, em que, em nenhum momento, a figura da Iemanjá branca, personagem que sutura silenciosamente a trama, cede a alguma representação negra. A imagem de Iemanjá totalmente branca viria a atender a devoção daumbanda, que, nos últimos anos, tem se espalhado pelo território nacional brasileiro, introduzindo essa nova percepção popular.[140] T. Bernardo é bastante incisiva em sua pesquisa: "Monique Augras, em 1989, analisa a imagem de Iemanjá que já mostra ter sofrido um processo demoralização realizado pelaumbanda. Mais precisamente, essa expressão religiosa parece dar sinais de haver uma transformação da imagem de Iemanjá em andamento. Em 1991, Pedro Iwashita publicouMaria e Iemanjá: análise de um sincretismo. Ao estudar as duas deusas, mostrou que são duas faces do mesmoarquétipo. No entanto, provavelmente para não parecerracista, não confronta Maria diretamente com Iemanjá, mas interpõe uma terceira deusa,Ísis, a grande mãe doEgito antigo, distante da realidade aqui tratada e, portanto, figura neutra para o debate atual".[141]

A gradação da "cor da pele" dosorixás "reflete a miscigenação racial da população que os cultua e o movimento de 'abrasileiramento' da religião. Outra interpretação da concepção doorixá, mais radical quanto à desvinculação entre a origem racial, de cor de pele e os deuses, é aquela que pensa osorixás como forças danatureza", apontam M. Moura e J. B. Santos, e acrescentam, "Nesta concepção, Iemanjá é omar, Oxum osrios, Iansã osventos(...)", aqui fazem alusão a uma nova concepçãobrasileira doorixá como divindadepanteísta e não de cultoancestral, o que justificaria a perda de seus traços étnicos.[142]

Influências

[editar |editar código-fonte]

Iemanjá e a Música Popular Brasileira

[editar |editar código-fonte]

Iemanjá, além da Bahia e dos candomblés, com as práticas de seu povo e sua religiosidade, dos temas da vida árdua litorânea e do cotidiano dos pescadores, no cenário damúsica popular brasileira, já é presente em letras de canções desde os primórdios daradiodifusão em alguns de seus versos mais líricos.[88] Podemos citarÉ Doce Morrer no Mar (1943) eQuem vem pra Beira do Mar (1954) deDorival Caymmi. Caymmi demonstra profunda devoção ao orixá emDois de Fevereiro (1957), título que refere-se ao seu grande festejo na Bahia napraia do Rio Vermelho,[143] considerado porJorge Amado como o único que se poderia considerar descendente espiritual deCastro Alves, sendo mencionado na obra de louvores a este último como "Poeta de negros pescadores, de Iemanjá e dos mistérios pobres da Bahia(...)".[144] EmBahia de Todos-os-Santos, Jorge Amado nos revela mais da natureza dessa relação de Caymmi com Iemanjá: "A música religiosa do negro baiano, com suas promessas a dona Janaína, com suas superstições e sua intimidade com os deuses, ele a recuperou para nós do abandono em que estava desaparecendo, abandono que não se explica como tanta coisa não se explica noBrasil. Muitas de suas canções são dedicadas a Iemanjá, deusa das águas da Bahia, música de pescadores, da praia e do mar, canções que formam a parte mais poderosa e permanente de sua obra, a maior de toda a música popular brasileira."[145] R. Antonio abordando o contexto em torno de Iemanjá da primeira metade doséculo XX, complementa: "(...)Caymmi, na década de de1930, cantando umacanção para Iemanjá.[nb 14] Em muitos lugares do Brasil e para muitas plateias, naquela época, a canção soou de modo algo obscuro, não de todo compreensível. Havia, ali, estranheza, uma face não iluminada, misteriosa. Porque as pessoas, sem dominar por completo a dimensão referencial da mensagem, não tinham como decodificá-la por inteiro. Mas, com o tempo - com a crescente visibilidade da cultura negromestiça(sic) em nosso país; com a entronização dos orixás nomundo da assim chamada 'cultura superior' -, tudo mudou. A canção se tornou universalmente clara para os brasileiros."[137]

NoAfrosambas (1966), trabalho deBaden Powell eVinícius de Moraes comregência earranjo deCésar Guerra-Peixe, um dos mais representativos da discografia brasileira, que foi um divisor de águas, aparece, emCanto de Iemanjá, uma das diversas faixas que fazem alusões a divindades docandomblé.[146] No mesmo ano, é figura central emBeiramar opus 21b, do compositorMarlos Nobre, ciclo composto por três canções populares, duas delas ligadas diretamente a Iemanjá:Estrela do Mar eIemanjá Ôtô.[147][148] Na voz de Ely Camargo, considerada uma das mais agradáveis e bem timbradas a serviço da música popular brasileira, foi reverenciada emYemanjá (Paulo Ruschell) no discoCanções da minha terra - Volume 4 (1964), e emMamãe Iemanjá (Guerra-Peixe) no discoOutras Canções de Minha Terra (1967).[149][150]

Na voz deClara Nunes, foi romantizada emConto de Areia (1974), música de Romildo Bastos eToninho Nascimento, uma entre tantas outras do cancioneiro popular brasileiro que reverenciam Iemanjá. Natelenovela brasileiraPorto dos Milagres (2001), é tema de abertura na cançãoCaminhos do Mar, interpretada porGal Costa.[151][152]

Cinema e Teledramaturgia

[editar |editar código-fonte]

