Francisco Ferreira Drummond | |
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Nascimento | 21 de janeiro de 1796 Vila de São Sebastião |
Morte | 9 de novembro de 1858 (62 anos) Vila de São Sebastião |
Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | historiador,músico |
Assinatura | |
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Francisco Ferreira Drummond (Vila de São Sebastião,21 de Janeiro de1796 – Vila de São Sebastião,11 de Setembro de1858) foi umhistoriador,paleógrafo,músico,organeiro epolítico com grande actividade cívica na vila de São Sebastião, nailha Terceira, nosAçores. A sua principal obra, osAnais da ilha Terceira, ocupa um lugar de destaque na historiografia açoriana, sendo a base de boa parte das obras mais recentes sobre ahistória dos Açores, em particular sobre a história da ilha Terceira.[1][2][3][4][5][6]
Filho de Tomé Ferreira Drummond, lavrador abastado, e sua esposa, Rita de Cássia, nasceu na casa de seus pais à rua da Igreja e foibaptizado na Igreja Matriz da Vila de São Sebastião seis dias mais tarde, a27 de Janeiro de1796.
A família Drummond estava então intimamente ligada ao magistério primário e à governança da Vila de São Sebastião, vindo a presidência da Câmara a ser ocupada por seu pai em1821. O seu irmão, o Capitão de OrdenançasJosé Ferreira Drummond, dominou a vida política local durante várias décadas.
Ferreira Drummond desde a infância revelou vocação para as letras e para a música, sob influência de seu tio paterno, o mestre-régioFrancisco Machado Drummond. Concluída a sua instrução primária, estudouLatim,Lógica eRetórica. As suas aptidões musicais, valeram-lhe a nomeação para o lugar de organista daIgreja Matriz da Praia da Vitória em1811 (então com quinze anos de idade), cargo que ocupou até falecer. Complementarmente, trabalhou como organeiro, sendo chamado para manutenção e reparos desse tipo de instrumento em toda a ilha.
Tendo a vila de São Sebastião sido elevada a Concelho em1822, foi eleito escrivão da Câmara Municipal. Nesse mesmo ano em que, segundo o novo sistema constituicional português, acedeu ao serviço público, aderiu aoliberalismo.
No ano seguinte, com aVila-Francada em Portugal (1823), iniciam-se as perseguições políticas aos constitucionalistas, a que não ficou imune a Terceira. Francisco Ferreira, com outros, viu-se forçado a fugir, a 27 de julho, para ailha de Santa Maria, depois para ailha de São Miguel e de lá para a ilha daMadeira, terminando no continente, emLisboa, onde esteve exilado por pouco mais de um ano. Com o fracasso daAbrilada (30 de abril de1824), pode então retornar à Terceira, serenados os ânimos. Aqui participou ativamente das lutas daGuerra Civil Portuguesa (1828-1834) nesta ilha, que posteriormente descreveu nos seus "Anais da Ilha Terceira".
Quando de sua volta à vila de São Sebastião, acedera ao cargo de escrivão dos órfãos, secretário da Administração do Concelho Municipal, e tabelião. Em1836 foi eleito Presidente da autarquia, cargo que exerceu por três anos. No seu exercício destacou-se pela defesa dos interesses de autonomia do Concelho, em que acabou vencido. Garantiu, entretanto, a canalização de água potável para a vila com a sua captação das nascentes do Cabrito e o seu aproveitamento para moagem, à época a maior obra hidráulica da Terceira e uma das maiores dos Açores.
Em1839 foi eleito Procurador à Junta Geral. Exerceu ainda, durante vários anos, o cargo de Provedor daSanta Casa da Misericórdia.
Faleceu aos 63 anos incompletos de idade, na casa que tinha aforado da Santa Casa da Misericórdia na Travessa da Misericórdia, na Vila de São Sebastião. No contexto das comemorações dos cinco séculos da chegada à Ilha Terceira dos primeiros povoadores, Ferreira Drummond foi homenageado pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, em14 de outubro de1951, com um monumento, da autoria deFrancisco Coelho Maduro Dias, no Largo do Rossio da sua vila natal.
A casa em que viveu foi recentemente adquirida pela Santa Casa da Misericórdia local, estando previsto o seu restauro e requalificação embiblioteca associada da rede de leitura pública.
Além da carreira como músico e homem público, exerceu intensa atividade comopaleógrafo, investigador ehistoriador. Na visão deJosé Guilherme Reis Leite, foi o "primeiro historiador científico dos Açores".[7] A sua preocupação com asfontes documentais levou-o a lutar para recuperar os textos antigos que lhe garantissem informações credíveis para redigir a história do arquipélago. Francisco Ferreira filiava-se, nesse sentido, ao movimento que desde a segunda metade doséculo XVIII em Portugal, renovava os estudos históricos, nos quais se destacavam os nomes deAntónio Caetano do Amaral,João Pedro Ribeiro,visconde de Santarém eAlexandre Herculano. O profundo conhecimento de paleografia valeu-lhe, em1845, a contratação, pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, para transcrição dos livrosgóticos existentes nos arquivos daquela autarquia. Nesse mesmo ano, ofereceu à mesma autarquia omanuscrito dos "Anais da Ilha Terceira", com 1420 páginas e 510 documentos, redigido segundo o critério cronológico típico dos Anais, cobrindo o período desde a descoberta e povoamento da ilha até ao ano de1832.
A Câmara Municipal de Angra publicou a obra em quatro volumes, vindo a público respectivamente em1850,1856,1859 e1864.
Para além desta - considerada uma das obras de referência dahistoriografia açoriana - e de muitos artigos dispersos pelaimprensa da época, teve as seguintes obras publicadas: