O nome Gibraltar tem origem na notopónimoárabejabal al-Tariq (ﺨﺒﻝﻄﺭﻕ) que significa "montanha deTárique". A montanha, um promontório militarmente estratégico na entrada do mar Mediterrâneo, guarnece o estreito oceânico que separa a África do continente europeu. O nome é uma homenagem ao generalberbere Tárique que em 711 aí desembarcou, iniciando a conquista do Reino Visigótico.[4]
Antes foi chamado pelosfenícios deCalpe, uma dasColunas de Hércules.[5] Popularmente, Gibraltar é chamada de "Gib" ou "The Rock" (o Rochedo).
Gibraltar: pista doaeroporto, estádio Vitória e zona da fronteiraDerrota das baterias flutuantes por John Singleton Copley — clímax do Grande Cerco de Gibraltar em 1782. Eliot está montado no cavalo branco
A região de Gibraltar tem seus primeiros sinais de ocupação humana datados entre 128 e 34 mil anos antes de Cristo, inclusive com a presença dos extintosneandertais. Ao longo da história, outros povos habitaram o local:cartagineses,romanos,vândalos,muçulmanos eespanhóis. Em 1462, as tropas comandadas por Juan Alonso Pérez de Guzmán,duque de Medina Sidónia, ao serviço daCoroa de Castela, expulsaram os muçulmanos e ocuparam de forma relativamente fácil a zona, de modo definitivo.[6] Atualmente, o brasão e a bandeira evocam o antigo reino deCastela.[7]
Uma força anglo-neerlandesa liderada por SirGeorge Rooke apoderou-se de Gibraltar em 1704. Para a história ficaram episódios heróicos como a que levou a batizar uma das praias como "Baía dos Catalães" (Catalan Bay) devido ao facto de ter desembarcado na mesma a 4 de agosto de 1704 um batalhão de 300 a 350 soldados daCatalunha que combateram lado a lado com as tropas anglo-holandesas contra as forças borbónicas deFilipe V.[8][9] Quando o Conde de ToulouseLuís Alexandre de Bourbon tentou a reconquista do território, os soldados catalães foram muito bem sucedidos na sua missão de defendê-la e evitar a reconquista borbónica, o que levou a baía a ser conhecida pelo nome atual.[10]
O território acabou por ser cedido àGrã-Bretanha pelaEspanha noTratado de Utrecht em 1713, como parte do pagamento daGuerra da Sucessão Espanhola. Nesse tratado, Espanha cedeu àInglaterra"… a total propriedade da cidade e castelo de Gibraltar, junto com o porto, fortificações e fortes (…) para sempre, sem qualquer exceção ou impedimento".[11]
Apesar de tudo, o tratado de cessão estipula que nenhum comércio por terra entre Gibraltar e a Espanha deve ocorrer, exceto para provisões em caso de emergência se Gibraltar não conseguir ser abastecida por mar. Uma condição especial nesse tratado é que"nenhuma permissão deve ser dada sob qualquer pretexto, tanto ajudeus quanto amouros, para morarem ou terem residência na dita cidade de Gibraltar". Ambas restrições foram rapidamente ignoradas, sendo que por muitos anos tanto judeus quantoárabes moraram pacificamente em Gibraltar, e em 1882 foi criada a Câmara de Comércio de Gibraltar.[12] O final do artigo X do Tratado indica que se àCoroa britânica"lhe parecer conveniente dar, vender ou dispor, de qualquer modo, a propriedade da dita Cidade de Gibraltar, foi acordado e concordado por este Tratado, que se dará a Coroa de Espanha a primeira ação antes que outros para a redimir".[13]
Em junho de 1779 as forças combinadas deEspanha eFrança montaram um cerco a Gibraltar após a assinatura do terceiroPacto de Família com o fim de contrariarem a suposta superioridade britânica, enfraquecer o seu poderio no Mediterrâneo, e reconquistarMinorca. Sob o comando do general George Eliott estavam cinco mil soldados que se opuseram ao cerco formado por terra e mar. Este foi levantado apenas a 7 de fevereiro de 1783, sem que tivessem as forças franco-espanholas tomado Gibraltar, o que foi tomado noReino Unido como uma grande vitória militar. Eliott foi tornado cavaleiro e agraciado com o novíssimo título de Barão Heathfield de Gibraltar.[14]
No início dos anos 1960, o governo espanhol levantou a "questão de Gibraltar" perante a Comissão de Descolonização das Nações Unidas e a Assembleia Geral aprovou as resoluções 2 231, de 1966 e 2 353, de 1967, que pediam o início das conversações entreEspanha eReino Unido para por fim a situaçãocolonial de Gibraltar, salvaguardando os interesses do povo de Gibraltar. Em resposta a estas resoluções, as autoridades de Gibraltar apelaram o direito à autodeterminação e o Reino Unido organizou um referendo em 1967 para os gibraltinos, em que 99,64% dos eleitores manifestaram a sua vontade de permanecer sob soberania britânica, o que também foi interpretado adicionalmente como uma rejeição ao regime franquista.[16]
A abertura da fronteira e o intercâmbio de bens voltou a ser possível em dezembro de 1982.[17] Mais recentemente, num segundo referendo que ocorreu em novembro de 2002, 99% dos votantes rejeitaram qualquer proposta de partilha de soberania entre o Reino Unido e Espanha. No entanto, os gibraltinos têm procurado umstatus mais avançado e um relacionamento com o Reino Unido que reflita o presente nível de autogoverno. Uma nova constituição para o território foi aprovada por uma maioria de 60% em 2006.[18]
Em julho de 2009 o ministro dos Negócios Estrangeiros de Madrid, Miguel Ángel Moratinos (PSOE), fez uma visita histórica a Gibraltar, pela primeira vez em 300 anos um ministro espanhol visitou o "rochedo", e levou a cabo negociações sobre diversas matérias, não deixando, contudo, de reclamar a soberania de Espanha, apesar das ruas estarem engalanadas pelos moradores com bandeiras britânicas e gibraltinas.[19]
Gibraltar é um dosterritórios ultramarinos britânicos, onde opoder executivo é partilhado pelo governador, designado pelo monarca do Reino Unido, e pelo seu governo autónomo, presidido por um Ministro Principal. Desde a adoção das cartas constitucionais de 1969 e de 2006, este último desenvolveu a sua autonomia em diversos aspetos, embora os assuntos de defesa, relações externas, segurança interna e finanças sejam competências reservadas ao governador de Gibraltar.
Uma vez que Gibraltar não possui recursos agrícolas nem minerais, os seus habitantes, na maior parte, têm as suas atividades económicas relacionadas com o porto, as docas, as bases daNATO (OTAN), o comércio eletrónico e as atividades financeiras.[20] As principais atividades são as reparações navais, o abastecimento aos navios, as indústrias alimentares e de bebidas, oturismo, ocomércio e os serviços de reexportação.
Embora a presença naval britânica em Gibraltar tenha diminuído muito desde o seu auge, antes daSegunda Guerra Mundial, o estreito de Gibraltar é uma das mais frequentadas vias marítimas do Mundo, com a passagem de um navio a cada seis minutos.
Gibraltar não tem subdivisões como outros territórios. Todavia, em termos meramente estatísticos pode ser subdividido em sete áreas residenciais. Elas estão listadas em baixo, sendo os dados da população retirados do censo de 2001.
↑A pronúncia nas variantes nacionais da língua portuguesa, tem sempre como sílaba tónica a última ("tar"), ao contrário do que por vezes se ouve por influência do inglês. A pronúncia com sílaba tónica em "bral" levaria à grafia inexistente "Gibráltar".