Suas aparições nocinema brasileiro sãodramáticas. Vale destaque o filmeBarravento (1962), dirigido porGlauber Rocha, com sua retratação crítica aomisticismo religioso popular. O filme retrata o papel e os dilemas de uma figura masculina escolhida por Iemanjá em uma pequena aldeia de pescadores. Este personagememblemático deveria seguir uma vidacelibatária para não ofender a muito ciumenta divindade, vindo a felicidade e estabilidade do pequeno povoado a depender dessa relação. O filme explora o aspectopossessivo evingativo do orixá, que causaria a morte da mulher que se deitasse com o seu protegido.[153][154] EmNoites de Iemanjá (1971), o filme dirigido por Milton Barragan alcança um diálogo com a platéia a partir de elementos bem sucedidos popularmente como mistério, erotismo e folclore, apresenta uma personagem enigmática numa trama cercada por mortes, este arquétipo defemme fatale associado a figura de Iemanjá em referência às sereias mitológicas já evidenciava-se em estudos como o de Edson Carneiro.[155][156][157] EmEspaço Sagrado, (1976)documentário realizado na Bahia, o diretorGeraldo Sarno, que apresenta o candomblé e suas práticas dentro do espaço sagrado, retrata o ato de uma oferenda a Iemanjá.[158] EmO Escolhido de Iemanjá (1978), com direção deJorge Durán, é invocada como intercessora de uma comunidade pobre através dos terreiros e seu escolhido, o Comandante Nelson, no conflito contraGangsters imobiliários.[159] Deste mesmo ano há também ocurta-metragemDia de Iemanjá, dirigido porLula Oliveira.[160] Vale destaqueA Filha de Iemanjá (1981) com direção de Milton Barragan e a atuação deMary Terezinha como protagonista, onde Iemanjá é representada através da personagem que se diz sua filha, que ressurge ao final doLonga-metragem para o marido e a filha na praia.[161]

A importância cultural e social de Iemanjá, segundo M. C. Azevedo, cresce na sociedade brasileira surgindo com frequência em novelas, estas de acordo com uma publicação deResistência, documentam a "análise de almas trágicas, abeberadas de sonhos, traçando destinos opostos, construindo quimeras logo destruídas pela realidade abismática de vida".[120][162] EmA Indomada (1997) telenovela dirigida porMarcos Paulo que extrapola em alegorias, a personagem Eulália interpretada porAdriana Esteves, surge das águas como em referência à Iemanjá.[163] Vale destaquePorto dos Milagres (2001), livre adaptação deAguinaldo Silva eRicardo Linhares do livroMar Morto deJorge Amado, com música-tema dedicada à Iemanjá na voz deGal Costa. A história do livro era muito curta para uma novela, mas como aRede Globo possuía os direitos do livro decidiu fazer a adaptação. A telenovela demonstrava a forte influência de culto de Iemanjá e as práticas do candomblé, o que causou uma repercussão negativa entre telespectadores evangélicos e católicos.[151][164]

Em representações emminisséries podemos citarO Canto da Sereia (2013) com direção deJosé Luiz Villamarim eRicardo Waddington, baseado no livro de mesmo nome deNelson Motta.[165]

Iemanjá no Novo Mundo

[editar |editar código-fonte]

Brasil

[editar |editar código-fonte]

NoBrasil, a orixá goza de grande popularidade entre os seguidores dereligiões afro-brasileiras e até por membros de religiões distintas. EmSalvador, ocorre anualmente, no dia2 de fevereiro, a maior festa do país em homenagem à "Rainha doMar". A celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco, saem emprocissão até o templo mor, localizado no bairroRio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais comoespelhos,bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de agrados. Todavia, na cidade de São Gonçalo, os festejos acontecem no dia10 de fevereiro.

Outra festa importante dedicada a Iemanjá ocorre durante a passagem de ano noRio de Janeiro e em todo litoral brasileiro. Milhares de pessoas comparecem e depositam no mar, oferendas para a divindade. A celebração também inclui o tradicional "banho de pipoca" e as sete ondas que os fiéis, ou até mesmo seguidores de outras religiões, pulam como forma de pedir sorte à orixá. Naumbanda, é considerada a divindade do mar.

Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta.

No ano de 2008, dia2 de fevereiro, aFesta de Iemanjá doRio Vermelho, naBahia, coincidiu com ocarnaval. Os desfiles detrios elétricos foram desviados da região até o fim da tarde, para que as duas festas acontecessem ao mesmo tempo.

Antecedendo oréveillon de 2008, devotos da orixá das águas estiveram nesse momento, com suas preces dirigidas a umarranha-céus, em forma de ummonólito negro, na Praia do Leme, emCopacabana, onde era costume, no último minuto do ano, surgir uma cascata de fogo, no topo desse monólito, iluminando o entorno bem como as oferendas. Todoréveillon, principalmente na cidade doRio de Janeiro, no bairro deCopacabana, milhares de pessoas se reúnem para cantar e presentear Iemanjá, jogando presentes e rosas no mar.

Além da grande diversidade de nomes africanos pelos quais Iemanjá é conhecida, a forma portuguesa Janaína também é utilizada, embora em raras ocasiões. Aalcunha, criada durante a escravidão, foi a maneira mais branda de "sincretismo" encontrada pelosnegros para a perpetuação de seus cultos tradicionais sem a intervenção de seus senhores, que consideravam inadmissíveis tais "manifestações pagãs" em suas propriedades.[166] Embora tal invocação tenha caído em desuso, várias composições de autoria popular foram realizadas de forma a saudar a "Janaína doMar" e como canções litúrgicas.

Pela primeira vez, em 2 de fevereiro de 2010, uma escultura de uma sereia negra, criada pelo artista plástico Washington Santana, foi escolhida para representação de Iemanjá no grande e tradicional presente da festa doRio Vermelho, emSalvador, naBahia, noBrasil, em homenagem à África e à religião afrodescendente.[167]

Festas

[editar |editar código-fonte]

Uma das maiores festas ocorre emRio Grande, noRio Grande do Sul, devido ao sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes. No mesmo estado, emPelotas a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes vai até oPorto de Pelotas. Antes do encerramento da festividade católica acontece um dos momentos mais marcantes da festa de Nossa Senhora dos Navegantes em Pelotas, que em 2008 chegou à 77ª edição. As embarcações param e são recepcionadas por umbandistas que carregavam a imagem de Iemanjá, proporcionando um encontroecumênico assistido da orla por várias pessoas.

