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Guerra Fantástica Guerra do Mirandum | |||
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Guerra dos Sete Anos | |||
Data | 1762–1763 | ||
Local | Portugal,Espanha,América do Sul | ||
Desfecho |
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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AGuerra Fantástica,Guerra do Mirandum ouGuerra do Pacto de Família, foi a participação dePortugal naGuerra dos Sete Anos (1756–1763), fruto de um terceiroPacto de Família Bourbon. O conflito desenrolou-se no período de 9 de maio a 24 de novembro de1762, iniciando-se quando um exército franco-espanhol, com um efectivo de cerca de 42 000 homens sob o comando do generalNicolás de Carvajal y Lancaster, omarquês de Sarriá, invadiu Portugal pela fronteira deTrás-os-Montes, conquistandoMiranda,Bragança eChaves, sendo derrotado pelas guerrilhas — sobretudo quando tentaram cruzar o Douro para ocupar a cidade do Porto e atravessar as montanhas de Montalegre, com o mesmo fim — e forçado a retirar para Espanha. Os espanhóis abandonaram todas as praças anteriormente ocupadas, com excepção de Chaves, e o comandante espanhol foi substituído peloconde de Aranda.
Perante esta derrota, seguiu-se uma segunda invasão pelas Beiras, conquistandoAlmeida,Castelo Bom[1] eCastelo Branco, entre outras praças.
Em resposta, formou-se um exército anglo-português, com cerca 14 000 a 15 000 homens, sob o comando doConde de Lippe, que se posicionou para defender Lisboa nas colinas a nordeste de Abrantes, onde foram construídas várias obras de defesa. O exército aliado e camponeses da Beira Baixa puseram em prática uma muito eficaz tática de Terra Queimada e foram levadas a cabo ações de guerrilha na retaguarda dos invasores, que viram a sua linha de comunicações com Espanha praticamente cortada. Enquanto os anglo-portugueses, protegidos e entricheirados nas colinas a Norte da "Península de Lisboa" (definida a Oeste pelo Oceano Atlântico e a Sul e Este pela formidável barreira doRio Tejo), podiam ser abastecidos por mar, os Franco-Espanhóis viam as suas fileiras serem dizimadas pela fome, deserção e guerrilhas. Assim, o exército invasor viu-se forçado a escolher entre ficar em frente a Abrantes e morrer de fome ou retirar. O conde de Lippe, apercebendo-se da situação desesperada do inimigo, completou-a com um movimento audacioso que decidiu a guerra: enviou uma força de soldados portugueses comandada por George Townshend deslocar-se num movimento de cerco em direção à retaguarda do diminuto e desmoralizado exército Espanhol. Este retirou logo para mais perto da fronteira (Castelo Branco).
Mas um segundo movimento de cerco levado a cabo pela mesma força de Townshend, que pretendia aprisionar o exército espanhol em Castelo Branco, levou à retirada definitiva do exército Franco-Espanhol para Espanha (mais uma vez, um movimento militar, — e não uma batalha formal — decidia a guerra).
Os invasores foram assim derrotados e perseguidos até Espanha, sofrendo perdas terríveis (cerca de 25 000 homens) provocadas quer pelas tropas regulares quer pelos camponeses, fome, deserção e doenças. O Quartel-General Franco-Espanhol emCastelo Branco (cheio de feridos e doentes abandonados durante a fuga do exército espanhol) foi conquistado, bem como todas as praças anteriormente ocupadas pelos borbónicos, com as únicas excepções de Chaves e Almeida.
Em novembro daquele ano de 1762 foi assinado um acordo de cessar-fogo depois de pequenas batalhas travadas no Douro, Montalegre, Valência de Alcântara e Vila Velha do Ródão e do fracasso de forças espanholas diante de Marvão e Ouguela.
O episódio ficou conhecido porGuerra Fantástica porque, apesar da humilhante derrota infligida aos invasores, os recontros mais importantes não foram batalhas convencionais mas acções de guerrilha conduzidas pelasmilícias locais, tendo o resultado da guerra ficado decidido por uma série de sucessivas e brilhantes movimentações de tropas sob o comando do conde de Lippe, um dos melhores soldados da sua era. A vitória de Lippe foi um exemplo clássico da vitória da estratégia sobre os números, assim como da vitória da guerrilha e movimentos militares sobre a guerra convencional. O plano e estratégia de Lippe seriam novamente postos em ação, de uma forma mais sistematizada, por Wellington durante a terceira invasão francesa em 1810–11.
Tanto Portugal como a Espanha haviam se mantido neutrais na Guerra dos Sete Anos, que havia sido declarada oficialmente em1756. Sob o reinado deFernando VI de Espanha aquele país mantinha boas relações com os britânicos, e desse modo não se juntou ao seu tradicional aliado, a França, contra os ingleses no conflito. Esse cenário mudou com a sucessão de um novo monarca,Carlos III de Espanha cujo governo pendeu para uma política mais pró-francesa e, em fins de1761 os dois estados entraram em conflito.
O plano espanhol original era o de tomar apraça-forte de Almeida e, em seguida, avançar peloAlentejo sobreLisboa. Entretanto, com a nomeação do marquês de Sarriá como comandante-em-chefe, este decidiu começar por um ataque pela região norte, tendo oPorto como objetivo. Este seria um duro golpe para os britânicos, que tinham grandes interesses comerciais naquela cidade, e também seria agradável paraIsabel Farnésio, a Rainha Mãe, que ainda tinha muito poder por trás do trono espanhol e que desejava poupar a posição de sua filha Mariana Victoria, rainha consorte de Portugal. Em qualquer caso, não havia nenhuma vantagem em hostilizar Portugal indevidamente e, caso o país não fosse atacado em sua capital a reação não seria tão forte.