No dia8 de dezembro, outra festa é realizada à beira-mar na Bahia: aFesta de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Esse dia, 8 de dezembro, é dedicado à padroeira da Bahia,Nossa Senhora da Conceição da Praia, sendo feriado municipal emSalvador. Também nesta data é realizado, na Pedra Furada, noMonte Serrat, em Salvador, o presente de Iemanjá, uma manifestação popular que tem origem na devoção dos pescadores locais à Rainha do Mar - também conhecida como Janaína.

Na capital daParaíba, a cidade deJoão Pessoa, o feriado municipal consagrado a Nossa Senhora da Conceição, 8 de dezembro, é o dia de tradicional festa em homenagem a Iemanjá. Todos os anos, na Praia de Tambaú, instala-se um palco circular cercado de bandeiras e fitas azuis e brancas ao redor do qual se aglomeram fiéis oriundos de várias partes do Estado e curiosos para assistir ao desfile dos orixás e, principalmente, da homenageada. Pela praia, encontram-se buracos com velas acesas, flores e presentes. Em 2008, segundo os organizadores da festa, 100 mil pessoas compareceram ao local.

Festa do Rio Vermelho

[editar |editar código-fonte]
Imagem de Iemanjá na oferenda
Ialorixá e filhos na entrega da oferenda a Iemanjá

A tradicionalFesta de Iemanjá na cidade deSalvador, capital daBahia, tem lugar na praia doRio Vermelho todo dia2 de Fevereiro.[168][169] Na mesma data, Iemanjá também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, onde lhe são ofertadas velas e flores, lançadas ao mar em pequenos barcos artesanais.

A festa católica acontece naIgreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto osterreiros decandomblé eumbanda fazem divisões cercadas com cordas, fitas e flores nas praias, delimitando espaço para as casas de santo que realizarão seus trabalhos na areia.

Porto Alegre

[editar |editar código-fonte]

A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes emPorto Alegre é a maior festa religiosa da cidade brasileira do sul do Brasil, e homenageia Nossa Senhora dos Navegantes e seu sincretismo afro-brasileiro. É realizada no dia 2 de fevereiro de cada ano desde 1870.Originalmente, constava de uma procissão fluvial, com embarcações que singravam oLago Guaíba desde ocais do porto, levando a imagem da santa doCentro da cidade até aIgreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Hoje, por determinação impeditiva daCapitania dos Portos, a procissão é terrestre, levando a imagem desde aIgreja de Nossa Senhora do Rosário, no Centro da cidade, até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Os organizadores da festa consideram que esta é a segunda maiorromaria religiosa do País, ficando atrás apenas doCírio de Nazaré realizada emBelém do Pará. Com uma grande participação popular tanto na realização da festa, como nas comemorações

Angola

[editar |editar código-fonte]

EmAngola, existe a crença na divindade que se chamaQuianda (ou Duandalunda)[170], equivalente a Iemanjá, protetora dos pescadores e rainha das águas. Faz-se, todo ano, aFesta da Quianda em bairros praianos de Luanda, e na lagoa do Ibendoa, na província deBengo. É feita juntamente com aProcissão de Nossa Senhora do Cabo, que possui forte relaçãosincrética.[171][3]

Uruguai

[editar |editar código-fonte]

EmMontevidéu, fiéis se reúnem na praia de Ramirez no bairroParque Rodó a cada 2 de fevereiro para celebrar o Dia de Iemanjá.[172] Centenas de milhares de pessoas se sentam à espera do pôr do sol antes de lançar pequenos barcos com oferendas para o oceano.

Em 2015, o governo uruguaio estimou que 100 000 pessoas[173] visitaram a praia para as celebrações.

Cuba

[editar |editar código-fonte]

EmCuba, as celebrações realizam-se todos os anos no dia 7 de Setembro. Yemayá também tem as cores azul e branca, é uma rainha do mar negra, assume o nome cristão deLa Virgen de Regla[174] e faz parte dasantería como santa padroeira dos portos deHavana.Lydia Cabrera fala em sete nomes igualmente, especificando que apenas uma Iemanjá existe, à qual se chega por sete caminhos. Seu nome indica o lugar onde ela se encontra.

Nasanteria, Iemanjá é a mãe de todos os seres vivos, bem como a proprietária dos oceanos e mares.[95]

Notas

  1. O que leva algunsilês a adotarem o nomeYemonjá (pron. Iêmondjá).
  2. Na tradição Lusófona, em especial no Brasil, a expressão "Dona" é um tratamento polido para referir-se a "senhora" e não propriamente no sentido de proprietária.
  3. Originalmente os iorubás eram ágrafos.
  4. O culto à Olocum é praticamente inexistente nas NaçõesQueto/Nagô noCandomblé.
  5. Aqui a autora E. L. Nascimento, faz uma análise comparativa do lado negativo de Iemanjá com Oxum.
  6. Nesta menção L. Cabrera utiliza-se da hipótese de Olocum ser um orixá masculino.
  7. Olofi na santeria é o equivalente a Olorum.
  8. Diversos autores, cautelosos pelo efeito de confusões por parte de autores do final doséculo XIX e início do XX, costumam referir-se a Odudua nesse itã apenas como Olofim devido o equívoco ainda existente de Odudua ser um orixá feminino.
  9. Nesse relatoS. Epega reforça a ideia em torno da união de Iemanjá com Obatalá.
  10. AquiOrum é a simplificação da grafia deOòrùn, sol emiorubá, não devendo ser confundido comOrum, espaço espiritual oposto aoAiê, o mundo físico.
  11. A ironia aqui expressa porOgum refere-se ao fato do tabu de mulheres na manifestação material do mortos no culto de egungum, única concepçãoiorubá que justificaria a presença física de um falecido entre os vivos. NaÁfrica as mulheres falecidas são cultuadas de forma imaterial no culto antagônico deIami-Ajé.
  12. Aqui,L. Cabrera explica que o mesmo não morria em tais eventos, pois sempre sua cabeça retornava ao lugar.
  13. Essa forma de grito é conhecida porIlá e é notável nasanteria, inclusive na manifestação deOxum.
  14. R. Antonio aqui mencionaRainha do Mar ouPromessa de Pescador (1939).

Referências

  1. M. Costa, p. 62
  2. abM. Costa, p. 63.
  3. abYuri Manuel Francisco Agostinho (2020).«Entre registros e memórias: um olhar sobre as festas populares e tradicionais de Luanda». Universidade Estadual de Ponta Grossa.Revista Internacional de Folkcomunicação.18 (40): 96-111 
  4. Barbosa Junior (2014).
  5. Assef, p. 64
  6. abW. Bascom, pp. 489-491
  7. Zenicola, p. 41
  8. T. Bernardo, 2003 apud L. Blass, p.02
  9. P. Verger, 1981 apud N. Lopes, p. 812
  10. Asante, 2015
  11. M, Kagiso p. 237
  12. Arnaldo Rodrigues, p. 28
  13. abcVerger, p. 293
  14. N. Lopes, 2004
  15. Berkenbrock, p. 237
  16. Megale, p.76
  17. Autor não definido.Cantigas de umbanda e candomblé: Pontos cantados e riscados de orixás, caboclos, pretos-velhos e outras entidades. p. 19, Pallas Editora, 2015.ISBN 978-85-347-0583-7
  18. Sampaio, p. 61
  19. Lenz, p.117
  20. abA Outra origem de Janaína, artigo de Antonio Luiz M. C. Costa (28 de novembro de 2006).
  21. abCarneiro, p. 55
  22. Verger, p. 301
  23. Verger, p. 302
  24. Verger, p. 303
  25. Verger, p. 305
  26. Assef, p.30
  27. Koguruma, Paulo.Conflitos do imaginário: a reelaboração das práticas e crenças afro-brasileiras na "metrópole do café" 1890-1920. Ed. Annablume: Fapesp, 2001, 1º edição, p. 297.ISBN 85-7419-196-5
  28. FERREIRA, A. B. H.Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1986, p. 914.
  29. CARYBÉ.Mural dos orixás. Salvador, Banco da Bahia Investimentos, 1979, p. 54.
  30. Verger, pp. 301-306.
  31. Jegede, Olutoyin Bimpe.A Poesia Laudatária e a Sociedade Nigeriana: a Oriki entre os Yoruba[ligação inativa]. pp. 76-78
  32. Ogunleye, Adetunbi Richard.Cultural identity in the throes of modernity: an appraisal of Yemoja among the Yoruba in Nigeria. Department of Religion & African Culture, Adekunle Ajasin University Akungba-Akoko Ondo State, Nigeria, 2015. p. 66
  33. abcVerger, p. 295
  34. Da Costa, Valdeli Carvalho.Umbanda: os seres superiores e os orixás/santos : um estudo sobre a fenomenologia do sincretismo umbandístico na perspectiva da teologia católica. Volume 1, Edições Loyola, 1983, p. 185
  35. Verger, p. 296
  36. Verger, Pierre.Etnografia religiosa iorubá e probidade científica. Revista Religião e Sociedade - nº 8, ISER, Editora Cortez São Paulo, 1982.
  37. Seljan, p. 10
  38. Iwashita, p. 52
  39. Moura, Clóvis.Dicionário da escravidão negra no Brasil. EdUSP, 2004, p. 194.ISBN 85-314-0812-1
  40. Poli, pp. 88-90
  41. Prandi, 2001 apud Y. Manzini, p. 19Arquivado em 6 de março de 2016, noWayback Machine..
  42. Poli, p. 87
  43. CfVerger, p. 298
  44. Modesto, p. 65
  45. abSousa Junior, p. 128
  46. L. Cabrera, pp. 13-18
  47. Valéria Amim, Ruy do Carmo Póvoas.Iemanjá: Imagens Arquetípicas da Grande Mãe na Diáspora. p. 6
  48. Casemiro, Sandra Ramos.A Lenda de Iara: Nacionalismo Literário e Folclore. p.22
  49. Hélio Lopes, Alfredo Bosi.Letras de Minas e outros ensaios. Ed. USP, 1997, p. 174.ISBN 85-314-0381-2
  50. Bastide, Roger.As religiões africanas: contribuição a uma sociologia das interpenetrações de civilizações, Volume 2. Livraria Pioneira Editôra, Editôra da Universidade de São Paulo, 1971, p. 341
  51. Margarite Fernández Olmos, Lizabeth Paravisini-GebertCreole Religions of the Caribbean: An Introduction from Vodou and Santería to Obeah and Espiritismo. NYU Press, 2011, p. 52.ISBN 978-0-8147-6227-1;ISBN 978-0-8147-6228-8;ISBN 978-0-8147-2825-3
  52. L. Cabrera, p.30
  53. Valéria Amim, Ruy do Carmo Póvoas.Iemanjá: Imagens Arquetípicas da Grande Mãe na DiásporaArquivado em 7 de março de 2016, noWayback Machine.. p. 4
  54. Verger, Pierre.Dieux D'Afrique. Paris: Paul Hartmann (1ª edição, 1954; 2ª edição, 1995). 400pp, 160 fotos.ISBN 2-909571-13-0
  55. Cf Zdenka Kalnická.Wagadu: Water & Women in Past, Present & Future, Volume 3. Xlibris Corporation, 26 de set de 2007 - 248 páginas.ISBN 978-1-4257-5287-3,ISBN 978-1-4653-3137-3
  56. abcdeOgunleye, Adetunbi Richard.Cultural identity in the throes of modernity: an appraisal of Yemoja among the Yoruba in Nigeria. Department of Religion & African Culture, Adekunle Ajasin University Akungba-Akoko Ondo State, Nigeria, 2015.
  57. abcdefghijklMikelle Smith Omari-Tunkara.[Manipulating the sacred: Yorùbá art, ritual, and resistance in Brazilian Candomblé. African American life series. Wayne State University Press, 2005.ISBN 9780814328521
  58. Assef, p. 77.
  59. Luna, Jayro.Teoria do Neo-Estruturalismo Semiótico. 1ª Ed. São Paulo: Vila Rica, 2006.ISBN 85-905231-9-5, p. 98
  60. Póvoas, Ruy do Carmo.Da porteira para fora: mundo de preto em terra de branco. Universidade Estadual de Santa Cruz. UESC, 2007. p. 183