Cronologia da Guerra Fantástica | |
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Data | Evento |
16 de Março de1762 | Os embaixadores de França e Espanha entregam ao Governo português uma "pró-memória" exigindo que Portugal aderisse aoPacto de Família dos Bourbons, assinado em 1761, e excluísse dos seus portos os navios dos britânicos e seus aliados em troca de protecção dos seus domínios ultramarinos. |
20 de Março de1762 | O Governo português, pela voz de D.Luís da Cunha Manuel, então Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, recusa a oferta de cooperação dos dois países na defesa dos domínios ultramarinos portugueses, efectivamente rejeitando a adesão ao Pacto de Família. |
1 de Abril de1762 | Em novo "pró-memória" os embaixadores de França e Espanha exigem ao Governo português a participação de Portugal na guerra contra a Grã-Bretanha, informando que as tropas espanholas invadirão o território português caso Portugal não impeça a utilização dos portos portugueses pelos navios britânicos. |
5 de Abril de1762 | O Governo português recusa colaborar com a França e a Espanha na guerra contra a Grã-Bretanha. |
16 de Abril de1762 | Tendo em conta que desde1754 oExército Português estava reduzido a metade dos seus efectivos regulamentares, omarquês de Pombal manda aumentar os efectivos dos regimentos de infantaria, cavalaria e artilharia. |
23 de Abril de1762 | Os embaixadores de França e Espanha entregam ao Governo português um terceiro e último "pró-memória", em estilo de ultimato, exigindo o fecho dos portos aos britânicos e seus aliados. |
25 de Abril de1762 | Portugal responde negativamente ao ultimato, na prática tornando inevitável a guerra. |
27 de Abril de1762 | Os embaixadores de França e Espanha abandonam Lisboa. |
30 de Abril de1762 | O comandante das forças espanholas concentradas em redor deZamora, o generalNicolás de Carvajal y Lancaster,marquês de Sarriá, divulga uma proclamação aos portugueses, afirmando que a invasão de Portugal tinha por objectivo o benefício dos portugueses. |
5 de Maio de1762 | As forças espanholas entram em Portugal pela fronteira de Trás-os-Montes e dirigem-se paraMiranda do Douro, que é cercada. |
6 de Maio de1762 | Desembarcam em Lisboa forças auxiliares britânicas, sob o comando do generalGeorge Townshend, depois visconde e marquês Townshend. |
8 de Maio de1762 | A explosão de um paiol durante um bombardeamento provoca 400 mortos em Miranda do Douro, levando à rendição da praça, que nesse dia é ocupada pelo exército espanhol. |
16 de Maio de1762 | A cidade deBragança rende-se e é ocupada pelo exército espanhol. |
18 de Maio de1762 | Perante a consumação da invasão, Portugal declara a guerra à França e à Espanha. |
21 de Maio de1762 | A cidade deChaves é ocupada pelo exército espanhol. |
15 de Junho de1762 | Espanha declara guerra a Portugal e é suspensa a publicação daGazeta de Lisboa. |
3 de Julho de1762 | Por indicação britânica, chega a LisboaGuilherme de Schaumburgo-Lippe, oconde de Lippe, com o objectivo de comandar o exército luso-britânico. |
10 de Julho de1762 | Guilherme de Schaumburgo-Lippe, oconde de Lippe, é nomeado marechal-general do exército luso-britânico. |
20 de Julho de1762 | Aumentando a internacionalização do conflito, a França declara guerra a Portugal. |
25 de Agosto de1762 | Abre-se uma nova frente com a entrada de forças espanholas pela fronteira das Beiras, que tomam a praça deAlmeida, na Beira Alta, que é ocupada pelo exército espanhol comandado pelo marquês de Sarriá. |
5 de Outubro de1762 | Tropas espanholas comandadas por D.Pedro de Cevallos, comandante das forças espanholas em Buenos Aires, invadem aColónia do Sacramento, povoação portuguesa na margem esquerda do estuário dorio da Prata. |
29 de Outubro de1762 | AColónia do Sacramento rende-se e é ocupada por forças espanholas. |
3 de Novembro de1762 | É assinado emFontainebleau um tratado de paz provisório entre os reinos de Portugal, Grã-Bretanha, França e Espanha. |
1 de Dezembro de1762 | Assinado um armistício entre os exércitos luso-britânico e franco-espanhol comandados, respectivamente, peloConde de Lippe e pelo generalPedro Pablo Abarca de Bolea, Conde de Aranda. |
25 de Janeiro de1763 | O rei D.José I de Portugal concede aoConde de Lippe o direito ao uso do tratamento deAlteza em recompensa pelos serviços prestados durante a guerra. |
10 de Fevereiro de1763 | Assinado em Paris um tratado de paz (Tratado de Paz de Paris), pelo qual a Espanha restituiu a Portugal as praças deChaves eAlmeida e aColónia do Sacramento no estuário doRio da Prata. |
25 de Fevereiro de1763 | O tratado de paz é ratificado pelo rei D.José I de Portugal. |
25 de Março de1763 | Proclamada em Lisboa a paz entre os Reinos de Portugal, Espanha e França. |
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