  61. Exu, Edições 1-11. Fundação Casa de Jorge Amado, 1987. p. W-24
  62. Hoornaert, Eduardo.O cristianismo moreno do Brasil. Ed. Vozes, 1991 - 181 páginas. p.87
  63. Ogunleye, p. 61
  64. Bàbá Osvaldo Omotobàtálá.Ajé Salugá: òrìṣà de la riqueza. Bayo editores, 2007.
  65. Coleção Arthur Ramos.Introdução a antropologia brasileira as culturas negras. Ed. Casa do Estudante do Brasil, 1972; vol. III, pág. 65.
  66. E. L. Nascimento, p. 126
  67. L. Cabrera, p. 37
  68. Ellis, Alfred Burdon.The Yoruba-Speaking peoples of the Slave Coast of West Africa : their religion, manners, customs, laws, language etc. ; with an appendix containing a comparison of the Tshi, Ga, Ewe and Yoruba languages. London. Chapman and Hall, 1894.
  69. Baudin, Noel.Dictionnaire français-yoruba-français. Cotonou, 1967.
  70. W. Abimbọla, Ivor Miller; p. 95
  71. abcdefghijklmnVerger, Pierre.Orixás: Deuses iorubás na África e no novo mundo. Ed. Corrupio, 1997.ISBN 8586551023,ISBN 9788586551024
  72. abcdefghijklmnopCabrera, Lydia.Iemanjá & Oxum: Iniciações, Ialorixás e Olorixás. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura. Ed. Usp, 2004.ISBN 85-314-0742-7
  73. Teixeira, Francisca Izabel.The Ritual of Iemanjá in Brazil: A Psychoanalytic Approach. University of California, Berkeley, 1992 - 174 páginas.
  74. abcVerger, Pierre Fatumbi, [ilustrações]Carybé.Lendas Africanas dos Orixás. Tradução: Maria Aparecida da Nóbrega, 4ª edição, Corrupio: Salvador, 1997.
  75. Klotz, Lisa.Lemanjá und Sedna: Über welche Ansätze kann ein asymptotischer Vergleich zweier Meeresgöttinnen aus unterschiedlichen Kulturen erfolgen?; ed. GRIN Verlag, março de 2010 - 112 páginas.ISBN 978-3-640-56268-8
  76. da Silva, Vagner Gonçalves.Artes do axé. O sagrado afro-brasileiro na obra de Carybé. p. 10
  77. L. Cabrera, p. 32
  78. Mara Lúcia Cristan de Lomba-Viana, José Carlos Veríssimo de Lomba-Viana.Desporto: Religiões, Ritos e Mitos Afro-Brasileiros[ligação inativa].ISBN 978-972-99645-6-5, p. 20
  79. M. F. Olmos, L. Paravisini-Gebert, p. 50
  80. Raul Canizares.Santería Cubana: El Sendero de la Noche. Inner Traditions / Bear & Co, 2002 - 176 páginas.ISBN 0-89281-961-8, p. 81
  81. abManzini, Yaskara.yami Osoronga (Minha Mãe Feiticeira): O coletivo feminino na cosmogonia do Universo. pp. 32 e 33
  82. Roberto Motta,Revista Africa(s) — ISSN 2318.1990, p. 26
  83. dos Santos, José Benedito.A Recriação do Mito de Iemanjá e Orungã: uma leitura do romance mar morto, de Jorge AmadoArquivado em 2 de março de 2016, noWayback Machine.. p. 45
  84. abcdefPoli, Ivan da Silva.Antropologia dos Orixás: a civilização yorubá através de seus mitos, oriquis e sua diáspora. Ed. Acadêmica Terceira Margem, 2011.ISBN 978-85-7921-046-4
  85. Wande Abimbọla.Sixteen Greats of Ifa, Editora Unesco, ano 1975.
  86. abcdefgPrandi, Reginaldo.Mitologia dos Orixás. Ed. Companhia das Letras, 2008.
  87. abcTradições africanas: Yemoja, a rainha das águas, protetora das famílias. Acessado em 24 de dezembro de 2015.
  88. abcdefgVallado, Armando.Iemanjá, a grande mãe africana do Brasil. Ed. Pallas, 2002 - 260 páginas.
  89. The ancient river deity in yoruba culture...Iyemo̩ja. Entrevista de Olukunmi Omikemi Egbalade para a Orisun Tv em ocasião do festejo de Iemanjá em Ibadã, 0:52-1:47 (emiorubá). Acessado em 11 de dezembro de 2016.
  90. abAndrew Apter.Griaule’s Legacy: Rethinking “la parole claire” in Dogon Studies. Artigo publicado pelaCahiers d’Études africaines, XLV (1), 177, 2005.
  91. George Maurício, Vera de Oxaguiã, Marcelo Barros.O candomblé bem explicado: nações Bantu, Iorubá e Fon. Ed. Pallas, 2009 - 367 páginas.
  92. P. Iwashita, p. 239
  93. Azevedo Filho, Leodegário Amarante.Estudos universitários de língua e literatura: Homenagem ao Prof. Dr. Leodegário A. de Azevedo Filho. Tempo Brasileiro, 1993 - 665 páginas.
  94. Lawal, Babatunde.The Gèlèdé spectacle : art, gender, and social harmony in an African culture. Seattle: University of Washington press, 1996.ISBN 978-0-295-97599-3
  95. abcdDe La Torre, Miguel A.Santeria: The Beliefs and Rituals of a Growing Religion in America. Wm. B. Eerdmans Publishing, 2004 - 246 páginas.ISBN 0-8028-4973-3
  96. Arisel Arce Burguera, Armando Ferrer Castro.The World of the Orishas. Editorial José Martí, 2002 - 267 páginas.
  97. Ribeiro, José.A magia do candomblé. Ed. Pallas, 1988 - 119 páginas.
  98. Amaral, Rita.Xirê!: o modo de crer e de viver no candomblé. Ed. Pallas, 2002 - 119 páginas.
  99. Revista de administração pública, Volume 34, Edições 1-3. Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, 2000.
  100. Júnior, Sangirardi.Deuses da Africa e do Brasil: Candomblé & Umbanda. Civilização Brasileira, 1988 - 206 páginas.
  101. Comunicações do ISER, Edições 43-50. Instituto de Estudos da Religião, 1992.
  102. de Moura, Carlos Eugênio Marcondes.Candomblé - Religião do Corpo e da Alma. Ed. Pallas, 2000 - 225 páginas.
  103. de Moura, Carlos Eugênio Marcondes.Meu sinal está no teu corpo: escritos sobre a religião dos orixás. EDICON/EDUSP, 1989 - 269 páginas.
  104. abcFonseca, Denise Pini Rosalem da.Filhas do desejo de Eva, herdeiras da sorte de Obá. ANPUH – XXII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – João Pessoa, 2003.
  105. P. Iwashita, p. 216
  106. Idowu, Bolaji. Olodumare: God in Yoruba Belief. Ikeja: Longman Nigeria Ltda, 1982.
  107. Cossard, Gisèle Omindarewá.Awô: o mistério dos orixás. Ed.Pallas, 2006, 215 páginas.ISBN 8534703965,ISBN 9788534703963
  108. Barbara, Rosamaria Susanna.A dança das aiabás: dança, corpo e cotidiano das mulheres de candomblé. Tese apresentada como dissertação (Doutorado - Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2002). pp. 108-109
  109. Rouget, Gilbert.Música e Transe. Turim, Einaudi, 1986. p.25
  110. abZenicola, p. 100
  111. Bastide, Roger.O Candomblé da Bahia - rito nagô. Ed. Nacional, São Paulo, 1978.
  112. Barbara, p. 137
  113. Martins, Suzana.A Dança de Yemanjá Ogunté: sob a perspectiva estética do corpo. Egba - Salvador, 2008.
  114. Augras, MoniqueapudZenicola, p. 99
  115. Barbara, p. 128
  116. Eramo, Fabiana.Infinita Beleza: o Sétimo Sentido - A linguagem do corpo e a inteligência dos sentidos na performance da dança afro. Tese apresentada como dissertação (Pós-Graduação - Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal Fluminense, 2010).
  117. de Azevedo, Manuel Quitério.O culto a Maria no Brasil: história e teologia. Editora Santuário, 2001 - 260 páginas
  118. Valente, Waldemar.Sincretismo religioso afro-brasileiro. Companhia Editora Nacional, 1976 - 117 páginas.
  119. abCoimbra, Créso.Fenomenologia da cultura brasileira. LISA, 1972 - 681 páginas.
  120. abAzevedo, Marcello de Carvalho.Teologia da inculturação e inculturação da teologia. Ed. Vozes, 1 de jan de 1995 - 132 páginas.
  121. abHumanidades, Edições 35-38. Editora Universidade de Brasília, 1994.
  122. Dreher, Martin.Populacoes Rio-Grandenses E Modelos de Igreja. Editora Sinodal, 1998 - 340 páginas.
  123. abReid, Michael.Brasil: A Turbulenta Ascensão De Um País. Elsevier Brasil, 20 de ago de 2014 - 320 páginas.
  124. Stella (de Oxóssi, Mãe.), Raul Giovanni da Motta Lody.Faraimará, o caçador traz alegria: Mãe Stella, 60 anos de iniciação. Ed. Pallas, 1999 - 412 páginas.
  125. de Andrade, Mario.Música de feitiçaria no Brasil. Nova Fronteira, 2 de jul de 2015 - 338 páginas.
  126. Alvarado, Denise.Voodoo Hoodoo Spellbook. Ed. Weiser Books, 2011 - 320 páginas.ISBN 978-1-57863-513-9
  127. Lifshitz, Fima.An African Journey Through Its Art. AuthorHouse, 2009 - 214 páginas. p. 17
  128. Solimar Otero, Toyin Falola.Yemoja: Gender, Sexuality, and Creativity in the Latina/o and Afro-Atlantic Diasporas. SUNY Press, 2013 - 336 páginas.ISBN 978-1-4384-4799-5
  129. FERREIRA, A. B. H.Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 914.
  130. Ramos, Eurico.Revendo o Candomblé. Mauad Editora Ltda, 2011 - 120 páginas.ISBN 978-85-7478-416-8
  131. Farelli. Maria Helena.Os Rituais Secretos da Magia Negra e do Candomblé. Editora Eco, 1976 - 157 páginas.
  132. Verger, p. 208
  133. L. Moraes.Bembé do Mercado: 13 de maio em Santo Amaro. 2009 - 177 páginas.
  134. de Moura, Carlos Eugênio Marcondes.Leopardo dos olhos de fogo: escritos sobre a religião dos orixás VI, Volume 6. Atelie Editorial, 1 de jan de 1998 - 164 páginas. p. 102
  135. abcFolarin, Agbo.MATERNAL GODDESS IN YORUBA ART: A New Aesthetic Acclamation of Yemoja, Oshun and Iya-Mapo. Ann Arbor, Michigan: MPublishing, University of Michigan Library, 1993.
  136. Burton, Richard Francis, Sir.Abeokuta and the Camaroons Mountains : an exploration. London, Chatto & Windus, 1884.
  137. abcdeRisério, Antonio.A utopia brasileira e os movimentos negros. Ed. 34, São Paulo, 2007.ISBN 978-85-7326-385-5
  138. Cascudo, Luís da Câmara.Made in Africa. Global Editora e Distribuidora, 2015.
  139. Couto, Edilece Souza.Tempo de festas: homenagens a Santa Bárbara, Nossa Senhora da Conceição e Sant’Ana em Salvador (1860-1940). Ed. SciELO - EDUFBA, 1 de jan de 2010 - 217 páginas.
  140. Orphanake, J. Edson.Conheça a umbanda. Tríade Editorial, 1985 - 150 páginas.
  141. Bernardo, Terezinha.Negras, mulheres e mães: lembranças de Olga de Alaketu. Educ, 2003 - 194 páginas.
  142. Carlos Eugênio Marcondes de Moura, João Batista dos Santos.So̲màvo̲: o amanhã nunca termina : novos escritos sobre a religião dos voduns e orixás. Ed. Empório de Produção e Comunicação, 2005 - 190 páginas.
  143. Marleine Paula Marcondes e Ferreira de Toledo.Cultura brasileira: o jeito de ser e de viver de um povo. Nankin Editorial, 2004 - 367 páginas.
  144. Jorge Amado.ABC de Castro Alves. Editora Companhia das Letras, 20 de dez de 2011 - 304 páginas.
  145. Jorge Amado.Bahia de Todos-os-Santos. Editora Companhia das Letras, 20 de set de 2012 - 400 páginas.
  146. Organizadores, Antonio Guerreiro Faria, Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros e Ruth Serrão.Guerra-Peixe: um músico brasileiro. Ed. lumiar, 2007 - 261 páginas.ISBN 978-85-7736-003-1
  147. Luciana Nascimento, Andrea Maria Favilha Lobo.Mosaicos da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro : Letra Capital editora, 2012.ISBN 978-85-7785-148-5
  148. MARLOS NOBRE. (acessado em 08 de dezembro de 2015)
  149. Discogradia de Ely Camargo, (acessado em 12 de dezembro de 2015).
  150. Tinhorão, José Ramos.Música popular: o ensaio é no jornal. -- ( Encontro de pesquisadores da MPB ). MIS Editorial/ Secretaria de Estado de Cultura / FAPERJ, 2001 - 152 páginas.ISBN 8573260726;ISBN 9788573260724
  151. abCarneiro, Sueli.RACISMO, SEXISMO E DESIGUALDADE NO BRASIL: Consciencia em Debate. Selo Negro, 18 de abr de 2011.ISBN 978-85-87478-74-0
  152. Alencar, Mauro.A Hollywood brasileira: panorama da telenovela no Brasil. Senac Rio, 2002 - 175 páginas.
  153. Johnson, Randal.Cinema Novo x 5: Masters of Contemporary Brazilian Film (em inglês). University of Texas Press, 6 de nov de 2014 - 262 páginas.ISBN 0-292-71090-9,ISBN 0-292-71091-7.
  154. da Costa, Claudio.Cinema brasileiro, anos 60-70: dissimetria, oscilação e simulacro. Ed. 7 letras, Rio de Janeiro, 2000.ISBN 85-7388-196-8, p.58
  155. Miranda, Luiz Felipe.Dicionario de Cineastas Brasileiros. Art Editora, 1990 - 408 páginas.
  156. FILMOGRAFIA - AS NOITES DE IEMANJÁ. Ministério da Cultura, acessado em 04 de janeiro de 2015.
  157. Noronha, Estela.Tenha Fé, Tenha Confiança, Iemanjá é uma Esperança! - Um estudo à luz da socioantropologia e da psicologia analítica do fenômeno do "Iemanjismo" entre os não devotos das religiões afro-brasileiras. Tese apresentada como dissertação (Mestrado - Ciências da Religião, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2005).
  158. Bernardet, Jean Claude.Filme cultura, Edições 32-42. Brazil. Ministério da Educação e Cultura, Instituto Nacional do Cinema Educativo (Brazil), Empresa Brasileira de Filmes, Fundação do Cinema Brasileiro Centro Técnico Audiovisual, 2010.
  159. FILMOGRAFIA - O ESCOLHIDO DE IEMANJÁ. Ministério da Cultura, acessado em 05 de janeiro de 2015.
  160. Nagib, Lúcia.O cinema da retomada: depoimentos de 90 cineastas dos anos 90. Editora 34, 1ª edição, 2002 - 526 páginas.ISBN 85-7326-254-0, p. 330
  161. FILMOGRAFIA - A FILHA DE IEMANJÁ.Ministério da Cultura, acessado em 05 de janeiro de 2015.
  162. Resistência, Edições 129-140. Editorial Resistência, 1976.
  163. Maria Immacolata Vassallo de Lopes, Silvia Helena Simões Borelli, Vera da Rocha Resende.Vivendo com a telenovela: mediações, recepção, teleficcionalidade. Summus Editorial, 2002 - 394 páginas.ISBN 85-323-0770-1, p. 360
  164. João Emanuel Carneiro, Manoel Carlos, Maria Adelaide Amaral, Miguel Falabella, Ricardo Linhares, Silvio de Abreu, Walcyr Carrasco, Walther Negrão.Autores: histórias da teledramaturgia. Globo Livros, 2008.
  165. Redação Rede Globo (6 de novembro de 2012).O Canto da Sereia: série da Globo estreia em 8 de janeiro; saiba tudo. Acessado em 08 de janeiro de 2016.
  166. Guennes, Duda (7 de Dezembro de 1998).«Iemanjá: uma deusa para o próximo milênio».Jornal do Commercio. Consultado em 12 de maio de 2008.Os revéillons das passagens dos anos 1999/2000 e 2000/2201 serão duas grandes festas, com direito a comemoração dupla: o século e o milênio. Por certo, os festejos serão presididos por uma nova Rainha: Iemanjá, a deusa das águas. 
  167. «Embarcações levam oferendas para Iemanjá». Consultado em 2 de fevereiro de 2010 
  168. http://www.soulbrasil.com/index.php?page=ed/52/07-principal.php&lang=en
  169. «Cópia arquivada»(PDF). Consultado em 13 de junho de 2014. Arquivado dooriginal(PDF) em 3 de março de 2016 
  170. Sobre a sereia Kianda e outros seres míticos
  171. «Procissão de Nossa Senhora do Cabo em Luanda». RTP. 15 de novembro de 1968 
  172. Uruguay Festivals – Day of the Goddess of the Sea, Guru'guay
  173. Así se vivió la fiesta de Iemanjá en la costa de Montevideo, Subrayado, Feb 3 2015
  174. La Virgen de Regla

Bibliografia

[editar |editar código-fonte]
  • ABIMBOLA, Wande Abimbọla; MILLER, Ivor.Ifá Will Mend Our Broken World: Thoughts on Yoruba Religion and Culture in Africa and the Diaspora. Iroko academic publishers, 1ª edição, 1997; 2ª edição, 2003 (em inglês).ISBN 0-9659739-0-5
  • ASANTE, Molefi Kete.As I Run Toward Africa: A Memoir. Routledge, 2015.
  • ASSEF, Carlos Renato.O Candomblé e seus Orixás. Ed. LeBooks, 2013.ISBN 978-85-66833-69-0
  • AUGRAS, Monique.De Iyá mi a pomba-gira: transformações e símbolos da libido. In: Moura, Carlos Eugênio.Candomblé, religião do corpo e da alma: tipos psicológicos nas religiões afro-brasileiras. Rio de Janeiro, Ed. Pallas, 2000.
  • BARBOSA JUNIOR, Ademir.O livro essencial de Umbanda. Universo dos Livros Editora, São Paulo, 2014.ISBN 978-85-7930-744-7
  • BASCOM, William W.Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World. Indiana University Press, 1980.ISBN 0-253-35280-0,ISBN 0-253-20847-5
  • BERKENBROCK, Volney JA experiência dos orixás: um estudo sobre a experiência religiosa no candomblé. Editora Vozes, 1998.
  • BLASS, Leila Maria da Silva.Dois de fevereiro, Dia de Iemanjá, Dia de Festa no Mar. Revista Nures Nº 5, Janeiro/Abril 2007 - Núcleo de Estudos Religião e Sociedade – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
  • CARNEIRO, Edison.Candomblés da Bahia. Secretaria de Educação e Saúde, 1948.
  • COSTA, Eduard Montgomery Meira.Orixás. Clube de Autores, 2007.
  • IWASHITA, Pedro.Maria e Iemanjá: análise de um sincretismo. Edições Paulinas, 1991.
  • LENZ, Helena Goldammer.Tupi e Guarani: A língua dos bandeirantes. Cia do eBook, 2015.ISBN 978-85-6822-786-2
  • LOPES, Nei.Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.ISBN 85-87478-21-4.
  • MASON, P.H. (2016)Fight-dancing and the Festival: Tabuik in Pariaman, Indonesia, and Iemanjá in Salvador da Bahia, Brazil. Martial Arts Studies Journal, 2, 71-90. DOI: 10.18573/j.2016.10065
  • MEGALE, Nilza Botelho.Folclore brasileiro. Editora Vozes, 1999.
  • MODESTO, Luís Antonio.O Livro Da Nação Espírita. Clube de Autores, 2009.
  • MSIMANGO, Kagiso.The Goddess Bootcamp. Jacana Media, 2013.ISBN 978-1-920601-04-1
  • NASCIMENTO, Elisa Larkin.GUERREIRAS DE NATUREZA: Mulher negra, religiosidade e ambiente. Grupo Editorial Summus, São Paulo: Selo Negro, 2008.ISBN 978-85-87478-34-4
  • NETO, Arnaldo Rodrigues.Yorùbá Básico - Guia de Referência Rápida de Yorùbá e Candomblé. Clube de Autores, 2008.
  • POLI, Ivan da Silva.Antropologia dos Orixás: a civilização yorubá através de seus mitos, orikis e sua diáspora. Ed. Acadêmica Terceira Margem, 2011.ISBN 978-85-7921-046-4
  • SAMPAIO, Mário Arnaud.Palavras indígenas no linguajar brasileiro. Porto Alegre: Sagra : D.C. Luzzatto Editores, 1995.ISBN 85-241-0469-4
  • SELJAN, Zora.Iemanjá e suas lendas. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2017.
  • SOUSA JUNIOR, Vilson Caetano de.Na Palma da Minha Mão - temas afro-brasileiros e questões contemporâneas. Salvador, Ed. EDUFBA, 2011.ISBN 978-85-232-0796-0
  • ZENICOLA, Denise Mancebo.Performance e Ritual: a dança das iabás no xirê. 1ª ed. - Rio de Janeiro : Mauad X : Faperj, 2014.ISBN 978-85-7478-716-9

Bibliografia Complementar

[editar |editar código-fonte]
  • BERNARDO, T. Mulheres das águas. Em: Bernardo T. e Tótora, S. (orgs).Ciências Sociais na

atualidade. Percursos e desafios. São Paulo: Cortez, 2003, pp. 287 e 288.

Ligações externas

[editar |editar código-fonte]
OCommons possui imagens e outros ficheiros sobreIemanjá
Mitologia africana
Candomblé Banto
Candomblé Jeje
Candomblé Queto
Ser Supremo
Orixás
Aganju  · Airá  · Dadá  · Exu  · Erinlé  · Ibeji  · Iemanjá  · Irocô  · Logunedé  · Nanã  · Obá  · Obaluaiê  · Oxalufã · Oxaguiã  · Obatalá  · Ogum  · Olocum  · Ori  · Ocô  · Orumilá  · Oçânhim  · Oxalá  · Oxóssi  · Oxum  · Oxumarê  · Oiá  · Xangô  · Ieuá
Tópicos
Arte  · Ifá  · Itã  · Medicina  · Mitologia  · Música  · Oboni  · Guelede  · Egungum
Locais sagrados
Heróis
Controle de autoridade
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Iemanjá&oldid=70052260"
Categoria:
Categorias ocultas:

[8]ページ先頭

©2009-2025 Movatter.jp